O delegado Alexandre Ramagem se respeitar a ética profissional da sua carreira e a moralidade administrativa declinará dessa estapafúrdia nomeação para o cargo de diretor-geral da Polícia Federal…Sendo desonesto e arrivista gozará alguns meses de fama e depois 20 anos na lama 33

 

 

Alexandre Ramagem, que pode comandar a PF, e Maurício Valeixo, demitido do cargo por Jair Bolsonaro. O presidente não é obrigado a manter o defenestrado, mas pode ser impedido pela Constituição de escolher o amigo da família - Agência Senado e Denis Ferreira/Estadão Conteúdo

 

Integrante de uma geração mais nova na PF, tendo ingressado na corporação em 2005, há uma expectativa que Ramagem busque também colegas mais jovens para compor os principais cargos de direção da PF, rompendo a tradição que era respeitada na Polícia Federal. Esse fato desagrada a delegados com mais tempo de carreira, que apontam não ser adequado ter uma “carreira meteórica” dentro da PF e atingir o topo tão rapidamente, como ocorreria com Ramagem e sua equipe. O antecessor Valeixo, por exemplo, tinha 23 anos dentro da corporação.

 

Delegados pedem a Bolsonaro ‘distância republicana’ da PF 6

Delegados pedem a Bolsonaro ‘distância republicana’ da PF

No mesmo documento, a Associação dos Delegados de Polícia Federal diz que existe hoje uma ‘crise de confiança’ com o governo federal e quer o andamento de antigas pautas, como a autonomia financeira e o mandato para diretor-geral

Luiz Vassallo e Fausto Macedo

26 de abril de 2020 | 19h55

O presidente Jair Bolsonaro participa de videoconferência no Palácio do Planalto, em Brasília. Foto: Sergio Lima / AFP

Em carta aberta divulgada neste domingo, 26, a Associação dos dos Delegados de Polícia Federal pediu que o presidente mantenha um ‘distanciamento republicano’ da instituição para evitar que seus atos sejam vistos como uma ‘intervenção política’. No mesmo documento, a entidade diz que existe hoje uma ‘crise de confiança’ com o governo federal e quer o andamento de antigas pautas, como a autonomia financeira e o mandato para diretor-geral.

Segundo os delegados, ‘embora seja absolutamente verdadeira a premissa de que a legislação reservou ao Presidente da República a nomeação do Diretor-Geral da Polícia Federal, trata-se de um pilar do Estado Democrático de Direito que o estadista se limite a escolher o comandante da instituição, sempre buscando o delegado mais preparado técnica, moral e psicologicamente para a função’.

“A partir da nomeação e posse, manda o interesse público que o Presidente mantenha uma distância republicana, de modo a evitar que qualquer ato seu seja interpretado pela sociedade como tentativa de intervir politicamente nos trabalhos do órgão, que por sua natureza costuma realizar investigações que esbarram em detentores do mais alto poder político e econômico, e tem como corolário de suas atribuições constitucionais exercer uma parcela do controle dos atos da administração pública federal, incluindo os da própria Presidência da República”, afirma a entidade.

No documento, os delegados dizem acreditar que a atual crise, envolvendo a saída do ministro Sérgio Moro, poderia ter sido evitada: “Provavelmente, se as premissas e esclarecimentos acima tivessem sido compreendidos e corrigidos os possíveis entraves de comunicação entre V.Exa e a Polícia Federal, os fatos que presenciamos nesta semana não teriam ocorrido e não estaríamos vivenciando as circunstâncias atuais.

O ex-ministro Sérgio Moro anuncia seu pedido de demissão. Foto: Evaristo Sá / AFP

Entre as solicitações, os Delegados Federais pediram que Bolsonaro assumisse um compromisso de encaminhar ao Congresso Nacional, projetos que possam prever autonomia financeira para a Polícia federal e mandato para o Diretor-Geral.

A carta afirma que, se forem acatadas, “tais medidas serão um legado de seu governo para o Brasil e dissiparão qualquer dúvida sobre as intenções de V.Exa. em relação à Polícia Federal”.

Mauricio Leite Valeixo. Foto: Denis Ferreira Netto/Estadão

O documento, segundo a entidade, ainda pontua a real competência do chefe do Executivo em relação à Polícia Federal, bem como explica ‘como se configuram os pedidos de informações sobre inquéritos e a própria investigação do atentado ao presidente’.

“Atualmente, tramitam duas ações com o objetivo de resguardar a Polícia Federal, uma sobre autonomia administrativa, financeira e orçamentária da instituição (PEC 412/2009) e outra conferindo mandato ao Diretor-Geral (PEC 101/2015), que seria indicado pelo presidente, mas não poderia ser exonerado durante o período de permanência no cargo”, completa a ADPF.

O que fala em pé, não fala sentado! Presidente sem palavra é o mesmo que homem sem honra. 20

Autor: Amigo do 9º andar da Brigadeiro Tobias

morocomunista

O mais respeitado e admirado quadro do governo bozonazi acaba de se demitir. Antes tarde do que nunca. Sai Ministro da Justiça de cabeça erguida para voltar em breve como Presidente da República.
O perfil e biografia do Ex Ministro Sergio Moro não pactua com coisas erradas, quiça criminosas deste governo.
Existe muita coisa podre no governo bozonazi, entre elas, o ainda não esclarecido mandante do assassinato da Mariele e, a “rachadinha” que a bem da verdade era uma verdadeira cratera de propina para integrantes da seleta familícia bozonazi.
Sabe como é né, quem tem “rachadinha” tem medo.
Bozonazi é um perigo para a segurança interna e externa do país, mormente com esse debilóide que ocupa o cargo de chanceler no Brasil.
Par substituir O jurista e ex juiz federal Sergio Moro vai um major da PM do Distrito Federal.
Se acha que piorou tudo, pode aguardar que a coisa vai ficar bem pior.
O seu Presidente da República Federativa do Brasil é um MENTIROSO, quiça criminoso, por tentar acobertar ou atrapalhar a lisura das investigações da Polícia Federal. Ao convidar o Ex Ministro Sergio Moro deu a palavra que ele teria carta branca para escolher seu “staf” e que não faria ingerência nenhuma. Olha no que deu. Presidente sem palavra é igual a um homem sem honra.
Lixo de governo.
Ô Datena, me ajuda ai pô. Fica protegendo esse lixo. O anterior era ladrão e esse é louco e sem palavra.

