João Alkimin: O CORONEL JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO É DESPREPARADO 64

O CORONEL JOSÉ VICENTE DA SILVA FILHO É DESPREPARADO

Já devo ter contado algumas vezes essa história, mas não custa repeti-la para que fique bem claro à todos !
” Há alguns anos atrás era Delegado Seccional de São José dos Campos o Doutor Roberto de Mello Hanibal, comandante do 1ºBPMI o coronel José Vicente e Prefeita Municipal a Doutora Ângela Guadagnin. Doutor Roberto anunciou que a Polícia Civil tinha informações seguras de que o comando vermelho estava se instalando na favela Santa Cruz, isso foi publicado pelo jornal O Vale Paraibano, Rede Globo de televisão e Band Vale. De imediato, o Coronel José Vicente veio a público para desmentir a informação. Passados alguns meses as ruas no entorno dessa favela que fica no centro da cidade tiveram seus moradores expulsos das casas onde moravam e realmente o CV se apossou da região, tendo inclusive seu então líder conhecido como Serjão, tido a ousadia de matar uma jovem e enterrá-la ao lado da parede da base da Polícia Militar instalada na favela.” Portanto, que autoridade tem esse Coronel para falar de Segurança Pública? Sua gestão foi a pior possível sob minha ótica no comando da Polícia Militar de São José dos Campos. Posteriormente o mesmo Coronel foi nomeado Secretário Nacional de Segurança Pública e o que fez? Absolutamente nada. Sendo assim, falta-lhe autoridade para falar sobre segurança pública.
Por outro lado, tem a ousadia de secundar as palavras do Secretário Ferreira Pinto de que 900 Delegados estariam envolvidos em corrupção. Porque não apresenta os nomes? Porque não diz que tipo de corrupção? Porque não tem a coragem de dizer que há algum tempo atrás Policiais do DENARC quando com viaturas descaracterizadas estavam próximas as biqueiras eram abordados pela Polícia Militar e no mínimo tinham a investigação queimada, isso sem falar na humilhação a que alguns eram submetidos.
É muito simples acusar de corrupção sem dar nomes. Já disse e repito: Conde Guerra não é corrupto! Frederico não é corrupto! Marco Antônio Desgualdo, Eduardo Halage, Rui Fontes, Claudinê Pascoeto e tantos outros Delegados não são corruptos e não recebem o salário milionário que alguns Coronéis PM recebem. A maioria absoluta de Investigadores, Carcereiros, Escrivães, Agentes Policiais, Papiloscopistas…não são corruptos! É uma canalhice inominável o que estão fazendo com a Polícia Civil, mas talvez não saibam que a Polícia Civil não foi e não será extinta, pois faz parte de nossa Constituição como instituição. Queiram ou não, gostem ou não, neste país, só existem duas autoridades: a autoridade judicial que é o Magistrado e a autoridade policial que é o Delegado de Polícia. Aceitem ou não, o Coronel PM embora tenha funções relevantes é Agente da Autoridade.
O Ilustre Coronel PM deveria se manifestar sobre o momento que vive a Policia Militar quando um Tenente PM de nome Cheng assiste ao assassinato a sangue frio de uma pessoa e diz: “que não os prendeu em flagrante pois ficou com medo”. Ora senhor Coronel, um Oficial com medo dos subordinados? Não merece respeito! E está provado aquilo que venho dizendo, a Policia Militar está sem comando, pois quando um Oficial diz que sentiu medo, o que deverá sentir a sociedade ao ser abordada a noite por uma viatura da Policia Militar mesmo que a bordo esteja um Comandante de força patrulha? E eu respondo: Pânico! Rezar à Deus para passar incólume, porque aqueles que mataram a sangue frio não são Policiais, são bandidos fardados.
O Coronel José Vicente deveria se lembrar do velho brocardo “o sapateiro não vai além da sola” e lhe falece a autoridade para emitir conceitos ou opiniões sobre a Policia Civil, pode quando muito falar daquilo que deve conhecer que é a Policia Militar.
Afinal vejo que os olhos estão se abrindo, basta que se lei a revista Época desta semana que fala sobre o desmantelamento da Policia Civil “sobre o pretexto de combater a corrupção”. Portanto, pessoas muito mais preparadas que eu estão começando a ver a realidade e isso a mim particularmente, já serve de alento, pois parece que não clamo mais sozinho no deserto.
Por derradeiro, apresento meu respeito e solidariedade à Delegada Marilda, presidente da Associação dos Delegados, a quem não conheço, mas que foi grosseira e gratuitamente atacada pelo Delegado geral, com um destempero e incontinência verbal que me causaram estupor. Esse Ilustre Delegado deveria lutar pelas prerrogativas dos Delegados e vir a público e dizer que é mentira que 900 Delegados são investigados por corrupção, ou se não quiser afrontar o Secretário de Segurança ou Coronel José Vicente, deveria de imediato entregar o cargo à alguém disposto a defender a classe. É como penso.
João Alkimin

