Fotos de perita criminal que mostram artisticamente policiais devorando doces desaparecem em Belo Horizonte 3

Fotos de artista que mostram policiais devorando doces são furtadas em Belo Horizonte

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Oito fotografias da artista e perita criminal Berna Reale foram roubadas na madrugada desta quarta-feira (21). Dispostas ao longo de uma rodovia, ao ar livre, as obras de grandes dimensões -elas têm três metros de altura e quatro de largura- faziam parte de “Festa”, exposição que ela apresentava no centro cultural Viaduto das Artes, em Barreiro, bairro da periferia de Belo Horizonte.

Conhecida por performances radicais, nas quais usa o corpo para denunciar episódios de injustiça e violência, Reale é uma das artistas mais importantes do cenário nacional. Ela já participou de mostras como a Bienal de Veneza, uma das maiores de arte contemporânea do mundo, e do Panorama, mostra bienal do Museu de Arte Moderna.

Nas imagens, policiais devoram sobremesas chiques de boca aberta. Em outra, três meninos são postos contra a parede vestindo só cuecas samba-canção com estampas de fast-food. A galeria Nara Roesler, que representa a artista, preferiu não divulgar os valores dos trabalhos.

Idealizador do Viaduto das Artes, Leandro Gabriel afirma que dois policiais o abordaram antes da abertura da exposição, no sábado passado. Eles disseram estar na região por causa de uma ocorrência.

Gabriel diz ter explicado a ação, que envolvia expor as obras da artista ao ar livre, debaixo de um viaduto, e se oferecido para retirar as imagens, mas os policiais disseram que isso não era necessário. Mais tarde, na abertura, viaturas rondavam o local.

Segundo o diretor do Viaduto das Artes, o centro cultural recebeu ao longo da semana uma série de ligações anônimas, desligadas uma vez atendidas.

Gabriel conta ter conseguido acesso a câmeras de segurança da vizinhança que registram o furto no dia seguinte à ação. Nas filmagens, por volta das 1h30 da manhã da quarta-feira vários homens de capacete trouxeram cones para desviar o trânsito e retiraram as fotografias do espaço.

Ele afirma ter enviado às imagens à Polícia Civil e agora aguarda um posicionamento deles para esclarecer o paradeiro dos trabalhos.

Outra das obras que compunham a mostra, uma instalação que recria um ambiente animado com luzes de antigas viaturas policiais e trilha sonora das chamadas de socorro, não foi furtada -a peça estava exposta dentro do centro cultural.

Reale conta que os trabalhos questionam a intimidade que as pessoas mantêm hoje com a violência, consumindo e compartilhando imagens como aquelas dos presos decapitados durante o massacre no presídio de Altamira, no interior do Pará, no final de julho.

“Coloco os doces porque essas imagens são saborosas”, explica a artista, por telefone. Em protesto ao furto, ela disponibilizou para download gratuito um autorretrato em que, vestida de policial, se lambuza com um cupcake. A imagem pode ser baixada na sua conta do Instagram, @bernareale. “Existe um prazer nessa divulgação, nessa propagação de violência.”

Especialidade: invadir delegacias para furtar os atarefados e distraídos policiais civis 36

Homem que invadia delegacias para furtar policiais é preso em SP

Detido após levar arma de delegado na zona oeste da capital, suspeito cometeu mais de dez crimes semelhantes e já tinha condenações anteriores

Assaltante tinha como especialidade invadir delegacias de polícia na capital

Assaltante tinha como especialidade invadir delegacias de polícia na capital

Reprodução/Google Maps

A extensão da ficha criminal de Ricardo Bruno Pagliou, que completa 30 anos no próximo dia 1º de setembro, é impressionante. Porém, ainda mais surpreendente — e arriscada — é a modalidade escolhida por ele no mundo do crime: praticar roubos e furtos dentro de delegacias de polícia. Foram pelo menos 11 invasões. E o suspeito terminou preso em flagrante na maioria delas.

A mais recente ousadia ocorreu no último dia 12, quando Ricardo entrou na sede do 34º DP ( Vila Sônia), subiu até o primeiro andar do prédio, situado na Avenida Francisco Morado, na zona oeste da capital paulista, se passou por um indivíduo intimado a depor no local e furtou a arma de  um delegado que da expediente no local.

Questionado, Ricardo confessou que vendeu a arma, avaliada em R$ 9 mil, para um desconhecido que passava pela rua por R$ 1 mil porque “precisava de dinheiro para pagar contas e comprar objeto”, conforme depoimento prestado e que consta no boletim de ocorrência.

