Estamos diante de um quadro de calamidade pública, sem precedentes, restando sob a proteção qualificada , por parte do Estado, a segurança das pessoas individualmente e da coletividade , O governo é obrigado a ter a sua atuação muito mais voltada para a preservação da vida humana; a questão do emprego e das empresas é de menor importância perante a vida e a saúde.
Bolsonaro é um ignorante irresponsável que sabe que a sua reeleição já era!
O presidente Jair Bolsonaro durante teleconferência com governadores.MARCOS CORRÊA/PR (CUSTOM_CREDIT)
Nada poderia ser pior do que minimizar o perigo que corre hoje o Brasil nas mãos de um personagem, como o capitão reformado e ultradireitista Jair Bolsonaro, que não só caçoa de uma epidemia que está colocando o mundo de joelhos, como tenta se aproveitar dela para minar as instituições democráticas e sustentar sua ânsia de poder.
Aproveitar este momento de angústia nacional para politizar um drama em que o país está entre a vida e a morte pensando em sua reeleição, é um crime sem perdão.
Com seu estilo sibilino de dizer e se desdizer, de brincar de esconde-esconde, o presidente acaba confundindo e impondo seu estilo de aprendiz de ditador enquanto há quem ainda o veja como inofensivo por considerá-lo um despreparado e incapaz. Pelo contrário, aquele que sonhou em ser general do Exército e acabou como simples capitão é mais perigoso à democracia do que muitos pensam. Vai roendo sem que percebamos nossas liberdades e capacidades de decisão. E espera o momento propício para dar o golpe.
Quem pensava que os militares, começando pelos generais que ele colocou no Governo, seriam garantia contra seus caprichos autoritários hoje se veem isolados e retirados do Governo contra sua vontade se não se colocarem às suas ordens. Todos os seus pecados vão sendo perdoados, até contra o senso comum. Permitem que ele apresente ao exterior uma imagem do país que vai na contramão dos maiores líderes mundiais na luta contra a epidemia do coronavírus porque se pensa que ninguém vai acreditar nele.
O presidente é mais perigoso do que parece porque suas ambições de poder são muito maiores do que imaginam até os que estão ao seu lado. Sua capacidade de totalitarismo e de desejo de colocar aos seus pés as instituições democráticas são insaciáveis e já existem desde jovem, quando sendo simples soldado sonhava em presidir o país utilizando até métodos de terror, como quando no quartel brincava de ser terrorista e subversivo. Também à época o Exército o perdoou porque o considerava inofensivo e ingênuo. Hoje vemos que não era.
Foi considerado como inofensivo também quando já na política, como deputado, fazia troça dos valores democráticos, exaltava as ditaduras e a tortura e humilhava as mulheres e os de outras preferências sexuais. Ele podia tudo porque era considerado inofensivo, do baixo clero. Podia vomitar as maiores barbaridades porque se pensava que era um personagem folclórico, até engraçado, um zé ninguém. Não era. E chegou ao maior cargo do Estado e por voto popular.
Em meio ao drama da epidemia do coronavírus que assusta o mundo e ainda não sabemos quantas vítimas causará, o presidente continua irresponsavelmente em sua teimosia de negar as evidências e ir contra a opinião pública altamente majoritária como revelou a última pesquisa do Datafolha. E se aproveita da tragédia para sonhar até mesmo em impor o estado de sítio e colocar o Exército no comando do país. Exército que, para concretizar seu antigo sonho de poder, agora como Presidente teria aos seus pés.
Enquanto os que realmente importam no país e são responsáveis por seu destino continuarem subestimando os sonhos secretos de onipotência do capitão da reserva, deveriam olhar para trás na história para lembrar que foram personagens que em sua época pareciam inócuos e farsantes que acabaram criando holocaustos e guerras para se vingar dos que os consideravam figuras menores e inofensivas. Será preciso lembrar nomes dos grandes tiranos da História que surgiram da mediocridade da política? Não é difícil lembrar da tragédia do mundo cada vez que para governá-lo forem colocadas em seu comando personagens menores, considerados inofensivos e facilmente domináveis que se tornam insaciáveis em sua loucura pelo poder absoluto.
Se os lúcidos, os normais, os que são capazes de exercer o poder como um serviço à comunidade, acabarem devorados pelas ânsias de poder dos medíocres e falsos loucos capazes de tudo para continuar no pedestal do poder, amanhã pode ser tarde demais.
Não deixemos que o Brasil verdadeiro, hoje amedrontado, o que trabalha e se sacrifica para se apresentar ao mundo como o grande país que é por tradição e história, por sua capacidade de suportar as piores crises, por suas riquezas naturais e espirituais acabe sufocado pela ignorância e a loucura dos que desejam transformá-lo em uma republiqueta periférica no mundo.
Esse amor pelas atitudes violentas e de confronto contra todos, pelos conflitos violentos, pela política do ódio sempre foi o sonho de todos os aprendizes a ditadores que tentaram camuflar seus complexos de inferioridade com o troar dos canhões e o sacrifício de milhões de pessoas perpetrado no altar da loucura política da sede de domínio.