PM do BOPE ( genérico ) não gosta de mulher 62

19/11/2012 – Torcedora do Coritiba é agredida por policiais antes do jogo. Imagens que foram gravadas antes de jogo do Coritiba no sábado (17).
Ela participava da ‘Caminhada da Paz’ promovida por torcedores.

Uma garota de 18 anos foi agredida por policiais militares antes da partida do Coritiba contra o Vasco da Gama no último sábado (17), em Curitiba. Parte da agressão foi filmada por outra torcedora que participava da escolta realizada pela PM até o estádio Couto Pereira, e as imagens mostram um policial batendo a cabeça da vítima contra um portão de ferro.

“Foi bem constrangedor”, resumiu a estudante de administração Ana Paula Lima. Ela conta que a atitude violenta dos policiais começou ainda na Praça Santos Andrade, após um evento organizado chamado de “Caminhada pela paz”, e horas antes da partida de futebol. “Nós juntamos torcedores e resolvemos fazer uma caminhada pacífica em homenagem a colegas que faleceram recentemente”
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É um similar ching-ling com o nome do original.

Indigente é preso por recarregar celular em parque da Flórida…( Sem-teto com contatos ) 6

16/11/2012 08h45 EFE

Lei proíbe “gato” para carregar o telefone em parques do Estado

Um indigente da Flórida foi detido por uma noite acusado de roubar a eletricidade da cidade de Sarasota por recarregar a bateria de seu celular em uma tomada de um parque público.

Segundo o relatório policial ao qual a “Agência Efe” teve acesso ontem dia 15, Darren Kersey, de 28 anos, passou uma noite em uma prisão de Sarasota, no litoral oeste da Flórida, por não poder pagar a fiança, fixada em US$ 500.

“Expliquei ao acusado que o roubo de eletricidade da cidade não seria tolerado durante este período difícil da economia”, escreveu o sargento Anthony Frangioni no relatório.

Nele, detalha que no domingo passado observou vários indivíduos fumando o que ele supôs ser maconha e realizou sua detenção por violar o código da cidade que proíbe o fumo em parques públicos.

No momento em que estava detendo Kersey, este lhe disse que queria seu telefone celular, que estava sendo recarregado em uma tomada do parque.

O policial lhe acusou então de usar eletricidade pública e argumentou que essas tomadas devem ser usadas apenas para eventos da cidade.

Não sou contra negociar com o crime organizado, diz sociólogo 58

19/11/2012-07h23

Folha de S.Paulo – Cotidiano

MARIO CESAR CARVALHO DE SÃO PAULO

Em situações emergenciais, quando as mortes se acumulam numa guerra sem fim, é preciso negociar com o crime. Loucura? O sociólogo Claudio Beato, 56, um dos maiores especialistas em segurança no país, diz que não.

Ele cita o levante da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) em 2006, no qual houve aparentemente um acordo com o governo, como contraexemplo. “Se houve acordo, por que não fazer isso de forma transparente?”

Os exemplos bem-sucedidos de negociações com criminosos, segundo ele, vão dos EUA a El Salvador, onde a igreja intermediou acordos. No Brasil, a polícia faz acordos informais com o crime, de acordo com ele, que deveriam ser institucionais.

Para Beato, ligado ao PSDB de Minas, a falta de transparência só aumenta a sensação de insegurança, como diz nesta entrevista.

