Doria quer enfrentar PCC, mas Polícia Civil sofre sem estrutura e salário 33


Doria quer enfrentar PCC, mas Polícia Civil sofre sem estrutura e salário

Viatura descaracterizada da Polícia Civil atingida por marquise do 68º DP, que despencou - 16.abr.2019 - Rivaldo Gomes/Folhapress

Viatura descaracterizada da Polícia Civil atingida por marquise do 68º DP, que despencou

Imagem: 16.abr.2019 – Rivaldo Gomes/Folhapress

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

13/11/2019 04h00

Resumo da notícia

  • Polícia Civil, que investiga o PCC em SP, tem déficit de 15 mil agentes
  • Delegados, investigadores e escrivães têm o segundo pior salário do país
  • Com polícia fragilizada, Doria tenta angariar créditos por enfrentamento ao PCC

Com falta de quase 15 mil homens e mulheres no escopo da Polícia Civil, os agentes da corporação têm que trabalhar dobrado e conviver com delegacias, estrutura e salário sucateados. Enquanto isso, o governador usa a inteligência da corporação investigativa e divulgações de ações ostensivas da PM (Polícia Militar) para afirmar que está agindo contra a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).

Em abril deste ano, parte da marquise do 68º DP (Distrito Policial), no Lajeado, zona leste de São Paulo, despencou sobre duas viaturas, uma caracterizada, outra descaracterizada. Em novembro de 2017, o 91º DP, no Ceasa, zona oeste, teve de parar os trabalhos porque o local ficou inundado durante uma forte chuva. Não faltam relatos de delegacias sem estruturas mínimas, como até as que têm falta de papel higiênico.

Nessas condições, a Polícia Civil de São Paulo tem 27.207 funcionários. Um déficit de 14.705 profissionais. Com trabalho muitas vezes dobrado, recebem o segundo pior salário entre as unidades federativas do Brasil, segundo o sindicato dos delegados. A média salarial de um delegado paulista é de R$ 9.888,70. Um delegado de Mato Grosso recebe, em média, R$ 24.451,11. E a média de um investigador ou escrivão em São Paulo é de R$ 3.743,98. Já investigadores e escrivães do Amazonas recebem o triplo.

A assessoria de imprensa pessoal de João Doria afirmou que o governador não iria se manifestar sobre o assunto. Procurada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que o governo encaminhou à Assembleia Legislativa, no último dia 1º, um PL (Projeto de Lei) que prevê reajuste salarial para toda categoria, além de um conjunto de medidas de valorização.

“Somadas, as iniciativas têm um impacto de R$ 1,5 bilhão no orçamento do estado. Paralelamente, a atual gestão autorizou a contratação de mais de 20 mil policiais civis e militares, sendo 5.500 somente para a Polícia Civil. Destes, 2.750 já estão com os respectivos concursos em andamento. Os certames para as demais vagas já estão autorizados e deverão ter início no próximo ano. O governo do estado também investe na aquisição de mais de 8.000 coletes balísticos, armas, viaturas e equipamentos aplicados à inteligência para a Polícia Civil”, pontuou a SSP, em nota.

Em junho deste ano, o governo estadual anunciou que iria reformar 120 delegacias de São Paulo, a um custo estimado em R$ 480 milhões.

No fim de outubro, Doria anunciou reajuste de 5% aos policiais, além de bônus, assistência jurídica, equiparação do auxílio-alimentação e adicional de insalubridade. O aumento, no entanto, frustrou a classe. “São vários os problemas enfrentados como o déficit de funcionários, salários baixos e por exemplo a falta de coletes balísticos aos policiais. São apenas 13 mil coletes dentro do prazo de validade para 28 mil policiais”, disse Raquel Kobashi, presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado.

“O valor anunciado está aquém das expectativas, 5% significa pagar a data-base, o reajuste constitucional que deveria ter sido pago em março e não foi. Não representa um aumento. O salário dos policiais civis de São Paulo conta com uma defasagem de quase 50% de reajuste e, somente depois desse acréscimo, seria possível falar em aumento salarial”, disse a presidente do sindicato.

Ainda segundo a delegada, “a Polícia Civil é essencial no sistema de justiça criminal, que se inicia na perseguição do crime, bem como se garante o direito de todos aqueles que são lesados pela criminalidade. Se tais profissionais, que são altamente qualificados, não possuem remuneração adequada e à altura, o povo paulista é quem mais perde”.

