Delegado e escrivães suspeitos de corrupção são afastados das funções em Ribeirão Preto
Equipe que atuava no 4º Distrito Policial é alvo de sindicância na Corregedoria da Polícia Civil. Promotoria diz que trio deixou de investigar acusados de fraudes judiciais de R$ 100 milhões.
Por G1 Ribeirão Preto e Franca
Delegado e escrivães suspeitos de corrupção são afastados das funções em Ribeirão Preto
Os três atuaram no 4º Distrito Policial de Ribeirão Preto (SP) e são suspeitos de deixarem de investigar os advogados denunciados na Operação Têmis por fraudes judiciais que causaram prejuízo de R$ 100 milhões a instituições financeiras.
Segundo a Corregedoria da Polícia Civil, o delegado e os escrivães respondem a dois inquéritos policiais pelos crimes de corrupção passiva e de lavagem de dinheiro, porém ambos estão em sigilo. Por isso, nenhuma informação sobre o caso pode ser divulgada.
4º Distrito Policial de Ribeirão Preto — Foto: Reprodução/EPTV
As defesas dos policiais do 4º DP negam a existência de um esquema para favorecer os advogados presos na Operação Têmis e que vão recorrer do afastamento.
O esquema
Deflagrada em janeiro de 2018, a Operação Têmis identificou fraudes judiciais que causaram prejuízo de R$ 100 milhões a instituições bancárias. Dez pessoas são acusadas de envolvimento no esquema, entre elas quatro advogados.
Segundo o MP, o delegado e os dois escrivães que atuavam no 4º Distrito Policial e eram responsáveis pela investigação da fraude “praticaram atos infringindo o dever funcional”, como deixar de registrar depoimentos de vítimas que procuravam a Polícia Civil.
Em conversa no WhatsApp, escrivã envia conclusão de inquérito a investigado em Ribeirão Preto — Foto: Ministério Público/Divulgação
A Promotoria alega que os escrivães deixavam de registrar os depoimentos das vítimas nos inquéritos e recebiam “presentes” dos acusados, assim como outros tipos de benefícios, para acobertar os crimes, deixando de investigar devidamente as denúncias.
Conversas encontradas nos celulares dos advogados Klaus Philipp Lodoli e Renato Rosin Vidal – os aparelhos foram apreendidos quando a Operação Têmis foi deflagrada – revelaram como funcionava o acordo entre os agentes públicos e os réus.
A investigação concluiu também que os investigados não eram submetidos a depoimento no 4º Distrito Policial, mas apresentavam suas versões por escrito e, muitas vezes, esses documentos eram impressos na própria delegacia.
Os advogados acusados na Operação Têmis: Ângelo Luiz Feijó Bazo, Renato Rosin Vidal, Klaus Philipp Lodoli e Ramzy Khuri da Silveira — Foto: Arte/G