Secretaria de Segurança de SP não quis trabalhar no feriadão 41

1º dia de bloqueio contra droga e arma em estradas de SP fica só na promessa

20 de novembro de 2012 | 2h 01
WILLIAM CARDOSO – O Estado de S.Paulo

Anunciados na semana passada como uma das principais ações para combater o crime no Estado, os bloqueios contra armas e drogas prometidos para começar ontem em estradas de São Paulo ficaram só na promessa – pelo menos nas estaduais, que representam 99% da malha.

 

Segundo a Secretaria da Segurança Pública, até as 20h de ontem, eles não haviam nem sequer começado. Já a Polícia Rodoviária Federal disse ter dado início à operação nas rodovias federais, com “ações relâmpagos”.

A parceria acertada entre os governos estadual e federal não só para estradas como para portos e aeroportos é uma das estratégias para enfraquecer o crime organizado e interromper a onda de violência que, apenas entre a noite de domingo e a madrugada de ontem, deixou mais 12 mortos na Grande São Paulo.

Além do bloqueio, a transferência de integrantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) para presídios federais são as únicas propostas de curto prazo da parceria Estado-União.

Segundo o porta-voz da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Fabiano Moreno, a operação começou nas estradas de sua responsabilidade (Dutra, Régis Bittencourt e Fernão Dias), na tarde de ontem, com reforço policial vindo de vários Estados. “São agentes especializados em narcotráfico. Não vamos trabalhar com aquela visão de barreira de fiscalização estática. Ela funciona na primeira hora, mas depois não cai nada. Tem efeito reduzido. Traz visibilidade, mas não é o que desejamos.”

Moreno explicou que a PRF trabalha com 30 equipes em movimento constante. “Não teremos grandes cenários montados. O crime organizado tem uma rede de informação, por isso vamos trabalhar com barreiras rápidas, itinerantes.” O inspetor afirmou que, durante a Conferência Rio+20, cerca de 8 toneladas de drogas foram apreendidas em menos de 20 dias com esse modelo. Por questão estratégica, locais e horários não foram divulgados. Segundo a Autopista, na divisa com Minas na Fernão Dias, não foram realizados bloqueios.

Uma das ações feitas ontem pela PRF aconteceu em Cascavel (PR), a 360 km da divisa com São Paulo. Foram encontrados em um caminhão que tinha São Paulo como destino 2,2 toneladas de maconha, 1.300 comprimidos de ecstasy e 2.940 munições de fuzil. Mas foram policiais rodoviários que já atuam na região que fizeram a apreensão.

Sem informação. No oeste do Estado, policiais rodoviários estaduais da Raposo Tavares e da Marechal Rondon nem sabiam que uma operação está sendo planejada. / COLABOROU RICARDO BRANDT

Por que o Governo de São Paulo jamais teve interesse em comprar o rastreador GI-2 ?…Será que tem esquema de aluguel de celular para organização criminosa ? 34

19/11/2012-19h55

Governo federal oferece aparelho para rastrear celulares em presídios de SP

FERNANDA ODILLA DE BRASÍLIA

O Ministério da Justiça ofereceu ao governo de São Paulo uma maleta de cerca de R$ 1 milhão capaz de rastrear celulares dentro de penitenciárias. O governo paulista, contudo, ainda não solicitou formalmente uma das principais armas do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) para silenciar as organizações criminosas dentro das prisões.

Em um ano, o aparelho do Depen já localizou e identificou 9.289 linhas telefônicas em presídios de seis Estados e no Distrito Federal. Em junho deste ano, por exemplo, foram rastreados 458 celulares num presídio de Ribeirão Preto (a 131 km de São Paulo) e 32 em Araraquara (a 273 km de São Paulo).

Chamado de GI-2, o equipamento identifica com precisão o número do aparelho e o chip. Contudo, não bloqueia nem é capaz de interceptar conversas, apenas rastreia os aparelhos.

“Uma vez identificada a linha, pode-se ir à cela e recolher fisicamente o aparelho. Ou pode-se solicitar o bloqueio ou a interceptação”, explica Augusto Rossini, diretor-geral do Depen.

Segundo ele, qualquer governo pode comprar o equipamento e juízes, integrantes do Ministério Público, policiais e autoridades estaduais também podem solicitar os serviços de técnicos do Ministério da Justiça.

O Depen comprou a maleta em 2008 e, desde então, tem usado o aparelho nos presídios federais e, se solicitado, em penitenciárias nos Estados. Segundo Rossini, uma equipe do Ministério da Justiça vai ao presídio rastrear os aparelhos e linhas telefônicas. Ele não revela, contudo, se outros órgãos federais tem o mesmo equipamento.

SANTA CATARINA

Em janeiro deste ano, a maleta do Depen rastreou 2.094 celulares em 21 presídios de Santa Catarina.

Na noite desta segunda-feira (19), o diretor-geral do Depen também negou que o governo federal tenha montado uma força-tarefa para conter a onda de violência em Santa Catarina. Ele admitiu, contudo, que funcionário do Ministério da Justiça está no Estado fazendo vistorias de rotina em prisões locais.

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Até parece que tem muita gente no alto escalão faturando alto com o ingresso e manutenção de celulares em estabelecimentos prisionais.

Um milhão para o Governo de São Paulo é dinheiro de pinga!

Com um aparelho desses, desde 2008 ,  já daria para ter enconomizado mais de um bilhão em prejuízos materiais; além de poupar centenas de vidas.  

…ou será que a rede clandestina de espionagem do Governo de São Paulo foi instalada em Unidades do Sistema Prisional…Por isso não querem o DEPEN desmantelando a teia de aranha do grampo ilegal supostamente criada pelo nosso J. Edgar Hoover 18

Depen detecta mais de 9 mil linhas telefônicas em presídios estaduais em doze meses

19/11/2012 – 21h15

Aline Leal Repórter da Agência Brasil

Brasília – De novembro de 2011 a novembro de 2012, mais de 9 mil linhas de celulares foram detectadas em presídios estaduais brasileiros por meio de um equipamento que se assemelha a uma maleta e que pertence ao Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça (Depen).

O Ministério da Justiça ofereceu ao governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, os serviços do único aparelho desse tipo do Depen para ajudar a conter a onda de violência no estado.

De acordo com Augusto Rossini, diretor do Depen, o aparelho, que custa mais de R$ 1 milhão, detecta com precisão o local onde está o aparelho celular. Os estados podem adquirir o seu próprio aparelho ou solicitar a presença de uma equipe do Depen em seus presídios.

O Ministério Público, autoridades judiciárias e a administração de penitenciárias podem solicitar o serviço de uma equipe do Depen com o aparelho. “Nossa equipe vai para o estado com a ferramenta tecnológica e com a metodologia para usá-la e, a partir da solicitação, nós conseguimos identificar as linhas que estão naquele local [presídio]”, diz o diretor.