Reunião das chefias do DEIC-6 28

Reunião de apresentação da nova chefia de investigadores e seus subordinados das delegacias do novo  “DIGÃO”,  “classe especial”.

Depois de uma breve preleção entre os tiras :  com aquelas mentiras de sempre: o Diretor quer produção , o Delegado  titular quer produção , o Dória quer muita visibilidade do órgão…

Vem a pergunta final: e o 1530!

Resposta – o Dr. Corona capou…

Ah, é assim!

A gente assume e não vem nada…

Resposta – nada pra ninguém!

Moral da estória ,  aberto ou fechado  alguém tem que dar o deles!

 

Bolsonaro e o risco de um golpe policial 34

  • Bolsonaro e o risco de um golpe policial

Pedro Ladeira/Folhapress

Renato Sérgio de Lima

Texto de autoria de Rafael Alcadipani*

Todas as vezes em que emerge um arroubo golpista de Jair Bolsonaro, há questionamentos se as Forças Armadas brasileiras bancariam uma aventura autoritária do Presidente. Porém, pouco se tem falado das polícias que, na prática, possuem um efetivo na ativa bem maior do que as próprias Forças Armadas e que, em larga medida, votaram e apoiaram com entusiasmo Bolsonaro nas últimas eleições. O que, em outras palavras, coloca-nos a questão se, a depender das condições políticas, os policiais se rebelariam contra a democracia e ajudariam o presidente a fechar o Congresso e o STF?

Vale relembrar que Bolsonaro utilizou quartéis da PM, unidades da Polícia Civil e da Polícia Federal como verdadeiros palanques. Inúmeros policiais utilizaram e utilizam as redes sociais para defender Bolsonaro e suas ideias. Diante de todo este explícito apoio, com a conivência dos comandos das polícias, a pergunta faz todo sentido. Porém, é preciso perguntar por que policiais apoiam em peso Bolsonaro. Tal apoio se deve a dois fatores principais. Primeiro, policiais se sentem incompreendidos e desconsiderados pela imprensa e pela sociedade em geral. Isso se alia a condições de trabalho extremamente desafiadoras e questões ligadas a baixa remuneração. Segundo, Bolsonaro tem um claro discurso de “bandido bom é bandido morto” algo que é implícita e explicitamente aceito por parte da sociedade brasileira e por policiais. Diante disso, será que este apoio se reverteria em uma sublevação policial pró golpe Bolsonarista?

Para responder a estas perguntas precisamos lembrar que temos várias polícias no Brasil com características próprias e especificidades tanto institucionais-operacionais quanto regionais. Da ditadura para os dias de hoje, todas as forças policiais se profissionalizaram e ficaram mais técnicas. Mas, a Polícia Federal é a polícia mais estruturada, organizada e técnica do país e o seu profissionalismo extremo tende a deixá-la mais longe de aventuras. Porém, o número de policiais federais é muito menor do que de policiais civis e de PMs e teria, sozinha, dificuldades para impedir um movimento golpista das demais instituições policiais.

Nos Estados, temos as Polícias Civis e Militares. As Polícias Civis possuem características culturais muito diferente das PMs. Além disso, elas foram sucateadas ao longo dos anos e hoje estão debilitadas tanto em termos de efetivo quanto de materiais. As Polícias Civis são comandadas por bacharéis em direito, o que lhes gera uma tendência de apoio a institucionalidade jurídica. Além disso, policiais civis tendem a ter uma mentalidade mais flexível e realizaram uma transição mais forte da ditadura para a democracia em suas práticas cotidianas. Na realidade, isso significa que tais instituições estariam menos propensas a seguir uma radicalização política na prática. Porém, o efetivo da Polícia Civil é quase 1/3 do efetivo das PMs.

O grande fiel da balança para um golpe pró-Bolsonaro está nas PMs, pois são as maiores forças policiais do país. Policiais em geral e as PMs em particular tendem a serem vistos de forma única pelas pessoas. A noção de PMs como pessoas pouco estudadas não se sustenta na realidade. Em muitos Estados do Brasil, PMs exigem um diploma universitário para o ingresso na carreira. Há inúmeros PMs graduados em direito, tanto nas praças quanto entre os oficiais. Há uma longa formação nas academias e a progressão na carreira depende de cursos. Os oficiais, em especial, tendem a ser muito bem preparados e capacitados.

Embora Bolsonaro personifique todos os estereótipos que os militares buscam evitar, a defesa do militarismo por Bolsonaro é muito bem-visto dentro das PMs. Mas, seus arroubos cada vez mais frequentes têm reduzido sua aceitação. A despeito dos inúmeros casos de abusos de PMs que surgem na mídia, as instituições possuem em seu curriculum disciplinas de Direitos Humanos. Além disso, a maioria dos milhões de atendimentos das PMs no Brasil não geram não conformidades. As PMs enfrentam um problema importante: a imagem dos PMs políticos eleitos que tendem a ser explícita ou implicitamente pró-Bolsonaro e contra os governadores estaduais colou nas instituições.

Além disso, a boa maioria dos parlamentares das PMs que são eleitos possuem um discurso em prol da violência e dos abusos policiais. Além disso, muitos PMs da reserva radicalizaram o discurso pró-Bolsonaro. A voz dos PMs radicais ecoa muito mais do que a voz dos moderados, principalmente nas mídias sociais. Os comandos das polícias são extremamente lenientes com as postagens radicais de seus policiais e isso afeta a imagem da instituição. Tudo isso gera a sensação de que as PMs fariam qualquer coisa para defender o “mito”. Mas, será?

Muitos oficiais da PM dizem que a “hierarquia e a disciplina são nossa maior virtude e nosso maior defeito”. Diante disso, PMs estariam dispostos a romper a hierarquia e a disciplina, pilares centrais da instituição, para uma aventura Bolsonarista? O rompimento da hierarquia e disciplina pode esfacelar uma organização militar e teria um efeito direto nos comandantes. Além disso, uma tentativa de golpe frustrado teria efeitos devastadores na reputação institucional das PMs e há poucas coisas que um PM respeita mais do que a própria instituição.

Outro ponto a se destacar é que PMs se percebem como pessoas que seguem as leis à risca e respeitam as instituições. Diante disso, é muito pouco provável que instituições policiais brasileiras apoiem uma aventura bolsonarista. A atual geração que comanda as polícias brasileiras ainda sofreu o rechaço social pela atuação de suas instituições na ditadura militar brasileira e sabem que o golpismo gera uma dívida histórica muito difícil de pagar.

