Da forma que a PM desandou a atuar contra os civis em breve o PCC substitui o 190 11

Por G1 Vale do Paraíba e Região

 

Pai e filho acusam policiais militares de agressão durante abordagem em Campos do Jordão

Pai e filho acusam policiais militares de agressão durante abordagem em Campos do Jordão

Pai e filho acusam policiais militares de agressão durante uma abordagem em Campos do Jordão (SP). Imagens de uma câmera de segurança, obtidas pela defesa dos dois, registraram parte da ação e mostram agressões contra eles (veja acima). A Secretaria de Segurança Pública (SSP) informou que a “PM não compactua com desvio de conduta” e apura o caso.

O caso aconteceu na madrugada do dia 26 de janeiro na região da Abernéssia. Igor Garcia, de 19 anos, e o pai Claudino, de 54, estavam em um bar quando o jovem contou que teria dito um palavrão em uma conversa com amigos em frente ao estabelecimento. Policiais que estavam em uma viatura próxima ao local alegaram que a ofensa teria sido direcionada a eles e fizeram a abordagem.

As imagens, divulgadas pela defesa dos dois, não mostram o início da abordagem, mas registram agressões dos policiais. Durante a ação, um dos policiais usa o cassetete e agride diversas vezes os dois e depois leva o jovem para uma área que não é alcançada pela câmera.

“Eu não ofendi os policiais e não resisti [à abordagem]. A todo momento eu e meu pai obedecemos e só questionamos o motivo da agressão. Eles são policiais, se não fossem essas imagens a gente ia seguir respondendo por uma coisa que nós não fizemos. Eles estão lá para proteger, mas não foi isso que aconteceu”, conta Igor.

Ocorrência por desacato

Após a abordagem, os policiais militares registraram boletim de ocorrência contra os dois por desacato, resistência à prisão e desobediência.

De acordo com a boletim de ocorrência, após o palavrão direcionado aos policiais foi feita busca pessoal, mas o pai de Igor tentou impedir a abordagem pedindo que os policiais soltassem o jovem. Nesse momento, outra equipe da Polícia Militar foi ao local para dar apoio e foi preciso usar o cassetete para afastar o pai.

Os policiais alegaram que foi preciso ‘usar de força moderada’ para conter o jovem e algemá-lo. Sobre os ferimentos, disseram que foram causados quando ele se jogou no chão em resistência à prisão e bateu o supercílio, além de bater continuamente a cabeça contra a parede. O registro feito na Polícia Civil ainda cita a contestação de pai e filho que contaram terem sido agredidos pelos policiais.

Em nota, a Secretaria de Segurança Pública informou que a Polícia Militar não compactua com desvio de conduta de seus agentes e investiga rigorosamente todas as denúncias apresentadas.

“Em relação ao caso citado pela reportagem, a apuração está sob a responsabilidade do 5ºBPM/I. O trabalho é acompanhado pela corregedoria da corporação, que está à disposição para receber eventuais denúncias sobre o caso”, informou

PM ameaça até padre idoso 8

Por Glauco Araújo, G1 SP — São Paulo

 


Padre Júlio Lancelotti é ameaçado por PMs e corregedoria da corporação apura o caso. Nas redes sociais ele recebeu apoio — Foto: Reprodução/Rede socialPadre Júlio Lancelotti é ameaçado por PMs e corregedoria da corporação apura o caso. Nas redes sociais ele recebeu apoio — Foto: Reprodução/Rede social

Padre Júlio Lancelotti é ameaçado por PMs e corregedoria da corporação apura o caso. Nas redes sociais ele recebeu apoio — Foto: Reprodução/Rede social

A Corregedoria da Polícia Militar apura uma denúncia de ameaça contra o Padre Júlio Lancelotti, coordenador da Pastoral do Povo de Rua da Arquidiocese de São Paulo e defensor dos direitos humanos. A Defensoria Pública da União afirmou, em nota, estar preocupada com a integridade pessoal e a liberdade de manifestação do padre (leia mais abaixo).

O caso aconteceu no dia 27 de janeiro, na Praça Barão de Tietê, no Belenzinho, Zona Leste de São Paulo. “A hora do Padre Julio Lancelotti vai chegar”, teriam dito os policiais a três jovens moradores de rua.

Padre Júlio Lancelotti disse ao G1 que a ameaça foi feita durante uma ação da polícia para tentar encontrar os suspeitos de terem roubado ou furtado o celular de uma moça na região. Os PMs disseram que três dos jovens de rua teriam pegado o celular de uma moça. Um deles foi levado para a delegacia, mas não foi reconhecido. Eles foram liberados, mas antes de serem liberados os PMs mandaram um recado.”

Ainda segundo o padre, os policiais “bateram neles” e disseram aos jovens, “entre outras ofensas” que “vocês são aqueles que o padre protege, aqueles vagabundos, estão sempre na igreja. Diz pro padre que a hora dele vai chegar.”

Em uma missa comandada pelo padre no domingo (2), ele já havia desabafado dizendo estar cansado das ameaças. “Como todo ser humano, há momentos em que o cansaço é grande. Seria muito fácil falar em defender os pobres e estar longe deles na hora em que eles sofrem. Eu agradeço a Deus e peço forças pra não falar uma coisa e fazer outra. A gente luta mesmo sabendo que vai ter incompreensão, que vai ser criticado, xingado e enfrentar até o desprezo.”

A denúncia

Juliana Hashimoto, advogada da Pastoral do Povo da Rua, disse que levou o caso à Corregedoria nesta segunda-feira (3). “Fomos direto para a Corregedoria. Lá, cada um dos rapazes passou por um processo de reconhecimento fotográfico dos policiais militares. Um dos rapazes reconheceu três PMs, outro reconheceu dois PMs. O terceiro não conseguiu fazer o reconhecimento, pois ficou o tempo todo de cabeça baixa.”

Segundo ela, a história começou com o registro de roubo/furto de celular feito por uma mulher no 8º Distrito Policial. “Ela foi acompanhada do pai, que é policial, não sabemos se militar ou civil. Os PMs fizeram uma ronda na região do DP, que fica perto da Praça Barão de Tietê, onde estavam os rapazes. Durante a abordagem, foram humilhados, diminuídos por serem catadores de reciclados e agredidos fisicamente.”

Juliana afirmou ainda que, na tentativa de acabar com as agressões, eles disseram que ajudam o Padre Julio Lancelotti. “Um deles foi levado para o 8º DP, esse rapaz foi levado algemado para a delegacia. Lá foi xingado e humilhado e agredido verbalmente pelos policiais e pelo pai da moça assaltada.”

Em nota, a Corregedoria da Polícia Militar disse que recebeu a denúncia na segunda-feira e que a instituição analisa quais as providências que serão adotadas.

Atuante que é na defesa dos direitos da população em situação de rua, o padre Júlio Lancellotti representa uma causa a que a Defensoria Pública da União dedica especial cuidado. Por isso mesmo, em um momento em que se noticia que, na cidade de São Paulo, nos últimos quatro anos aumentou em cinquenta por cento o número de pessoas que, por falta ou deficiência da política pública, dormem ao relento por conta de alguma circunstância pessoal que levou à desestruturação de suas vidas, torna-se ainda mais importante chamar a atenção para a violência a que estão submetidos, violência que, vê-se, alcança também quem milita e insiste em não os deixar permanecer invisíveis.

A Defensoria Pública da União espera que as ameaças sejam investigadas e debeladas, e que o padre Júlio Lancellotti, beneficiário de medida de proteção determinada pela Comissão Interamericana de Direitos Humanos, possa prosseguir o trabalho que realiza há anos sem novas intercorrências.