Rossini disse que a partir da detecção do aparelho, quem solicitou o serviço pode  apreender o celular encontrado ou pode solicitar judicialmente o bloqueio da linha e uma interceptação telefônica.

Edição: Fábio Massalli

João Alkimin: O CORONEL JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO É DESPREPARADO 64

O CORONEL JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO É DESPREPARADO

Já devo ter contado algumas vezes essa história, mas não custa repeti-la para que fique bem claro à todos !
” Há alguns anos atrás era Delegado Seccional de São José dos Campos o Doutor Roberto de Mello Hanibal, comandante do 1ºBPMI o coronel José Vicente e Prefeita Municipal a Doutora Ângela Guadagnin. Doutor Roberto anunciou que a Polícia Civil tinha informações seguras de que o comando vermelho estava se instalando na favela Santa Cruz, isso foi publicado pelo jornal O Vale Paraibano, Rede Globo de televisão e Band Vale. De imediato, o Coronel José Vicente veio a público para desmentir a informação. Passados alguns meses as ruas no entorno dessa favela que fica no centro da cidade tiveram seus moradores expulsos das casas onde moravam e realmente o CV se apossou da região, tendo inclusive seu então líder conhecido como Serjão, tido a ousadia de matar uma jovem e enterrá-la ao lado da parede da base da Polícia Militar instalada na favela.” Portanto, que autoridade tem esse Coronel para falar de Segurança Pública? Sua gestão foi a pior possível sob minha ótica no comando da Polícia Militar de São José dos Campos. Posteriormente o mesmo Coronel foi nomeado Secretário Nacional de Segurança Pública e o que fez? Absolutamente nada. Sendo assim, falta-lhe autoridade para falar sobre segurança pública.
Por outro lado, tem a ousadia de secundar as palavras do Secretário Ferreira Pinto de que 900 Delegados estariam envolvidos em corrupção. Porque não apresenta os nomes? Porque não diz que tipo de corrupção? Porque não tem a coragem de dizer que há algum tempo atrás Policiais do DENARC quando com viaturas descaracterizadas estavam próximas as biqueiras eram abordados pela Polícia Militar e no mínimo tinham a investigação queimada, isso sem falar na humilhação a que alguns eram submetidos.
É muito simples acusar de corrupção sem dar nomes. Já disse e repito: Conde Guerra não é corrupto! Frederico não é corrupto! Marco Antônio Desgualdo, Eduardo Halage, Rui Fontes, Claudinê Pascoeto e tantos outros Delegados não são corruptos e não recebem o salário milionário que alguns Coronéis PM recebem. A maioria absoluta de Investigadores, Carcereiros, Escrivães, Agentes Policiais, Papiloscopistas…não são corruptos! É uma canalhice inominável o que estão fazendo com a Polícia Civil, mas talvez não saibam que a Polícia Civil não foi e não será extinta, pois faz parte de nossa Constituição como instituição. Queiram ou não, gostem ou não, neste país, só existem duas autoridades: a autoridade judicial que é o Magistrado e a autoridade policial que é o Delegado de Polícia. Aceitem ou não, o Coronel PM embora tenha funções relevantes é Agente da Autoridade.
O Ilustre Coronel PM deveria se manifestar sobre o momento que vive a Policia Militar quando um Tenente PM de nome Cheng assiste ao assassinato a sangue frio de uma pessoa e diz: “que não os prendeu em flagrante pois ficou com medo”. Ora senhor Coronel, um Oficial com medo dos subordinados? Não merece respeito! E está provado aquilo que venho dizendo, a Policia Militar está sem comando, pois quando um Oficial diz que sentiu medo, o que deverá sentir a sociedade ao ser abordada a noite por uma viatura da Policia Militar mesmo que a bordo esteja um Comandante de força patrulha? E eu respondo: Pânico! Rezar à Deus para passar incólume, porque aqueles que mataram a sangue frio não são Policiais, são bandidos fardados.
O Coronel José Vicente deveria se lembrar do velho brocardo “o sapateiro não vai além da sola” e lhe falece a autoridade para emitir conceitos ou opiniões sobre a Policia Civil, pode quando muito falar daquilo que deve conhecer que é a Policia Militar.
Afinal vejo que os olhos estão se abrindo, basta que se lei a revista Época desta semana que fala sobre o desmantelamento da Policia Civil “sobre o pretexto de combater a corrupção”. Portanto, pessoas muito mais preparadas que eu estão começando a ver a realidade e isso a mim particularmente, já serve de alento, pois parece que não clamo mais sozinho no deserto.
Por derradeiro, apresento meu respeito e solidariedade à Delegada Marilda, presidente da Associação dos Delegados, a quem não conheço, mas que foi grosseira e gratuitamente atacada pelo Delegado geral, com um destempero e incontinência verbal que me causaram estupor. Esse Ilustre Delegado deveria lutar pelas prerrogativas dos Delegados e vir a público e dizer que é mentira que 900 Delegados são investigados por corrupção, ou se não quiser afrontar o Secretário de Segurança ou Coronel José Vicente, deveria de imediato entregar o cargo à alguém disposto a defender a classe. É como penso.
João Alkimin

PM do BOPE ( genérico ) não gosta de mulher 62

19/11/2012 – Torcedora do Coritiba é agredida por policiais antes do jogo. Imagens que foram gravadas antes de jogo do Coritiba no sábado (17).
Ela participava da ‘Caminhada da Paz’ promovida por torcedores.

Uma garota de 18 anos foi agredida por policiais militares antes da partida do Coritiba contra o Vasco da Gama no último sábado (17), em Curitiba. Parte da agressão foi filmada por outra torcedora que participava da escolta realizada pela PM até o estádio Couto Pereira, e as imagens mostram um policial batendo a cabeça da vítima contra um portão de ferro.

“Foi bem constrangedor”, resumiu a estudante de administração Ana Paula Lima. Ela conta que a atitude violenta dos policiais começou ainda na Praça Santos Andrade, após um evento organizado chamado de “Caminhada pela paz”, e horas antes da partida de futebol. “Nós juntamos torcedores e resolvemos fazer uma caminhada pacífica em homenagem a colegas que faleceram recentemente”
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É um similar ching-ling com o nome do original.

Indigente é preso por recarregar celular em parque da Flórida…( Sem-teto com contatos ) 6

16/11/2012 08h45 EFE

Lei proíbe “gato” para carregar o telefone em parques do Estado

Um indigente da Flórida foi detido por uma noite acusado de roubar a eletricidade da cidade de Sarasota por recarregar a bateria de seu celular em uma tomada de um parque público.

Segundo o relatório policial ao qual a “Agência Efe” teve acesso ontem dia 15, Darren Kersey, de 28 anos, passou uma noite em uma prisão de Sarasota, no litoral oeste da Flórida, por não poder pagar a fiança, fixada em US$ 500.