Entretanto, nas polícias de nosso país há uma prevalência de questões psicológicas e psiquiátricas que muitas vezes são ignoradas ou negligenciadas. Por isso, há a possibilidade real de que “lobos solitários” extremamente radicalizados atuem em defesa de Bolsonaro de duas formas.

A primeira caso Bolsonaro proponha um golpe, estes elementos radicalizados podem tentar sublevar unidades policiais específicas a favor do Presidente. Muito possivelmente as próprias polícias resolveriam o problema. Mas, haveria uma grande repercussão. A segunda forma seria que algum indivíduo radicalizado e totalmente desequilibrado atentasse contra a vida de um governador, por exemplo. O próprio atentado contra Bolsonaro mostra o risco de um lobo solitário.

Anos de questões salariais e de negligência dos governos estaduais para com as polícias tem gerado tensões entre policiais e governantes. Bolsonaro explora isso muito bem. No atual momento, estas tensões podem aflorar e gerar repercussões desastrosas pela ação de um indivíduo. Se por um lado as nossas polícias tendem a ser garantidores de nossa democracia, por outro a facilidade com que as ideologias autoritárias navegam nestas instituições precisa ser combatida. Afinal, não é nada normal cogitar que polícias possam apoiar um Presidente golpista.

*Professor da FGV-EAESP e membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública

Sem partido e sem rumo, capitão criou uma seita de fanáticos milicianos 5

Ricardo Kotscho

Colunista do UOL

03/04/2020 14h35

A estética é meio assustadora, parece que o país está indo à guerra e convocando os reservistas.

Desde a noite de quinta-feira, circula ferozmente nas redes sociais um cartaz ilustrado com Bolsonaro envergando a faixa presidencial em que se lê:

“Santa convocação do nosso presidente Jair Messias Bolsonaro para um JEJUM NACIONAL. 05 DE ABRIL/PRÓXIMO DOMINGO. “A todos os líderes evangélicos e seus respetivos ministérios, convocamos a todos para esse Jejum Nacional em prol da nossa nação”. Segue um versículo bíblico.

Sem partido, sem base parlamentar, sem comando sobre seus ministros, completamente perdido em meio à pandemia de coronavírus, capitão Bolsonaro apega-se cada vez mais à sua base de crentes fanáticos, cevados pela milícia digital nas redes sociais.

Alguns deles se postam todos os dias à entrada do Palácio da Alvorada para louvar seu líder e hostilizar os jornalistas, eleitos como os grandes vilões, ao lado do governador paulista João Doria, que Bolsonaro acusa de “fazer terrorismo”. Agem e comportam-se como milicianos.

Nesta sexta-feira, não foi diferente. Assim que o comboio presidencial estacionou junto ao cercadinho que separa os dois grupos, sem falar com a imprensa, ao descer do carro o capitão foi direto falar com os devotos da seita bolsonarista e começou a fazer o habitual discurso contra os governadores, a quem acusou de promover desemprego em massa, miséria, fome e violência.

“Chega para cá, pessoal, fica longe da imprensa”. Chamou os jornalistas de “urubus” e, apontando para eles, proclamou: “Eu não cheguei aqui pelo milagre da facada, né? Não ganhei a eleição para perder para esses urubus aí”.

Depois de comparar a pandemia do coronavírus a uma chuva, que vem e que passa, apenas molhando alguns pelo caminho, ouviu sermões e aclamações, como se estivesse num culto neopentecostal, com louvações a Deus e ao capitão, nessa ordem.

A convocação para o “Jejum Nacional” de domingo faz parte desta escalada mística de Bolsonaro nos últimos dias, feito um Antonio Conselheiro redivivo, com um olho nos templos da seita e outro nos quartéis.

Antes de partir, ele contou outra mentira: “A opinião pública está vindo para o nosso lado”, assegurou aos fiéis, na mesma hora em que a XP Investimentos divulgava nova pesquisa, na qual 80% da população aprova o isolamento social defendido pelo Ministério da Saúde, que Bolsonaro tanto combate.

A rejeição ao seu governo subiu para 42% (era de 36% em março) e a aprovação caiu dois pontos, para 28%.

Despencando nas pesquisas e em confronto aberto com todo o mundo civilizado, motivo de chacota na imprensa internacional, 15 meses após a posse Bolsonaro está vendo de perto o fundo do poço em que se meteu.

Só isso explica como ele pode propor jejum a um povo em que o desemprego, a miséria e o desalento não param de crescer, num país onde a fome já faz parte do dia a dia de cada vez mais brasileiros.

“Tirando os pastores, 80% do rebanho está em jejum permanente”, comentou o internauta Alan Barreto Silva no meu Facebook.

Com seus discursos alucinados, ele está fazendo com que já aumente o movimento de gente e de carros nas ruas, exatamente no momento em que se aproxima o pico da pandemia previsto para esse mês.

Em tempo: já foi identificada a professora que pediu ao presidente para colocar o Exército nas ruas e reabrir o comércio, em vídeo divulgado por Bolsonaro.

Trata-se de Fátima Montenegro, empresária de Brasília, militante bolsonarista de raiz, que publicou um vídeo nas redes sociais comemorando a vitória na eleição, com o título:

“O dia em que o Brasil voltou a respirar”.

Estamos vendo…

Assim como no caso do “desabastecimento” do Ceasa de Belo Horizonte, divulgado em outro vídeo presidencial esta semana, e logo desmascarado, trata-se de ficções produzidas pelo “gabinete do ódio” que assumiu o poder de fato.

Posso estar enganado, mas não tem como isso aí, como diz o presidente, perdurar por muito tempo, talkei?.

Não vai ser o jejum que devolverá comida no prato, os empregos e os salários perdidos.

Que falta faz ter um presidente da República, digno do cargo, para comandar o país nesta hora de tantas dificuldades para todos.

A grande farsa está chegando ao fim, espero.

Bom fim de semana.