Gustavo Mesquita, presidente da Associação dos Delegados de Polícia, complementou que o projeto de reforma da previdência é “extremamente vil e cruel com o funcionalismo público em geral, especialmente com relação à Polícia Civil”.

Para ele, “como se não bastasse o pífio reajuste salarial, dano indícios de que quebrará a promessa de melhor salário do Brasil, exceto DF, o governador sugere uma reforma da previdência cruel contra os policiais”. “Ele não dá valor à palavra empenhada”, complementou.

De acordo com especialistas, o salário baixo influencia diretamente nas mortes de policiais, uma vez de 80% dessas baixas ocorrem quando os agentes estão em folga. Dessas mortes em folga, grande parte ocorre quando o policial está sozinho, armado, trabalhando em um bico não oficial, para complementar a renda.

Segundo Rafael Alcadipani, professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas), não existe combate ao crime organizado sem polícias estruturadas e bem remuneradas.

“Infelizmente, a gente vê que isso não está acontecendo. O governador fala uma coisa e espera que ela vire a realidade. A questão do combate ao PCC precisa de um aprimoramento muito mais forte da inteligência policial, uma integração maior das polícias e o governo não está cuidando disso. Muita fala e pouca ação”, afirmou.

“Polícia de respeito” contra o PCC

Investigação da Polícia Civil serviu de base para que o MP (Ministério Público) denunciasse, através da Operação Echelon, em 2018, que o PCC está com atuação mais violenta e se expandindo. A facção já atua em todas as unidades federativas e tem negócios no exterior, em países como Bolívia, Paraguai, Colômbia, México e Itália.

Desde que assumiu o governo de São Paulo, João Doria (PSDB) tenta se valer de decisões judiciais que determinaram as transferências de chefes do PCC, do sistema penitenciário estadual para o sistema federal, como se fosse uma “produtividade policial” fruto de sua gestão. As medidas, no entanto, são resultado de investigações da polícia, do MP (Ministério Público) e de determinações da Justiça.

O promotor Lincoln Gakiya, responsável pelo pedido da transferência da cúpula da facção e considerado o principal investigador do país contra a facção, afirmou que o pedido de remoção foi feito pelo MP e deferido pelo juiz da 5ª VEC (Vara de Execução Criminal) de São Paulo. Segundo ele, não houve ação dos governos federal e estadual na ação.

“O papel do governo federal foi apenas disponibilizar vagas através do Depen (Departamento Penitenciário Nacional) e de organizar a “logística da transferência. Apenas isso. O mesmo se diz do governo Doria, que também apenas auxiliou na logística. O que houve foi apenas cumprimento de ordem judicial. Não cabia a governos federal ‘determinarem’ ou ‘negarem’ as transferências”, afirmou.

Em campanha publicitária veiculada na TV desde setembro e na divulgação das estatísticas criminais, a gestão Doria assume para si a transferência da cúpula do PCC, entre eles, Marco Willians Herbas Camacho, o Marcola, e do segundo escalão da facção. Na propaganda, ao citar a polícia paulista como “de respeito”, a gestão divulga a medida como ação direta do governo.

Campanha publicitária aponta transferências de líderes do PCC como produtividade da gestão Doria - Reprodução
Campanha publicitária aponta transferências de líderes do PCC como produtividade da gestão Doria

Imagem: Reprodução

De acordo com o governador, o PCC, atualmente, não é nem um décimo do que já foi. A afirmação, no entanto, contraria o que apontam longas investigações da inteligência da sua polícia. Segundo as apurações, avalizadas pelo MP, o PCC cresceu, desde 1993, quando foi fundado por oito presidiários, para aproximadamente 33 mil membros. A facção domina a exportação de drogas no Brasil para Europa, África e Ásia.

Segundo Samira Bueno, diretora-executiva do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), “João Doria está fazendo isso em outras pautas da segurança também. No caso da Polícia Civil, tem a história do enfrentamento ao PCC, mas tem também a questão das delegacias da mulher 24 horas. São duas agendas prioritárias para São Paulo, mas qualquer ação que se pretenda sustentável precisa ser feita olhando para este profissional de segurança, o que não ocorre”.

