Doria extingue o GOE e cria unidade maior da Polícia Civil para operações especiais em SP 14

Por Tahiane Stochero, G1 SP

 


GOE atuava em operações da Polícia Civil — Foto: Solange Freitas/G1GOE atuava em operações da Polícia Civil — Foto: Solange Freitas/G1

GOE atuava em operações da Polícia Civil — Foto: Solange Freitas/G1

Com a extinção do GOE, os agentes foram transferidos para o Grupo Armado de Repressão a Roubos e Assaltos (Garra), uma unidade até então subordinada ao Departamento de Investigações Sobre o Crime Organizado (Deic).

“A população não precisa ficar preocupada, porque o policiamento não vai diminuir, vai aumentar, vai continuar e será reforçado. Vai aumentar o número de viaturas nas ruas, não diminuir. O que mudou é o nome, vamos otimizar recursos. Os policiais estão animados”, disse o delegado Osvaldo Nico Gonçalves, o novo diretor do DOPE.

As mudanças foram publicadas no decreto nº 64.359, assinado por Doria no último dia 2. O artigo 55 do decreto diz que a nova reestruturação da Polícia Civil entra em vigor na data de sua publicação e revoga o decreto nº 63.852, de 2018, que transferia o GOE para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

O Garra, agora “robustecido” após a fusão com o GOE, terá como supervisor o delegado Mário Palumbo Júnior, conforme a designação publicada no Diário Oficial, e ficará ligado diretamente a uma divisão de operações especiais dentro do Dope, o novo departamento criado pelo governo estadual.

G1 apurou que havia, nas ruas, situações em que as duas unidades eram deslocadas para as mesmas ocorrências, com sobreposição de trabalho e até disputas. O objetivo da gestão Doria, ao unir o GOE e o Garra, foi dar às unidades operacionais da Polícia Civil um comando único. A promessa é de que haverá investimento em armas e em equipamentos para a nova tropa.

Nos dias 16, 17, 19 e 20 de agosto, foram publicadas no Diário Oficial transferências de agentes, até então lotados no GOE, para o Garra.

Em nota, a Secretaria de Estado de Segurança Pública informou que “o GOE foi integrado ao Departamento de Operações Policiais Estratégicas (Dope), que também reúne a Divisão de Operações Especiais (DOE), do Deic; a Divisão Antissequestro; a 5 ª Delegacia de Polícia de Repressão e Análise aos Delitos de Intolerância Esportiva (Drade), do DHPP; e a Divisão de Capturas, do Decade”.

Segundo a pasta, “o decreto, publicado em 03/08/19 no Diário Oficial do Estado, permitiu a otimização de espaço e efetivo ao subordinar ao mesmo departamento os grupos operacionais das delegacias especializadas da Polícia Civil situadas na Capital”.

Polícia Civil marcou presença com o Grupo de Operações Especiais (GOE) — Foto: Stephanie Fonseca / G1Polícia Civil marcou presença com o Grupo de Operações Especiais (GOE) — Foto: Stephanie Fonseca / G1

Polícia Civil marcou presença com o Grupo de Operações Especiais (GOE) — Foto: Stephanie Fonseca / G1

Enquanto o GOE era subordinado ao Departamento de Polícia Judiciária da Capital (Decap), o Garra era ligado ao Deic.

Criado em 1991, o GOE era formado por policiais altamente especializados e que passavam por treinamentos contínuos, possuindo, inclusive, atiradores de precisão (sniper).

Era acionado, em especial, para ocorrências de flagrante e envolvendo violência, como latrocínios e tiroteios – e apoiava ações de delegacias de outras cidades quando havia risco de reação à presença policial. Também era conhecido pela presença em casos em que policiais civis eram vítimas de assaltos ou outros crimes.

Nos últimos 7 anos, por decretos publicados pelo governador do Estado, unidades como o GOE foram criadas.

Já o Garra é mais antigo, datando de 1977, e atuava, desde sua criação, em apoio a investigações e processos em andamento, em especial roubos a banco, fechamento de bingos, extorsões mediante sequestro e roubos em geral. Possui unidades espalhadas pelo estado, dentre elas Osasco, Santo André e Campinas.