Vida que segue.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL

Se tem sangue, me interessa’: as mulheres que querem ser peritas criminais 9

Alunas se preparam para um workshop sobre Local de Crime ministrado por peritos criminais em SP - Marie Declercq/UOL

Alunas se preparam para um workshop sobre Local de Crime ministrado por peritos criminais em SP

Imagem: Marie Declercq/UOL

Marie Declercq

Do TAB

21/04/2020 04h00Atualizada em 21/04/2020 22h10

Pouco antes de a quarentena ser decretada na capital paulista, cerca de 20 pessoas chegaram cedo a um hotel na zona sul da cidade para assistir ao curso “Local de Crime”, ministrado pelo casal de peritos criminais Rodrigo Wenceslau e Débora Lima Colombelli. Ao longo de oito horas, o casal explicou o básico da profissão e as várias etapas do concorridíssimo concurso público, e mostrou fotos explícitas de cenas que viram em Costa Rica (MS), cidade onde estão alocados. Dos 17 alunos, 15 eram mulheres.

A perícia criminal é uma das carreiras da polícia científica, um ramo da atividade policial que aplica métodos específicos para a coleta de provas materiais que ajudam a deduzir a ordem dos fatos e a autoria do crime investigado. Pelos desafios exigidos pela área, como analisar cenas de crimes violentos, manipular cadáveres e correr diversos riscos em locais insalubres, a profissão costuma ser mais associada aos homens.

No curso ministrado pelo casal de peritos mato-grossenses, a presença de mulheres jovens cursando ensino superior em áreas das ciências biológicas era considerável, derrubando o estereótipo de ser uma profissão masculina. “95% das pessoas que nos abordam para perguntar sobre a profissão e fazer nossos cursos são mulheres”, conta Rodrigo Wenceslau. Débora Colombelli, perita especialista em papiloscopia (identificação por impressões digitais), confirma. “Quando comecei, era bem equilibrado o número de homens e mulheres. Hoje vejo muito mais mulheres querendo seguir carreira, não só na parte de criminalística mas também na polícia convencional”, conta.

Na reta final do curso, as participantes tiveram de formar grupos para analisar a cena de crime improvisada por Wenceslau com uma boneca, além de colher digitais no automóvel do casal. Não empolgou tanto quanto as fotos de cenas de crime mostradas através do projetor, com rostos borrados para ocultar a identidade dos cadáveres. “Temos sempre de ser imparciais em nossa profissão, mas ser imparcial não é ser insensível”, conta Colombelli. “No começo da carreira, algumas mulheres podem sofrer um pouco ao entrar em contato com cadáveres e cenas de crimes violentos, mas elas se adaptam rápido. As pessoas que frequentam os cursos me parecem bem mais resolvidas nesse sentido. Ninguém se importa muito com as tragédias, acredito que muitas até gostem de ver. Tenho certeza que foi [a série de tv] ‘CSI’ e a internet que despertaram todo esse interesse na perícia.”

Porta de entrada para a ciência?

No mercado de trabalho brasileiro, as mulheres saem na frente em termos de formação superior, mas a presença feminina em áreas mais voltadas para a atividade científica é menos expressiva. A ciência forense pode representar uma porta de entrada menos convencional nesse campo.

Um fenômeno muito semelhante foi registrado nos Estados Unidos. Em publicações de ciência forense, pesquisadores acreditam que seriados de televisão com temática policial e protagonistas femininas atuando como peritas ajudaram no crescimento da participação de mulheres nessas áreas. Ainda que a presença feminina não seja tão marcante nas áreas STEM (sigla em inglês para Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática), é avassaladora na ciência forense: os principais cursos especializados para trabalhar na área de ciência forense são feitos por mulheres, alguns até somando acima de 70%.

Nayra Reis, presente no curso dos peritos em São Paulo, abandonou o curso de Direito para cursar Farmácia, uma graduação que lhe pareceu mais útil na jornada para se tornar perita criminal. “Quero trabalhar em laboratório na polícia científica”, conta a estudante, que nos últimos três anos vem se preparando para o concurso público. “Já tenho experiência com isso, por causa do meu trabalho. Se eu cair em Local de Crime, tudo bem, mas vai exigir um pouco mais de trabalho psicológico.”

Nathaly Rodrigues Rosa, uma das alunas do workshop de perícia criminal, extrai digitais de um copo durante uma dinâmica do curso - Marie Declercq/UOL
Nathaly Rodrigues Rosa, uma das alunas do workshop de perícia criminal, extrai digitais de um copo durante uma dinâmica do curso

Imagem: Marie Declercq/UOL

Durante o curso, Nathaly Rodrigues Rosa, estudante de Ciências Biológicas, compartilhou sua experiência de testemunhar um caso de violência doméstica grave na própria família. “Não foi minha principal motivação para buscar essa área, mas com certeza a busca pela justiça me dá forças”, afirma. Rosa diz nem considerar uma segunda opção de carreira. Toda a sua preparação acadêmica é voltada para se tornar perita. “A área policial e criminal foi onde me encontrei. Estou disposta a mudar de cidade se abrirem um concurso em outro estado”, diz.

Trabalho sujo, mas apaixonante

As mulheres só começaram a ser aceitas na polícia brasileira a partir da segunda metade do século 20. É natural, portanto, que homens ainda sejam maioria na atividade policial, mas a presença feminina na polícia científica já é considerável nos Institutos de Criminalística de diversos estados brasileiros. No Pará, por exemplo, a polícia científica conta com 45% de mulheres no efetivo. No Rio Grande do Sul, onde a perícia é realizada por um órgão autônomo vinculado à secretaria estadual de segurança pública, mulheres já ocupam cargos de chefia.

“Hoje, no Instituto-Geral de Perícias, as funções de chefias e diretorias são em sua maioria exercidas por mulheres”, conta Mariana Pellizzari, perita criminal do Rio Grande do Sul. “A chefe da Seção de Atendimentos de Locais, a Diretora do Departamento de Criminalística e a Diretora-Geral do IGP-RS são todas mulheres. No meu dia a dia, trabalho com peritas, papiloscopistas, fotógrafas criminalísticas e motoristas mulheres.”

Mariana Pellizzari, perita criminal do Rio Grande do Sul, diz ser apaixonada pelo trabalho, apesar dos desafios - Arquivo Pessoal
Mariana Pellizzari, perita criminal do Rio Grande do Sul, diz ser apaixonada pelo trabalho, apesar dos desafios

Imagem: Arquivo Pessoal

Pellizzari é formada em Medicina Veterinária e trabalha há mais de dez anos como perita criminal em Porto Alegre, a sétima capital mais violenta no país. Nos último cinco, tem se dedicado exclusivamente a atender locais de crime. Para ela, o trabalho é apaixonante. “Às vezes é até um pouco constrangedor dizer que amo atender locais de morte. Tenho compaixão pelas pessoas e pelas situações, lamento as mortes, mas quando atendo procuro ser profissional, afastando o viés emocional do meu trabalho. Tenho paixão pelo atendimento, pela proposição da dinâmica dos fatos, pela busca da verdade e por poder dar voz a quem já não tem: a pessoa morta”, explica.