Que o Brasil, assustado com razão por uma epidemia que mata e transforma a todos em prisioneiros de guerra, não espere mais e procure a fórmula constitucional que permita colocar o país nas mãos de alguém normal, sem patologias e delírios de poder capaz de lidar com sensatez nessas horas críticas que podem marcar o futuro de um país que está se revelando solidário e com vontade de vencer essa batalha e continuar com sua vocação de paz e seus desejos de felicidade.
Que o Brasil não precise se arrepender de não ter reagido a tempo deixando que alguém que já deu provas suficientes de que é incapaz de governar um país dessa envergadura e menos ainda em momentos decisivos como esse, continue perigosamente arrastando-o a uma aventura cujo final não é difícil de se imaginar.
Para concordar com Bolsonaro, tem que ser alienado’, diz Major Olimpio
Aliado de primeira hora, líder do PSL no Senado ficou perplexo com pronunciamento público: ‘Não dá para continuar em um barco que rema contra a maré’
Por André Siqueira – Atualizado em 25 mar 2020, 17h28 – Publicado em 25 mar 2020, 16h38
‘Ninguém suspende Olimpíada, com bilhões envolvidos em contratos, por gripezinha’, disse Olimpio a VEJA. Reprodução/Agência Senado
O senador Major Olimpio (PSL-SP) afirmou, nesta quarta-feira, 25, que ficou perplexo com o discurso do presidente Jair Bolsonaro na noite da terça-feira 24, no qual se referiu ao coronavírus como “resfriadinho” e criticou governadores e a cobertura da imprensa. Na avaliação do líder do partido no Senado, “tem que ser alienado para concordar com Bolsonaro”.
“Fiquei perplexo no momento. Hoje de manhã, o presidente insistiu nos erros de sua manifestação de ontem, ficou pior ainda. Vi também essa ruptura do governador [de Goiás] Ronaldo Caiado com ele, e o destempero de Bolsonaro com os governadores. O presidente caiu muito fácil na armadilha do Doria, que manteve um discurso centrado, sereno, e conseguiu colocar todos os governadores contra Bolsonaro”, disse a VEJA.
Além da insatisfação dos governadores, o clima no Congresso não é bom para o Executivo. De acordo com Major Olimpio, líder do PSL no Senado, nenhum dos líderes na Casa deixou de fazer críticas à postura do presidente da República. “Todos os líderes se manifestaram contra Bolsonaro, ninguém disse uma palavra em sua defesa. Afinal, não se justifica o injustificável. Dá para ser aliado, mas não alienado. Para concordar com Bolsonaro nesse momento, tem que ser alienado. O melhor que Bolsonaro poderia fazer era ouvir o seu ministro da Saúde, ficar em casa isolado e não falar nada”, afirma o senador.
Apesar da animosidade com o Parlamento, Olimpio garante que o Congresso não prepara nenhum tipo de contragolpe às declarações de Bolsonaro. “O posicionamento dos líderes é manter o compromisso com a agenda do país. Hoje, em meio à crise deflagrada pelo discurso, vamos votar duas MPs, um empréstimo ao governo de Alagoas. Essa é nossa melhor resposta. Temos 29 projetos relacionados ao coronavírus, não nos interessa acirrar ainda mais os ânimos. Estamos agindo como bombeiros. Se quiséssemos botar fogo no país, não seria difícil encontrar meia dúzia de líderes em cada Casa dispostos a aceitar a abertura de um processo de impeachment. Mas não apagaremos fogo com gasolina”, disse o senador a VEJA.
Aliado de primeira hora de Bolsonaro, Olimpio vem se afastando do presidente e, nos últimos meses, tem elevado o tom das críticas às atitudes do chefe do Executivo federal. O líder do PSL no Senado se queixa, principalmente, da influência dos filhos do presidente, em especial o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), na tomada de decisões do governo, e da insistência de Bolsonaro em apostar no tensionamento da relação com o Congresso para mobilizar seus apoiadores nas redes sociais.
Na avaliação do senador, estes são dois elementos da postura errática de Bolsonaro que explicam o processo de isolamento político gradual que o presidente da República vem passando. “Ministros já saíram, parlamentares e governadores já romperam. O empresariado, como o grupo Brasil 200, também tece críticas. Não dá para continuar em um barco que rema contra a maré, na contramão de tudo o que o mundo vem pregando. É como costumo dizer: o último a sair que apague a luz, tranque a porta e jogue a chave pela janela. Isso é muito ruim para a sua governabilidade, mas não podemos esperar que o governo se adeque ao que o país enxerga como necessário e correto”, afirma.
Questionado sobre o fato de Bolsonaro ter utilizado os termos “gripezinha” e “resfriadinho” em seu pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão, Olimpio foi taxativo: “Ninguém suspende Olimpíada, com bilhões envolvidos em contratos, por gripezinha. Um país não apresenta um pacote de 2 trilhões de dólares por um resfriadinho, a Índia não colocou 1,2 bilhão de pessoas em confinamento por uma bobagem. Não dá para acharmos razoável que uma pessoa diga que o coronavírus é coisa de comunista ou plano do governo chinês”.