Relembre motins de policiais pelo país desde o de Minas Gerais em 1997 12

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Greves são proibidas para agentes das polícias Civil, Militar, Federal, Rodoviária Federal, Ferroviária Federal e Corpo de Bombeiros, mas o país tem um longo histórico de movimentos de paralisação dessas categorias.

Foi durante o motim da Polícia Militar do Ceará que o senador licenciado Cid Gomes (PDT-CE) foi atingido, nesta quarta-feira (19), por dois tiros em Sobral (a 270 km de Fortaleza). Ele tentava avançar com uma retroescavadeira no 3º Batalhão, tomado por policiais que demandam reajuste salarial.

Veja alguns dos movimentos de policiais desde a década de 1990.

1997 – Minas Gerais

Manifestação de policiais militares em Minas Gerais, que dura 14 dias, é a primeira de uma série em todo país. Em junho, um policial morre baleado em uma passeata e a crise se estende para outros onze estados: Alagoas, Amazonas, Ceará, Goiás, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, Paraíba, Piauí, Santa Catarina e São Paulo. No mês seguinte a paralisação assume dimensões de crise de Estado e policiais entram em conflito com o Exército. O governador de Alagoas Divaldo Suruagy (PMDB) se afasta do cargo e renuncia em 1º de novembro.

1998 – Pernambuco

Em maio tem início um motim de policiais civis em Pernambuco, que dura mais de 48 dias. Em dezembro do mesmo ano um motim conjunta da PM e da Polícia Civil no Espírito Santo deixa o estado sem policiamento. Os salários estavam atrasados havia quatro meses.

2000 – Alagoas

Durante o Carnaval, a Polícia Civil de Alagoas se amotina e para 13 das 14 delegacias da capital. Em agosto e outubro, é a vez de Sergipe e Pernambuco anunciarem motim após três meses de negociação.

2001 – Tocantins, Pernambuco e Bahia

Paralisação de PMs de Tocantins dura 12 dias e três municípios decretam emergência. Em maio, o governo federal enviou tropas do Exército ao estado em uma tentativa de colocar fim à paralisação da Polícia Militar. Em julho, policiais civis de Pernambuco também se amotinaram, reivindicando aumento do salário base e nomeação de 1.600 policiais concursados.

No mesmo mês, a Polícia Militar baiana também decretou paralisação. Por causa dela, lojas ficaram fechadas vários dias, ônibus deixaram de circular em Salvador e bancos foram proibidos de abrir pelo Banco Central, em Brasília.

2004 – Nacional

Durante 61 dias, entre março e maio, policiais federais fizeram motim. Os manifestantes promoveram passeatas e até realizaram, em Brasília, o velório simbólico do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, com um caixão de madeira rodeado por “viúvas” vestidas de preto. Eles reivindicavam o pagamento de salário equivalente a escolaridade de nível superior para as categorias em motim. No mesmo ano, policiais civis em Alagoas, Piauí e Minas Gerais também paralisaram.

2007 – Ceará

Escrivães, peritos, inspetores e investigadores da Polícia Civil do Ceará se amotinaram. O governador da época era Cid Gomes, então no PSB, e ele anunciou corte no ponto dos grevistas. A principal reivindicação era o reajuste salarial baseado em um plano de cargos e carreiras que incluísse a obrigatoriedade de curso superior para os policiais civis.

2008 – São Paulo

Em setembro, policiais civis de São Paulo se amotinaram reivindicando aumento salarial de 15% naquele ano e reajustes de 12% nos dois anos seguintes, além de eleição direta para delegado geral. No quinto dia, o motim já tinha 70% de adesão. No dia 16 de outubro daquele ano, a rua Padre Lebret, na região do Morumbi, foi palco de um conflito entre PMs e policiais civis que aderiram a paralisação que deixou 29 pessoas feridas. No mesmo mês cerca de 500 policiais civis ocuparam a Assembleia Legislativa de São Paulo para protestar.

2012 – Nacional

A Polícia Federal entrou em motim junto com outros órgãos do funcionalismo, como a Polícia Federal Rodoviária, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Receita Federal. Em agosto, servidores de 18 setores, entre eles a Polícia Rodoviária Federal aceitaram proposta e encerraram paralisação. No mesmo ano, a Polícia Militar da Bahia ficou paralisou durante 12 dias. Eles ocuparam o prédio da Assembleia Legislativa da Bahia por nove dias.

2017 – Espírito Santo

Um motim de 21 dias de policiais militares no Espírito Santo provocou uma onda de violência que resultou em mortes, saques, interrupção de aulas nas escolas, paralisação de ônibus e fechamento de shoppings na Grande Vitória. O movimento teve participação de familiares para bloquear os batalhões e reivindicar reajuste salarial de 65% até 2020.

2020 – Ceará

O motim da PM no Ceará que resultou na hospitalização de Cid Gomes começou nesta segunda-feira (17). Nesta quarta (19), pessoas encapuzadas passaram a invadir quartéis e, em um deles, em Fortaleza, dez viaturas foram levadas. Em outro, carros e motos tiveram os pneus esvaziados. Três policiais militares foram presos e 261 estão sendo investigados por participação nos atos. Os policiais pedem que pagamento de reajuste seja feito em apenas uma parcela e que seja apresentado um plano de carreira para a categoria.