Pedro Silveira/Folhapress
O sociólogo e especialista em segurança pública Claudio Beato
O sociólogo e especialista em segurança pública Claudio Beato

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Folha – São Paulo tinha uma política de segurança que era considerada exemplar. O que aconteceu para essa política desmoronar?

Claudio Beato – Não acho que ela está desmontando. Os números não apontam para uma situação dramática. O que está acontecendo é um aumento de homicídios.

O que houve foi um investimento alto na última década, em que alguns departamentos, como o de homicídios, souberam aproveitar os recursos. Teve avanço grande na investigação, o que resultou na queda dos homicídios de mais de 70% em dez anos.

E o investimento em prisões? O que deu errado?

O sistema em São Paulo cresceu muito e você perdeu o controle do interior das prisões para facções. O sistema prisional brasileiro é falido.

Você prende muita gente, mas isso acaba piorando a criminalidade fora das prisões. É uma massa que fica sob controle dos grupos que mandam nas prisões.

É o que aconteceu com o PCC, com o Comando Vermelho. O problema de São Paulo é que é um Estado rico e lançou mão do aprisionamento mais ou menos sem critério, e agora está pagando o preço.

Qual é a alternativa a essa política de aprisionamento?

É não deixar o crime acontecer. Como se faz isso? É preciso conhecer muito bem o contexto em que os crimes ocorrem. Mas não existe no Brasil a ideia de uma polícia que atue para que os crimes não aconteçam.

Onde há polícias assim?

William Bratton é o grande reformador de polícias. Reformou a polícia de Nova York e de Los Angeles. Ele defende que você precisa entender o crime, intensificar a análise criminal para não deixar o crime acontecer.

Isso está muito longe do modo de agir da polícia brasileira. Há unidades como a Rota [tropa da PM paulista] e o Bope [tropa da PM do Rio] que saem à rua com a ideia de guerra contra o crime.

Qual o problema da tal guerra contra o crime?

A tendência dessa tática é o que aparentemente está acontecendo em São Paulo: vira uma guerra particular entre a polícia e as facções.

Seria uma guerra da Polícia Militar contra o PCC?

Não tenho dúvidas. A dúvida é: qual o tamanho disso? O secretário [Antonio Ferreira Pinto] vem com uma questão muito fantasiosa: de que o PCC não tem importância.

Não é bem assim. O fenômeno contrário também ocorre em meios acadêmicos, que acreditam que foi o PCC que diminuiu o crime em São Paulo. É fantástico! Você pensar que uma organização tenha capacidade de controlar crimes domésticos, em botequins, do tráfico. É o que um amigo americano chama de “big gang” [grande gangue, e um trocadilho com “big bang”, explosão que teria originado o universo].

Entre esses dois opostos, é difícil saber qual é o tamanho do PCC. Seria um grande serviço para a sociedade, e a própria polícia, saber exatamente o que está acontecendo. A falta de informação aumenta a sensação de insegurança.

O que você acha da decisão da Secretaria da Segurança de São Paulo de usar a Polícia Militar contra o tráfico?

É uma armadilha achar que as PMs possam resolver o problema de segurança pública, como se fosse possível fazer isso sem ter uma atividade mais investigativa, que é própria da Polícia Civil. É um erro esquecer da Polícia Civil. Mas o erro maior é conviver com as duas polícias.

O ideal seria a fusão?

O ideal seria acabar com o modelo definido pela Constituição de 1988, de duas polícias. Você precisa de uma polícia de ciclo completo, com patrulhamento ostensivo e investigação. Nos países onde a polícia faz isso o resultado é mais efetivo. Você junta as qualidades das duas.

Há uma crença de que a PM é imune à corrupção.

Corrupção é muito comum entre a Polícia Militar. Hoje a corrupção está bem distribuída entre as duas polícias. O tema das reformas das polícias é urgente. A divisão das polícias é artificial.

SP vive uma situação de pânico, que o governo tenta minimizar com a alegação de que a polícia já enfrentou situações piores e venceu. Você acredita nisso?