“Expliquei ao acusado que o roubo de eletricidade da cidade não seria tolerado durante este período difícil da economia”, escreveu o sargento Anthony Frangioni no relatório.

Nele, detalha que no domingo passado observou vários indivíduos fumando o que ele supôs ser maconha e realizou sua detenção por violar o código da cidade que proíbe o fumo em parques públicos.

No momento em que estava detendo Kersey, este lhe disse que queria seu telefone celular, que estava sendo recarregado em uma tomada do parque.

O policial lhe acusou então de usar eletricidade pública e argumentou que essas tomadas devem ser usadas apenas para eventos da cidade.

Não sou contra negociar com o crime organizado, diz sociólogo 58

19/11/2012-07h23

Folha de S.Paulo – Cotidiano

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

Em situações emergenciais, quando as mortes se acumulam numa guerra sem fim, é preciso negociar com o crime. Loucura? O sociólogo Claudio Beato, 56, um dos maiores especialistas em segurança no país, diz que não.

Ele cita o levante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em 2006, no qual houve aparentemente um acordo com o governo, como contraexemplo. “Se houve acordo, por que não fazer isso de forma transparente?”

Os exemplos bem-sucedidos de negociações com criminosos, segundo ele, vão dos EUA a El Salvador, onde a igreja intermediou acordos. No Brasil, a polícia faz acordos informais com o crime, de acordo com ele, que deveriam ser institucionais.

Para Beato, ligado ao PSDB de Minas, a falta de transparência só aumenta a sensação de insegurança, como diz nesta entrevista.

Pedro Silveira/Folhapress
O sociólogo e especialista em segurança pública Claudio Beato
O sociólogo e especialista em segurança pública Claudio Beato

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Folha – São Paulo tinha uma política de segurança que era considerada exemplar. O que aconteceu para essa política desmoronar?

Claudio Beato – Não acho que ela está desmontando. Os números não apontam para uma situação dramática. O que está acontecendo é um aumento de homicídios.

O que houve foi um investimento alto na última década, em que alguns departamentos, como o de homicídios, souberam aproveitar os recursos. Teve avanço grande na investigação, o que resultou na queda dos homicídios de mais de 70% em dez anos.

E o investimento em prisões? O que deu errado?

O sistema em São Paulo cresceu muito e você perdeu o controle do interior das prisões para facções. O sistema prisional brasileiro é falido.

Você prende muita gente, mas isso acaba piorando a criminalidade fora das prisões. É uma massa que fica sob controle dos grupos que mandam nas prisões.

É o que aconteceu com o PCC, com o Comando Vermelho. O problema de São Paulo é que é um Estado rico e lançou mão do aprisionamento mais ou menos sem critério, e agora está pagando o preço.

Qual é a alternativa a essa política de aprisionamento?

É não deixar o crime acontecer. Como se faz isso? É preciso conhecer muito bem o contexto em que os crimes ocorrem. Mas não existe no Brasil a ideia de uma polícia que atue para que os crimes não aconteçam.

Onde há polícias assim?

William Bratton é o grande reformador de polícias. Reformou a polícia de Nova York e de Los Angeles. Ele defende que você precisa entender o crime, intensificar a análise criminal para não deixar o crime acontecer.

Isso está muito longe do modo de agir da polícia brasileira. Há unidades como a Rota [tropa da PM paulista] e o Bope [tropa da PM do Rio] que saem à rua com a ideia de guerra contra o crime.

Qual o problema da tal guerra contra o crime?

A tendência dessa tática é o que aparentemente está acontecendo em São Paulo: vira uma guerra particular entre a polícia e as facções.

Seria uma guerra da Polícia Militar contra o PCC?

Não tenho dúvidas. A dúvida é: qual o tamanho disso? O secretário [Antonio Ferreira Pinto] vem com uma questão muito fantasiosa: de que o PCC não tem importância.

Não é bem assim. O fenômeno contrário também ocorre em meios acadêmicos, que acreditam que foi o PCC que diminuiu o crime em São Paulo. É fantástico! Você pensar que uma organização tenha capacidade de controlar crimes domésticos, em botequins, do tráfico. É o que um amigo americano chama de “big gang” [grande gangue, e um trocadilho com “big bang”, explosão que teria originado o universo].

Entre esses dois opostos, é difícil saber qual é o tamanho do PCC. Seria um grande serviço para a sociedade, e a própria polícia, saber exatamente o que está acontecendo. A falta de informação aumenta a sensação de insegurança.

O que você acha da decisão da Secretaria da Segurança de São Paulo de usar a Polícia Militar contra o tráfico?

É uma armadilha achar que as PMs possam resolver o problema de segurança pública, como se fosse possível fazer isso sem ter uma atividade mais investigativa, que é própria da Polícia Civil. É um erro esquecer da Polícia Civil. Mas o erro maior é conviver com as duas polícias.

O ideal seria a fusão?

O ideal seria acabar com o modelo definido pela Constituição de 1988, de duas polícias. Você precisa de uma polícia de ciclo completo, com patrulhamento ostensivo e investigação. Nos países onde a polícia faz isso o resultado é mais efetivo. Você junta as qualidades das duas.

Há uma crença de que a PM é imune à corrupção.

Corrupção é muito comum entre a Polícia Militar. Hoje a corrupção está bem distribuída entre as duas polícias. O tema das reformas das polícias é urgente. A divisão das polícias é artificial.

SP vive uma situação de pânico, que o governo tenta minimizar com a alegação de que a polícia já enfrentou situações piores e venceu. Você acredita nisso?

Um dos problemas é que a área de segurança não é muito transparente. É fato que a polícia de São Paulo enfrentou um problema muito mais grave em 2006. Como é que resolveu? Alguém sabe? Tem um monte de lendas, de boatos. Eu até hoje não sei o que aconteceu em 2006.

Há quem diga que houve um acordo com o PCC.

Se houve acordo, por que não fazer isso de forma transparente? El Salvador acabou de fazer um grande acordo com as Maras. São grupos mais violentos e com inserção social muito maior do que o PCC. Em El Salvador, houve um investimento muito grande em prisões duras, como algumas de São Paulo. As prisões funcionaram, mas a situação fora piorou. Houve negociação para tirar alguns líderes dessas prisões desde que ajudassem a controlar a situação fora. Foi intermediado pela Igreja Católica.

Você acha que o governo deveria negociar com o PCC?

Não sou contra a negociação, eventualmente, e de forma pontual. Vou falar uma coisa que será muito criticada. Isso aconteceu em Boston. O projeto mais conhecido de controle da violência nos EUA, chamado “Cessar-Fogo”, foi feito por meio de um conjunto de ações da polícia, prendendo de forma mais focalizada o que eles chamam de alavancas do crime.