Ameaças anteriores

Em março de 2018, advogados e entidades de direitos humanos entraram com representação no Ministério Público (MP) de São Paulo pedindo abertura de investigação sobre ameaças de morte contra o padre Júlio Lancelloti.

processo chegou a ser arquivado pela Justiça, mas foi reaberto para que o Facebook forneça os IP das pessoas que fizeram as ameaças ao padre pela rede social.

À época, ele reclamou que era vítima de ameaças de morte postadas em redes sociais, principalmente de moradores e comerciantes da região da Mooca, na Zona Leste de São Paulo, onde tem forte atuação.

Em posts publicados no Facebook, os agressores demonstram intolerância às ações de Lancelotti, que é defensor dos moradores de rua.

Padre Júlio Lancelotti durante celebração de missa  — Foto: Reprodução FacebookPadre Júlio Lancelotti durante celebração de missa  — Foto: Reprodução Facebook

Padre Júlio Lancelotti durante celebração de missa — Foto: Reprodução Facebook

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Ministério Público vai investigar ameaças contra o padre Júlio Lancellotti

Ministério Público vai investigar ameaças contra o padre Júlio Lancellotti

“Devido a situação da população de rua na cidade que cresce muito e está muito exposta, em vários bairros há um mal estar, uma hostilidade muito grande contra a população de rua”, afirmou o padre de 69 anos e que é pároco há quase 34 da Matriz Paroquial São Miguel Arcanjo.

O documento é assinado pelo Cardeal de São Paulo, Dom Odilo Pedro Scherer, pelo advogado Ariel de Castro Alves, coordenador da Comissão da Infância e Juventude do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana do Estado de São Paulo (Condepe), e por entidades como Ação dos Cristãos contra a Tortura, Grupo Tortura Nunca Mais, Comissão de Justiça e Paz, entre outras.

PM morre depois de baleado dentro de bar da Boca do Lixo de Santos…( Quem se importa ? ) 6

Por G1 Santos

 

Policial Militar de folga é baleado em bar no Centro de Santos

Policial Militar de folga é baleado em bar no Centro de Santos

Carlos foi baleado na noite de segunda-feira (3), em um bar localizado na esquina entre a Avenida Senador Feijó e a Rua João Pessoa, no Centro de Santos.

PM e Polícia Civil investigam tentativa de homicídio a policial militar em Santos — Foto: Reprodução/TV TribunaPM e Polícia Civil investigam tentativa de homicídio a policial militar em Santos — Foto: Reprodução/TV Tribuna

PM e Polícia Civil investigam tentativa de homicídio a policial militar em Santos — Foto: Reprodução/TV Tribuna

Imagens obtidas por meio de câmeras de monitoramento mostram o criminoso em luta corporal contra o policial que, logo em seguida, é atingido pelo disparo e cai no chão. O homem fugiu a pé e o policial foi socorrido para a Santa Casa de Santos. De acordo com a Polícia Militar, um suspeito de ser o autor do crime foi detido.

PM nem sequer tem preparo mental e equilíbrio emocional para lidar com uma mulher grávida…Será que ele faz isso com a esposa ? 3

Inquérito investiga agressão de policial contra grávida no interior de São Paulo

Por Metro Jornal
 

Segundo a Polícia Civil, o boletim de ocorrência consta que a vítima, de 23 anos, interviu em uma abordagem que flagrou um adolescente que portava maconha. Ela teria xingado os policiais, e um deles reagiu. As imagens mostram o policial imobilizando a mulher, deitada no chão. Um dos joelhos do homem pressiona a barriga dela, que também é agredida com tapas no rosto.

Tanto a vítima quanto os moradores alertam ao homem sobre a gravidez e pedem para que ele saia de cima dela, mas ele afirma que ela estaria presa. A mulher diz ainda que não está resistindo à prisão, mas às agressões do policial. Assista ao vídeo:

Grávida de 22 semanas, ela foi levada a um hospital para exames e passa bem, assim como o feto. O Comando do 17º Batalhão afirmou, em nota, que os fatos serão apurados por meio do “procedimento legal adequado.” Nas redes sociais, o governador João Doria repreendeu a conduta, considerada “totalmente inadequada.”

João Doria

@jdoriajr

Recomendei o imediato afastamento do policial militar flagrado durante abordagem a uma mulher grávida em São José do Rio Preto. Apesar dela ter resistido a prisão por tráfico de drogas, existe protoloco a ser cumprido e as imagens indicam conduta totalmente inadequada do policial

João Doria

@jdoriajr

Faço uma correção aqui: a mulher que aparece em vídeo hoje não é acusada de tráfico de drogas, ele estava envolvida em uma ocorrência de tráfico de drogas e resistiu à prisão. O inquérito policial segue.

Supremo garante a policial civil de São Paulo acesso a termos de delação premiada que o incriminem 1

Supremo garante a policial acesso a termos de delação premiada que o incriminem

Para ministros da Segunda Turma, a decisão em que foi negado o acesso viola a Súmula Vinculante 14

Redação

05 de fevereiro de 2020 | 10h27

Sede do Supremo Tribunal Federal, em Brasília. Foto: Dida Sampaio / Estadão

Os ministros da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal garantiram a um policial civil de São Paulo investigado pela suposta prática do crime de corrupção passiva o direito de acesso a termos de delação premiada que citem seu nome, desde que já tenham sido juntados aos autos e não prejudiquem diligências em andamento. A decisão, unânime, foi tomada nesta terça, 4, no julgamento de agravo regimental na Reclamação (RCL) 30742.

As informações foram divulgadas no site do Supremo – Processo relacionado: Rcl 30742

Na reclamação, a defesa do policial sustenta que o juízo da 1.ª Vara Criminal de Americana (SP) havia impedido o acesso aos depoimentos de delatores que o citaram, o que representaria desrespeito à Súmula Vinculante 14, que garante ao defensor acesso amplo aos elementos de prova que digam respeito ao exercício do direito de defesa.

Em 2018, o relator do caso, ministro Ricardo Lewandowski, negou seguimento à reclamação, com o entendimento de que a súmula vinculante em questão garante o acesso a elementos de prova, e não a delações, que seriam meios de obtenção de prova.

O recurso contra essa decisão individual começou a ser julgado em ambiente virtual, mas um pedido de destaque do ministro Gilmar Mendes levou o caso à sessão presencial.

Em abril de 2019, Gilmar, ao votar pelo provimento parcial do agravo, salientou que o Plenário do STF entende que o delatado ‘tem direito a acessar elementos da colaboração premiada que lhe digam respeito’.

Para o ministro, devem estar presentes dois requisitos: a delação deve apontar a responsabilidade criminal do requerente e não deve prejudicar diligências em andamento.

O julgamento foi suspenso na ocasião.

Na sessão desta terça, Lewandowski reajustou seu voto para garantir ao delatado o direito aos depoimentos que o incriminem.

Ele lembrou que a jurisprudência da Segunda Turma garante ao agravante, com fundamento na Súmula Vinculante 14, o acesso a todos os elementos de provas já documentados nos autos, incluindo gravações audiovisuais de colaborações de outros réus, para confrontá-los, mas não para impugnar os termos dos acordos de delação.

Ao concordar com esse entendimento, o ministro Edson Fachin observou que os atos de colaboração premiada têm potencial demonstrativo e funcionam como fontes válidas de convicção do juiz, a depender, em cada caso, de valoração motivada.

Para Fachin, o caso se encaixa na definição da Súmula Vinculante 14.

A presidente da Turma, Cármen Lúcia, também entendeu que houve ‘desrespeito à súmula vinculante apontada e que deve ser garantido o acesso a todos os depoimentos que citam o autor, à exceção dos que estejam pendentes de diligências’.