Policiais do Garra em ação — Foto: Twitter Polícia Civil/DivulgaçãoPoliciais do Garra em ação — Foto: Twitter Polícia Civil/Divulgação

Policiais do Garra em ação — Foto: Twitter Polícia Civil/Divulgação

Corregedoria conclui que suschiman foi executado desnecessariamente por faltar profissionalismo aos PMs 10

Por Léo Arcoverde, GloboNews — São Paulo

 

Exclusivo: Corregedoria aponta reviravolta no caso da morte de sushiman
GloboNews em Ponto
00:00/06:01
Exclusivo: Corregedoria aponta reviravolta no caso da morte de sushiman

Exclusivo: Corregedoria aponta reviravolta no caso da morte de sushiman

O relatório da Corregedoria da Polícia Militar (PM), obtido com exclusividade pela GloboNews, aponta que um tenente e um sargento atiraram e mataram o sushiman Leandro Santana dos Santos em 21 de novembro do ano passado em São Paulo. Antes de ser baleada, a vítima teve surto psicótico e ameaçava esfaquear funcionários e clientes do restaurante japonês onde trabalhava na Zona Sul.

Câmeras de segurança gravaram a ação policial para conter e deter Leandro, que segurava duas facas. Após analisar as imagens e ouvir depoimentos, a Corregedoria concluiu no documento que morte do sushiman foi “desnecessária” e faltou “profissionalismo” aos dois agentes do 23º Batalhão da PM.

“Estamos diante de uma morte desnecessária em razão de excesso doloso por parte dos policiais”, destaca o relatório da Corregedoria. “A sociedade não pode se sujeitar a falta de profissionalismo de policial militar”.

Para a Corregedoria da PM, os policiais ainda “desobedeceram” procedimentos operacionais padrão adotados pelo corporação em situações desse tipo. Deixaram, por exemplo, de usar escudo à frente deles para se proteger das facas lançadas por Leandro.

“Os policiais militares não se posicionaram em local seguro, já que notoriamente adentraram a área de perigo sem qualquer proteção ou anteparo”, aponta o relatório. “Cabe ressaltar que o único policial militar que portava escudo de proteção, posicionava-se à retaguarda” dos dois policiais que atiraram contra o sushiman.

Leandro Santana dos Santos foi baleado em restaurante após ameaçar clientes e colegas com faca — Foto: Arquivo pessoal; Glauco Araújo/G1

PMs foram ‘afoitos’

Além disso, continua a Corregedoria, os PMs cometeram “excesso” ao serem “afoitos” e dispararem cinco tiros contra Leandro pelas costas dele, depois de não terem conseguido imobilizá-lo usando balas de borracha e pistola de choque.

“Em razão da região do corpo atingida e quantidade de disparos na vítima, não há que se falar em moderação, mas em excesso”, informa trecho do documento de sete páginas.

O relatório destaca ainda que, mesmo armado com facas, o sushiman estava de costas, encurralado por seis policiais militares num balcão do mezanino, e não ameaçava mais esfaquear clientes e funcionários do restaurante.

“Não oferecia mais perigo a clientes e funcionários daquele estabelecimento, em que pese que estivesse armado com facas”, diz a Corregedoria sobre Leandro. Por esse motivo, o entendimento é de que os agentes devem ser levados a júri por haver, nesse caso, “indícios de crime, de natureza homicídio”.

“Os policiais militares tinham a opção de mantê-lo isolado no mezanino até ser vencido pelo cansaço ou arrependimento, mas escolheram a decisão de solucionar a ocorrência através do confronto”, continua o documento.

corregedor da PM, coronel Marcelino Fernandes da Silva, encaminhou nesta quarta-feira (21) uma cópia do relatório ao ouvidor da Polícia do Estado de São Paulo, Benedito Mariano.

