
João Alkimin
João Alkimin é radialista – http://www.showtimeradio.com.br/
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04/10/2012-06h00
DE SÃO PAULO DO “AGORA”
O governador de SP, Geraldo Alckmin (PSDB), e o delegado-geral Marcos Carneiro Lima, chefe da Polícia Civil paulista, disseram ontem a novos policiais civis que o Estado não tem nenhuma tolerância à corrupção policial.
“Quando um policial comete um crime, ele é pior que o bandido. O bandido não tem nada a perder. O policial tem. A primeira coisa que perde é o respeito dos próprios colegas. Nós, da Polícia Civil, não aceitamos inimigos conosco”, disse Lima.
O discurso foi feito durante a posse de 289 agentes de telecomunicação da Polícia Civil, em um evento no Palácio dos Bandeirantes.
Nesta semana, a Folha revelou que documentos atribuídos à facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) apontam supostos pagamentos feitos por bandidos a policiais civis de SP.
Os documentos -espécie de “livro-caixa” da facção- apontam, ainda, que policiais militares se aliam a criminosos para cometer roubos.
No seu discurso, o delegado pediu aos novos policiais que não entristeçam as suas famílias por terem se envolvido em irregularidades.
Quando questionado pela Folha sobre a sua fala, o delegado-geral disse que reforçou o cuidado que os policiais devem ter para não caírem na “sedução dos criminosos”.
“No Brasil, há uma cultura da corrupção, que vem desde a época colonial. Mas é importante a sociedade cobrar essa mudança”, afirmou.
Já o governador foi mais sutil na mensagem, dizendo aos novos policiais que eles devem servir de exemplo para a população paulista.
“Exemplo de retidão, exemplo de atender bem as pessoas, de fazer bem feito o que é a nossa atividade.”
PCC
Tanto Alckmin quanto o delegado-geral afirmaram que a Corregedoria das polícias irá investigar todos os policiais que tiverem seus nomes envolvidos em acordos com a facção criminosa PCC.
“Se eu identificar suspeição contra qualquer policial que esteja em uma função estratégica, eu mando tirá-lo da função para que seja investigado”, disse Carneiro Lima.
Nos últimos seis anos, pelo menos 1.223 policiais civis e militares foram punidos por irregularidades diversas, entre elas, corrupção e tráfico de drogas. Os dados são da Ouvidoria da Polícia de São Paulo, que recebe denúncias contra policiais civis e militares. (AFONSO BENITES, ROGÉRIO PAGNAN E JOSMAR JOZINO)
04/10/2012-06h00
AFONSO BENITES DE SÃO PAULO
O secretário da Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, afirma que a facção criminosa PCC é bem menor do que é divulgado e que a polícia a está asfixiando, com operações bem sucedidas contra o tráfico de drogas.
Em entrevista após a posse de 289 agentes de telecomunicações da polícia, Ferreira Pinto, procurador de Justiça licenciado, criticou o Ministério Público e disse que o número de bandidos ligados ao PCC é menor do que apontam as planilhas do bando apreendidas pela polícia e reveladas pela Folha.
Pelos arquivos, que estão no Ministério Público, a facção possui 1.343 bandidos espalhados por 123 das 645 cidades paulistas.
O Ministério Público não quis comentar as críticas.
*
Folha – Como o senhor está vendo a batalha com o PCC? Antonio Ferreira Pinto – Não há batalha. O governo continua na sua linha de combate à criminalidade, seja ela de que origem for. Temos uma média de dois presos por dia.
A Folha tem mostrado, com base em arquivos do PCC, que a facção continua forte. Mas o governo discorda. Por quê? Porque alguns setores da imprensa exaltam o PCC. Nós trabalhamos dentro da tranquilidade. Temos informações seguras, privilegiadas.Acompanho essa situação há seis anos e meio, desde quando fui secretário de administração penitenciária.
Estou tranquilo sabendo o tamanho da facção. Determinados jornais glamorizam a facção, o que só traz desassossego à população. Combatemos essa facção com eficiência e os resultados estão aí.
Quais são? Há mais de cinco anos que a PM não precisa intervir em presídios. Isso evidencia o nosso controle. A Rota tem prendido bastante.
Agora, qualquer grupo bem organizado aqui fora se arvora em facção criminosa. Isso é grife e a imprensa, felizmente só parte dela, exalta exageradamente. Estão fazendo às gerações futuras, para seus filhos e netos.
Qual é a extensão da facção? A facção é bem menor do que dizem. Não chega a 30 ou 40 indivíduos que estão presos há muito tempo e se dedicam ao tráfico. Nós temos asfixiado esse tráfico com grandes prisões. Mas essas prisões só merecem uma nota nos jornais. Não tem a mesma repercussão que atos covardes contra a polícia.
A documentação que a sua polícia apreendeu e está na mão do Ministério Público mostra que o número é maior. É, a polícia apreendeu, levou para o Ministério Público e eles não levaram à Corregedoria da polícia dados que demonstram o comprometimento de policiais civis [a Folha revelou que documentos do PCC apontam propina a policiais]. Receberam os dados e vazaram para a imprensa de forma anônima.
Eu sou dessa instituição. No meu tempo a gente falava e assinava embaixo, não se escondia. Quando eles passarem para nós, vamos apurar.
Se tiver policial envolvido, serão demitidos. Fica muito tranquilo para eles [promotores] jogarem isso para a imprensa de uma forma leviana.
No seu tempo na Secretaria de Administração Penitenciária, havia notícias de apreensões de pen drives do PCC? No meu tempo não havia. Não tínhamos, até porque eles não têm computador.
Mas eles usam smartphones. Eles não têm smartphones. No meu tempo não tínhamos e hoje acredito que não tenha. O sistema prisional está tranquilo há muito tempo.