Um dos problemas é que a área de segurança não é muito transparente. É fato que a polícia de São Paulo enfrentou um problema muito mais grave em 2006. Como é que resolveu? Alguém sabe? Tem um monte de lendas, de boatos. Eu até hoje não sei o que aconteceu em 2006.

Há quem diga que houve um acordo com o PCC.

Se houve acordo, por que não fazer isso de forma transparente? El Salvador acabou de fazer um grande acordo com as Maras. São grupos mais violentos e com inserção social muito maior do que o PCC. Em El Salvador, houve um investimento muito grande em prisões duras, como algumas de São Paulo. As prisões funcionaram, mas a situação fora piorou. Houve negociação para tirar alguns líderes dessas prisões desde que ajudassem a controlar a situação fora. Foi intermediado pela Igreja Católica.

Você acha que o governo deveria negociar com o PCC?

Não sou contra a negociação, eventualmente, e de forma pontual. Vou falar uma coisa que será muito criticada. Isso aconteceu em Boston. O projeto mais conhecido de controle da violência nos EUA, chamado “Cessar-Fogo”, foi feito por meio de um conjunto de ações da polícia, prendendo de forma mais focalizada o que eles chamam de alavancas do crime.

Houve também ofertas de empregos, melhoria de condições sociais. E a negociação com as gangues foi feita pelos pastores. Eles sentaram com as gangues e policiais e negociaram um cessar-fogo. Em Medellín [Colômbia] também houve acordo.

Os governos federal e o paulista travaram uma disputa sobre quem sabe mais sobre o crime em SP. Isso faz sentido?

Isso é deplorável. Em 2006, foi combinado que a PF e a Polícia Civil trocariam informações, mas isso só acontece quando há uma força-tarefa.

Eu tenho uma crítica muito grande à maneira como a polícia trata informação no Brasil. Inteligência aqui é ficar escutando celular de preso. Isso é uma parte.

Eu vi no MIT [Massachusetts Institute of Technology] um sistema em que você consegue seguir o movimento de todos os celulares de Nova York, e você pode destacar dois celulares. É uma ferramenta fantástica. Você saberia como criminosos se movimentam fora dos presídios.

Em 2006, a Promotoria analisou mais de 500 contas bancárias atribuídas ao PCC e o resultado foi pífio. As contas eram de R$ 300, R$ 400.

Talvez o PCC não seja essa coisa toda que as pessoas pensam. Talvez a parte mais organizada do crime não seja o PCC, sejam estruturas organizadas internacionalmente.

O problema é a falta de transparência da segurança. Tudo é tratado como segredo. Isso é uma herança da comunidade de inteligência da ditadura militar, do SNI [Serviço Nacional de Informação].

Não temos essa informação organizada e clara para o público. Nos atentados em São Paulo, não se sabe quantos são acertos de atividades paralelas de policiais, quantos são retaliações do tráfico ou execuções da polícia.

O resultado é que todo mundo começa a fazer suposições e isso gera insegurança. Se o secretário da Saúde enfrentasse uma epidemia de cólera, imagina a quantidade de informação que ele teria de dar. O secretário da Segurança não fala. Não é só em São Paulo. Não há prestação de contas.

As lembranças dos familiares de policiais assassinados covardemente em São Paulo 12

ÉPOCA

Marta, Marcelo, André, Marcos e Paulo: cinco vítimas da violência que já matou ao menos 94 PMs no Estado neste ano

ALBERTO BOMBIG, ANGELA PINHO, LEOPOLDO MATEUS E VINÍCIUS GORCZESKI

MINIATURAS Bíblia e condecoração usadas no funeral do policial Paulo Fernando Ribeiro Borges. Ele gostava de comprar carrinhos de polícia para o filho caçula (Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)MINIATURAS Bíblia e condecoração usadas no funeral do policial Paulo Fernando Ribeiro Borges. Ele gostava de comprar carrinhos de polícia para o filho caçula (Foto: Marcelo Min/Fotogarrafa/ÉPOCA)

Desde o início do ano, pelo menos 94 policiais militares morreram em São Paulo, grande parte deles alvo de tiros pelas costas, disparados por motoqueiros encapuzados. O assassinato sistemático dos soldados que os paulistas pagam, com seus impostos, para garantir sua segurança, configura mais que uma crise. É um ataque ao contribuinte e às instituições do Estado. Nem em 2006, quando uma organização criminosa paralisou a capital paulista por um dia, o número de policiais mortos atingiu essa cifra – foram 61 assassinados até outubro daquele ano. Até os tristes episódios deste ano, São Paulo era considerado um caso de sucesso na área de segurança pública. Entre 1999 e 2011, a taxa de homicídios no Estado caiu de 35 por 1.000 habitantes para 10. Isso fez do Estado um dos mais seguros do país.