“A Polícia Civil sofre com baixos salários, falta de concursos e, quando os concursos acontecem, é difícil segurar os novos policiais na organização por muito tempo, pois muitos prestam outros concursos e acabam indo para o que paga mais. Se eu fosse o governador, teria muito cuidado com tudo o que ele está fazendo com a polícia, porque o que ele não precisa é da Polícia Civil em greve. E, se ele continuar pressionando por resultados sem cuidar da organização, ela vai acabar parando”, diz a especialista.

Sem suporte, policial morre mais em suicídios

Em outubro de 2019, a Polícia Civil tinha 27.207 funcionários. Com déficit de 14.705 profissionais. Muitos desses policiais contratados têm que trabalhar dobrado. Esse é um dos motivos, segundo a Ouvidoria das Polícias, para o aumento do estresse do policial, que morre em São Paulo mais por suicídio do que por confronto.

Em 2017 e 2018, 17 policiais civis do estado tiraram a própria vida. Segundo a ouvidoria, trata-se de uma taxa média de 30,3 suicídios a cada 100 mil policiais, por ano —três vezes o índice aceitável pela OMS (Organização Mundial da Saúde), que considera situação de epidemia a partir de 10 suicídios a cada 100 mil. A taxa de suicídios é seis vezes maior do que a taxa dos mortos em serviço (5 a cada 100 mil).

Apesar de o índice ser alto, a Polícia Civil não tem programa nem suporte para a saúde mental, segundo o ouvidor Benedito Mariano. “Precisa começar do zero na Polícia Civil. O sucateamento dialoga com o estresse do policial, porque tem que fazer o serviço de dois ou três. Existe uma negligência com relação à saúde mental dos policiais civis de São Paulo”, disse.

Rogério Giannini, presidente do CFP (Conselho Federal de Psicologia), afirmou que o índice da Polícia Civil é “alarmante”. “Se a gente olhar na sociedade como um todo, a gente diria que há um sintoma que mostra que algo não está indo bem. E a polícia faz parte desse sintoma”, pontuou.

 

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/11/13/doria-quer-enfrentar-pcc-mas-policia-civil-sofre-sem-estrutura-e-salario.htm

 

Polícia de São Paulo adotará reconhecimento facial em investigações 20

A Polícia Civil cruzará imagens de suspeitos a uma base com rostos de 35 milhões de pessoas

Victor Hugo Silva Por
12/11/2019 às 17h24

Imagem por teguhjati pras/Pixabay

A tecnologia de reconhecimento facial será usada por mais um órgão público. Segundo o Mobile Time, a Polícia Civil de São Paulo adotará a solução em suas investigações para identificar suspeitos em fotos e vídeos de cenas de crimes.

Para identificar as pessoas que aparecem em suas imagens, a Polícia Civil cruzará o material disponível com os rostos dos 35 milhões de cidadãos que possuem algum documento com foto emitido no estado de São Paulo.

A análise será feita pelo Instituto de Identificação Ricardo Gumbleton Daunt (IIRGD) ligado à Polícia Civil, com base em uma solução criada pela Gemalto. O uso da ferramenta está previsto em contrato firmado após a empresa vencer uma licitação do governo paulista.

A Gemalto oferece desde 2013 um sistema da Polícia Civil de São Paulo para verificação de impressão digital. A companhia também é responsável pelo sistema de biometria que o governo americano usa em portos, aeroportos e embaixadas e que tem 700 milhões de pessoas cadastradas.

São Paulo investe em outras ferramentas de vigilância

Além da Polícia Civil, o Metrô de São Paulo também terá câmeras com reconhecimento facial. Elas serão instaladas nas linhas 1 – Azul, 2 – Verde e 3 – Vermelha, além dos pátios de trens, e custarão cerca de R$ 58 milhões.

De acordo com O Estado de S. Paulo, o governo deverá instalar até o final do ano, em pontos indicados pela Polícia Militar, 220 novos radares que fazem a leitura de placas de automóveis. Eles se juntarão aos 548 já existentes.

Os investimentos envolvem ainda 208 novos drones silenciosos que não são percebidos por quem está no chão. Ao Estadão, o secretário executivo da PM, coronel reformado Álvaro Camilo, afirmou que eles poderão ser usados em operações especiais em “comunidades”.