O flagrante rendeu mais um indiciamento ao acusado, agora pelos crimes de furto qualificado (Artigo 155 do Código Penal), tráfico de drogas (Artigo 33) e posse ilegal de armas (Artigo 16).

Especialidade: invadir delegacias

O nome de Ricardo Bruno Pagliou consta em 19 processos criminais na Justiça paulista. Ele já teve seis mandados de prisão expedidos contra si. Permaneceu detido em algumas oportunidades, mas foi beneficiado por indultos.

Retrato falado do suspeito

Retrato falado do suspeito

Reprodução/Polícia Civil

Desde 2007, o assaltante adotou uma forma pouco comum para cometer os crimes. Ricardo entra nas delegacias e finge que precisa ser ouvido em um inquérito qualquer. Depois, ele se aproveita da distração dos policiais de plantão para pegar celulares, armas e outros pertences deixados nas salas pelos agentes públicos.

Foi assim no 31º DP (Vila Carrão), 49º DP (São Mateus), 35º DP (Jabaquara), 11º DP (Santo Amaro), 4º DP (Consolação), 58º DP (Vila Formosa), 5º DP de Guarulhos, 69° DP (Teotônio Vilela), 1º DP de São Caetano do Sul e até o DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Ousadia

A presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo), Raquel Kobashi Gallinati, considera a invasão de delegacias com o objetivo de furtar ou roubar pertences de agentes públicos incomum.

“A ação mostra que os criminosos estão cada vez mais ousados e contando com a certeza da impunidade”, frisou a delegada que, por outro lado, fez um alerta para bandidos que possam se sentir encorajados. “Tanto isso não é verdade [impunidade] que acabou preso”, completou.

Raquel Kobashi Gallinati entende que tais práticas são pontuais e não representam uma ação em série ou coordenada. Entretanto, o fato expõe a precariedade que abala a rotina dos policiais dentro das delegaciais paulistas.

“A ação revela claramente que a falta de policiais civis nas unidades de todo o estado. Estamos falando de um déficit de 14 mil profissionais. [A defesagem] Compromete não só a segurança de toda a sociedade, mas também dos próprios policiais”.

Para superar essa fragilidade, a presidente do sindicado dos delegados de São Paulo cobra investimentos na Polícia Civil, como a compra de equipamentos, melhoria de salários e condições de trabalho.

“Contratando profissionais para sanar o déficit e oferecendo treinamentos cada vez mais atualizados”, finalizou Raquel Kobashi Gallinati.

Já o presidente da Associação dos Delegados do estado de São Paulo, Gustavo Mesquita Galvão Bueno, vai além e vê tal situação como “fruto do processo de descaso do Governo do Estado de São Paulo com a Polícia Civil durante as últimas décadas”.

“Em muitos casos, são prédios inteiros com poucos funcionários, que acumulam atividades de atendimento ao público em meio às rotinas de investigação, operacionais e administrativas. Um acréscimo de tarefas que prejudicam não só o atendimento satisfatório à população, mas também a eficiência das atividades investigativas e a segurança de todos os demais funcionários dos DPs”, comentou o delegado.

Gustavo Mesquita Galvão Bueno também citou o déficit de efetivo de policiais civis no estado como fator que prejudica o desempenho da instituição e sugeriu que o caso de Ricardo Bruno Pagliou sirva para gerar um amplo debate sobre a devida modernização das estruturas atuais dos distritos.

“As delegacias de polícia deveriam ter controle de acesso como qualquer prédio privado, além de centrais de monitoramento permanente. Porém, a realidade no estado é precária, muitas vezes com falta de insumos básicos, como tinta para impressora, material de limpeza e higiene, entre outros”, opinou o presidente da associação dos delegados paulistas.

SSP-SP

A Secretaria da Segurança Pública de São Paulo foi indagada pelo R7 sobre a prisão de Ricardo Bruno Pagliou e possíveis medidas em relação à invasão das delegacias.

No entanto, o órgão do governo estadual não respondeu aos questionamentos até a publicação da matéria.

Outro lado

A reportagem do R7 também entrou em contato com advogada Bethania Meves Belarmino, que representa Ricardo Pagliou, para buscar as explicações sobre os possíveis motivos que o levaram a cometer tais delitos.