Em São Paulo as mulheres representam 32,4% dos peritos criminais no Instituto de Criminalística, vinculado à Superintendência da Polícia Técnico-Científica (SPTC). Entre elas está Maria Paula Valadares, trabalhando também há mais de uma década atendendo ocorrências de crimes contra a pessoa na capital paulista.

“Quando entrei percebi, claro, algum machismo, como ir até um local de crime e ser recebida com espanto pelas pessoas por ser mulher e mais jovem na época. (…) As pessoas achavam estranho uma mulher mexendo no cadáver ou tirando um enforcado da corda. Mas o número foi se equilibrando dentro da instituição. Antes a maioria das mulheres mais antigas na instituição trabalhavam nos setores internos, não estavam na rua. Estavam por exemplo nos laboratórios de química e biologia, ou nos núcleos de documentoscopia, que são bastante femininos. Hoje em dia os efetivos dos plantões são bem mais equilibrados. Tem mais mulheres fotógrafas, mais mulheres legistas”, conta Valadares.

A busca feminina pela boa formação acadêmica em áreas relacionadas à ciência forense também é um fator determinante para o crescimento do número de mulheres na polícia científica. “As mulheres estão muito bem formadas, e isso agrega valor para a instituição, porque temos profissionais com mestrado e doutorado ingressando na área”, explica a perita, graduada em Química e doutora em Biotecnologia pela Universidade de São Paulo (USP).

A perita criminal Maria Paula Valadares atende locais de crimes na capital paulista há mais de dez anos - Reprodução/SSP
A perita criminal Maria Paula Valadares atende locais de crimes na capital paulista há mais de dez anos

Imagem: Reprodução/SSP

O interesse nos concorridos concursos públicos para o cargo de perito criminal é alto, mesmo com a rotina puxada do cotidiano da polícia científica. Os plantões passam de 24 horas, ainda há pouca infraestrutura para uma boa investigação e o contato intenso com crimes violentos exige uma estrutura psicológica firme para que o profissional não se deixe afetar. Mas as peritas acreditam que certas características socialmente relacionadas ao gênero feminino, como a atenção aos detalhes, se encaixam perfeitamente nas exigências da profissão.

“Cuidado, atenção e capricho na realização de um trabalho são características muito relacionadas ao feminino na sociedade. E é uma profissão apaixonante, cada vez mais divulgada pelas mídias, redes sociais e até em seriados. (…) Às vezes a pessoa acha o trabalho bonito, mas deve atentar que poeticamente pode até ser bonito, mas na realidade das ruas o trabalho da perícia é exaustivo, arriscado, sujo e impactante. Vemos todos os dias miséria, violência extrema e uma face da sociedade que fica escondida para a maioria, e além de atender os locais elaboramos laudos complexos, criando um volume bastante elevado de trabalho. É preciso vocação e boa equilíbrio mental para trabalhar na área”, afirma Pellizzari.

Marina Ferrarezi busca digitais em uma dinâmica do curso de perícia criminal. Estudante de Biomedicina, quer seguir carreira de perita e adora assistir vídeos no YouTube sobre crimes verdadeiros - Marie Declercq/UOL
Marina Ferrarezi busca digitais em uma dinâmica do curso de perícia criminal. Estudante de Biomedicina, quer seguir carreira de perita e adora assistir vídeos no YouTube sobre crimes verdadeiros

Imagem: Marie Declercq/UOL

Interesse pelo gênero “true crime” também é predominantemente feminino

As alunas do curso têm diferentes motivos para desejar seguir uma carreira de perita criminal, mas uma característica em comum é gritante: todas são ávidas consumidoras de séries, podcasts, livros e canais de YouTube sobre crimes verdadeiros, gênero conhecido como “true crime”.

“Gosto muito de acompanhar canais de YouTube sobre crimes. Em especial sobre serial killers, sobre os quais eu adoro pesquisar. Uma época fiquei bem interessada na história do Ted Bundy, mas virou moda”, conta Marina Ferrarezi, estudante de Biomedicina.

“Se tem sangue, eu me interesso”, revela Cristiane Reis, administradora de pet shop que está estudando para prestar concurso. “Nunca assisti novelas, mas acompanho matérias jornalísticas. Sempre assisto esses telejornais com notícias de mortes. (…) Pode parecer meio mórbido, mas quando era criança eu adorava acompanhar enterros. Sempre queria entender como a pessoa morreu, o que era aquela marca roxa na pele do defunto. Fiz curso técnico de enfermagem para entender algumas coisas. A parte macabra da profissão é o de menos pra mim.”

Grande parte das mulheres presentes no curso mencionou os filmes “A menina que matou os pais” e “O menino que matou meus pais”, cujos lançamentos foram adiados por causa da pandemia, e contam a história de Suzane von Richthofen e dos irmãos Cravinhos. O roteiro é assinado por Raphael Montes e pela escritora e criminóloga Ilana Casoy, uma das mais conhecidas especialistas brasileiras em mentes criminosas.

Ivan Mizanzuk, idealizador dos podcasts “AntiCast” e “Projeto Humanos”, diz que se impressionou com a grande audiência feminina que a quarta temporada do “Projeto Humanos” conquistou investigando o assassinato brutal do menino Evandro Ramos Caetano, cometido em 1992 no litoral do Paraná, supostamente por um culto satânico.

“Minha audiência em “O caso Evandro” teve picos de audiência feminina que ultrapassaram 50%”, conta. “Em um primeiro momento não parece grande coisa, mas segundo a Podpesquisa, o público de podcasts é bastante masculino. Em 2018 era 84% masculino, e em 2019 passou para 72% masculino e 27% feminino. Ainda são poucas as mulheres que escutam podcasts. Sabemos disso porque os podcasts brasileiros vêm de uma cultura nerd, um grupo um pouco complicado para mulheres. (…) Por isso, quando vejo a média de ouvintes mulheres no Brasil e vejo que metade da audiência de “O caso Evandro” é feminina, é muita coisa.”