Nomeação de 250 delegados em São Paulo é insuficiente 26

Faltam mais de 900 delegados de Polícia no estado de São Paulo; déficit na Polícia Civil chega a 14 mil

Policia
PoliciaFoto: Divulgação

Foi publicada sábado, 1, no Diário Oficial do Estado de São Paulo, a nomeação de 250 delegados de Polícia aprovados em concurso, que. Após a posse, eles iniciarão o curso na Academia de Polícia (Acadepol).

A Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (ADPESP) reconhece os esforços do governo do estado em preencher as vagas em aberto na Polícia Civil. Entretanto, o último concurso foi realizado há três anos e, em se mantendo esse ritmo, o déficit de 14 mil policiais civis nunca será reduzido. Vale destacar também que os baixíssimos salários – São Paulo paga os piores salários do país aos seus policiais – fazem com que estes profissionais deixem os cargos para outras carreiras mais atraentes. Ou seja, a evasão cresce em ritmo mais acelerado do que a contratação.

“A Associação dos Delegados tem estudos para novos modelos e mudanças na Instituição, bem como propostas para recomposição salarial e fortalecimento da Polícia Civil. Tentamos diuturnamente conversar com o governador, mas nos causa estranheza a falta de diálogo que ele tem com as entidades de classe”, pontua Gustavo Mesquita Galvão Bueno, presidente da ADPESP.

Além de um planejamento estruturado para recomposição do déficit de profissionais na Polícia Civil do estado de São Paulo, é necessário e fundamental a valorização e pagamento de salários dignos aos policiais civis, para que a carreira seja de fato atraente e esses profissionais permaneçam na Instituição.

Com 70 anos de história, a ADPESP é a maior entidade representativa de Delegados de Polícia em todo o Brasil, com mais de três mil associados.

Fonte: Associação dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo

Miséria Dourada. Reconhecimento facial sem qualquer reconhecimento profissional decente. Mais de 12 horas para registrar um RDO. 18

É isso que nos deixa revoltados amigo Guerra. O engodo, a balela, a mentira política envelopando uma polícia esfarrapada e esvaziada. Em elegante cerimônia com centenários dirigentes da instituição em elegantes ternos de grife, alguns custando quase o salário de um delegado, e o gestor engomadinho deste Estado, foi inaugurado no IIRGD o “Sistema de Reconhecimento Facial”. Quero que a imprensa cobre o funcionamento e a recorrente aplicação da ferramenta por todas as unidades operacionais da polícia nas milhares de investigações passíveis de utilização da ferramenta e não apenas em casos selecionados para fazer propaganda política nas empresas de radiodifusão.

Espero que não seja mais um sistema que coma milhões de reais através de licitações direcionadas aos empresários amigos, como por exemplo, o sistema de mapeamento de suspeitos, de auditoria de BO’s, etc, e que jamais funcionaram ou alcançaram as unidades da base territorial.

Continuamos com a mesma enganação administrativa, reconhecimento facial sem qualquer reconhecimento profissional por parte deste e de outros governos do PSDB. 4 anos sem qualquer recomposição salarial, seguido de 5% de ajuda famélica e alguns penduricalhos para os policiais da ativa. Isso no Estado mais rico da Federação e com a maior quantidade de infrações penais de todo o território nacional.

Estranhamente neste Estado as falcatruas do poder público não são investigadas como acontece no RJ e até mesmo na Prefeitura Municipal. A maior roubalheira de que se tem noticia na área de infraestrutura viária (Rouboanel Norte, Marginais, Duplicação da Tamoios,etc), transportes sobre rodas (Metrô, CPTM) tudo sem qualquer tipo de punição e recuperação do que foi roubado. Aqui, a improbidade administrativa compensa, por conta disso os Laurence Casagrande da vida, demais comparsas e seus padrinhos políticos sempre vão prosperar.

Socorro Procuradoria da República, apurem vocês a roubalheira deste Estado

Por: amigo do 9º andar da Brigadeiro Tobias

[Ponte] Policiais amordaçados

Deixem os policiais falarem

Um tenente da PM disse que é “uma vergonha” um policial não matar nem três pessoas em cinco anos de trabalho.

Policiais militares expuseram a imagem de uma adolescente de 16 anos, vítima de estupro coletivo, chamando-a de “vadia” e comparando a menina com jumentas e cadelas no cio.

Um porta-voz da PM paulista sugeriu que a Ponte teria ligação com o crime organizado.

Na mesma semana em que uma ação da PM levou ao massacre de nove jovens em Paraisópolis, policiais fizeram posts celebrando a violência contra os bailes de favela em suas redes sociais.

Denunciados em reportagens da Ponte, nenhum desses policiais sofreu qualquer consequência séria por conta das declarações públicas públicas que fizeram. Pelo menos um foi promovido.

Postura muito diferente tiveram a Polícia Militar do Paraná com o PM aposentado Martel Alexandre del Colle e a Polícia Civil de São Paulo com o investigador Alexandre Félix Campos. Por conta de declarações públicas que fizeram, Martel está ameaçado de expulsão e Alexandre denuncia que vem sendo alvo de perseguições dentro da instituição. O engraçado é que nenhum deles defendeu ilegalidades, zombou da dor de pessoas violentadas, espalhou calúnias ou afrontou o Estatuto da Criança e do Adolescente, como os seus colegas que mencionamos há pouco.

Tudo o que Martel fez foi publicar uma série de artigos em que procura debater o papel das polícias, sem ataques gratuitos nem vulgaridades, propondo um novo modelo de policiamento, mais democrático e próximo da maioria da população. Já Alexandre cometeu o crime de se opor à eleição do presidente Jair Bolsonaro.

Nem precisa dizer que há algo de muito errado com corporações que não se importam com declarações de policiais que violam leis e atacam os direitos humanos, mas perseguem os que propõem um debate de ideias sobre o papel da corporação. Tudo isso é muito grave porque passa um recado claro: o de que policiais não podem expor opiniões que suas chefias considerem impopulares. É algo que limita a discussão sobre a segurança pública no País, que não pode ser feito sem ouvir os policiais — todos os policiais, e não apenas aqueles que falam o que seus superiores querem ouvir.

Fausto Salvadori, editor e repórter da Ponte Jornalismo

Populismo policial 2

Populismo policial

Positiva, queda de homicídios em RJ e SP não deve ser atribuída à maior letalidade da polícia

Policiais revistam suspeito no Morro do Adeus, na zona norte do Rio – Fabio Teixeira/Folhapress

Em São Paulo, o dado foi ainda mais positivo: 2019 terminou com a menor taxa de assassinatos da série histórica, com 6,56 casos para cada grupo de 100 mil habitantes.

A má notícia é que a queda nos crimes não conseguiu conter a brutalidade policial. No mesmo período, o número de mortos por intervenção policial no Rio de Janeiro (1.810) aumentou 18% na comparação com 2018, atingindo o maior patamar desde 1998.

Em São Paulo, fenômeno comparável ocorreu: policiais civis e militares em serviço mataram 733 pessoas, um aumento de 12% em relação ao ano anterior.

No caso fluminense, chega a ser chocante o fato de a letalidade da polícia ter sido proporcionalmente maior do que a perpetrada pelos criminosos paulistas: 10,5 casos para cada 100 mil habitantes.

Evidências científicas mostram que inexiste correlação entre maior violência da polícia e redução de crimes, e um estudo do Ministério Público do Rio de Janeiro no ano passado desmistificou a tese do chamado populismo policial.

Cidades como Nova Iguaçu e Angra dos Reis, por exemplo, apresentaram queda tanto nos homicídios quanto nas mortes pela polícia.