As informações coletadas pelos equipamentos serão encaminhadas às bases de dados das Polícias Civil e Militar. E, segundo Camilo, o governo deve adotar mais sistemas de vigilância no futuro. “Estamos buscando empresas que fazem também monitoramento de redes sociais”, afirmou, ainda ao Estadão.

O secretário executivo da PM afirmou que os dados pessoais são usados apenas em investigações e que todos os acessos são monitorados. Ele garantiu que o aparato não oferece nenhum risco à privacidade dos cidadãos.

Grupos defendem proibição do reconhecimento facial

O uso de tecnologias de reconhecimento facial, porém, gera muita polêmica. A cidade de São Franscisco, por exemplo, proibiu equipamentos desse tipo para órgãos públicos, que foram obrigados a receber aprovação para comprar novos equipamentos de vigilância.

Ainda nos Estados Unidos, um grupo defende o banimento de soluções de reconhecimento facial. Entre as críticas, estão o caráter invasivo da tecnologia e a alta taxa de erro, especialmente para identificar negros, mulheres e crianças.

https://tecnoblog.net/314319/policia-civil-sao-paulo-adota-reconhecimento-facial-investigacoes/

Delírios persecutórios do ex-presidente – Bolsonaro desfere tapa na cara do General Mourão: “você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí “ 8

Você deveria ter sido meu vice, e não esse Mourão aí, diz Bolsonaro a príncipe

Presidente externou arrependimento em reunião com deputados

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Jair Bolsonaro preferia o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança como seu vice, e não Mourão. Ele externou seu arrependimento nesta terça-feira (12) em frente a todos os deputados presentes na reunião que chancelou sua vontade de criar um novo partido e deixar o PSL.

Segundo relatos, Bolsonaro se dirigiu ao príncipe e disse que tinha uma dívida eterna com ele. Bragança respondeu que não.

Mas o presidente insistiu. Afirmou que Bragança deveria ter sido seu vice, e não esse Mourão aí. le ainda lamentou. Disse que não haveria mais como voltar atrás.

O príncipe confirmou as declarações à coluna e diz nunca ter nutrido um sentimento negativo por ter sido preterido. “Basicamente ele reconheceu publicamente o que estava nos bastidores. Eu entendo que no mundo político há muitas artimanhas, conspirações.”

“O Bolsonaro não precisava de mim para ganhar a eleição. Precisava de alguém que fosse simplesmente leal. Na época, até fiquei aliviado porque ele me liberou para fazer outras coisas.”

Na tarde desta quarta, depois da ampla repercussão da notícia, o príncipe postou no Twitter a seguinte declaração: “O presidente não mencionou o Mourão na conversa com os deputados.”

Advogado de PMs matadores na falta de melhores argumentos, educação  e formação intelectual ataca de forma vil e covarde a intimidade da Promotora 21

Em júri, advogado ataca promotora: ‘quer ser homossexual, vai ser entre quatro paredes’

12/11/19 por Arthur Stabile e André Caramante

Celso Vendramini, ex-PM da Rota e defensor de policiais matadores, fez comentários direcionados a promotora lésbica

Vendramini posa com camisa apoiando o então candidato Jair Bolsonaro | Foto: Reprodução/Facebook

“Não tenho nada contra ser homossexual, quer ser vai ser entre quatro paredes, só não fica influenciando as crianças. Esse negócio de movimento LGBT só serve para uma coisa: ir na Avenida Paulista enfiar crucifixo no ânus e na vagina”. Essa fala é do advogado Celso Vendramini durante um júri popular, conforme relatado à Ponte pela promotora do MPE (Ministério Público Estadual) de São Paulo Cláudia Mac Dowell, lésbica, e alvo de ataques do defensor.

Ex-PM da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar, considerada a tropa mais matadora da PM paulista), Vendramini defende policiais acusados de execução. Era o que acontecia na sessão do 2º Tribunal do Júri, em São Paulo, nos dias 6 e 7 de novembro. Segundo conta a promotora, o caso envolvia a morte de dois homens suspeitos de roubar uma van, que fugiram da polícia, mas depois foram encontrados no telhado de uma casa em uma comunidade. Os PMs os fizeram descer e os executaram, segundo relatos de uma testemunha.