Em alguns episódios de “O caso Evandro”, Mizanzuk narra detalhes macabros e bastante chocantes do crime, afastando os mais fracos de estômago. “O curioso é que muitos homens entraram em contato dizendo que não conseguiam ouvir o programa porque eram pais. Com as mulheres ouvi relatos parecidos, mas ao mesmo tempo lembro sempre de uma ouvinte dizendo que era viciada no podcast por ser uma coisa que ela podia ouvir enquanto amamentava o filho (risos).”

O interesse por true crime não se restringe apenas a quem deseja seguir carreira na polícia. Segundo escritoras que exploraram o grande interesse feminino em crimes macabros, múltiplos fatores explicam esse fenômeno — mas sem oferecer nenhuma resposta fácil.

“Uma explicação comum é que histórias de crimes verdadeiros permitem que mulheres explorem sua vulnerabilidade e falem a respeito dela. Ler um caso sobre um stalker que assassinou a namorada pode ser uma forma de uma mulher processar as próprias ansiedades”, especulou Rachel Monroe, jornalista dos EUA que escreveu um livro sobre o tema, em entrevista ao jornal inglês The Guardian.

Assassinato, ela escreveu

Na ficção, não são poucas as personagens femininas que se debruçam sobre crimes violentos para descobrir os responsáveis. Agatha Christie, a mais notória escritora do gênero policial, criou a detetive amadora Miss Jane Marple em contraponto ao rabugento policial belga Hercule Poirot. Nos livros de Thomas Harris, a agente do FBI Clarice Sterling se consulta com Hannibal, o sofisticado serial killer antropófago. Na televisão são inúmeros os exemplos de mulheres trabalhando com investigação policial, como as investigadoras da equipe do “CSI: Las Vegas”, a investigadora de crimes sexuais Olivia Benson em “Law & Order: Special Victims Unit” e assim por diante.

Diorama de uma cena de crime feito por Frances Glessner Lee, considerada "mãe da ciência forense", para treinar investigadores policiais - Lorie Shuall/Wikimedia Commons
Diorama de uma cena de crime feito por Frances Glessner Lee, considerada “mãe da ciência forense”, para treinar investigadores policiais

Imagem: Lorie Shuall/Wikimedia Commons

Mulheres conduzindo investigações criminais com o sangue frio necessário para analisar uma tragédia não marcam presença somente na ficção. Mulheres também foram responsáveis pelo avanço da área no mundo real, como no caso de Frances Glessner Lee, cientista norte-americana considerada a “mãe da ciência forense” por ter inventado os dioramas — pequenas casas de bonecas que reproduzem cenas de crimes. Os dioramas são usados até hoje para treinar investigadores de homicídios e desenvolver suas habilidades de observação em cenas de crimes reais.

A antropóloga forense Clea Koff é outro nome ilustre da área, por ter trabalhado com uma equipe designada pela ONU para exumar corpos das vítimas dos genocídios de Ruanda e posteriormente no Kosovo. Koff trabalha hoje em Los Angeles com identificação de cadáveres de identidade desconhecida, e publicou um livro sobre sua profissão chamado “Bone Woman” (“Mulher dos Ossos”, em tradução livre).

Errata: o texto foi atualizado
A primeira versão deste texto afirmava que o município de Costa Rica fica em Mato Grosso. Na realidade, ele fica em Mato Grosso do Sul.

A Tragédia da dependência química: Ex-delegado rouba mercado e esfaqueia homem 24

 Publicado 07/04/2020 – 11h09 – Atualizado 07/04/2020 – 11h09

Por Alenita Ramirez

Ex-delegado rouba mercado e esfaqueia homem
Wagner Souza/AAN

Ex-delegado rouba mercado e esfaqueia homem

O ex-delegado Messias Pimentel de Camargo Júnior, de 50 anos, foi preso na manhã de ontem após roubar dois litros de álcool e três paçoquinhas de um mercadinho na Avenida Francisco Glicério, no centro de Campinas, e na fuga esfaquear o dono do estabelecimento. Ele foi detido por policiais militares próximo a uma loja na Rua Costa Aguiar.
O roubo foi por volta das 10h. O ex-delegado entrou no mercado com uma bolsa, pegou os produtos e escondeu. A ação foi registrada pelo sistema de segurança do estabelecimento.
Ao sair do local, ele foi abordado pelo dono do estabelecimento e reagiu, golpeando a vítima no braço direito com um canivete. Em seguida, fugiu.
Uma equipe da Polícia Militar que patrulhava a avenida foi acionada pela vítima, que indicou a direção de fuga do ex-delegado, localizado nas imediações da Catedral Metropolitana. Segundo a polícia, ele confirmou o ataque à vítima e os objetos foram localizados e apreendidos.
O comerciante foi na delegacia, prestou depoimentos e depois retornou ao Pronto Socorro Samaritano para tomar a vacina antitetânica.
Messias, como era conhecido na corporação, trabalhou em diversas delegacias da cidade e também em Sumaré. O pai, que era delegado regional, tinha o mesmo nome e foi achado morto no apartamento da família no Cambuí em fevereiro de 2014. Messias Júnior foi exonerado do cargo há cerca de cinco anos. Ele estava afastado da função por problemas de saúde e sofria de dependência química. O ex-delegado estaria vivendo em condições de rua. Ontem, ele foi encaminhado para o Presídio da Polícia Civil em São Paulo.

“Me afastaram para evitar contaminar a tropa”, diz PM de SP com covid-19 14

Foto ilustrativa, pois a personagem da matéria pediu para não ser identificada - Divulgação/PM-SP

Foto ilustrativa, pois a personagem da matéria pediu para não ser identificada Imagem: Divulgação/PM-SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

11/04/2020 04h01

Resumo da notícia

  • Policial militar diagnosticada com covid-19 está tratando infecção isolada em casa
  • Ela afirma que os policiais estão trabalhando 12 h nas ruas com o risco iminente
  • Segundo a soldado, não existe pracaução para preservar os policiais do estado
  • PM afirma seguir recomendações da OMS, Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde

Há duas semanas, a soldado Maria (nome fictício) da Polícia Militar de São Paulo foi diagnosticada com covid-19, a doença causada pelo coronavírus. Ela afirma estar se tratando em casa, isolada da família e dos colegas de farda. “Me afastaram para evitar contaminar a tropa”, relata.

A militar pediu que seu nome real e idade não fossem revelados, tampouco sua área de atuação, por medo de ser penalizada pela corporação. Ela trabalha em um dos batalhões da capital paulista.