Tampouco há ganhadores nessa guerra. A mesma pesquisa concluiu que a atuação policial pela via do confronto expõe os agentes de segurança ao risco e impede a prestação de serviços essenciais.

Segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, quase um policial morreu ao dia de forma violenta no país em 2018, sendo muito elevada a incidência de suicídios, com 104 episódios naquele ano —o que dá a dimensão do estresse a que eles estão submetidos.

Falta consenso entre os especialistas sobre as causas da queda nos homicídios. Fatores econômicos, interiorização da violência, mudanças nos conflitos entre facções criminosas e políticas estaduais mais efetivas são, em geral, citados. Mas a cultura de confronto policial não figura entre eles.

Para um fenômeno multicausal e com efeitos percebidos a médio e longo prazo, atribuir os avanços na área a governantes afeitos à retórica belicosa como João Doria (PSDB-SP) e Wilson Witzel (PSC-RJ) é, ao menos, impreciso e, no mais, intelectualmente desonesto.

Embora a maioria dos cariocas ainda considere a política de segurança do estado ruim ou péssima, essa rejeição caiu de 85% para 55% entre março de 2018 e dezembro passado. É um terreno fértil para o populismo policial sem qualquer respaldo em evidências.

Não existem mais jagunços, polícia não entra para matar, diz comandante da PM de SP 9

Marcelo Vieira Salles critica discurso político linha-dura e diz que policial sofre consequência

FOLHA DE SÃO PAULO

“Não há mais jagunços”. É assim que o comandante da Polícia Militar de São Paulo, Marcelo Vieira Salles, 52, resume sua crítica à política de incentivo à violência policial como forma de combate à criminalidade.

Em recado à própria tropa, diz que o policial precisa resistir a esse discurso porque, no final, as consequências recairão sobre ele. “Será ele quem vai responder diante ao júri.”

Esse tipo de posicionamento quase custou a Salles o comando da PM. Na campanha eleitoral de 2018, ele criticou a declaração do ex-prefeito e hoje governador João Doria (PSDB) de que, na gestão dele, a polícia atiraria para matar

Marcelo Vieira Salles fotografado enquanto fala na entrevista. Olha para o lado esquerdo, para seu interlocutor, que não aparece na foto. Tem os dois dedos indicadores pressionados contra a testa. Usa farda da polícia militar de São Paulo, na cor azul claro. Está sentado em um sofá de couro preto.
O comandante da Polícia Militar de São Paulo, Marcelo Vieira Salles, concede entrevista à Folha em seu gabinete – Gabriel Cabral/Folhapress

Caso raro na PM, Salles resistiu à troca de governo e de secretário de Segurança Pública. Desde que assumiu o cargo, ainda na gestão Márcio França (PSB), em 2018, assiste à queda de homicídios intencionais, roubos e furtos de veículos e roubo de carga.

Qual dos índices de violência de 2019 o senhor considera mais positivos? O maior patrimônio que temos é a vida. Sem dúvida, a diminuição dos homicídios. E a redução dos crimes patrimoniais. Quando você evita que seja subtraído um bem da pessoa, aquele veículo que ela custou a comprar, ou você devolve, é uma satisfação muito grande.

Houve queda da maioria dos índices de violência, mas aumentou da letalidade policial. Por quê? Há preocupação do comando quanto a isso? Há uma grande preocupação da instituição em todas as situações em que há o evento morte, seja por parte do infrator, seja ele por parte dos policiais ou na morte de policiais no atendimento de ocorrências.

O desejável é que não morra ninguém. Mas sempre digo: a opção do confronto é do infrator. A pessoa quando sai de casa armada com um revólver, uma pistola ou às vezes um fuzil não está com as melhores intenções. Quando a polícia vai prendê-la e ela reage, o policial tem que se defender e defender a população.

Por vezes, a repercussão disso é a morte. A guerra contra o crime por vezes tem efeitos que não gostaríamos de produzir. Nem o nome guerra é bonito. Mas temos que defender [a população], cumprir a nossa missão constitucional.

Há incentivo à violência policial, inclusive de agentes públicos. Esse tipo de discurso interfere no trabalho do policial na rua? Há todo um cuidado do comando da Polícia Militar, da instituição, para combater esse tipo de incentivo. A Polícia Militar é legalista. Nós não podemos, sob hipótese alguma, sob argumento nenhum, descumprir a lei.

Eu não gosto desse tipo de discurso. É um discurso fácil, é um discurso que tem eco na nossa sociedade. Talvez um dos motivos seja a sensação da impunidade. A sociedade, por conta a impunidade, quer uma resposta rápida e, às vezes, o Estado não dá.

Às vezes o cidadão fala, como já falaram para mim uma vez: “vocês matam muito pouco, tinham que matar mais”. Isso foi em 2017. Estávamos numa pizzaria, quem disse foi um senhor que estava na mesa, amigo de um amigo nosso. E minha mulher até me cutucou, viu que eu não gostei. Respondi a ele que as coisas não são assim. E ele repetiu. “Não, vocês matam muito pouco, tinham que matar mais”.

Aí, perguntei: “Como o senhor acha que nós deveríamos matar? Afogado? Estrangulado?”. Isso depõe contra a instituição. Não existem mais os jagunços. Somos uma instituição técnica, profissional.

Nosso policial não entra para isso. Ele entra para ganhar o pão dele, sustentar a família. Mas é uma função técnica.

Temos que tomar cuidado, porque quem vai sentar no banco dos réus é o soldado da radiopatrulha. Esse é quem vai responder perante ao júri.

Na época de Paraisópolis [quando nove pessoas morreram pisoteadas durante intervenção policial em um baile funk em dezembro], o senhor disse algo sobre “Não espere reconhecimento daqueles que não conhecem o cheiro da pólvora”. O que quis dizer? Essa expressão usei na formatura de soldados da Polícia Militar. Nós vínhamos sobre uma bateria muito pesada de críticas. Críticas muito duras e injustas, em alguma medida, do trabalho da polícia.

Às vezes você nota que alguns comentaristas, não tem a melhor informação, mas começam a opinar. Gente, nós estamos falando de uma instituição que perdeu, em 2019, 36 homens e mulheres trabalhando. Eu notei um desânimo de alguns policiais naquela formatura. O meu papel como comandante é motivar, é impelir, é pedir, é convencer, é falar, é trazer todo mundo junto para um objetivo só. Isso é um dos papeis de qualquer comandante.

Talvez, tenha até exagerado, mas aquilo saiu como uma forma de falar: ‘senhores, senhoras, não esperem reconhecimento daqueles que não conhecem o cheiro da pólvora ou o calor dos incêndios.”

Os índices de violência estão caindo, mas pesquisas apontam que a sensação de insegurança nas pessoas ainda continua em alta. Isso tem explicação? Primeiro, o brasileiro é meio cético em relação a dados que venham do poder público. Nós temos uma dificuldade, e não é uma crítica à imprensa —por princípio, eu respeito e defendo a possibilidade de ser falado, a liberdade de imprensa é fundamental. Por vezes, ao meu olhar, em algumas situações, injustas, quando você tem uma ocorrência grave e começam ser veiculadas imagens de outras ocorrências que não têm nexo causal com o resultado daquela ocorrência específica.

Para tumultuar? Querem impor uma narrativa que não houve. Na coletiva do caso de Paraisópolis, às 10h do domingo, quando as informações chegaram à imprensa, não havia ainda imagens disponíveis da ocorrência. Começaram a divulgar vídeos de situações de outros locais, de outras datas [um vídeo de abuso gravado semanas antes circulou como se fosse do episódio corrente].