“O júri era isso, não tinha absolutamente nada a ver com homossexualidade, LGBT+, nada. Se der um Google no meu nome é fácil descobrir que sou assumidamente lésbica, participei de debates no MP sobre o assunto, está no YouTube”, conta Mac Dowell. Enquanto buscava a absolvição de seus dois clientes por matar dois homens que estariam rendidos, Vendramini fez comentários sobre a população LGBT+.

“Já começou a falar que o atual presidente [Jair Bolsonaro, PSL] vai acabar com a corrupção, vai valorizar a família e ‘eu vejo que a promotora tem uma aliança na mão esquerda, ela deve ser a favor da família’. Fiquei quieta. ‘Bom mesmo é o [Vladimir] Putin [presidente da Rússia] que acabou com palhaçada de passeata gay’. Ficou por isso”, contra a representante do MP. O fato ocorreu no primeiro dos dois dias do júri, dividido pela quantidade de testemunhas a serem ouvidas.

O nível das falas caiu mais na etapa final do julgamento. Após todos serem ouvidos (testemunhas de acusação, de defesa, em comum e o depoimento do réu), há o debate, quando defesa (Vendramini) e acusação (Mac Dowell) apresentam seus argumentos aos jurados para buscar a absolvição ou condenação, respectivamente. Segundo Cláudia, “só faltou ele falar da terra plana, de queimadas na Amazônia… Discutir da causa ele não estava. Eu falei da prova”.

Na tréplica, Vendramini disse a frase que abriu a reportagem. “Ele dizia: ‘Por isso eles [LGBT+] são contra a Polícia Militar, esse povo LGBT odeia Polícia Militar porque gosta de fazer esse tipo de coisa. Quer ser homossexual, vai ser entre quatro paredes, só não venham deturpar nossas crianças. Menino tem que vestir azul e menina, rosa’, pejorativamente”, segue a promotora, explicando que também havia falas como “Bandido bom é bando morto, tem mais é que morrer”, “Mulher de bandido é bandida também, tudo bandido”, “Quando eu era policial da rua mandei 50 para o inferno”, que, apesar de “excrescência sem classificação, em tese tem a ver com o que tem sido discutido”.

A promotora explica que manteve-se sem respondê-lo até antes do anúncio da sentença que absolveu os dois policiais das acusações. Foi quando pediu palavra à juíza para incluir oficialmente uma fala sua. “Constou um pequeno extrato na ata, fazia um público agradecimento ao doutor Celso Vendramini por ser tão explícito nesse tipo de pensamento retrogrado, obscurantista, medieval, preconceituoso. Ele mostrava para mim que que eu tinha obrigação, como homossexual e detentora de um cargo de autoridade, de exigir a defesa dos direitos de pessoas como eu”, explica Cláudia.

Segundo a promotora, o sentimento foi de que, como alguém com certo poder na sociedade, era preciso demonstrar uma reação como forma de combater tais atitudes. “Se eu, que estou em uma posição de privilégio, passo por uma situação como essa, o que passarão homo e e transexuais diariamente, que humilhações, violações e obstruções de direitos passam secretamente sem que ninguém lhes dê voz?”, diz, citando a resposta de Vendramini. “Ele cinicamente fez constar na ata que não tinha menor ideia que eu fosse homossexual e que não é contra o ‘homossexualismo’ e que, se um filho dele quisesse ser, sem problema, o problema são as crianças, que tem que poder crescer e fazer a opção delas.”

A profissional explica que nunca havia passado por situação similar em 27 anos como representante do MP, 17 deles atuando diretamente com júris populares. “Os tempos que estamos vivendo hoje, desde a ascensão do [presidente Jair] Bolsonaro, o obscurantismo saiu do armário. Vemos acontecer e, de fato, saiu. As pessoas estão revelando um tipo de preconceito explicitamente que até há pouco tempo se viam minimamente desencorajadas. Tudo bem que o presidente fala, mas como pode alguém falar isso?”, questiona.

Defensor posa com boina preta, exaltando ter feito parte da Rota | Foto: Reprodução/Facebook

“Nunca antes havia sentido como necessidade me assumir. Não escondi, mas não levantava bandeira. Vejo como fui covarde, omissa. Agora precisa, sim, fazer quando vejo um Vendramini falar desa maneira. Como fez Daniela Mercury, Fernanda Gentil, Zélia Duncan, figuras publicas que externaram isso, mostrar, como o beijo da Daniela. Precisa disso? Precisa. Exijo respeito, só isso. Não é privilegio, só respeito”, prossegue.