“A polícia está temerosa com a contaminação da tropa. Os médicos estão afastando os policiais aos menores sintomas, porque não existe prevenção”.

Maria afirma que os policiais não têm máscara, álcool em gel ou outros itens de proteção em quantidade suficiente para lidar com a pandemia. A PM diz que fornece todas as condições necessárias.

Desde que a covid-19 chegou ao Brasil, dois membros da corporação tiveram mortes confirmadas pela doença: uma sargento de 46 anos e um militar que já não estava na ativa.

O governo de São Paulo não informa quantos dos mais de 5.000 infectados no estado (até a última quarta) eram militares. Mas diz que afastou preventivamente cerca de 450 policiais militares e 150 civis por suspeita de infecção por coronavírus.

“Iniciei com sintomas de gripe”

Maria afirma que os primeiros efeitos que sentiu lembraram os de uma gripe: um pouco de coriza e dor de cabeça. “Trabalhei normalmente. No segundo dia, trabalhei espirrando, mas me foi dito por superiores que eu estava bem e que, se tivesse falta de ar, era para ir ao médico”, relembra.

A soldado conta que, no terceiro dia, se sentiu muito ofegante ao ir ao mercado. “No quarto dia, fui ao médico da polícia, que me afastou e receitou antibiótico. Senti muita dor no peito e nas costas, dificuldade para respirar e febre baixa”, afirmou.

Tratando-se sozinha em casa, ela afirma que, quando percebeu que a falta de ar não passava, voltou ao Hospital da Polícia Militar, onde foi diagnosticada com covid-19. Foi prescrito a ela isolamento em casa e azitromicina, um antibiótico. “Ainda tenho um pouco de dor no peito e tosse. Me informaram que devo ficar afastada até o término dos sintomas”, afirmou.

Ao se curar, ela sabe que terá de voltar às ruas e enfrentar uma rotina exaustiva.

Não houve diminuição da carga horária do efetivo operacional. Todos estamos trabalhando 12h nas ruas, com risco iminente.Soldado da PM de SP com covid-19

PMs no hospital por covid-19

Um outro policial militar entrevistado pela reportagem, que esteve no Hospital da Polícia Militar nesta semana, afirmou que, no local, havia 16 PMs em observação, sete confirmados com covid-19 e outros 5 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Procuradas, PM e SSP (Secretaria da Segurança Pública) não confirmaram nem desmentiram a informação.

O tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM paulista, afirmou que a corporação está seguindo os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde), do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde. “Se não houver gravidade, recomenda-se o isolamento em casa”, disse.

Ainda segundo o porta-voz, o Hospital da Polícia Militar foi ajustado para receber policiais com covid-19. “Está ainda muito distante do limite da internação. Triplicamos a quantidade de leitos de UTI e reservamos um andar inteiro para covid-19, com a possibilidade de reverter outro, se necessário”, afirmou.

“Trabalhamos realmente com a possibilidade de termos um grande número de casos, mas estamos longe desse possível pico ainda. Tomara que continuemos assim”, complementou.

Em nota, a SSP afirmou que todo policial com suspeita de covid-19 recebe suporte necessário para a recuperação e que o Hospital da Polícia Militar funciona regularmente dentro dos padrões e normas estabelecidos.

“Independentemente da pandemia, todo policial militar pode procurar a unidade integrada de saúde mais próxima para uma avaliação médica, podendo ser colocado em licença compulsória, se necessário. O número de policiais afastados corresponde a 0,5% do efetivo das três polícias paulistas”, pontuou a pasta.

Polícias já sentem impacto das restrições em atendimentos, dizem associações 41

Polícias já sentem impacto das restrições em atendimentos, dizem associações

  • Por Jovem Pan
  • 08/04/2020 06h46
Divulgação/SSPSegundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mais de 550 policiais estão afastados por suspeita do novo coronavírus

Forças policiais relatam medo de perder efetivo por conta do coronavírus e reclamam de falta de auxílio. Sindicatos de instituições de segurança, como a Polícia Federal e a Polícia Civil de São Paulo, têm relatado preocupações semelhantes no trabalho em meio à pandemia.

A falta de materiais de higiene e o medo de perder servidores afastados com suspeita de covid-19 são os principais pontos levantados.

Segundo a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Federal, Tânia Prado, todos os servidores foram treinados para redobrar a atenção com a higiene pessoal.

“O policial já, pela própria profissão, está exposto a risco. Agora, mais ainda. Eles não podem simplesmente deixar de exercer a função porque a Segurança Pública é um bem supremo da sociedade.”

Já a presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia Civil de São Paulo, Raquel Galinatti, conta que as delegacias estão com número reduzido. “A Polícia Civil de São Paulo já tem mais de 150 policias afastados por suspeita de covid-19. O crescimento da doença é agravado pela falta de assistência do governo do Estado.”

Jovem Pan ouviu também oficiais da Polícia Militar de São Paulo que relataram o mesmo receio da contaminação diante da falta de materiais de higiene nas viaturas e batalhões.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, mais de 550 policiais estão afastados por suspeita do novo coronavírus. De acordo com a pasta, isso corresponde a 0,5% do efetivo total da Polícia Militar e da Polícia Civil.

Já a Guarda Civil Metropolitana de São Paulo tem pelo menos 130 agentes afastados por suspeita da covid-19. Cerca de 30 deles trabalham diretamente nas ruas.

Em outras cidades, como Nova York e Londres, por exemplo, centenas de policiais foram afastados após o diagnóstico da doença.

O governo de São Paulo afirma que todo policial com suspeita ou confirmação de Covid-19 é devidamente afastado, conforme orientações do Comitê de Contingência do coronavírus.

Segundo o executivo estadual, estão sendo adotadas todas as medidas necessárias para garantir a proteção, como aquisição e distribuição de novos Equipamentos de Proteção Individual, máscaras e luvas para os servidores e agentes de segurança.

*Com informações do repórter Leonardo Martins

Governador de MG diz não ter data para pagar servidores: ‘Peço desculpas’ 6

Apenas profissionais da saúde e da segurança já receberam uma previsão do governo


postado em 07/04/2020 17:30 / atualizado em 07/04/2020 17:37

(foto: Divulgação/Governo de Minas)
(foto: Divulgação/Governo de Minas)

O governo de Minas Gerais ainda não definiu a data de pagamento de salários de parte dos servidores públicos. Em entrevista ao Estado de Mina, jornal do grupo Diários Associados, na tarde desta terça-feira (7/4), o governador Romeu Zema (Novo) pediu desculpas e disse que ainda não há como prever quando os recursos estarão à disposição.