Caso gravíssimo, de abuso policial, mas quem não olhava de maneira atenta, achava que era daquele evento. Na entrevista coletiva fiz questão de falar isso. Cuidado. É isso que, por vezes, questiono, não concordo com esse tipo [de jornalismo]. Porém, temos que respeitar a liberdade de imprensa.

O senhor está dizendo que sensação de insegurança das pessoas se deve a informações equivocadas que a imprensa divulga? São exageradas. Nós temos 5,5 homicídios [por grupo de 100 mil habitantes] na cidade de São Paulo. Aí, você tem um problema grave, e você faz 10, 15, 30, 35 inserções daquele problema grave.

A pessoa fala: ‘não vou pra São Paulo, está perigoso. Eu vou pra Chicago.’ Chicago tem 20,8 homicídios por 100 mil habitantes [em 2018].

Dizem: “Nos EUA que é bom”. Washington, a capital do país mais rico do mundo: 22,8 por 100 mil habitantes. Nós estamos melhor do que Las Vegas, Los Angeles, Washington, Chicago. Eu até entendo. É notícia que vende.

Não estou falando em cerceamento não. Tem que falar. Total liberdade de imprensa.

O que acha de armar a população como forma de combater o crime? É preciso olhar sob alguns aspectos. Pelo aspecto técnico, policial: quanto menos arma, melhor. Agora, você tem que lembrar que a legislação brasileira é nacional. Nós não podemos ter como base a cidade de São Paulo, com 12 milhões de habitantes, com um número imenso de delegacias, uma polícia com 86 mil homens.

Como é que nós falamos lá no Alto Solimões? Será que quando a pessoa precisar, o Estado brasileiro vai estar lá? Será que a polícia, a Polícia Militar, a Polícia Civil, vão estar lá quando ele ligar para o 190? Sabemos de rincões no Brasil que se demoram horas para chegar de barco. Por isso que há pessoas que falam de legislação nacional e tem como base o minimundo que moram, que elas convivem.

Se fosse presidente, o que tentaria mudar na segurança públicaTentaria agilizar uma resposta aos infratores da lei. Tive a oportunidade, em 2001, de frequentar um curso nos EUA. Lá, o processo é sumaríssimo. Então, você tem a prisão, se for ainda no horário de expediente, a instrução dos autos que tem em mãos, de autoria e materialidade, se tiver todos disponíveis ali, o promotor de Justiça já oferece a denúncia.

Tem a instrução criminal, já oferecida a denúncia e já responsabilizado. Nos casos que se tem indícios claros de indício e materialidade. Acho que isso seria um avanço gigantesco. Seria um grande inibidor do crime essa resposta.

A cracolândia, ao seu ver, é fruto dessa mudança legal? É um assunto a ser discutido. Nós não tínhamos esse teatro dantesco. De pessoas errantes. Acho que deve ser feita uma análise, muito detida, de como assistir essas pessoas. É um flagelo.

É contra a liberação das drogas? Pode ter um efeito perverso. Sou contra a descriminalização das drogas. Principalmente, por essa experiência. Qual será o controle disso? Nós temos que ter cuidado para não criar titãs incontroláveis. O pai medonho de todos os crimes é o tráfico de drogas. A mãe é a impunidade.

O que senhor pode falar sobre reajuste salarial [os salários dos policiais de SP estão entre os mais baixos do país]? O policial militar ainda ganha mal. Mas não é de hoje. Então, há necessidade de recomposição salarial, o governo tem plena consciência disso.

Ele [o governador João Doria, do PSDB] declarou, e vem fazendo os melhores esforços nesse sentido, no que tange melhorar a arrecadação, a parte fiscal. Tenho contato com ele todas as quintas-feiras. Sinto nele o maior interesse, até para poder cumprir a promessa dele, de que irá recompor o salário.

Nós tivemos um aumento de 5%, o governador conhece os números, declarou para todos que foi o possível.

Acredito que o governador, ao final dos quatro anos, colocará o salário do policial militar entre os melhores do país, um vencimento que o policial mereça. O policial precisa, o policial espera e o policial merece.

Governo do Estado nomeia 250 delegados de polícia 5

Após formados, os novos profissionais reforçarão o efetivo das delegacias na capital e no interior de São Paulo

Sáb, 01/02/2020 – 10h02 | Do Portal do Governo

O Governador João Doria nomeou 250 aprovados em concurso público para a carreira de delegado de polícia. As nomeações foram publicadas na edição deste sábado (1º) do Diário Oficial do Estado (DOE).

A próxima etapa será a posse dos nomeados, que deve acontecer em aproximadamente 15 dias. Em seguida, os novos policiais iniciarão o curso na Academia da Polícia Civil (Acadepol).

Após a formação, os alunos passarão por um período de estágio probatório. Os novos policiais serão designados para reforçar o efetivo das unidades da polícia civil de todo o Estado.

Reforço de efetivo

Atualmente, já estão em formação mais de 1,4 mil novos policiais civis, sendo 166 papiloscopistas, 109 auxiliares de papiloscopista, 239 agentes de telecomunicações, 312 agentes policiais e 617 escrivães.

Além disso, há concursos em andamento para preencher 600 vagas de investigadores da Polícia Civil. A distribuição do efetivo é feita após a formatura, com o objetivo de programar a reposição dos profissionais

Aprovados em concursos para Polícia Civil de SP esperam nomeação

por: , em: 

A novidade, no entanto, não torna mais próxima a nomeação dos aprovados, diz Raquel Gallinati, presidente do Sindpesp (Sindicato dos Delegados de SP).

Segundo dados de dezembro de 2019 do Defasômetro, índice da entidade que mede a ocupação das carreiras da Polícia Civil, há hoje um déficit de 3.562 investigadores e 945 delegados de polícia em São Paulo.

A Secretaria da Segurança Pública afirma que, do concurso de 2017, 1.815 aprovados foram nomeados em novembro de 2019 e que, deste total, 1.453 compareceram à posse em dezembro e já estão na Acadepol (Academia de Polícia).

No entanto, ainda não há um prazo para a nomeação e a posse do restante dos aprovados nos concursos de 2017.

A SSP diz ainda que foi autorizada a abertura de mais 2.750 vagas para concursos da instituição, sendo 250 delegados, 900 investigadores e 1.600 escrivães. Os editais, afirma a pasta, devem ser lançados ao longo deste ano.