Houve também ofertas de empregos, melhoria de condições sociais. E a negociação com as gangues foi feita pelos pastores. Eles sentaram com as gangues e policiais e negociaram um cessar-fogo. Em Medellín [Colômbia] também houve acordo.

Os governos federal e o paulista travaram uma disputa sobre quem sabe mais sobre o crime em SP. Isso faz sentido?

Isso é deplorável. Em 2006, foi combinado que a PF e a Polícia Civil trocariam informações, mas isso só acontece quando há uma força-tarefa.

Eu tenho uma crítica muito grande à maneira como a polícia trata informação no Brasil. Inteligência aqui é ficar escutando celular de preso. Isso é uma parte.

Eu vi no MIT [Massachusetts Institute of Technology] um sistema em que você consegue seguir o movimento de todos os celulares de Nova York, e você pode destacar dois celulares. É uma ferramenta fantástica. Você saberia como criminosos se movimentam fora dos presídios.

Em 2006, a Promotoria analisou mais de 500 contas bancárias atribuídas ao PCC e o resultado foi pífio. As contas eram de R$ 300, R$ 400.

Talvez o PCC não seja essa coisa toda que as pessoas pensam. Talvez a parte mais organizada do crime não seja o PCC, sejam estruturas organizadas internacionalmente.

O problema é a falta de transparência da segurança. Tudo é tratado como segredo. Isso é uma herança da comunidade de inteligência da ditadura militar, do SNI [Serviço Nacional de Informação].

Não temos essa informação organizada e clara para o público. Nos atentados em São Paulo, não se sabe quantos são acertos de atividades paralelas de policiais, quantos são retaliações do tráfico ou execuções da polícia.

O resultado é que todo mundo começa a fazer suposições e isso gera insegurança. Se o secretário da Saúde enfrentasse uma epidemia de cólera, imagina a quantidade de informação que ele teria de dar. O secretário da Segurança não fala. Não é só em São Paulo. Não há prestação de contas.

As lembranças dos familiares de policiais assassinados covardemente em São Paulo 12

ÉPOCA

Marta, Marcelo, André, Marcos e Paulo: cinco vítimas da violência que já matou ao menos 94 PMs no Estado neste ano

ALBERTO BOMBIG, ANGELA PINHO, LEOPOLDO MATEUS E VINÍCIUS GORCZESKI

MINIATURAS Bíblia e condecoração usadas no funeral do policial Paulo Fernando Ribeiro Borges. Ele gostava de comprar carrinhos de polícia para o filho caçula (Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)MINIATURAS Bíblia e condecoração usadas no funeral do policial Paulo Fernando Ribeiro Borges. Ele gostava de comprar carrinhos de polícia para o filho caçula (Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)

Desde o início do ano, pelo menos 94 policiais militares morreram em São Paulo, grande parte deles alvo de tiros pelas costas, disparados por motoqueiros encapuzados. O assassinato sistemático dos soldados que os paulistas pagam, com seus impostos, para garantir sua segurança, configura mais que uma crise. É um ataque ao contribuinte e às instituições do Estado. Nem em 2006, quando uma organização criminosa paralisou a capital paulista por um dia, o número de policiais mortos atingiu essa cifra – foram 61 assassinados até outubro daquele ano. Até os tristes episódios deste ano, São Paulo era considerado um caso de sucesso na área de segurança pública. Entre 1999 e 2011, a taxa de homicídios no Estado caiu de 35 por 1.000 habitantes para 10. Isso fez do Estado um dos mais seguros do país.

O plano para baixar a taxa de crimes violentos em São Paulo começou a ser elaborado durante a gestão Mário Covas (governador do Estado entre 1994 e março de 2001, quando morreu de câncer). Com alguns percalços, teve continuidade nas gestões seguintes, de Geraldo Alckmin (2001-2006) e José Serra (2007-2010). Seu principal pilar era o alentado setor de inteligência da Polícia Civil, que formou uma tropa de elite no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A partir de 2011, no segundo mandato de Alckmin, esse aparato foi gradativamente desativado, sob o pretexto extraoficial de desmontar esquemas de corrupção. No ano passado, o delegado Marco Antonio Desgualdo foi exonerado do cargo de chefe do DHPP. Hoje exerce funções secundárias. Domingos Paulo Neto, que chefiou a Polícia Civil entre março de 2009 e janeiro de 2011, perdeu o cargo e foi transferido para a área de transportes da corporação. O delegado Armando de Oliveira Costa Filho, responsável pela investigação da morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel e pelo caso Suzane Von Richthofen – bastante elogiado na condução das duas questões –, também perdeu o cargo, e hoje não tem função relevante. O delegado Ruy Fontes, conhecido como o xerife do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), foi parar no 92º Distrito Policial, na Zona Sul, uma das áreas mais violentas da cidade.

O aparato da época de Mário Covas foi desmontado no segundo governo de Alckmin

O comando do combate ao crime em São Paulo passou, a partir do segundo governo de Alckmin, para a Polícia Militar (PM). Reconhecidamente, a PM não tem um setor de inteligência tão eficaz quanto a Polícia Civil. A PM também é acusada de promover ações violentas arbitrárias e de, com isso, contribuir para o clima de insegurança. Com a matança de policiais, a violência se multiplicou – gangues aproveitaram para ajustar contas com outras gangues, e surgiram acusações de execuções cometidas por policiais. No domingo passado, dia 11, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu cenas de policiais encurralando um homem acusado de ser criminoso. Mais tarde, ele apareceu morto. O governador Alckmin mandou afastar todos os PMs envolvidos no caso.

>>Promotoria quer barrar saída de presos do PCC no Natal >>Governos federal e de SP criam agência contra violência
Por mais que haja acusações de violência contra a PM – e por mais que muitas delas tenham fundamento –, a população que paga os policiais com seus impostos (da mesma forma como paga médicos e professores do setor público) torce para que eles recuperem o controle da situação. As histórias dos policiais assassinados, em geral à paisana ou em ocasiões sociais, são chocantes. Elas dão um testemunho eloquente de que algo precisa ser feito com urgência.

Marta Umbelina da Silva (Foto: reprodução)(Foto: reprodução)

Marta Umbelina da Silva Marta Umbelina da Silva decidiu virar policial militar depois de se separar do marido, um guarda de trânsito com quem teve três filhos – hoje com 21, 18 e 11 anos. Quando a família temia por sua segurança, ela costumava dizer: “Para, gente, sei o que estou fazendo”. O pai, que já morreu, gostava de ouvir isso. “Ele dizia para a gente: ‘O orgulho da casa é a Marta. Ela é polícia’”, diz uma irmã que não quis se identificar – traumatizada, a família teme represálias. Marta era a mais velha de seis irmãos, três homens e três mulheres. Foram criados pela mãe dona de casa e pelo pai encanador na Vila Brasilândia, bairro da Zona Norte de São Paulo.