O plano para baixar a taxa de crimes violentos em São Paulo começou a ser elaborado durante a gestão Mário Covas (governador do Estado entre 1994 e março de 2001, quando morreu de câncer). Com alguns percalços, teve continuidade nas gestões seguintes, de Geraldo Alckmin (2001-2006) e José Serra (2007-2010). Seu principal pilar era o alentado setor de inteligência da Polícia Civil, que formou uma tropa de elite no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). A partir de 2011, no segundo mandato de Alckmin, esse aparato foi gradativamente desativado, sob o pretexto extraoficial de desmontar esquemas de corrupção. No ano passado, o delegado Marco Antonio Desgualdo foi exonerado do cargo de chefe do DHPP. Hoje exerce funções secundárias. Domingos Paulo Neto, que chefiou a Polícia Civil entre março de 2009 e janeiro de 2011, perdeu o cargo e foi transferido para a área de transportes da corporação. O delegado Armando de Oliveira Costa Filho, responsável pela investigação da morte do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel e pelo caso Suzane Von Richthofen – bastante elogiado na condução das duas questões –, também perdeu o cargo, e hoje não tem função relevante. O delegado Ruy Fontes, conhecido como o xerife do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), foi parar no 92º Distrito Policial, na Zona Sul, uma das áreas mais violentas da cidade.

O aparato da época de Mário Covas foi desmontado no segundo governo de Alckmin

O comando do combate ao crime em São Paulo passou, a partir do segundo governo de Alckmin, para a Polícia Militar (PM). Reconhecidamente, a PM não tem um setor de inteligência tão eficaz quanto a Polícia Civil. A PM também é acusada de promover ações violentas arbitrárias e de, com isso, contribuir para o clima de insegurança. Com a matança de policiais, a violência se multiplicou – gangues aproveitaram para ajustar contas com outras gangues, e surgiram acusações de execuções cometidas por policiais. No domingo passado, dia 11, o programa Fantástico, da TV Globo, exibiu cenas de policiais encurralando um homem acusado de ser criminoso. Mais tarde, ele apareceu morto. O governador Alckmin mandou afastar todos os PMs envolvidos no caso.

>>Promotoria quer barrar saída de presos do PCC no Natal >>Governos federal e de SP criam agência contra violência
Por mais que haja acusações de violência contra a PM – e por mais que muitas delas tenham fundamento –, a população que paga os policiais com seus impostos (da mesma forma como paga médicos e professores do setor público) torce para que eles recuperem o controle da situação. As histórias dos policiais assassinados, em geral à paisana ou em ocasiões sociais, são chocantes. Elas dão um testemunho eloquente de que algo precisa ser feito com urgência.

Marta Umbelina da Silva (Foto: reprodução)(Foto: reprodução)

Marta Umbelina da Silva Marta Umbelina da Silva decidiu virar policial militar depois de se separar do marido, um guarda de trânsito com quem teve três filhos – hoje com 21, 18 e 11 anos. Quando a família temia por sua segurança, ela costumava dizer: “Para, gente, sei o que estou fazendo”. O pai, que já morreu, gostava de ouvir isso. “Ele dizia para a gente: ‘O orgulho da casa é a Marta. Ela é polícia’”, diz uma irmã que não quis se identificar – traumatizada, a família teme represálias. Marta era a mais velha de seis irmãos, três homens e três mulheres. Foram criados pela mãe dona de casa e pelo pai encanador na Vila Brasilândia, bairro da Zona Norte de São Paulo.