Porém, de acordo com a advogada, a família do acusado não a autorizou a fazer declarações sobre o caso

Em vez de polêmicas…Por que não transferir os policiais civis para a Polícia Militar ? 14

rac 23/08/2019

Por Alenita Ramirez

Divulgação

Mudança de atribuições vira polêmica na Polícia

Em setembro completará 10 anos que o Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) passou ser elaborado exclusivamente pela Polícia Civil no Estado de São Paulo. Entretanto, nos últimos tempos ativistas ligados à Polícia Militar (PM) buscam reverter a medida, determinada pelo então secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto.
No final do mês passado, o coronel Elias Miler da Silva, presidente da Associação de Oficiais da Polícia Militar do Estado de São Paulo (Defenda-PM), participou de uma palestra organizada pelo Conselho Municipal de Segurança Pública de Campinas, sobre a volta do registro de crimes tipificados como infração de menor potencial ofensivo para a corporação. Miler disse que já havia reivindicado a demanda para a Secretaria de Segurança Pública (SSP), que afirmou em nota, que o pedido já está em análise por uma equipa operacional da Pasta.
Delegados reagiram contra a divisão de tarefas com a PM na elaboração do TCO e defenderam que a transferência para a corporação tem que ser “amplamente” debatida com a categoria, o Judiciário e o Ministério Público (MP), uma vez que sua atribuição consta na Constituição Federal. Além disso, segundo alguns delegados, também existe o fato de que alguns atendimentos necessitam do parecer da autoridade policial.
“Fico surpreso como estão fazendo o debate sobre quem fará a elaboração do TCO. Este é um assunto delicado. Tem situações que o atendimento não pode ser feito na rua. E aí como fica? Há princípios constitucionais, que devem ser obedecidos”, disse o delegado aposentado e especialista em Segurança Pública, Ruyrillo Pedro Magalhães.
O TCO é destinado a crimes cuja pena é de até dois anos, com pagamento de multa, ou cesta básica ou prestação de serviços para a comunidade. Em 2009, uma reivindicação das classes ligadas à Polícia Civil levou o então secretário de Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto, a estabelecer que apenas a Polícia Civil faria o termo.
No entanto, ativistas protestam e querem a volta da elaboração pela PM. Um dos argumentos é a redução de tempo no atendimento dos crimes de menor potencial ofensivo, especialmente nas delegacias, já que os policiais militares ficariam presos e com viaturas retidas nos plantões, aguardando o registro pela Polícia Civil. “Não sou contra o fato da PM fazer o TCO. Como medida emergencial, pelo fato da Polícia Civil passar por um sucateamento grande, é até interessante.
Mas existe lei, que também precisa ser mudada. Tem casos em que o MP pede para ouvir novamente as partes. E aí, como ficará? O cidadão vai ser levado para um batalhão da PM? Isso é militarismo. Um civil deve ser ouvido por um civil e não por um militar”, disse o delegado Hamilton Caviolla Filho.
O procurador Regional da República e ex-presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), José Robalinho Cavalcanti, defende que o TCO possa ser elaborado pela PM e entende que qualquer policial que exerce sua função é uma autoridade. “A elaboração de boletins de ocorrência é meramente burocrático. Serve para noticiar o estado de que determinado caso ou local precisa de atenção. Hoje em dia, algumas ocorrências são feitas pela internet.
Quando há conteúdo investigativo, é direcionado para a Polícia Civil. Então porque uma ocorrência que não tem nada para investigar, em que todas as partes foram identificadas, ser registrada na delegacia? Nas situações em que não há todos elementos no local, aí sim, tem que ser investigado”, disse o procurador.
Cavalcanti concorda que tem que haver regras e parâmetros para o atendimento de ocorrências, cujas penas são superior a 2 anos. No entanto, ele acredita que os policiais militares estão habilitados para fazer qualquer atendimento na rua.
“Meu respeito a todos os delegados, mas essa é uma medida que visa contribuir para o trabalho da Polícia Civil, que é de desvendar os crimes e os ilícitos que não tem autoria conhecida. No Brasil, apenas 8% dos crimes registrados são descobertos. Não resta dúvida de que será um grande ganho, tanto para as polícias como para a população”, frisou.
O delegado aposentado e especialista em Segurança Pública, Carlos Henrique Fernandes, acredita que é possível a transferência do registro do TCO pela PM, entretanto, ele defende a necessidade de uma desmilitarização, já que a corporação tem uma cultura e tradição (regime) diferenciado, com regras rígidas.
“O que não pode acontecer é uma sobreposição de atividades. A PM previne e a Civil repreende. A tendência é caminhar para uma polícia única, mas tem que haver a desmilitarização”, disse.