Polícia leva 13h para registrar BO 73

Publicado 01/02/2020

Por Alenita Ramirez

Estado informa que autorizou a contratação de 20 mil novos policiais
Cedoc/RAC

Estado informa que autorizou a contratação de 20 mil novos policiais

A falta de policiais civis nos distritos de Campinas fez com que agentes rodoviários esperassem cerca de 13 horas para apresentarem um flagrante por embriaguez ao volante (veja texto nesta página), na noite de anteontem. Os policiais chegaram na 2ª Delegacia Seccional às 20h20, mas só começaram a ser atendidos por volta das 9h20 da manhã de ontem. Eles passaram a noite toda com o preso e não puderam sequer descansar. Eles deixaram a unidade por volta das 10h30. O motivo da demora foi o grande número de flagrantes e de atendimentos que havia na unidade, somado ao déficit de policiais civis e a sobrecarga dos serviços pelos agentes. Além de atender ao público, eles também tiveram de levar custodiados para fazer corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML).
A falta de policiais civis no Estado não é uma queixa atual. O déficit de agentes na instituição já leva cerca de dez anos, mas nos últimos meses, segundo o presidente do Sindicato dos Policiais Civis da região de Campinas, Aparecido Lima de Carvalho, a falta de efetivo tem sido cada vez maior e se agrava, ainda mais, com a reforma da previdência e o PLC (Projeto de Lei complementar) 80/19, que impulsiona muitos policiais civis a solicitarem suas aposentadorias temendo perda de direitos.“Aproximadamente 40% do efetivo já têm condições de se aposentar. Ou seja, a Polícia Civil está velha e o Estado não repõem seu efetivo”, comentou Carvalho.
Além disso, segundo os policiais, a falta de funcionários se dá também pelo baixo salário que tem desestimulado tanto quem está na instituição como quem quer entrar, já que outras profissões, financeiramente, são mais vantajosas.
Somente na 2ª Delegacia Seccional, que atende cerca de 60% da demanda da cidade, responsável pelos distritos de Aparecida, Ouro Verde, Campo Grande e regiões do São José, Campos Elíseos e Campo Belo, registra uma média de 24,38 ocorrências por dia, incluindo flagrantes.
Em 2019, a unidade registrou 7.850 boletins de ocorrências, incluindo o atendimento de cerca de 800 flagrantes. Quando a unidade foi inaugurada, em 2014, cada plantão contava com quatro agentes para o atendimento, dois delegados, dois escrivães e uma agente de telecomunicações.
Atualmente esse quadro reduziu em 50%. Cada turno, trabalha com um delegado, um escrivão, dois investigadores, que atendem o público, e uma agente de telecomunicações, além dos agentes que trabalham no setor administrativo durante o expediente.
Além de atender as ocorrências simples e flagrantes, os policiais são obrigados a parar o atendimento e levar drogas no Instituto Criminalístico (IC), presos para exames de corpo de delito no IML, locais de crimes, como homicídio, suicídio e de acidentes com vítimas fatais e também levar presos para cadeias. O transporte de custodiados tem que ser feito separado por sexo e idade. Ou seja, adolescentes não podem ser colocados na mesma viatura de um maior.
“Infelizmente o policial que está no atendimento tem de parar tudo e se deslocar para o IC, IML, pois não há funcionários. Isso gera uma morosidade enorme no trabalho e a população não quer saber, ela quer ser atendida. Muitas pessoas saem das unidades dizendo que vão fazer queixa na corregedoria”, disse um policial, cujo nome foi preservado.
Na noite de anteontem, a unidade registrou a apreensão de quatro menores e a prisão de três maiores em ocorrências distintas. Em todos os casos, os detidos precisaram ser encaminhados ao IML para exame de corpo de delito. Como a remoção de presos era feito pela equipe do “Bonde”, desde o dia 20 deste mês, por falta de funcionários, o serviço passou a ser feito pelos policiais que estão nas unidades, ou seja, plantonistas que estão no atendimento.
O Bonde, que trabalha com apenas duas equipes, se reveza durante o expediente. “Diante do paradoxo, o que o governo poderia e deveria adotar era um plano ‘B’, como, por exemplo, contratar policiais aposentados para serviços administrativos, desafiando desta forma, os policiais civis que estão em desvio de função”, comentou Carvalho.
A falta de policiais civis em Campinas não reflete apenas na 2ª Delegacia Seccional. Atinge também o plantão da 1ª Delegacia Seccional e das unidades que trabalham em horário de expediente. “Fazemos o possível para prestar bom atendimento para a população, mas nosso maior medo é que em algum momento possa acontecer algo de pior. Como por exemplo, um preso fugir ou acontecer algo grave durante a ausência do policial no atendimento na unidade”, falou um policial.

Outro lado

A Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo informou que durante a atual gestão autorizou a contratação de mais de 20 mil novos policiais. Só para a Polícia Civil são mais de 5.400 novas vagas. Já estão na Acadepol os 1.453 aprovados no concurso de 2017 e empossados em dezembro. Atualmente, está em andamento a nomeação de outros 850 aprovados no mesmo certame, sendo 250 para vagas de delegados e 600, de investigadores.

Policial que declarou ser contra Jair Bolsonaro pode ser expulso por dar opinião 1

Redação Pragmatismo

Policial que declarou ser contra Jair Bolsonaro pode ser expulso por dar opinião

PM que declarou ser contra Jair Bolsonaro está enfrentando um processo administrativo geralmente aplicado a policiais que matam ou roubam

martel Policial declarou ser contra Jair Bolsonaro expulso opinião paraná
Martel Alexandre del Colle (Imagem: Reprodução)

Rafael Oliveira, Agência Pública

Aconteceu tudo ao mesmo tempo, os textos saíram, no ano seguinte eu sou aposentado; no outro ano recebo um procedimento de exclusão”, diz Martel Alexandre del Colle, de 29 anos, policial militar do Paraná, autor de textos críticos à PM e aos governos federal e paranaense.

À Agência Pública, Martel falou sobre o processo administrativo que pode expulsá-lo da corporação. Ele é acusado pelo Conselho de Disciplina da PM de “trazer a conhecimento público [em textos publicados no site Justificando] imputações graves contra a instituição Polícia Militar do Paraná bem como em desfavor de autoridades civis constituídas”. No último dia 21 de janeiro, ele foi notificado da investigação interna que resultou na acusação.

Aposentado desde o final do ano passado por causa de um quadro de depressão, Martel ganhou repercussão na internet em outubro de 2018, depois de ter publicado: “Ele não porque eu sou policial”, em que declarava voto contra o então candidato a presidente Jair Bolsonaro.

Relembre: Policial é intimado pela corregedoria após afirmar que não apoia Bolsonaro

Desde então, o Martel passou a publicar textos críticos e analíticos sobre a própria Polícia Militar e sobre políticas de segurança pública de Bolsonaro e de Ratinho Jr., governador paranaense.

Martel é também coordenador no Paraná do grupo Policiais Antifascismo, movimento formado por agentes de segurança pública que defende democracia nas polícias e pautas como desmilitarização e fim da guerra às drogas. Para ele, os códigos de ética da PM e o regulamento disciplinar do Exército, que são utilizados para punir policiais que criticam a corporação, vão contra direitos constitucionais como a liberdade de expressão.

Geralmente aplicado em casos graves, quando policiais cometem crimes e se considera que o agente não tem mais condição de permanecer na corporação, o processo contra a opinião de Martel pode fazer com que o policial seja expulso e deixe de receber sua aposentadoria. Procurada, a PM do Paraná não respondeu até a publicação.

Você está aposentado desde quando?

O meu procedimento de aposentadoria começou mais ou menos em abril de 2019. Fui chamado na junta médica da polícia e fiz uma consulta com o setor psiquiátrico – eu estava lidando com uma depressão e tinha ficado internado, inclusive. Soube que estava rolando um boato entre os policiais de que eu ia ser aposentado. Em setembro ou outubro, um policial veio até a minha casa para que eu assinasse o documento da aposentadoria.

Não foi algo que partiu de você?

Não, eu não tive escolha. De fato, estava fazendo tratamento psicológico. Eu lido com a depressão já faz um tempo, no começo do ano [2019] eu tinha ficado internado uns 30 dias. Mas, eu não sabia, levou meses pra que eu conseguisse diluir a notícia. Ter 29 anos e ser aposentado não é uma coisa que acontece com todo mundo.

Você vê relação da aposentadoria com o fato de você publicar textos críticos?

Sinceramente, não sei. Não consigo ter uma resposta clara porque não sei o quanto influenciou, se influenciou; não sei quantos policiais são aposentados da polícia por depressão. Acredito que os médicos que trabalham na junta médica fazem um trabalho sério e que eles entenderam que eu não tinha mais condição de estar na rua. Mas isso aconteceu tudo ao mesmo tempo: os textos saíram, no ano seguinte eu sou aposentado; no outro ano recebo um procedimento de exclusão.

O seu primeiro texto de repercussão é quando você apoia o #EleNão?

