9 mortos, nenhum culpado 19

9 mortos, nenhum culpado

Desfecho de inquérito sobre Paraisópolis expõe falhas do controle da polícia

Moradores de Paraisópolis protestam contra a operação policial que resultou em nove mortos durante baile funk – Marlene Bergamo – 14.dez.19/Folhapress

Com o pedido de arquivamento do inquérito militar sobre a ação da PM em Paraisópolis, restou dissolvida a responsabilidade pela morte de nove jovens em dezembro.

Embora continue em andamento a investigação pela Polícia Civil, o desfecho pouco conclusivo dado ao caso na esfera da Corregedoria da Polícia Militar expõe as falhas das instituições incumbidas de responsabilizar agentes de segurança.

Por respeito às mortes dos jovens na desastrosa ação de 31 policiais durante um baile funk, esperava-se que as responsabilidades individuais e coletivas fossem investigadas com o esmero que a gravidade do caso requer. Essa não tem sido a regra, entretanto.

Relatório da Ouvidoria das Polícias do Estado de São Paulo, de setembro de 2019, apontou que em 2017 a Corregedoria investigou menos de 3% dos casos de operações que resultaram em morte.

Embora a atuação do órgão esteja inerentemente limitada por fazer parte da corporação, a PM de São Paulo carece até de um modelo que favoreça alguma isenção.

A experiência internacional revela pontos que poderiam ser melhorados, como a criação de um plano de carreira específico para a Corregedoria e serviços de proteção contra eventuais represálias.

Órgãos como o Ministério Público paulista, que não tem exercido o controle externo da polícia a contento, e a Ouvidoria das Polícias, cujo ouvidor foi substituído no dia de divulgação do balanço de suas ações, devem encontrar um ambiente institucional em que possam exercer tais funções. Isso tampouco tem sido a regra.

Tecnicamente, operações de controle de distúrbio —como são chamadas as ações como a de Paraisópolis— devem, pelas regras da própria polícia, priorizar rotas de fuga e não encurralamento.

Os jovens mortos em dezembro não eram da região, o que sugere que não conheciam a área para conceber formas de dispersão.

Além das responsabilidades individuais, ora arquivadas, qual a responsabilidade coletiva da corporação pelos erros nesta operação? Tal pergunta, apesar de fundamental para evitar novas mortes, tarda em ser respondida pelas autoridades policiais e pelo governador João Doria (PSDB).

FOLHA DE SÃO PAULO

Promessa, Deic Regional ainda não tem nenhum policial após quatro meses 16

Promessa, Deic Regional ainda não tem nenhum policial após quatro meses

Nova unidade do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) criada por decreto para Taubaté, em outubro de 2019, é uma das estratégias do governo João Doria para reduzir os índices criminais na RMVale

Xandu Alves@xandualves10 | @xandualves10

O Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) Regional de Taubaté completará quatro meses de criação nesta semana ainda sem receber nenhum policial ou de ter a estrutura definida.

A unidade é uma das estratégias do governo João Doria (PSDB) para reduzir os índices criminais no Vale do Paraíba, que tem 5 das 15 cidades com a maior taxa de vítimas de homicídio por 100 mil habitantes do estado.

Por decreto, o Deic Regional Taubaté foi criado em 15 de outubro de 2019.

A previsão da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) é de que a estrutura esteja montada até o final de março (leia texto nesta página). Porém, conforme apurou OVALE, a meta pode não ser cumprida.

Para atender as exigências da nova unidade, a Delegacia Seccional de Taubaté precisa ainda receber novos policiais, que atualmente estão cursando a Academia da Polícia Civil na capital.

EFETIVO.

A Delegacia Seccional de Taubaté opera atualmente com clarões no efetivo e ao menos 10 unidades sem delegado fixo, incluindo plantões e delegacias em cidades atendidas pelo órgão, responsável por 10 municípios com uma população superior a cerca de 615 mil pessoas.

“Os policiais estão fazendo a Academia da Polícia, e não sabemos ainda qual o efetivo virá para Taubaté. O Deic ainda não tem estrutura. Estamos em conversação para definir o local e tudo”, disse José Antônio de Paiva, delegado seccional de Taubaté.

Segundo ele, a expectativa para receber os novos policiais é “por volta de maio” deste ano, após os novos agentes concluírem a Academia da Polícia Civil em São Paulo.

“Devemos receber novos policiais para atuar como escrivão, investigador, delegado e outras carreiras”, afirmou.

Unidade unirá cinco unidades especializadas; SSP prevê abertura no 1º trimestre do ano

O Deic de Taubaté unirá cinco unidades da Polícia Civil: Dise (Delegacia de Polícia de Investigações Sobre Entorpecentes), DIG (Delegacia de Investigações Gerais) –com o setor de homicídios, a equipe de crimes contra o patrimônio e o GOE (Grupo de Operações Especiais). Também terá o Seccold (Setor Especializado de Combate aos Crimes de Corrupção, Crime Organizado e Lavagem de Dinheiro).

A nova estrutura ajudará a Delegacia Seccional de Taubaté a manter a tendência de queda nos índices criminais. “Nunca estiveram tão baixos”, disse o delegado José Antônio de Paiva.

Em nota, a SSP informou que a Polícia Civil “tem adotado as medidas administrativas e técnicas necessárias para a instalação da unidade”. E que a previsão é que a “nova unidade entre em operação no primeiro trimestre de 2020”.

https://www.ovale.com.br/_conteudo/_conteudo/nossa_regiao/2020/02/97190-promessa–deic-regional-ainda-nao-tem-nenhum-policial-apos-4-meses.html