Delegado-geral da Polícia Civil de SP considera ação do MP “um erro e leviana”
Marcos Carneiro afirma que entrega o cargo, caso seja notificado pela Justiça
Publicado em 15/11/2012 às 01h50: atualizado em: 15/11/2012 às 13h33
Vanessa Beltrão, do R7
O delegado-geral da Polícia Civil de São Paulo, Marcos Carneiro, afirmou que vai manter a postura de entregar o cargo, caso seja notificado pela Justiça. Em entrevista ao R7 na última quarta-feira (14), ele considerou a ação de improbidade administrativa, movida pelo MP (Ministério Público) contra ele e mais nove delegados, “um erro e leviana” e defende que a questão estava sendo enfrentada.
Recentemente, uma ação do MP determinou a regularização de pátios particulares para guardar veículos e máquinas caça-níqueis apreendidas em São Paulo. A grande questão é que os carros eram armazenados nos locais sem licitação.
Porém, segundo Carneiro, o processo de licitação já tinha sido iniciado para contratação dos pátios e bastaria o promotor ter atentado para este detalhe.
— Nós já fizemos portaria. São Paulo vai fazer um grande avanço nessa área.
Para ele, a questão não deveria ter ido tão longe.
— Um processo gera um custo enorme que também é pago pelos impostos do cidadão. Então, eles usam o dinheiro público como se fosse dinheiro de ninguém.
Para Carneiro, uma possível saída do posto está relacionada com questões éticas.
— Se eles acham que eu não sou honesto, eu não posso ficar no cargo.
Apesar de se considerar um defensor do poder público, ele acredita que possíveis erros podem prejudicar a imagem de uma instituição como o Ministério Público. Ainda de acordo com o delegado, o promotor de justiça tem responsabilidade ao lidar com a honra e a dignidade das pessoas.
— A pergunta que eu faço é quem fiscaliza o Ministério Público? Eles são afinal de contas fora do parâmetro normal do ser humano comum? É formado por quem? Por profissionais dignos ou por semideuses?
Questionado sobre a possível saída do delegado-geral da polícia, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, em visita a um evento de educação no Anhembi, zona norte da cidade, nesta quarta-feira, não se pronunciou.
Confira abaixo a íntegra da entrevista com o delegado-geral da Polícia de São Paulo, Marcos Carneiro.
R7 – O senhor oficialmente foi notificado?
Marcos Carneiro – Oficialmente não fui notificado pela Justiça. Eu não presto contas ao Ministério Público, eu presto contas à Justiça como qualquer cidadão.
R7 – Essa questão de entregar o cargo é ética?
Carneiro – Essa questão de entregar o cargo é uma questão ética que inclusive os servidores públicos deveriam ter essa questão bem clara. Não precisa ter lei nem nada não. Se tem suspeita da honra da honestidade, ele tem que ser o primeiro a entregar o cargo quando é de confiança, até para preservar os governantes.
R7 – O senhor considerou essa ação um erro e até mesmo leviana por quê?
Carneiro – Porque é baseado numa peça jurídica que é chamada de inquérito civil. O que é um inquérito civil? Inquérito civil é uma apuração que o Ministério Público faz quando tem indício de alguma irregularidade de natureza civil, não criminal. O inquérito civil ele não passa pelo controle da magistratura e isso dá margem a diversas distorções. Se esse inquérito tivesse sobre o crivo do poder judiciário, o próprio juiz, através de uma ação de controle, poderia arquivar, mas isso é uma das situações que o poder público, o poder legislativo tem que analisar e tem que tomar uma providência. Isso aí tem gerado muita distorção.
R7 – O senhor não acha que na situação em que São Paulo se encontra, a possível saída de um delegado-geral da polícia pode trazer muitos problemas?
Carneiro – A Polícia Civil tem excelentes policiais e aptos para assumir o cargo de delegado-geral. A estrutura é consistente e muito atuante e faz frente a qualquer situação de crise. Isso seria meramente administrativo no âmbito da Polícia Civil