Eu sabia que essa minha crítica passava muito além do Bolsonaro e que eu poderia sofrer mais do que só dizendo “eu não voto no Bolsonaro porque eu não concordo”. Mas eu quis fazer porque nós estávamos no momento do segundo turno onde a chance dele ganhar estava começando a crescer, o que era inacreditável pra mim. Pra mim, ele é um cara que não tem nenhum conhecimento, que não tem capacidade de exercer nenhum cargo. Quando vi que estava se tornando uma possibilidade real, achei que era necessário puxar a responsabilidade para toda a polícia e para todos os órgãos. Eu fiz um texto um pouco mais duro na tentativa de chamar os policiais para a reflexão. Acho que alcançou o objetivo. Sei que muitos policiais não gostaram.

Qual foi a reação ao texto?

Escrevi num dia e no outro dia tinha alguns policiais, amigos, colegas, falando que “o texto tá em toda polícia, tá todo mundo sabendo desse texto”. O alcance foi até maior do que eu imaginava. Ficou dividido basicamente em três grupos: o grupo que concordava, que pensa como eu; o segundo grupo que, apesar de não concordar com tudo que eu escrevi, falou que eu tinha direito a me expressar, que a minha opinião era importante porque ela dentro da polícia equilibra e traz a reflexão; e teve o terceiro grupo que foi o que não gostou, achou que não deveria, que policial não pode escrever, principalmente falando mal dessas autoridades – jamais do Bolsonaro e do Sergio Moro.

Ocorreu um processo dentro da polícia por conta desse texto?

Escrevi o texto e na mesma semana a corregedoria da polícia me chamou para ser ouvido. Eu não sabia nem sobre o que era, cheguei lá e eles também não sabiam. Desconfio que alguém tenha mandado eles fazerem isso como forma de represália, mas eles também não souberam como lidar com isso.

Depois abriram sindicância para avaliar os meus textos e também nessa época me transferiram – uma transferência muito atípica. Isso não acontece na polícia, de você acordar um dia e falarem que você está sendo transferido para outro lugar, sem ninguém te avisar nada. Ficou muito nítido que era uma perseguição, uma forma de represália.

Eu fui até a diretoria da polícia dizer que era uma forma de represália, enquanto isso estava rolando o prazo da minha transferência, e aí eles argumentaram que eu não me transferi em tempo hábil e depois me condenaram à prisão no ano de 2019.

Você chegou a ficar preso?

Sim, fiquei preso lá em Matinhos [cidade do Paraná]. Peguei um dia.

As razões do voto contra Bolsonaro permanecem?

O Bolsonaro para mim continua sendo a mesma pessoa. Ele não faz nada além de fazer polêmica. A ideia é manter o povo sempre no ódio, nessa não reflexão sobre a realidade, enquanto algumas pessoas estão pagando um preço muito caro por isso.

Qual o retorno dos textos que você tem feito?

Quando comecei a escrever, muitas pessoas vinham no Facebook dizer que era policial militar, que concordava comigo, que eu estava ajudando na compreensão do tema, mas que tinha medo de se identificar. Muitos policiais falavam: “Ó, eu concordo, mas por favor não fale pra ninguém, não quero me expor”. Muitos policiais me traziam histórias deles, que tinham sofrido abuso de autoridade na polícia, assédio, e pediam pra que eu publicasse, só que sem nome, de maneira anônima.

O mais grave não é nem a questão de os policiais concordarem ou discordarem da minha opinião, mas o fato de um policial ter medo de expressar a sua opinião. É algo muito grave, principalmente se a gente não vê esse medo em certas ideologias políticas.

É muito fácil você abrir as redes sociais e ver muitos policiais que falam que o Lula é ladrão, dizendo xingamentos machistas contra a Dilma, criticando ministros do STF por causa de algumas decisões. E eu nunca vi um procedimento ser aberto por causa disso. É muito curioso que os policiais que têm uma ideologia diferente tenham medo de se expressar, enquanto o outro lado não tem vergonha de se expressar, e nem seja cogitada uma punição para esse tipo de atitude.

Em relação aos processos, o que se pode dizer dos encaminhamentos?

Esse da corregedoria foi bem estranho. Eles me chamaram, houve intimação, mas não houve nenhum processo, nenhum procedimento, nada. Me chamaram porque eu tinha escrito o texto e não aconteceu mais nada. E aí abriu-se uma sindicância depois.

A sindicância foi concluída, mas eles não me avisaram da conclusão. Eu fiquei sabendo agora que a conclusão é que haja um conselho de disciplina que pode levar à minha exclusão.

Então a sindicância que foi aberta depois da publicação do texto resultou nesse processo que saiu agora?

Isso, essa sindicância está anexada nesse processo e é o seu motivo gerador.

Você esperava que chegasse a esse ponto?

Jamais esperava, por vários fatores. Primeiro, porque o conselho de disciplina, o ADL (Apuração Disciplinar de Licenciamento), que é uma outra ação disciplinar da polícia, são documentos usados para casos extremamente graves. Por exemplo, o policial executou alguém, ou está envolvido em grupo de extermínio, ou roubou uma pessoa. Então, colocar a minha opinião no mesmo patamar desses crimes gravíssimos já é algo, para mim, que foi muito surpreendente. Mostra como alguns cidadãos dentro da polícia estão enxergando o fato de eu dar minha opinião, principalmente uma opinião contrária à que eles queriam que eu desse.

A segunda surpresa é porque já fui preso, já respondi sindicância, já tinha respondido ação disciplinar, me aposentaram, então acreditei que já tinham deixado para lá. É inacreditável, acho que foi cruzado um limite que eu não imaginava.

Quais são e o que falam os regimentos internos da polícia que versam sobre a liberdade de opinião dos policiais? E qual a crítica que vocês [Policiais Antifascismo] fazem a isso?

Nós somos regidos pelo regulamento disciplinar do Exército, pelo código de ética da PM e outros códigos. O problema principal é a questão do militarismo, porque o regulamento disciplinar do Exército é muito amplo, e é para uma função totalmente diferente.

A crítica do militar é reduzida porque, geralmente quando o Exército é chamado para uma ação, ela envolve a segurança do país, envolve soberania nacional, outro patamar de questões, mas a Polícia Militar não cumpre essa função. Nossa função é muito mais social. Esses regulamentos criam uma situação muito estranha em que o policial não pode criticar a sua corporação. Torna-se corporativista.

Você acredita que a aplicação desse regulamento fere a Constituição?

Há um conflito entre o direito constitucional e esses regulamentos administrativos infraconstitucionais. Só que isso nunca foi avaliado, justamente porque a gente saiu da ditadura militar com um desejo de não discutir tudo aquilo que tinha acontecido. Só que cedo ou tarde esses conflitos iam acontecer, cedo ou tarde alguém iria criticar e receber um procedimento.

Qual é a estratégia de sua defesa?

É tudo muito recente. Eu recebi a ajuda de muitas pessoas, e só tenho a agradecer a elas. A gente tá tentando definir uma estratégia.

Esse tipo de processo tem sido recorrente contra outros policiais que se posicionam como você?

Desse nível de gravidade, eu não conheço nenhum. Mas dentro do Policiais Antifascismo e fora dele tenho visto policiais, principalmente nessa questão de opinião, quando é de um setor mais progressista, que estão respondendo a processos administrativos, respondendo a outros tipos de processo por dar a sua opinião. O que tem de inédito no meu é que eles foram pro nível mais grave. Eu estou sendo equiparado aos policiais que cometem as coisas mais terríveis dentro da polícia.

Como você entrou no Policiais Antifascismo?