Em sua família, era Marta quem costumava marcar os encontros que reuniam avó, filhos e netos. Gostava de cantar – Jorge Ben Jor era um de seus preferidos – e de cozinhar. Suas especialidades eram macarronada com queijo e carne moída, suspiro com morango e pavê de abacaxi. No sábado, dia 3, no começo da noite, combinou com a irmã um almoço no dia seguinte. Que nunca aconteceria. “No domingo, a gente enterrou ela”, diz a irmã.

Marta foi morta com mais de dez tiros nas costas na rua onde morava. Segundo uma familiar próxima, a policial pintava uma parede dentro de casa quando ouviu a filha mais nova chegar. A menina não conseguiu abrir o portão. Marta saiu para ajudá-la. Quando se virou para fechar o portão novamente, os tiros a atingiram, diante da filha – segundo testemunhas, disparados por dois homens de dentro de um veículo. Marta morreu a caminho do hospital. O corpo ainda tinha marcas da tinta de parede. Marta foi a primeira policial mulher morta na atual onda de violência em São Paulo. “Foi um crime covarde, com tiros pelas costas. Estamos todos chocados e em luto”, diz o comandante-geral da Polícia Militar, Roberval Ferreira França. “O enterro da Marta reuniu mais de 100 policiais, porque, além de excelente profissional, ela era muito cortês e amiga. Era querida pela comunidade da Brasilândia”, afirma o deputado estadual Major Olímpio (PDT), que trabalhou com ela na polícia.

Marta deixou três filhos, a mãe, irmãos e sobrinhos. Um dos sobrinhos, seguindo o exemplo da tia, pensava em ser policial. Desistiu.

Marcelo Fukuhara (Foto: álbum de família)(Foto: álbum de família)

Marcelo Fukuhara O sargento Marcelo Fukuhara tinha 45 anos, 21 deles dedicados à polícia.“Eu sempre dizia: eu era a amante do Fukuhara. A esposa era a polícia”, afirma Rosana, mulher de Fukuhara. Segundo as investigações da Polícia Civil, uma facção criminosa pagou R$ 500 mil por seu assassinato. “O que me deixou mais chocada foi achar no armário um bilhete dizendo que matariam o Fukuhara na porta da casa dele. Foi exatamente o que fizeram”, diz a mulher. Fukuhara foi fuzilado. Morreu minutos depois do ataque, no dia 7 de outubro.

Fukuhara recebia R$ 2.800, como primeiro-sargento, e tinha um bom padrão de vida. Morava em Santos, num apartamento de frente para a praia. Rosana, sua mulher, é uma empresária bem-sucedida. Trabalha organizando festas e eventos. “Conheci o Marcelo por meio de um amigo que nos apresentou, para que ele fizesse segurança das minhas empresas”, diz ela. Assim como Rosana, Fukuhara era divorciado. A empatia com a família de Rosana foi quase instantânea. “Ele foi entrando, conquistando meus filhos, e a gente acabou casando.” Após 11 anos, Fukuhara já era visto como pai pelos filhos de Rosana. “Você é quem vai entrar comigo na igreja. Você é que é meu pai.” Dias antes de morrer, Fukuhara emocionou-se ao ouvir esse pedido da enteada, que acabara de ser pedida em casamento.

Apesar de saber que Fukuhara recebia ameaças, Rosana nunca soube o grau de perigo delas. “Se eu soubesse até onde podia chegar o abuso dessas pessoas, teria feito alguma coisa. Teria montado uma escolta para ele, teria feito uma viagem. Não preciso andar de carro importado. Só queria meu marido vivo.” Rosana foi impedida pelos policiais e pelos familiares de ver Fukuhara morto, já que ele fora desfigurado pelo fuzilamento. No último momento, ela tentou, mas não teve coragem. “No velório, tirei os dois pinos do caixão e não consegui tirar o terceiro. Tinha medo do que podia ver.” Desde que Fukuhara morreu, Rosana pede a todos os amigos do marido que larguem a profissão. Diz com os olhos cheios de lágrimas: “Ele adorava aquela porcaria daquela farda”.

 

André Peres de Carvalho (Foto: álbum de família)(Foto: álbum de família)

André Peres de Carvalho Fã de artes marciais, André Peres de Carvalho preencheu com pôsteres de Bruce Lee as paredes do quarto onde passou a infância e a adolescência. Criança, costumava vestir as meias por cima da calça, como julgava ser o traje adequado a um tira. Os Peres de Carvalho não sabiam de onde vinha o gosto pela carreira policial. A especialidade da família é a barbearia, ofício seguido por seis parentes. André nunca pensou em seguir o mesmo caminho. Aos 18 anos, tentou entrar no Exército. Não conseguiu ser selecionado. Passou no concurso da Polícia Militar. Mudou-se para São Paulo e foi morar no bairro do Butantã, na mesma avenida onde morreria baleado 21 anos depois.

Foi como policial que construiu sua família. Casou-se, teve um filho, que hoje tem 12 anos, depois se separou. Visitava os pais com frequência e era o churrasqueiro da família. Os mais próximos lembram que, mesmo nesses eventos, não desgrudava do rádio, por meio do qual conversava o tempo todo com os amigos da polícia.

André passou dez anos como PM na Zona Oeste de São Paulo. Em 2002, foi transferido para a Rota, força de elite da PM paulista. Em seus primeiros anos na tropa, o soldado André atuou na função de motorista. Um cargo que não é secundário: exige habilidade, rapidez e precisão. Mas afasta o policial do combate direto, porque ele tem de ficar no carro pronto para partir. “O motorista é 50% de uma ocorrência da Rota, porque tem de ser ligeiro, esperto e atento. Mas não se envolve diretamente com a ação”, diz o coronel Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada, vereador eleito de São Paulo e comandante da Rota entre 2009 e 2011. Telhada não tinha relação pessoal com André. Lembra que ele tinha prestígio entre os colegas por causa de sua função. “Ele era motorista do subcomandante. Pessoas que assumem um cargo assim são consideradas de extrema confiança”, diz. André recebera a mais alta medalha da Rota por mérito pessoal, feita de metal esmaltado sobre um couro branco.

Há quatro anos, André teve de deixar a função. Bateu o carro de frente com um ônibus, ficou três dias em coma e saiu com o movimento de um braço prejudicado. Não podia mais ser motorista. Passou a fazer serviços internos na parte administrativa do quartel.

Na noite de 26 de setembro, André ligou para a mãe. Estava numa padaria, e ela, assustada com a onda de violência, pediu que ele não ficasse na rua. Segundo uma pessoa muito próxima, ele respondeu: “Pode ficar tranquila, mãe, estou do lado de casa”. No dia seguinte, foi encontrado caído perto do carro, com três tiros de fuzil. Estava na frente de casa, na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, a menos de 1 quilômetro da Universidade de São Paulo. Aos 40 anos, foi o único policial da Rota assassinado na atual onda de crimes.