Em sua família, era Marta quem costumava marcar os encontros que reuniam avó, filhos e netos. Gostava de cantar – Jorge Ben Jor era um de seus preferidos – e de cozinhar. Suas especialidades eram macarronada com queijo e carne moída, suspiro com morango e pavê de abacaxi. No sábado, dia 3, no começo da noite, combinou com a irmã um almoço no dia seguinte. Que nunca aconteceria. “No domingo, a gente enterrou ela”, diz a irmã.

Marta foi morta com mais de dez tiros nas costas na rua onde morava. Segundo uma familiar próxima, a policial pintava uma parede dentro de casa quando ouviu a filha mais nova chegar. A menina não conseguiu abrir o portão. Marta saiu para ajudá-la. Quando se virou para fechar o portão novamente, os tiros a atingiram, diante da filha – segundo testemunhas, disparados por dois homens de dentro de um veículo. Marta morreu a caminho do hospital. O corpo ainda tinha marcas da tinta de parede. Marta foi a primeira policial mulher morta na atual onda de violência em São Paulo. “Foi um crime covarde, com tiros pelas costas. Estamos todos chocados e em luto”, diz o comandante-geral da Polícia Militar, Roberval Ferreira França. “O enterro da Marta reuniu mais de 100 policiais, porque, além de excelente profissional, ela era muito cortês e amiga. Era querida pela comunidade da Brasilândia”, afirma o deputado estadual Major Olímpio (PDT), que trabalhou com ela na polícia.

Marta deixou três filhos, a mãe, irmãos e sobrinhos. Um dos sobrinhos, seguindo o exemplo da tia, pensava em ser policial. Desistiu.

Marcelo Fukuhara (Foto: álbum de família)(Foto: álbum de família)

Marcelo Fukuhara O sargento Marcelo Fukuhara tinha 45 anos, 21 deles dedicados à polícia.“Eu sempre dizia: eu era a amante do Fukuhara. A esposa era a polícia”, afirma Rosana, mulher de Fukuhara. Segundo as investigações da Polícia Civil, uma facção criminosa pagou R$ 500 mil por seu assassinato. “O que me deixou mais chocada foi achar no armário um bilhete dizendo que matariam o Fukuhara na porta da casa dele. Foi exatamente o que fizeram”, diz a mulher. Fukuhara foi fuzilado. Morreu minutos depois do ataque, no dia 7 de outubro.

Fukuhara recebia R$ 2.800, como primeiro-sargento, e tinha um bom padrão de vida. Morava em Santos, num apartamento de frente para a praia. Rosana, sua mulher, é uma empresária bem-sucedida. Trabalha organizando festas e eventos. “Conheci o Marcelo por meio de um amigo que nos apresentou, para que ele fizesse segurança das minhas empresas”, diz ela. Assim como Rosana, Fukuhara era divorciado. A empatia com a família de Rosana foi quase instantânea. “Ele foi entrando, conquistando meus filhos, e a gente acabou casando.” Após 11 anos, Fukuhara já era visto como pai pelos filhos de Rosana. “Você é quem vai entrar comigo na igreja. Você é que é meu pai.” Dias antes de morrer, Fukuhara emocionou-se ao ouvir esse pedido da enteada, que acabara de ser pedida em casamento.

Apesar de saber que Fukuhara recebia ameaças, Rosana nunca soube o grau de perigo delas. “Se eu soubesse até onde podia chegar o abuso dessas pessoas, teria feito alguma coisa. Teria montado uma escolta para ele, teria feito uma viagem. Não preciso andar de carro importado. Só queria meu marido vivo.” Rosana foi impedida pelos policiais e pelos familiares de ver Fukuhara morto, já que ele fora desfigurado pelo fuzilamento. No último momento, ela tentou, mas não teve coragem. “No velório, tirei os dois pinos do caixão e não consegui tirar o terceiro. Tinha medo do que podia ver.” Desde que Fukuhara morreu, Rosana pede a todos os amigos do marido que larguem a profissão. Diz com os olhos cheios de lágrimas: “Ele adorava aquela porcaria daquela farda”.