“Peço desculpas. Eu não consigo tornar previsível o que não tenho como dar previsibilidade. Não é por uma decisão deliberada que estamos deixando de pagar. É porque, infelizmente, o recurso não existe. Temos de pagar na hora que o recurso entra no cofre. Não adianta, nem se eu quisesse, emitir um cheque e mandar para todo mundo se o cheque estiver sem fundo. Peço essa compreensão”, disse.
Nessa segunda-feira, o governo informou que servidores das áreas da saúde e da segurança — serviços considerados essenciais em meio à pandemia do novo coronavírus — receberão os salários nesta quinta. A previsão de pagamento dos demais, segundo Zema, será divulgada “assim que for possível”.

O Governo de Minas Gerais informa que os servidores das áreas da Saúde e da Segurança Pública receberão o pagamento integral na próxima quinta (9/4). Esse é um grande esforço do fluxo de caixa do Estado para contemplar os profissionais da linha de frente do combate ao coronavírus

Governo de Minas Gerais

@governomg

Em razão da queda de arrecadação ocasionada pela pandemia, ainda não é possível anunciar a escala de pagamento de todos os servidores. Esse anúncio será feito tão logo seja possível.

Crise econômica

Zema atribui a incerteza sobre a data do pagamento ao momento econômico de Minas Gerais, que, assim como o resto do mundo, sofre em função dos reflexos da pandemia do COVID-19. De acordo com o governador, a arrecadação do estado caiu. Os gastos, especialmente os direcionados ao combate ao coronavírus, aumentaram. Por isso, ainda não há dinheiro em caixa para pagar salários.
“O estado, num mês normal, quero deixar muito claro para o servidor que está nos assistindo, tinha sempre uma arrecadação que se repetia de janeiro a dezembro. Havia uma repetição. Nos últimos 15, 20 dias, nós assistimos a uma situação totalmente excepcional e imprevisível. A média diária de arrecadação caiu drasticamente. Com isso, passamos a não ter condição de prever. É alguém que vendia todo dia 100 picolés e agora tem dia que vende cinco, 20, 15. Como essa pessoa vai fazer uma previsão se a estabilidade ficou totalmente afetada?”, questionou.

Nióbio

Em seguida, Zema voltou a falar sobre a venda dos créditos do nióbio pela Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) como solução para pagar o salário o 13º de 2019 de parte dos servidores. “Tenho esperança. Estou empenhado pessoalmente, porque esse recurso é que vai proporcionar o pagamento que ainda falta do 13º,  pois 15%, uma minoria, ainda não recebeu, e o salário que está atrasado”, disse.
Apesar de se dizer esperançoso, Zema admitiu que o momento econômico mundial dificulta as negociações. “Não está descartada, mas quem acompanha qualquer tipo de noticiário hoje sabe que o mercado financeiro está praticamente todo paralisado. Não ocorre nenhuma operação. Nós tivemos a infelicidade de a operação ter sido lançada exatamente neste momento em que o mercado ficou parado. Já estamos conversando em Brasília com bancos oficiais para que eles assumam essa operação. Já que o mercado está parado, e é uma operação que dá resultado a quem fizer, comprar os títulos e papéis, por que não um banco oficial fazer isso?”, concluiu.

Roberto Monteiro, delegado titular da 1ª Seccional Centro, e o chefe dos investigadores da 1ª Seccional, Luiz Zaparolli, desmentem os boatos sobre arrastões na cracolândia e região central da Capital 6

Polícia de SP nega arrastões na cracolândia durante quarentena por covid-19

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

06/04/2020 14h00

Na última semana, voltaram a circular como se fossem atuais vídeos antigos de depredações e de tumultos na região da cracolândia, no centro de São Paulo, incluindo um episódio que terminou com tiros, agressões e roubo de arma de um guarda municipal.

A Polícia Civil de São Paulo afirmou ao UOL, hoje, que os boatos de ataques na região central de São Paulo agora, em meio ao isolamento necessário devido à covid-19, são “fake news”.

A SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou à reportagem, por meio de nota, que não recebeu, entre ontem e hoje, nenhum chamado de ocorrência na região da cracolândia. Não houve acionamento da PM (Polícia Militar) e também não houve operação da Polícia Civil, segundo a pasta.

Um vídeo produzido pela SSP mostra Roberto Monteiro, delegado titular da 1ª Seccional Centro, e o chefe dos investigadores da 1ª Seccional, Luiz Zaparolli, desmentindo os boatos, como estratégia para acalmar a população.

“Tudo o que está correndo nas redes sociais sobre o centro, dizendo que está tendo arrastões, depredações, dano ao patrimônio público, até assaltos praticados por pessoas que vivem na cracolândia e são usuários de drogas, nada disso está acontecendo”, afirma o delegado Monteiro.

O delegado complementou que tando a Polícia Civil quanto a Polícia Militar e a GCM (Guarda Civil Metropolitana) estão se empenhado. Segundo ele, a população tem ajudado o trabalho da polícia, mantendo a ordem e o isolamento social. “Não acreditem em fake news”, acrescentou.

Chefe dos investigadores do centro, Zaparolli complemetou dizendo que a polícia está monitorando, em tempo integral, tudo o que está ocorrendo na região. Os policiais pediram para a população ficar em casa, seguindo orientação de quarentena definida pelo governo estadual.

Reportagem do jornal Folha de S.Paulo revelou que, durante a quarentena, houve queda de 56% no número de roubos e furtos de celulares em todo o estado. Os dados são provisórios. A previsão é de que os dados oficiais de março sejam divulgados em 24 de abril.

De acordo com a pasta, “independentemente do número de pessoas em circulação, todas as atividades de policiamento preventivo, ostensivo, judiciária estão mantidas e são realizadas diuturnamente, de acordo com as escalas e jornadas estabelecidas”.

Ainda segundo a secretaria, “o patrulhamento em áreas residenciais, bem como nas proximidades de hospitais, farmácias e supermercados foi intensificado, sem prejuízo aos demais programas de patrulhamento e o atendimento às chamadas de emergência”.

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2020/04/06/policia-nega-arrastoes-na-cracolandia-durante-quarentena-por-coronavirus.htm