É um movimento bem importante no país, é uma coisa bastante revolucionária só pelo nome. Policiais falando que não querem estruturas fascistas é surpreendente. Por causa dos meus textos, algumas pessoas foram me conhecendo e me convidaram para participar do grupo desde a inauguração em Curitiba. Em setembro do ano passado, houve um congresso e a gente decidiu algumas coisas, incluindo que cada estado teria um coordenador, e eu fui eleito coordenador do movimento aqui no Paraná.

Basicamente, o que a gente quer é trazer a democracia para dentro da polícia. A minha visão é de que não existe um sistema democrático sem uma polícia democrática. Primeiro entender o policial como um trabalhador, deixar essa ideia de que pode fazer qualquer coisa com o policial, que ele não tem direitos, que não precisa ter contato com a sua família, não tem direito a felicidade, não tem direito a um atendimento psicológico caso tenha algum problema devido à sua atividade. Nós não entendemos o policial como fascistas. Isso não significa que não existem policiais fascistas, mas a nossa ideia é mudar uma estrutura que possa promover ideias fascistas.

Ela representa os delegados de polícia de SP, mas sofre com machismo 7

Raquel Gallinati é presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil de São Paulo - Divulgação

Raquel Gallinati é presidente do Sindicato dos Delegados da Polícia Civil de São Paulo Imagem: Divulgação

Camila Brandalise

De Universa

03/01/2020 04h00

Convidada certa vez para participar de um evento sobre segurança pública, a delegada Raquel Kobashi Gallinati, 43 anos, primeira mulher a presidir o Sindpesp (Sindicato dos Delegados da Polícia Civil de São Paulo) em 31 anos, ouviu seu nome ser chamado por uma das autoridades com um complemento: “Venha embelezar a mesa”.

Com o microfone na mão, disse: “Muito obrigada, me sinto lisonjeada, mas o fator que me faz compor essa mesa é representar todos os delegados de polícia do estado de São Paulo”.

Em outro momento, em uma reunião com 20 pessoas, sendo ela a única mulher, Raquel ouviu de um colega delegado, após dar uma opinião sobre determinado assunto: “Ela é louca, descontrolada”. “Falei: ‘Fulaninho, mais respeito ao falar comigo, vai tomar um remedinho porque você está completamente desequilibrado”, relembra.

Na sala de reuniões do sindicato, onde recebeu a reportagem de Universa para esta entrevista, Raquel bateu três vezes na mesa com a lateral da mão ao falar sobre uma pergunta que a persegue desde que assumiu a função de representante dos delegados paulistas, em 2016. “Por que as pessoas depreciam o que eu faço se eu trabalho dez [primeira batida] vezes [segunda batida] mais [terceira batida] do que um homem medíocre?”

Por homem medíocre entende-se o “homem médio”, explica Raquel, não no sentido pejorativo, mas no que se refere ao sujeito sem nenhuma qualificação de destaque. “Eles são presidentes, CEOs de grandes empresas ou diretores de departamentos institucionais, públicos e privados, e não são questionados o tempo todo sobre sua competência. Eu, ao contrário, estou sempre sendo sabatinada.”

Mais mulheres na segurança pública

Raquel diz que cogitou desistir do cargo um ano após assumir a presidência. “Pensei: não quero ficar aqui. Mas agora vou dar crédito aos próprios homens: foram eles que me apoiaram quando reclamei e disseram que não iam admitir preconceito contra mim”, relembra.

Também por causa das situações que já passou, decidiu criar, em novembro de 2019, o movimento Mulheres na Segurança Pública ao lado de outras três delegadas do estado. Uma das ideias é dar suporte a profissionais femininas do meio que estejam passando por situações similares e incentivá-las a perseguir posições de liderança.

Além disso, quer estimular jovens estudantes a entrarem para a polícia e ocuparem cargos altos. Como consequência, a ideia é que haja mais mulheres no atendimento de vítimas de violência de gênero, para que elas se sintam incentivadas a denunciar.

“Meu filho vai saber que mulher pode prender bandido com metralhadora empunhada”

A delegada é bastante enfática ao dizer que mais leis ou prisões não são suficientes para acabar com a violência doméstica. “É um pensamento ingênuo. O problema é muito mais complexo.”

É preciso, antes de tudo, que cada um reconheça e admita o próprio machismo. Depois, políticas públicas para educar a população a mudar de comportamento em relação ao tratamento dado às mulheres. Acredita, na verdade, que isso tenha que começar em casa.

“Pais e mães precisam ensinar aos filhos que mulheres podem ter o mesmo papel que os homens. Eu, se tiver um filho, e se Deus quiser terei, ele vai saber que mulher não tem que ficar em casa cozinhando, que ela pode estar prendendo bandido com uma submetralhadora empunhada”, afirma. Raquel é uma das poucas mulheres do estado a ter habilitação para manusear submetralhadoras, fuzis e carabinas.

Raquel e o noivo, com que se casa em abril de 2020: "Meu filho vai saber que mulher pode prender bandido e empunhar submetralhadora" - Divulgação
Raquel e o noivo, com que se casa em abril de 2020: “Meu filho vai saber que mulher pode prender bandido e empunhar submetralhadora”

Imagem: Divulgação

O plano de ter um filho será colocado em prática ainda em 2020. Em abril, ela se casa com um investigador de polícia com quem começou a namorar em março de 2019. “Estava pensando mais seriamente em uma produção independente, mas coincidiu de o Marcel [o noivo] aparecer”, diz. E sorri

“Vítima de violência doméstica é como dependente química”

Nos quatro anos em que foi delegada, de 2012 a 2016, diz ter presenciado diversas situações de violência contra a mulher que a chocaram. Mas ressalta uma cena que se repetiu e que explica o ciclo em que as vítimas estão inseridas.

“A mulher estava com a cara deformada de tanto apanhar, o agressor era preso em flagrante e depois ela pagava a fiança para soltá-lo. Aconteceu algumas vezes e chegou uma hora que eu não arbitrava mais fiança”, diz.

“Eu costumo associar essa mulher a uma dependente química. É aquela dependência que ela sabe que faz mal, mas a abstinência a deixa desesperada”, explica Raquel.

A delegada diz que, antes de julgar, é preciso entender que a vítima está envolta em uma situação que, inclusive, lhe tirou a autoestima e a força para superar. “É um crime que se perpetua por quê? Porque quando a mulher fala que não aguenta mais, ‘você me trai, me ofende’, ele diz: ‘Não farei mais isso’. A esperança na relação se renova, e ela fica cada vez mais codependente.”

Proposta de Doria sobre delegacias da mulher é “irresponsável e incompetente”

Raquel não espera o fim da pergunta sobre sua avaliação do primeiro ano do governador João Doria (PSDB-SP) no que diz respeito à proteção das mulheres para responder: “Péssima”.

Em sua opinião, Doria se aproveitou do fato de mais mulheres estarem denunciando e falando sobre violências para usar como bandeira de campanha, de uma maneira “irresponsável e incompetente”.

A maior crítica é para o projeto de aumentar o número de delegacias da mulher que funcionem 24 horas. Em março de 2019, ele anunciou a abertura de seis na capital. “Para fazer isso precisa de estrutura. E a principal estrutura são pessoas: policial, escrivão, investigador. Nós temos hoje um contingente deficitário que supera 13 mil policiais. Então, com abertura de novas delegacias, os profissionais estão acumulando funções”, afirma.

“Abriram algumas, mas não estão funcionando como deveriam porque não há gente suficiente. Outras até fecharam. O governador faz uma propaganda enaganosa”, reforça. “Sem contratação de mais policiais, é realmente para inglês ver, para o eleitor acreditar que existe algo sendo feito. O governador tem que cumprir com sua promessa e sua palavra e dar estrutura para que a polícia civil possa exercer as sua atribuições. É isso que exigimos.”