 

André Peres de Carvalho (Foto: álbum de família)(Foto: álbum de família)

André Peres de Carvalho Fã de artes marciais, André Peres de Carvalho preencheu com pôsteres de Bruce Lee as paredes do quarto onde passou a infância e a adolescência. Criança, costumava vestir as meias por cima da calça, como julgava ser o traje adequado a um tira. Os Peres de Carvalho não sabiam de onde vinha o gosto pela carreira policial. A especialidade da família é a barbearia, ofício seguido por seis parentes. André nunca pensou em seguir o mesmo caminho. Aos 18 anos, tentou entrar no Exército. Não conseguiu ser selecionado. Passou no concurso da Polícia Militar. Mudou-se para São Paulo e foi morar no bairro do Butantã, na mesma avenida onde morreria baleado 21 anos depois.

Foi como policial que construiu sua família. Casou-se, teve um filho, que hoje tem 12 anos, depois se separou. Visitava os pais com frequência e era o churrasqueiro da família. Os mais próximos lembram que, mesmo nesses eventos, não desgrudava do rádio, por meio do qual conversava o tempo todo com os amigos da polícia.

André passou dez anos como PM na Zona Oeste de São Paulo. Em 2002, foi transferido para a Rota, força de elite da PM paulista. Em seus primeiros anos na tropa, o soldado André atuou na função de motorista. Um cargo que não é secundário: exige habilidade, rapidez e precisão. Mas afasta o policial do combate direto, porque ele tem de ficar no carro pronto para partir. “O motorista é 50% de uma ocorrência da Rota, porque tem de ser ligeiro, esperto e atento. Mas não se envolve diretamente com a ação”, diz o coronel Paulo Adriano Lopes Lucinda Telhada, vereador eleito de São Paulo e comandante da Rota entre 2009 e 2011. Telhada não tinha relação pessoal com André. Lembra que ele tinha prestígio entre os colegas por causa de sua função. “Ele era motorista do subcomandante. Pessoas que assumem um cargo assim são consideradas de extrema confiança”, diz. André recebera a mais alta medalha da Rota por mérito pessoal, feita de metal esmaltado sobre um couro branco.

Há quatro anos, André teve de deixar a função. Bateu o carro de frente com um ônibus, ficou três dias em coma e saiu com o movimento de um braço prejudicado. Não podia mais ser motorista. Passou a fazer serviços internos na parte administrativa do quartel.

Na noite de 26 de setembro, André ligou para a mãe. Estava numa padaria, e ela, assustada com a onda de violência, pediu que ele não ficasse na rua. Segundo uma pessoa muito próxima, ele respondeu: “Pode ficar tranquila, mãe, estou do lado de casa”. No dia seguinte, foi encontrado caído perto do carro, com três tiros de fuzil. Estava na frente de casa, na Avenida Corifeu de Azevedo Marques, a menos de 1 quilômetro da Universidade de São Paulo. Aos 40 anos, foi o único policial da Rota assassinado na atual onda de crimes.

 

Marcos Roberto de Mendonça (Foto: álbum de família)(Foto: álbum de família)

Marcos Roberto de Mendonça “O conheci em 1988, numa partida de futebol em que ele era um dos jogadores. Foi meu primeiro namorado. Casamos em 1992, e nossa vida era maravilhosa. Éramos muito apaixonados, e ele sempre muito preocupado comigo”, diz a mulher de Marcos Roberto Corrêa de Mendonça. Ou simplesmente Mendonça, como era chamado pelos colegas policiais. Ele foi assassinado com um tiro nas costas, na noite de 7 de maio, em Sumaré, cidade do interior de São Paulo. Atuava no 48º Batalhão, responsável por uma área de Sumaré na divisa com Campinas. Não estava a serviço no momento do crime.

Quando Mendonça conheceu a mulher, ainda não era PM. Ele se formou na polícia em 1994, uma semana antes do nascimento da primeira filha do casal. O segundo nasceu em 2007. “Ele adorava ser policial, principalmente nos primeiros anos, em que trabalhou no grupo de Ações Táticas de Campinas (Atac). Tinha orgulho da profissão”, afirma sua mulher. Depois de trabalhar em Campinas e fazer um curso em São Paulo, ele pediu transferência para Sumaré, para não ficar longe dos pais e dos irmãos, que moravam em Tupã, cidade onde Mendonça nasceu. Ele era muito ligado à família. “Adorava jogar futebol com o filho caçula e conversar com a filha mais velha”, diz a viúva.

