22/11/2012-11h16
Folha de São Paulo – UOL
Buscará novas formas de atuação
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA DE SÃO PAULO
Atualizado às 11h39.
O novo secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella Vieira, assumiu na manhã desta quinta-feira a pasta no Palácio dos Bandeirantes e afirmou que defenderá os policiais.
“As instituições policiais terão em mim o primeiro aliado na defesa permanente das carreiras policiais do Estado de São Paulo”, disse.
Grella também ressaltou que buscará novas formas de atuação exigidas pelo momento para combater a onda de violência que atinge o Estado. “O tempo agora é de trabalho, de muito trabalho”, declarou.
O novo secretário afirmou ainda que vai aplicar inovações no programa de segurança estadual, utilizando a transparência e destacará a integração da atuação entre as polícias Militar, Civil e Científica.
Em seu discurso, Grella também elogiou a gestão de Antônio Ferreira Pinto, à frente da secretaria por três anos. “Sua seriedade e competência são inquestionáveis. Cumprimento pela enorme capacidade de trabalho já demonstrado”, afirmou.
Agora, o novo secretário vai se reunir com Antonio Ferreita Pinto, seu antecessor, o comandante-geral da Polícia Militar Roberval França e com o delegado-geral Marcos Carneiro Lima, chefe da Polícia Civil de São Paulo, para discutir como será a montagem de sua equipe.
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu demitir Ferreira Pinto depois que Grella aceitou o convite na segunda-feira (12). Até então, não encontrara um nome para a função.
Ele caiu pelo conjunto da obra: a incapacidade de estancar a escalada dos homicídios, a relação para lá de esgarçada com a Polícia Civil, a perda de controle (segundo a visão do governo) sobre a Polícia Militar e a sua relutância em aceitar ajuda da União num momento de crise.
Os casos de homicídios dolosos na cidade de São Paulo subiram 92% no mês de outubro em relação ao mesmo mês de 2011. Entre a noite de ontem e a madrugada de hoje ao menos dez pessoas morreram e 18 foram baleadas na Grande São Paulo.
Durante o evento, Ferreira Pinto, que foi criticado por tirar atribuições de policiais civis e passá-las para a Rota durante seu mandato, afirmou que é “uma falsa verdade dizer que a Polícia Civil foi afastadas de investigações dos crimes”.
O antigo secretário, que ficou três anos e oito meses no cargo, ainda fez um balanço de seu período como secretário. “Eu prestigiei e tive orgulho de prestigiar a Rota. A tropa prendeu 1.327 pessoas condenadas ou foragidas, apreendeu 51 fuzis, 40 metralhadoras, 69 armas de cano longo, 6,9 toneladas de maconha, 1,3 toneladas de cocaína, 209 kg de crack, e R$ 16,3 milhões em dinheiro vivo. Além disso, somente 18 PMs ficaram feridos em combate”, concluiu.
Uma das principais missões do novo secretário será fazer com que setores da Polícia Civil voltem a investigar, controlar o que até o governo chama de “excessos da Polícia Militar” e melhorar o diálogo de sua pasta com entidades da sociedade civil.
Também há expectativa que ele consiga melhorar a imagem das polícias junto à opinião pública, graças à interlocução que acumulou com entidades da sociedade civil ao longo da carreira. O novo secretário, dizem aliados, não é dado a polêmicas.
Grella também recebeu a incumbência de botar uma “focinheira” na PM –o termo está sendo usado dentro do Palácio dos Bandeirantes. Alckmin teme que seu governo passe para a história como truculento e letal.
Alckmin afirmou durante a solenidade que São Paulo reduziu os índices de crimes e chegou a nível comparado aos países desenvolvidos. “São Paulo não vai admitir a regressão nesse campo”, disse.
De acordo com o governador, o objetivo agora é fortalecer o trabalho de segurança para conter a onda de violência. Ele relacionou os ataques contra policiais com uma tentativa de intimidar o Estado. “Venceremos porque já vencemos antes”, afirmou.
O novo secretário foi procurador-geral do Ministério Público por quatro anos, órgão ao qual pertence desde 1984.
Nomeado chefe da Promotoria pelo ex-governador José Serra em 2008 e reconduzido ao cargo em 2010, é conhecido por ser discreto e técnico. “Um diplomata do Ministério Público”, disse Serra a aliados, no fim de sua gestão.