 

Marcos Roberto de Mendonça (Foto: álbum de família)(Foto: álbum de família)

Marcos Roberto de Mendonça “O conheci em 1988, numa partida de futebol em que ele era um dos jogadores. Foi meu primeiro namorado. Casamos em 1992, e nossa vida era maravilhosa. Éramos muito apaixonados, e ele sempre muito preocupado comigo”, diz a mulher de Marcos Roberto Corrêa de Mendonça. Ou simplesmente Mendonça, como era chamado pelos colegas policiais. Ele foi assassinado com um tiro nas costas, na noite de 7 de maio, em Sumaré, cidade do interior de São Paulo. Atuava no 48º Batalhão, responsável por uma área de Sumaré na divisa com Campinas. Não estava a serviço no momento do crime.

Quando Mendonça conheceu a mulher, ainda não era PM. Ele se formou na polícia em 1994, uma semana antes do nascimento da primeira filha do casal. O segundo nasceu em 2007. “Ele adorava ser policial, principalmente nos primeiros anos, em que trabalhou no grupo de Ações Táticas de Campinas (Atac). Tinha orgulho da profissão”, afirma sua mulher. Depois de trabalhar em Campinas e fazer um curso em São Paulo, ele pediu transferência para Sumaré, para não ficar longe dos pais e dos irmãos, que moravam em Tupã, cidade onde Mendonça nasceu. Ele era muito ligado à família. “Adorava jogar futebol com o filho caçula e conversar com a filha mais velha”, diz a viúva.

No dia em que Mendonça foi assassinado, o irmão dela não teve coragem de dar a notícia. Disse que Mendonça sofrera um acidente. “Quando cheguei ao hospital, um tenente amigo dele me chamou para conversar, ao lado de minha filha e do meu filho”, diz a mulher de Mendonça. Ele ficou sem palavras. A filha tomou a iniciativa. “Meu pai morreu?”, disse. Ele balançou a cabeça dizendo que sim. “Meu mundo desabou, nunca podia imaginar perder meu grande amor desse jeito, com tanta covardia. Não conseguia pensar em nada, só em como viveria com meus filhos sem ele, que era tudo para a gente”, diz a viúva. “Meus filhos devem lembrar do pai como um herói, um homem bom e do bem, que só vivia para proteger a comunidade e a família, e que ficava com o coração partido quando encontrava uma criança usando drogas ou vivendo com pais drogados.”

Paulo Fernando Ribeiro Borges No dia 23 de dezembro do ano passado, uma sexta-feira véspera de Natal, a mulher do sargento Paulo Fernando Ribeiro Borges recebeu 16 ligações interurbanas vindas do interior paulista. As ligações não eram atendidas, e quando ela tentava respondê-las uma mensagem dizia que o número não existia. Quando o marido chegou em casa, ele comentou que também recebera cinco chamadas. Ao comparar os números no identificador, viram que se tratava do mesmo telefone. Estranharam, mas deixaram passar a coincidência.

A mulher de Paulo cursava pedagogia e faria uma entrevista de emprego no dia 3 de janeiro para trabalhar com crianças na Cruz Azul, instituição beneficente vinculada à PM. Depois do teste, ela planejava ir com o marido e o filho mais novo, de 17 anos, para a colônia de férias da polícia em Mongaguá, no litoral de São Paulo. O casal gostava de caminhar à luz da lua na beira da praia.

No dia 2 de janeiro, Borges deu dicas para a mulher ir bem na entrevista de emprego do dia seguinte. No mesmo dia, abasteceram-se de suprimentos para a viagem e seguiram para uma pastelaria para almoçar. A mulher de Paulo se lembra bem de um carro que parou com dois homens e uma mulher, e da insistência com que o grupo olhava o casal. “Você conhece?”, disse ela. “Não, deixa para lá”, respondeu Paulo.

Perto das 22 horas, Paulo verificou se a mulher estava com algum dinheiro e seguiu para o posto de gasolina onde fazia bico como segurança em Osasco, município da Grande São Paulo. Menos de três horas depois, policiais informaram à família que ele fora baleado. A mulher de Paulo e o filho mais velho correram para o hospital. Borges, já morto, estava ensanguentado e quente. Ela chegou a vê-lo abrir os olhos. “Seu pai está vivo, é mentira que ele foi embora”, dizia. Inconsolável, percebeu o engano logo depois. “Queria trazê-lo de volta.”

No boletim de ocorrência, a polícia registrou a morte como latrocínio (roubo seguido de morte), porque um dos assaltantes, menor de idade, levou R$ 700 do caixa do posto. Paulo chegou a disparar – um jovem morreu no local –, mas foi morto por outro, que teve o cuidado de recolher o revólver do comparsa. Desde o crime, a mulher de Paulo faz terapia e toma dois antidepressivos e um ansiolítico todos os dias. Mudou-se de apartamento e chegou a ficar dias sem comer. Apesar disso, ela tem uma certeza sobre o marido que gostava de comprar carrinhos de polícia em miniatura para o caçula: “Ele morreu fazendo o que gostava, sentia orgulho de vestir uma farda. Sei que ele foi feliz”.

Coronel PM – mentiroso – afirma em rede nacional que é público e notório que há 800 Delegados indiciados na Corregedoria porque foram mencionados por criminosos como envolvidos em desvios…E faz elogio ao sistema “capilar da PM’ em que cada Unidade é responsável por reprimir os desvios que são fatos isolados 83

A pergunta: é verdade que um terço da Polícia Civil está envolvida com  corrupção ?

PM  – mentiroso e irresponsável .  

Violência em SP: as percepções e a realidade 93

 Revista Veja

Criminalidade

O confronto entre o PCC e a polícia fez o número de mortes em São Paulo subir nos últimos meses, só que nem tudo pode ser debitado na conta desse embate. A população está assustada, mas a violência nem de longe se compara à de uma década atrás

Laura Diniz e Otávio Cabral
Efeitos da violência - Na Vila Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, a violência mudou a rotina da população, que evita sair à noite com medo do fogo cruzado entre a polícia e os bandidoEfeitos da violência – Na Vila Brasilândia, Zona Norte de São Paulo, a violência mudou a rotina da população, que evita sair à noite com medo do fogo cruzado entre a polícia e os bandido

Um dos efeitos mais nefastos da percepção de que o crime pode confrontar o poder público é o encorajamento dos bandidos

Durante todo o ano de 1999, um paulistano era assassinado a cada uma hora e meia. Foi o auge da barbárie na cidade, mas a rotina das pessoas não se alterava, os restaurantes e bares continuavam cheios, o assunto não dominava as conversas – não se ouvia a palavra guerra. Depois de mais de uma década de queda acentuada nas estatísticas de homicídios, São Paulo terminou 2011 com uma morte violenta a cada oito horas e meia. Mas a percepção dos cidadãos nem sempre acompanha a realidade, conforme mostra reportagem de VEJA desta semana. Escaldados pela onda de atentados terroristas do Primeiro Comando da Capital (PCC) em 2006, quando a cidade ganhou ares de Ensaio sobre a Cegueira com suas sempre movimentadas avenidas desertas em plena luz do dia, os 11 milhões de habitantes de São Paulo tornaram-se mais receosos. Agora, estão mais uma vez com medo. Mas por quê?

