PCC mandou assassinar oito policiais em Taubaté
Uma denúncia encaminhada à Ouvidoria da Polícia do Estado de São Paulo comprova ameaças contra a vida de oito policiais em Taubaté, cujas execuções teriam sido determinadas pelo PCC (Primeiro Comando da Capital). O VALE teve acesso ao ofício nº 5651 da ouvidoria, protocolado em 20 de julho, encaminhado ao Deinter-1 (Departamento de Polícia Judiciária do Interior) em 10 de setembro e repassado à Seccional de Taubaté em 11 de setembro. A denúncia indica que lideranças da facção criminosa teriam apontado como alvos preferenciais um delegado e quatro investigadores da Polícia Civil, além de três policiais militares do 5º BPMI (Batalhão da Polícia Militar do Interior), de Taubaté. A ordem teria partido de dentro da P-1 (Penitenciária Tarcizo Leonce Pinheiro Cintra) de Tremembé, por meio de uma carta, e seria destinada ao líder do tráfico de drogas no bairro Água Quente, Luan Richard de Souza, 19 anos, preso em 23 de julho em uma operação da PM. Ele cumpre pena por homicídio e latrocínio (roubo seguido de morte), roubos e tráfico.
Ataque. Além de matar ‘um por um’, a facção ainda determinava ‘atear fogo em um ônibus na Avenida Amador Bueno da Veiga’, no dia 4 de julho — o que não aconteceu. Um dos policiais citados na carta disse que, no início, teve receio pelos familiares, mas que muitos criminosos aproveitam de denúncias anônimas e da imprensa para se fortalecerem no meio. “Luan dizia que mandava na área, que era xerife. O bandido cresce e se torna respeitado devido às divulgações sobre ele. Se não falar nada, ele continua sendo um nada. Já peguei muito peixe grande no Água Quente, Esplanada, Parque Aeroporto, entre outros, e vou continuar fazendo. A polícia está atrapalhando a facção.” Os policiais não descartam que ainda possa acontecer algo na região. “A baixada Santista está em guerra, em 2006 vivemos isso ainda pior. Tudo é possível, mas ainda sob controle”, disse o policial. A Secretaria de Segurança Pública confirmou o recebimento da denúncia e o encaminhamento do ofício à Polícia Civil, mas não detalhou as investigações sobre o caso. O comando da PM em Taubaté não comentou o assunto.
Delegado relembra ano de 2006 Taubaté
Segundo o presidente do Sindicato dos Delegados, George Melão, ameaças e ataques como os que estão acontecendo atualmente podem ser comparados aos taques do PCC, em 2006. “É semelhante, mas agora está acontecendo de maneira espaçada. A verdade é que os criminosos aproveitam de um período para levantar informações dos policiais e familiares, deixando-os cada vez mais vulneráveis”, disse. Melão afirma que o Estado não assume o poder da facção para não demonstrar que está fracassando e deixar a população em pânico. Até ontem, 84 policiais militares, 16 agentes e 4 policiais civis foram mortos. “Esses números deixam mais que claro o quanto as facções estão perseguindo os agentes da lei. Todos agentes estão correndo risco de vida e o Estado não está preparado”, afirmou.