A Corregedoria encaminhará nesta quinta-feira (22) o relatório ao 5º Tribunal do Júri, à Polícia Civil de São Paulo e ao comandante do 23º Batalhão da PM, chefe dos dois PMs, para apreciação no campo disciplinar. Passados nove meses, a Polícia Civil ainda não concluiu o inquérito que apura as causas e eventuais responsabilidades criminais pela morte de Leandro.

A GloboNews tentou ouvir nesta quarta-feira, por telefone, os dois policiais militares sobre o conteúdo do relatório, mas nenhum dos dois foi localizado no 23º Batalhão. A reportagem deixou um telefone de contato para os policiais retornarem, mas isso não ocorreu até o momento da publicação desta reportagem.

Câmeras mostram morte de sushiman

Câmeras mostram morte de sushiman

Reviravolta

A investigação da Corregedoria representa uma reviravolta no caso, uma vez que um Inquérito Policial Militar (IPM), feito pelo próprio 23º Batalhão, não havia apontado nenhuma ilegalidade na ação dos agentes que atiraram e mataram o sushiman.

Mas no relatório, Corregedoria faz críticas duras à conduta dos dois PMs que deixaram de observar o fato de que o agressor não tinha antecedentes e estava tendo um surto. “A vítima era uma pessoa que estava trabalhando, pai de família e que foi acometido por surto psicótico, de fúria, podendo qualquer pessoa estar sujeito a tal surto.”

O documento ainda cita que “não se pode permitir que qualquer pessoa que tenha algum surto psicótico seja morto por agente do Estado, sendo que existia outros meios para preservar sua vida”, diz um trecho do relatório.

Os agentes da PM entraram no restaurante armados com pistolas com balas de verdade, de borracha e de choque. Ainda usavam escudo.

Sushiman tem surto durante trabalho, ameaça clientes e acaba morto pela PM em São Paulo
Jornal Hoje
–:–/–:–
Sushiman tem surto durante trabalho, ameaça clientes e acaba morto pela PM em São Paulo

Sushiman tem surto durante trabalho, ameaça clientes e acaba morto pela PM em São Paulo

Procedimento Operacional Padrão

A investigação da Corregedoria é descrita, ao longo do relatório, sob dois aspectos: esfera penal e esfera administrativo-disciplinar.

No âmbito administrativo-disciplinar, a Corregedoria sustenta que os dois policiais militares “desobedeceram ao que preconiza o Procedimento Operacional Padrão (POP)”.

De acordo com o órgão corregedor, o POP é “taxativo ao suscitar que somente se deve fazer o uso da arma de fogo quando houver a impossibilidade de manter a distância de segurança e ainda por motivo contrário à vontade do policial militar, fato que não aconteceu, pois os policiais militares (…), afoitos a resolver a ocorrência, negligenciaram os procedimentos técnicos adquiridos nos bancos escolares da Polícia Militar”.

Tiros atingiram sushiman nas costas, segundo laudo necroscópico
Bom Dia SP
Tiros atingiram sushiman nas costas, segundo laudo necroscópico

Tiros atingiram sushiman nas costas, segundo laudo necroscópico

Segundo a Corregedoria, os dois PMs apontados como responsáveis pelo homicídio de Leandro no relatório seguem trabalhando normalmente nas ruas. Afastamento em casos dessa natureza, via de regra, só ocorrem ou para garantir a eficácia de uma investigação ou após o Ministério Público (MP) oferecer denúncia contra os agentes.

“O caso é investigado pelo 15º DP (Itaim Bibi), que já ouviu familiares da vítima e funcionários do restaurante. O IPM instaurado pela Polícia Militar foi concluído e encaminhado à Justiça”, confirmou a pasta da Segurança.

Funcionário relata que sushiman o ameaçou em restaurante no Itaim Bibi — Foto: TV Globo/ReproduçãoFuncionário relata que sushiman o ameaçou em restaurante no Itaim Bibi — Foto: TV Globo/Reprodução

Funcionário relata que sushiman o ameaçou em restaurante no Itaim Bibi — Foto: TV Globo/Reprodução