Um Comentário

  1. Os impasses supracitados seriam, pelo menos, minizados se houvesse um piso salarial nacional para categoria. Ex. Sargentos e Oficiais das Forças Armadas recebem o mesmo soldo em qualquer lugar do Brasil, bem como a Polícia Federal e Polícia Rodoviária Federal.
    Nesta mesma linha de raciocínio e/ou neste diapasão, podemos concluir que o certo para não haver discrepância, há necessidade de piso salarial nacional.

    Curtir

  2. Nesta mesma linha de raciocínio e/ou neste diapasão, podemos concluir que o certo para não haver discrepância, há necessidade de piso salarial nacional.

    Mas colega ja temos o piso nacional! eles pisam direto na nossas cabeças e nos nossos sonhos! Esse é o piso que os politicos querem para as suas policias! quaisquer outros, é mera ilusão!

    Curtir

  3. Hoje, o estado de SP possui as melhores polícias do mundo!!!! Não merecemos esse pouco caso do governo, da Justiça e tampouco da população. Passou da hora , estamos nesse calvário há mais de 15 anos e nada foi feito, além de promessas e ilusões. Vivemos em risco permanente, muito dos nossos residem em área de risco assim como as respectivas famílias, não dá prá ficar sem reajuste digno, é impossível, bem como mexer no salário ( prá diminuir, é claro) e na previdencia , fora muitos direitos nossos que são pagos de forma erronea e se quisermos, só vamos buscar na Justiça. Cansou, com esse salário não dá prá viver decentemente, é muito risco ( qualquer um de nós se identificados numa ação delituosa, já éramos) , muita lei prá ferrar bem o policial…prá ganhar mal??? Corrigindo isso, aí sim cobra-se produção, cobra-se um patrulhamento ostensivo a contento, atendimento decente na rua e nas delegacias, cobra-se o fim dos abusos de ambas as polícias…….

    Curtir

  4. Mudando de pato pra ganso, mas voltando ao tema, seria muito interessante se possível alguém colocar á disposição uma reportagem, para rádio bandeirantes, onde um “corené” da PM paulista fala uma tonelada m…em especial contra a polícia civil, por conta do movimento reivindicatório 2008.
    Este ex-“coroné” PM em nenhum momento reconheceu a incompetência para tirar os praças da PM paulista da condição de pior salário entre todos os Estado da federação.
    É por conta deste tipo de oficial que a PM paulista os praças do estado de São Paulo PHODENDO, verdadeiro jagunço a serviço de qualquer ditador de plantão, ou seja, governador.

    Curtir

  5. Puliça, profissão famélica em Sampa, menos para "coroné full" e arrecadador classe diamante disse:

    Os governantes e muitos governados só lembram e valorizam a polícia quando estão com o …ú na reta. Fora disso, lembram para criticá-la e, principalmente, para explorá-la com salários miseráveis e cobranças exageradas.

    O “coronelismo” ainda forte no nordeste com os sarneys, os magalhães, os gomes e outros fica evidente nessa atitude irresponsável desse “senador” licenciado, que ao invés de estar no Congresso defendendo os interesses de seu Estado, preferiu pilotar uma retroescavadeira com o propósito de estourar o portão de um quartel da PM com o propósito de atropelar policiais e familiares que lá se encontravam.

    Os policiais autores dos disparar agiram em flagrante legítima defesa própria e dos familiares e devem ser punidos única e exclusivamente por não terem acertado a testa desse irresponsável e subido logo o gás dele para o inferno, vez que que outra coisa não visava senão tirar proveito político da situação. Lugar de machão, valentão, fudidão é no caixão.

    Mas aqui em São Paulo tá todo mundo feliz.

    Vamos trabalhar, vamos prender, vamos tomar tiro por um salário menor do que no Ceará porque o que interessa é idealismo.

    Curtir

  6. Puliça, profissão famélica em Sampa, menos para "coroné full" e arrecadador classe diamante disse:

    O “coronelismo” ainda forte no nordeste com os sarneys, os magalhães, os gomes e outros fica evidente nessa atitude irresponsável desse “senador” licenciado, que ao invés de estar no Congresso defendendo os interesses de seu Estado, preferiu pilotar uma retroescavadeira com o propósito de estourar o portão de um quartel da PM e atropelar policiais e familiares que lá se encontravam.

    Os policiais autores dos disparar agiram em flagrante legítima defesa própria e dos familiares que lá se encontravam e devem ser punidos única e exclusivamente por não terem acertado a testa desse irresponsável e subido logo o gás dele para o inferno, vez que que outra coisa não visava senão tirar proveito político da situação. Lugar de machão, valentão, fudidão é no caixão.

    Mas aqui em São Paulo tá todo mundo feliz.

    Vamos trabalhar, vamos prender, vamos tomar tiro por um salário menor do que no Ceará porque o que interessa é idealismo.

    Curtir

  7. Enquanto os policiais não tiverem senso de unidade e estratégias próprias, seguirão fazendo parte da estratégia de titulares, diretores, secretários-executivos, secretários, governadores.

    Curtir

  8. O grande trunfo que a pm tem a seu favor, em qualquer estado, a sociedade vai sentir. Querendo ou não ela é a linha de frente. Bater de frente com essa instituição é o mesmo que deixar a porta da mercearia da periferia aberta durante a madrugada.

    Curtir

Os comentários estão desativados.