A APMP (Associação Paulista do Ministério Público), entidade que representa promotores e procuradores de Justiça em São Paulo, emitiu nota de repúdio pelos ataques promovidos por Vendramini. “É inaceitável que uma agente do sistema de Justiça, no cumprimento constitucional de suas funções, sofra qualquer tipo de ofensa. Muito pior quando se configura discriminação relacionada à sua orientação sexual”, posiciona-se. Um ato de desagravo acontecerá no dia 16 de dezembro, no Fórum Criminal da Barra Funda, em São Paulo.

‘Promotora está com ego machucado’

Ponte ouviu o advogado Celso Vendramini para entender suas falas durante o julgamento. Segundo ele, não houve nenhuma tentativa de ofender Cláudia Mac Dowell e que a promotora teve “um engano, está totalmente delirando dentro de um contexto dela própria”.

“O que falei no tribunal está gravado e pedi para a juíza deixar a gravação à disposição no processo, foi o seguinte: nunca fui contra o movimento LGBT, em hipótese alguma, nada contra. Se meus filhos fossem, aceitaria, mas não concordava com aquelas manifestações na Avenida Paulista, em que pessoas introduziram um crucifixo na vagina e no ânus. Não concordava. Achava que era um abuso muito grande, um crime contra o Código Penal”, detalha, dizendo não saber o motivo da revolta de Mac Dowell. “Falei que se ela concordasse com esse tipo de situação não poderia ser promotora de Justiça porque atentava contra a lei”.

Em entrevista para a Agência Pública, o defensor exalta ter integrado a Rota, diz ter sido absolvido de todas as mortes cometidas em serviço, exaltou ajuda que recebeu do PM aposentado Conte Lopes, exaltou falas do então deputado Jair Bolsonaro e se defendeu de acusações de ser homofóbico. “Quero deixar bem claro que o que eu fiz na televisão não era o que eu pensava. Não sou contra gay, lésbica. Na televisão eles me pediram pra fazer um tipo que hoje me pesa muito na consciência. Eu tava empolgado com a televisão”, disse à repórter Andrea Dip, citando participações em programas do SBT.

Vendramini sustenta que recentes decisões no tribunal do júri podem ser a resposta para as afirmações da promotora, citando a absolvição de seus clientes e de duas outras policiais. “Ela está chocada que perdeu o julgamento, queria condenar e não conseguiu. Está com o ego machucado, infelizmente. Uma promotora não deveria se sentir assim”, afirma o advogado, que sustenta ter citado a população LGBT+ dentro do julgamento como forma de expressar sua opinião aos jurados na tentativa de absolver seus clientes.

“No tribunal de júri temos o direito de falarmos tudo o que nós pensamos ali, existe amplitude de defesa. Só que para algumas pessoas, infelizmente, elas não aceitam quando se fala tudo no tribunal. Temos a liberdade de expressão, como a imprensa também tem, e o advogado e promotores têm. Em momento algum ofendi a pessoa dela ou a comunidade homossexual. Cada um segue seu caminho”, garante o advogado.

Segundo Vendramini, além de aceitar caso os filhos fossem LGBTs, ele possui amigos homossexuais, “um amigo de verdade, irmão meu de coração, não tem essa frescura” e voltou a condenar o ato que envolvia o crucifixo. “Sou cristão, crucifixo para mim é um símbolo cristão. Pega e enfia na buceta e no cu, acha que vou gostar? Por quê fazer isso? Não precisa disso. Dá-se ao respeito que o respeito virá automaticamente, normalmente. A doutora lá está viajando, não sei o que ela está querendo, está tudo gravado”, continua Vendramini.

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Esse é do tipo que usava a farda para , provavelmente, assassinar pessoas gratuita e covardemente…

Absolvido em todos os casos pelo simples fato de a Justiça Militar raramente condenar policial matador. 

Agora, como advogado,  veste a beca para , aparentemente, conforme insinua a matéria acima ,  assassinar a honra e a dignidade das pessoas sob o pretexto da ampla defesa de  homicidas fardados!

E na falta de melhores argumentos, educação  e formação intelectual – conforme se verifica da sua fala – ataca de forma vil e covarde a intimidade da Promotora. 

Cometeu ofensa sim…

Pior: de forma indireta e covarde!

Desonrando a advocacia e a OAB.