A Tragédia da dependência química: Ex-delegado rouba mercado e esfaqueia homem 24

 Publicado 07/04/2020 – 11h09 – Atualizado 07/04/2020 – 11h09

Por Alenita Ramirez

Ex-delegado rouba mercado e esfaqueia homem
Wagner Souza/AAN

Ex-delegado rouba mercado e esfaqueia homem

O ex-delegado Messias Pimentel de Camargo Júnior, de 50 anos, foi preso na manhã de ontem após roubar dois litros de álcool e três paçoquinhas de um mercadinho na Avenida Francisco Glicério, no centro de Campinas, e na fuga esfaquear o dono do estabelecimento. Ele foi detido por policiais militares próximo a uma loja na Rua Costa Aguiar.
O roubo foi por volta das 10h. O ex-delegado entrou no mercado com uma bolsa, pegou os produtos e escondeu. A ação foi registrada pelo sistema de segurança do estabelecimento.
Ao sair do local, ele foi abordado pelo dono do estabelecimento e reagiu, golpeando a vítima no braço direito com um canivete. Em seguida, fugiu.
Uma equipe da Polícia Militar que patrulhava a avenida foi acionada pela vítima, que indicou a direção de fuga do ex-delegado, localizado nas imediações da Catedral Metropolitana. Segundo a polícia, ele confirmou o ataque à vítima e os objetos foram localizados e apreendidos.
O comerciante foi na delegacia, prestou depoimentos e depois retornou ao Pronto Socorro Samaritano para tomar a vacina antitetânica.
Messias, como era conhecido na corporação, trabalhou em diversas delegacias da cidade e também em Sumaré. O pai, que era delegado regional, tinha o mesmo nome e foi achado morto no apartamento da família no Cambuí em fevereiro de 2014. Messias Júnior foi exonerado do cargo há cerca de cinco anos. Ele estava afastado da função por problemas de saúde e sofria de dependência química. O ex-delegado estaria vivendo em condições de rua. Ontem, ele foi encaminhado para o Presídio da Polícia Civil em São Paulo.

“Me afastaram para evitar contaminar a tropa”, diz PM de SP com covid-19 14

Foto ilustrativa, pois a personagem da matéria pediu para não ser identificada - Divulgação/PM-SP

Foto ilustrativa, pois a personagem da matéria pediu para não ser identificada Imagem: Divulgação/PM-SP

Luís Adorno

Do UOL, em São Paulo

11/04/2020 04h01

Resumo da notícia

  • Policial militar diagnosticada com covid-19 está tratando infecção isolada em casa
  • Ela afirma que os policiais estão trabalhando 12 h nas ruas com o risco iminente
  • Segundo a soldado, não existe pracaução para preservar os policiais do estado
  • PM afirma seguir recomendações da OMS, Ministério da Saúde e Secretaria da Saúde

Há duas semanas, a soldado Maria (nome fictício) da Polícia Militar de São Paulo foi diagnosticada com covid-19, a doença causada pelo coronavírus. Ela afirma estar se tratando em casa, isolada da família e dos colegas de farda. “Me afastaram para evitar contaminar a tropa”, relata.

A militar pediu que seu nome real e idade não fossem revelados, tampouco sua área de atuação, por medo de ser penalizada pela corporação. Ela trabalha em um dos batalhões da capital paulista.

“A polícia está temerosa com a contaminação da tropa. Os médicos estão afastando os policiais aos menores sintomas, porque não existe prevenção”.

Maria afirma que os policiais não têm máscara, álcool em gel ou outros itens de proteção em quantidade suficiente para lidar com a pandemia. A PM diz que fornece todas as condições necessárias.

Desde que a covid-19 chegou ao Brasil, dois membros da corporação tiveram mortes confirmadas pela doença: uma sargento de 46 anos e um militar que já não estava na ativa.

O governo de São Paulo não informa quantos dos mais de 5.000 infectados no estado (até a última quarta) eram militares. Mas diz que afastou preventivamente cerca de 450 policiais militares e 150 civis por suspeita de infecção por coronavírus.

“Iniciei com sintomas de gripe”

Maria afirma que os primeiros efeitos que sentiu lembraram os de uma gripe: um pouco de coriza e dor de cabeça. “Trabalhei normalmente. No segundo dia, trabalhei espirrando, mas me foi dito por superiores que eu estava bem e que, se tivesse falta de ar, era para ir ao médico”, relembra.

A soldado conta que, no terceiro dia, se sentiu muito ofegante ao ir ao mercado. “No quarto dia, fui ao médico da polícia, que me afastou e receitou antibiótico. Senti muita dor no peito e nas costas, dificuldade para respirar e febre baixa”, afirmou.

Tratando-se sozinha em casa, ela afirma que, quando percebeu que a falta de ar não passava, voltou ao Hospital da Polícia Militar, onde foi diagnosticada com covid-19. Foi prescrito a ela isolamento em casa e azitromicina, um antibiótico. “Ainda tenho um pouco de dor no peito e tosse. Me informaram que devo ficar afastada até o término dos sintomas”, afirmou.

Ao se curar, ela sabe que terá de voltar às ruas e enfrentar uma rotina exaustiva.

Não houve diminuição da carga horária do efetivo operacional. Todos estamos trabalhando 12h nas ruas, com risco iminente.Soldado da PM de SP com covid-19

PMs no hospital por covid-19

Um outro policial militar entrevistado pela reportagem, que esteve no Hospital da Polícia Militar nesta semana, afirmou que, no local, havia 16 PMs em observação, sete confirmados com covid-19 e outros 5 em UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Procuradas, PM e SSP (Secretaria da Segurança Pública) não confirmaram nem desmentiram a informação.

O tenente-coronel Emerson Massera, porta-voz da PM paulista, afirmou que a corporação está seguindo os protocolos da OMS (Organização Mundial da Saúde), do Ministério da Saúde e da Secretaria da Saúde. “Se não houver gravidade, recomenda-se o isolamento em casa”, disse.

Ainda segundo o porta-voz, o Hospital da Polícia Militar foi ajustado para receber policiais com covid-19. “Está ainda muito distante do limite da internação. Triplicamos a quantidade de leitos de UTI e reservamos um andar inteiro para covid-19, com a possibilidade de reverter outro, se necessário”, afirmou.

“Trabalhamos realmente com a possibilidade de termos um grande número de casos, mas estamos longe desse possível pico ainda. Tomara que continuemos assim”, complementou.

Em nota, a SSP afirmou que todo policial com suspeita de covid-19 recebe suporte necessário para a recuperação e que o Hospital da Polícia Militar funciona regularmente dentro dos padrões e normas estabelecidos.

“Independentemente da pandemia, todo policial militar pode procurar a unidade integrada de saúde mais próxima para uma avaliação médica, podendo ser colocado em licença compulsória, se necessário. O número de policiais afastados corresponde a 0,5% do efetivo das três polícias paulistas”, pontuou a pasta.