A criminalidade, de fato, aumentou muito nos últimos seis meses. Em outubro, houve 149 assassinatos, quase o dobro dos 78 no mesmo período de 2011. Ainda assim, isso significa uma morte a cada cinco horas – um número muito mais baixo que o de dez anos atrás. O principal motivo desse novo surto de violência em São Paulo é, sim, um confronto velado entre policiais e criminosos do PCC. Mas, para entender o que se passa, é preciso fugir do retrato alarmista e superficial e analisar friamente os casos. A verdade é que nem todo policial assassinado foi vítima do PCC, e nem todos os civis mortos foram alvo de vingança de policiais. Do início do ano até quinta-feira, 92 PMs foram mortos no estado – vinte a mais que a média dos últimos cinco anos. O patamar é inaceitável, mas não se deve apenas a uma “matança” das forças de segurança. Investigações policiais encontraram indícios de execução em 40% desses casos – e nem todos estão ligados à facção c riminosa. “Teve PM assassinado porque assediou a mulher do traficante e PMs envolvidos com a máfia dos caça-níqueis que foram mortos por seus companheiros de crime. É preciso separar situações como essas dos ataques atribuídos ao PCC para ter a real dimensão dos acontecimentos”, diz o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública. Na segunda-feira, dois policiais foram mortos no centro, a poucos metros do quartel da Rota. Logo se pensou em um ataque do PCC. Mas eles estavam fazendo bico como seguranças de um banco e morreram num assalto.

Do outro lado, o número de assassinatos na capital sobe desde março, sem sinal de recuo. Nos primeiros doze dias de novembro, houve 72 homicídios – em 2011, foram registrados 96 ao longo de todo o mês. Um levantamento do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa sobre os casos deste ano ajuda a divisar melhor o que está acontecendo. Em cerca de trinta dessas 72 mortes há sinais de crime encomendado: em grande parte, pressupõe-se, eram maus policiais, fora de serviço, à caça de suspeitos de participação em crimes contra as forças de segurança. No mais, são crimes do cotidiano das grandes cidades, como o do filho que esfaqueou o pai e a mãe, e tantas outras tristes histórias.

A explicação serve para desmontar discursos políticos inconsequentes, mas não para acalmar a população. Repórteres de VEJA percorreram nos últimos dias os bairros mais afetados pela violência, em todas as regiões da cidade, e conversaram com mais de uma centena de moradores. As ruas estão mais vazias, e a maioria evita chegar tarde em casa. A avenida da foto acima era movimentada à noite há alguns meses. Boatos de “toque de recolher” determinado por criminosos se espalham, mas ninguém nunca vê quem deu a ordem. São, no mais das vezes, apenas isso, boatos. O sentimento difuso de medo não tomou conta de todos os bairros da cidade; em alguns, a vida continua normal. Uma outra parte de São Paulo se sente, no entanto, sitiada, assustada, não sem razão, com a alta nos assassinatos. O que está por trás, então, da violência que alterou a rotina de enormes bolsões da periferia?

Integrantes da cúpula que elabora a política estadual de segurança afirmam que, no início deste ano, o serviço de inteligência da polícia paulista detectou que o PCC preparava uma nova geração de líderes, que, para se legitimar, planejava grandes roubos e atentados. Por essa narrativa, a ação da Rota – a tropa de elite da Polícia Militar – não foi uma ofensiva aleatória, mas estratégica. “A Rota não dispersou forças, agiu com inteligência em cima de pontos estratégicos do PCC”, afirma um dos responsáveis. Em um aspecto, a avaliação do governo estadual coincide com a de policiais que estão nas ruas na linha de frente de combate ao crime e também dos bandidos: em determinado momento, a letalidade do poder público aumentou. Em maio, a Rota matou seis integrantes do PCC na Zona Leste. Em setembro, nove criminosos foram mortos enquanto promoviam um julgamento em um sítio na Grande São Paulo. As apreensões cresceram também. Em uma ação, a polà ­cia conseguiu capturar uma quantidade de drogas, armas, dinheiro e explosivos que equivale ao faturamento de um ano de roubos do PCC. Os criminosos, seja pelo abalo financeiro, seja pelo que perceberam como uma quebra das “regras do jogo”, reagiram.

O acirramento da violência e a sensação de insegurança passaram a prejudicar os negócios da facção, principalmente o tráfico de drogas. Desde o fim de setembro, gravações em poder da polícia mostram líderes do PCC ordenando que cessem os ataques a policiais. Mas, por vários motivos, a situação já havia saído de controle. Hoje, o PCC não é mais tão bem organizado quanto era nas ações de 2006. Não há um comando unificado. O mais famoso líder do grupo, Marco Willians Camacho, o Marcola, está preso há seis anos e perdeu poder. “Hoje o Marcola é uma espécie de rainha da Inglaterra do crime”, afirma um promotor que investiga a facção. Dois bandidos brigam pela sua sucessão – Roberto Soriano, o Beto Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka -, o que provoca uma divisão entre os membros da facção que estão na rua. Mais violento e menos estrategista, Vida Loka defendeu a continuidade dos ataques mesmo depois de a maior parte do bando te r recuado. Para piorar a situação, bandidos comuns, sem ligação com a facção, aproveitaram a onda de violência para eliminar desafetos e atribuir as mortes ao PCC. O grupo criminoso é um inimigo real, e não um grupo em processo de extinção, como alguns assessores do governador Geraldo Alckmin (PSDB) insistem em dizer. Mas o poder da facção não chega perto do de grupos criminosos do Rio de Janeiro, como o Comando Vermelho, o Terceiro Comando e as milícias comandadas por ex-policiais.

Um dos efeitos mais nefastos da percepção de que o crime pode confrontar o poder público é o encorajamento dos bandidos. Um exemplo disso ocorreu na semana passada em Santa Catarina. Descontentes com a linha-dura em uma prisão de segurança máxima, criminosos lançaram uma ofensiva à la PCC. Quase quarenta veículos, entre ônibus e carros, foram incendiados no estado, onde bandidos chegaram a atirar contra postos da polícia – três marginais acabaram mortos. Mais cedo ou mais tarde, vão perceber o óbvio: é impossível para uma quadrilha, por mais organizada que seja, derrotar a força do estado.