No dia em que Mendonça foi assassinado, o irmão dela não teve coragem de dar a notícia. Disse que Mendonça sofrera um acidente. “Quando cheguei ao hospital, um tenente amigo dele me chamou para conversar, ao lado de minha filha e do meu filho”, diz a mulher de Mendonça. Ele ficou sem palavras. A filha tomou a iniciativa. “Meu pai morreu?”, disse. Ele balançou a cabeça dizendo que sim. “Meu mundo desabou, nunca podia imaginar perder meu grande amor desse jeito, com tanta covardia. Não conseguia pensar em nada, só em como viveria com meus filhos sem ele, que era tudo para a gente”, diz a viúva. “Meus filhos devem lembrar do pai como um herói, um homem bom e do bem, que só vivia para proteger a comunidade e a família, e que ficava com o coração partido quando encontrava uma criança usando drogas ou vivendo com pais drogados.”

Paulo Fernando Ribeiro Borges No dia 23 de dezembro do ano passado, uma sexta-feira véspera de Natal, a mulher do sargento Paulo Fernando Ribeiro Borges recebeu 16 ligações interurbanas vindas do interior paulista. As ligações não eram atendidas, e quando ela tentava respondê-las uma mensagem dizia que o número não existia. Quando o marido chegou em casa, ele comentou que também recebera cinco chamadas. Ao comparar os números no identificador, viram que se tratava do mesmo telefone. Estranharam, mas deixaram passar a coincidência.

A mulher de Paulo cursava pedagogia e faria uma entrevista de emprego no dia 3 de janeiro para trabalhar com crianças na Cruz Azul, instituição beneficente vinculada à PM. Depois do teste, ela planejava ir com o marido e o filho mais novo, de 17 anos, para a colônia de férias da polícia em Mongaguá, no litoral de São Paulo. O casal gostava de caminhar à luz da lua na beira da praia.

No dia 2 de janeiro, Borges deu dicas para a mulher ir bem na entrevista de emprego do dia seguinte. No mesmo dia, abasteceram-se de suprimentos para a viagem e seguiram para uma pastelaria para almoçar. A mulher de Paulo se lembra bem de um carro que parou com dois homens e uma mulher, e da insistência com que o grupo olhava o casal. “Você conhece?”, disse ela. “Não, deixa para lá”, respondeu Paulo.

Perto das 22 horas, Paulo verificou se a mulher estava com algum dinheiro e seguiu para o posto de gasolina onde fazia bico como segurança em Osasco, município da Grande São Paulo. Menos de três horas depois, policiais informaram à família que ele fora baleado. A mulher de Paulo e o filho mais velho correram para o hospital. Borges, já morto, estava ensanguentado e quente. Ela chegou a vê-lo abrir os olhos. “Seu pai está vivo, é mentira que ele foi embora”, dizia. Inconsolável, percebeu o engano logo depois. “Queria trazê-lo de volta.”

No boletim de ocorrência, a polícia registrou a morte como latrocínio (roubo seguido de morte), porque um dos assaltantes, menor de idade, levou R$ 700 do caixa do posto. Paulo chegou a disparar – um jovem morreu no local –, mas foi morto por outro, que teve o cuidado de recolher o revólver do comparsa. Desde o crime, a mulher de Paulo faz terapia e toma dois antidepressivos e um ansiolítico todos os dias. Mudou-se de apartamento e chegou a ficar dias sem comer. Apesar disso, ela tem uma certeza sobre o marido que gostava de comprar carrinhos de polícia em miniatura para o caçula: “Ele morreu fazendo o que gostava, sentia orgulho de vestir uma farda. Sei que ele foi feliz”.

Coronel PM – mentiroso – afirma em rede nacional que é público e notório que há 800 Delegados indiciados na Corregedoria porque foram mencionados por criminosos como envolvidos em desvios…E faz elogio ao sistema “capilar da PM’ em que cada Unidade é responsável por reprimir os desvios que são fatos isolados 83

A pergunta: é verdade que um terço da Polícia Civil está envolvida com  corrupção ?

PM  – mentiroso e irresponsável .