DESABAFO DE UM POLICIAL MILITAR – PURA VERDADE.

Dr. Guerra sou assíduo visitante de sua página e gostaria de expressar nela a minha indignação no que diz respeito ao nosso Governo Estadual e nossos Deputados. Sou Soldado da Policia Militar há mais de vinte anos e o que passo a relatar agora aconteceu comigo, acontece com centenas ou até milhares de Policiais Militares de São Paulo. Sofri um acidente onde perdi os movimentos do meu punho esquerdo e fiquei afastado para tratamento de saúde por quase dois anos, recebendo apenas a metade dos meus vencimentos, pois nosso governo retira todos os benefícios, vantagens e gratificações (cala-bocas) quando não estamos trabalhando (somos marionetes, diaristas). Depois do acontecido ficamos completamente esquecidos pelo governo e pela instituição. Perdemos a auto-estima, dignidade e vontade de continuar na profissão que abracei. E às vezes me pergunto, será que valeu a pena 20 anos de sacrifício. Na nossa Instituição escutamos toda hora, se não está contente pede baixa. Nunca pedirei, pois quando ingressei nas fileiras da Corporação em 1986, eu ganhava 10 salários mínimos, o que foi reduzido pelos governos anteriores a três e não recebia as famosas esmolas do governo como hoje (gratificações, etc.). Eu e minha família passamos e continuamos a passar por inúmeras dificuldades financeiras, pois antes de me acidentar, meu nome estava limpo, conseguia pagar minhas contas, ou seja, tinha uma vida normal. Depois do ocorrido, nem preciso relatar o que aconteceu, pois recebendo a metade dos meus vencimentos ou eu alimentava minha família ou pagava as contas. Retornei ao serviço ativo com restrições há quatro meses e qual foi a minha surpresa em estando de férias a partir de 01de setembro, a Administração da Polícia errou novamente sem que haja um culpado e não receberei 1/3 de férias que me é devido (não sei quando receberei). Contava com esse dinheiro a mais para começar a saldar minhas dividas o que será prorrogado até Deus sabe quando. Gostaria se for possível que esse meu desabafo ficasse registrado em sua página, para que todos os que acessam diariamente como eu possam tomar conhecimento do descaso governamental com nós Policiais, e de como mentem ao informar à população que um policial ganha R$1.800,00 (só se for na França). Eu tenho a certeza de que quando as nossas leis forem elaboradas dentro dos alicerces na moral e na justiça, nossa Sociedade ira para frente, mas não como está, com leis que já são previamente elaboradas pelos nossos “queridos” deputados, com a intenção de ajudar a uns poucos afortunados que lhes são úteis, como podemos ver todos os dias na mídia. Fico estarrecido com as falcatruas, corrupções e impunidades que são destacadas na sua abençoada página na Internet. Continue assim, sempre denunciando e pondo a população a par do que acontece entre as quadro paredes do poder público. Agradeço pelo tempo dispensado e fico no aguardo de poder acessar sua página e ler esse desabafo. O Senhor está autorizado a melhorar e aprimorar o texto se assim o desejar.
A manifestação do colega Policial Militar – cujo nome poderá ser posteriormente acrescentado se ele assim desejar e achar conveniente – não necessita de melhorias. Apenas ressalto: não temos sequer o “direito” de sofrer acidentes ou moléstias. Quando afastados por questões de saúde – salvo acidente de trabalho – perdemos a contagem do tempo “de efetivo exercício”, perdemos adicionais e ajudas de custo, as quais para aqueles que menos recebem, por vezes, importam na diminuição de até 60% dos rendimentos. E aqui está a maior farsa da Administração; e a demonstração do total desrespeito ao ser humano. Quando o policial mais necessita é abandonado. Os Superiores – os despreparados de sempre – dão a mesma resposta: “não está contente muda de emprego”. Estão muito preocupados, assim como muitos Delegados, em cuidar da própria barriga e a puxar o saco de Prefeitos e políticos em geral. Assim, garantem “uma secretaria de segurança municipal” quando vão para a reserva. Alguns até merecem; não estou generalizando. Há quem tenha verdadeiro amor pela tropa, mas são poucos. Esses são os Oficiais de verdade, aqueles que trazem as estrelas sobre a cabeça… boa parte só no ombro. A tropa, para os últimos, não passa de mão-de-obra de “mãos-de-obra”, ou seja, “um problema”. São gestores de segurança pública – termo que muitos empregam – de “araque”. Muita conversa fiada; pouco ou nenhum conhecimento para gerir os recursos humanos. E não necessitam de habilidades para liderar… A cadeia lhes garante o controle da disciplina. Nas Polícias não se respeita e não se assegura os direitos dos seus membros e, também, dos dependentes. Se morrer em serviço será herói pelo tempo da solenidade… Baixando ao túmulo, todos dão as costas…Para o herói e para os desamparados do herói . E maior desgraça suportará família. Já se foi o tempo que o polícia, ao morrer, deixava a família com certo amparo assistencial. Pelo caminhar das coisas, em breve, deixaremos “um salário mínimo” como pensão…
Nada mais.
Nossos filhos amaldiçoarão o nosso heroísmo.
Aqueles que quiserem, como o colega, que eu publique neste site quaisquer manifestações pertinentes ao serviço policial, poderão me enviar o texto pelo “email” do blog.