Cristiano Estrela/Ag Res/FolhaPress

Cópia fiel - Ônibus incendiado por criminosos em Florianópolis, onde bandidos descontentes com a rigidez do sistema carcerário lançaram ataques inspirados pela ação do PCCCópia fiel – Ônibus incendiado por criminosos em Florianópolis, onde bandidos descontentes com a rigidez do sistema carcerário lançaram ataques inspirados pela ação do PCC

Com reportagem de André Eler, Carolina Rangel, Julia Carvalho, Rafael Foltram e Victor Caputo

Secretário de Segurança implora que PCC suspenda os ataques; ele já comprou o pacote para assistir o Timão e Chelsea no Japão…A viagem é longa; não poderá ficar com o celular ligado!…E a banda podre ficará fazendo alarido sem motivo 31

Secretário FOI à Argentina ver jogo do Corinthians

28 de junho de 2012 | 3h 09
O Estado de S.Paulo

Apesar do dia de tensão, dos boatos e do temor de ataques de criminosos contra policiais, ontem ninguém conseguiu encontrar o secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, em São Paulo.

Segundo policiais, ele viajou para Buenos Aires, na Argentina, para assistir à final entre o Corinthians e o Boca Juniors, pela Copa Libertadores da América. O secretário é corintiano fanático e chegou a tatuar no peito o distintivo do clube.

As assessorias do governo e da Segurança Pública não confirmaram nem desmentiram a informação. Durante o dia de ontem, a cúpula da PM se reuniu com o governo para definir estratégias de combate aos atentados.

Ferreira Pinto assumiu a Secretaria de Administração Penitenciária em 2006 para substituir Nagashi Furukawa, que pediu demissão durante a crise dos ataques do PCC. Ele se tornou secretário de Segurança no governo de José Serra (PSDB).

MAIS UM DIA, MAIS UM PM EXECUTADO NA FRENTE DO FILHO…PARABÉNS FERREIRA PINTO ! 86

Policial militar é baleado dentro de açougue em Guarulhos

O PM reagiu e atingiu os dois criminosos que o atingiram na tarde deste sábado

17/11/12 – 15h46

Publicado Por: Mariana Riscala  Rádio Joven Pan

Os bandidos não se intimidam nem sequer com a luz do dia. Um policial militar foi baleado na tarde deste sábado dentro de um açougue localizado em Cocaia, em Guarulhos, na Grande São Paulo.
Segundo informações divulgadas pela Polícia Militar, ele estava dentro do estabelecimento na Avenida Brigadeiro Faria Lima quando dois homens entraram atirando contra o policial, que foi atingido, mas conseguiu reagir e revidar, baleando os dois criminosos.
Os bandidos foram socorridos ao Hospital Geral de Guarulhos, mas não há detalhes sobre o estado de saúde deles.
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O soldado não resistiu aos ferimentos; segundo informações era lotado na Corregedoria e no momento do ataque estava acompanhado do filho de 5 anos. ( informes para o Flit )

Confronto entre PCC e PM na Baixada Santista é recorrente, diz Josmar Jozino no livro Xeque-Mate 16

Confronto entre PCC e PM na Baixada Santista é recorrente, diz livro

da Livraria da Folha

O confronto entre Polícia Militar e facções criminosas transformou a Baixada Santista no palco do novo faroeste brasileiro. “As baixas, dos dois lados, aconteceram em maior número na Praia Grande, Santos, São Vicente e Guarujá”, conta o repórter Josmar Jozino em “Xeque-Mate”.

Divulgação
Relata a ação dos tribunal do crime e dos letais boinas pretas em São Paulo
Relata a ação dos tribunal do crime e dos letais boinas pretas em SP

Segundo o autor, a guerra já acontecia no Estado de São Paulo, mas se intensificou após os ataques de maio de 2006. A execução de policiais fora do horário de trabalho é uma das marcas das mortes no “varejo”.

“Na Baixada Santista, os PMs não eram alvo dos bandidos somente quando estavam de folga”, diz Jozino. “Mesmo fardados e em serviço ou na volta do trabalho, os policiais eram atacados”.

Com o subtítulo “O Tribunal do Crime e os Letais Boinas Pretas”, o livro apresenta o cenário atual da segurança pública de São Paulo.

O jornalista, considerado um especialista na facção criminosa PCC, também assina “Casadas com o Crime”, um retrato dos presídios brasileiros e finalista do Prêmio Jabuti 2009 na categoria de livro-reportagem, e “Cobras e Lagartos”, edição sobre o partido do crime, ganhou menção honrosa no Prêmio Jornalístico Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos de 2005. Atualmente, escreve para o “Agora São Paulo”, do Grupo Folha.

Abaixo, leia um trecho de “Xeque-Mate”.

*

Acabou, mano

No início da madrugada de 6 de abril de 2009, o soldado Edmundo Andréa Júnior, de 32 anos, do 39º Batalhão do Interior, foi morto a tiros no bairro Catiopã, em São Vicente. Ele trabalhava na escolta de presos. Quando foi executado estava de folga.

Júnior recebeu um telefonema e marcou um encontro. O soldado foi ao local combinado e sofreu uma emboscada. Nada foi roubado do PM. Nem a moto nem a arma que carregava na cintura. Um mês antes, o tenente Sílvio França da Silva foi executado a tiros em São Vicente. O assassinato aconteceu na Vila Valença. A família do oficial presenciou o crime. A vítima também estava de folga naquele dia. De acordo com a Polícia Militar, Silva sofreu tentativa de sequestro relâmpago.

Em 23 de março, criminosos mataram o soldado Márcio Luiz Bueno, na Praia Grande. A PM informou que o policial foi vítima de latrocínio (roubo seguido de morte) quando fazia um serviço particular. Transportava malote com dinheiro.

Em 3 de agosto de 2008, criminosos mataram mais um policial militar na Baixada. O soldado Mauro de Lara Torquato foi assassinado com tiros de fuzil na Vila Caiçara. Em 3 de outubro do mesmo ano, o soldado Marcos Rantiguieri foi morto com 18 tiros de fuzil. No dia 19 de outubro, o cabo Anderson Lira teve o mesmo destino trágico.

As mortes dos policiais militares aterrorizaram a população da Baixada Santista. O comando da PM sempre alegou que os assassinatos de seus homens eram casos pontuais e que não tinham qualquer relação com ações de integrantes do PCC.

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“Xeque-Mate” Autor: Josmar Jozino Editora: Letras do Brasil Páginas: 282 Quanto: R$ 33,00 (preço promocional*) Onde comprar: pelo telefone 0800-140090 ou pelo site da Livraria da Folha

* Atenção: Preço válido por tempo limitado ou enquanto durarem os estoques. Não cumulativo com outras promoções da Livraria da Folha. Em caso de alteração, prevalece o valor apresentado na página do produto.

Texto baseado em informações fornecidas pela editora/distribuidora da obra