Foi exatamente a fama de conciliador que pesou para que Alckmin o convidasse para o cargo. O governador aposta em Grella para contornar o descontentamento de parte da Polícia Civil e fazer a corporação reassumir os trabalhos de inteligência e combate ao crime organizado.
Novo secretário terá que controlar PM e cobrar Polícia Civil
MARIO CESAR CARVALHO DANIELA LIMA AFONSO BENITES DE SÃO PAULO
Fernando Grella Vieira assume a Secretaria da Segurança Pública de São Paulo com três missões espinhosas e urgentes.
Ele precisa fazer com que a setores da Polícia Civil voltem a investigar, controlar o que até o governo chama de “excessos da Polícia Militar” e melhorar o diálogo de sua pasta com entidades da sociedade civil.
Grella foi procurador-geral do Ministério Público por quatro anos, órgão ao qual pertence desde 1984.
Nomeado chefe da Promotoria pelo ex-governador José Serra em 2008 e reconduzido ao cargo em 2010, é conhecido por ser discreto e técnico. “Um diplomata do Ministério Público”, disse Serra a aliados, no fim de sua gestão.
Foi exatamente a fama de conciliador que pesou para que Alckmin o convidasse para o cargo. O governador aposta em Grella para contornar o descontentamento de parte da Polícia Civil e fazer a corporação reassumir os trabalhos de inteligência e combate ao crime organizado.
Também espera que ele consiga melhorar a imagem das polícias junto à opinião pública, graças à interlocução que acumulou com entidades da sociedade civil ao longo da carreira. O novo secretário, dizem aliados, não é dado a polêmicas.
Grella também recebeu a incumbência de botar uma “focinheira” na PM –o termo está sendo usado dentro do Palácio dos Bandeirantes. Alckmin teme que seu governo passe para a história como truculento e letal.
Mesmo promotores e advogados aliados de Grella reconhecem que ele não tem conhecimento sobre o que se passa no submundo da segurança. Também não é habituado a mediar conflitos com a magnitude dos que rondam as polícias de São Paulo.
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Luiz Carlos Murauskas/Joel Silva/Folhapress |
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Fernando Grella (à esquerda) será o novo secretário de Segurança Pública de São Paulo. Ele assumirá amanhã a pasta em substituição a Antonio Ferreira Pinto (à direita) |
Para tentar compreender o que se passa nas polícias, o novo secretário deve se cercar de pessoas que já trabalharam na secretaria.
Um dos cotados para ajudá-lo é o ex-secretário-adjunto da SSP Arnaldo Hossepian, que foi demitido por Antonio Ferreira Pinto em 2011.
Grella também tem boas relações com o atual secretário da Administração Penitenciária, Lourival Gomes. Por isso, mesmo que Gomes seja ligado a Ferreira Pinto, ele não deve deixar o cargo.
ESCOLHA
Grella deixou a chefia do Ministério Público em abril deste ano e emplacou o sucessor, Márcio Elias Rosa. Foi durante a disputa por sua cadeira na Procuradoria-Geral que se aproximou do governador Geraldo Alckmin.
Apresentou relatório sobre sua gestão e indicou necessidades do órgão. Sua conduta auxiliou a escolha de Alckmin por Rosa, que havia sido o segundo colocado na eleição interna do órgão.
Há duas semanas, foi Rosa quem fez lobby para fazer de seu antecessor o secretário da Segurança Pública.
Alckmin destacou a aliados a atuação de Grella no caso de bloqueio de bens e afastamento do ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado, Eduardo Bittencourt.
Quem é o novo secretário
Nome: Fernando Grella Vieira, 54 Formação: É procurador de Justiça. Formado em direito pela PUC-Campinas em 1979 Principais atuações: Foi procurador-geral de Justiça do Estado por dois mandatos (2008/2010 e 2010/2012) e secretário geral da Confederação Nacional do Ministério Público.
Desafios da Segurança Pública
1. Reduzir os homicídios, inclusive de policiais; 2. Diminuir a quantidade de crimes contra o patrimônio; 3. Controlar a letalidade policial; 4. Conter a insatisfação de 85 mil PMs que tiveram seus salários reduzidos de 10% a 25% por conta de uma ação judicial apresentada pelo governo Alckmin; 5. Evitar uma paralisação prevista para o dia 29 de 6.000 investigadores e escrivães da Polícia Civil insatisfeitos com a não equiparação salarial com profissionais de nível superior; 6. Combater a facção criminosa PCC, reduzindo a influência que seus chefes que estão presos, têm sobre os demais criminosos do grupo