Dias após a cerimônia de canonização da Irmã Dulce, no Vaticano, o governo anunciou liberação de R$ 18 milhões para obras no Hospital Santo Antônio, originado das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador (BA). Bolsonaro disse que a primeira santa brasileira “tirou as dores e curou muita gente com o seu trabalho”.
Ainda afirmou que fica satisfeito com a transferência da verba.
“Afinal de contas, parte considerável da população brasileira é católica. E a grande parte é cristã”, disse.
Segue nota de repúdio do Sindicato dos Investigadores de Polícia de São Paulo para divulgação.
Estamos à disposição para quaisquer esclarecimentos.
Atenciosamente,
IMPRENSA SIPESP
*SIPESP repudia palavras do Governador contra policiais aposentados*
O governador João Doria mostrou a sua verdadeira face para a nossa polícia. Nesta terça-feira, dia 15 de outubro, durante um evento em Taubaté, o governador chamou os policiais aposentados de “vagabundos”.
Mais do que nunca estamos diante de um problema real: o governador eleito mostrou seu despreparo ao ofender e denegrir a imagem daqueles que tanto fizeram por nosso estado. Não respeitar o passado é desmerecer também o futuro. Hoje os trabalhadores que ele saúda, serão os aposentados de amanhã. E aí? Então eles não serão mais ovacionados pelo valioso trabalho que exercem?
O governador deixou claro que, se quisermos nos aposentar, teremos que nos submeter, ou melhor, “beijar os pés” de algum político para que consigamos ser reconhecidos e receber pela atividade de alta periculosidade que exercemos durante toda uma vida, em sinal de dedicação absoluta para com a população da nossa cidade e do nosso estado.
Não podemos contar com ele, que é sinônimo de charlatanismo de quando se trata de cumprir o que promete. A ardilosidade do governador vai além quando se refere à polícia. Em campanha, Doria afirmou que seríamos as polícias com os melhores salários do Brasil. E continuamos no aguardo de que a promessa do reajuste salarial no dia 31 de outubro não seja mais um golpe do governador paulista.
Mas o que esperar de alguém que destrata aposentados? Que ofende sua existência? Que insulta sua história? Ao proferir tais ofensas, Doria só mostrou a falta de apreço e zelo pela segurança pública do nosso estado. Estamos à mercê. Temos que travar a nossa própria luta.
O SIPESP não vai tolerar que alguém que ‘está’ governador seja a voz ou que defina a história da Polícia Civil ou Militar de São Paulo.
João Batista Rebouças da Silva Neto Presidente do SIPESP
Particularmente, o governador está mais do que certo!
Falou da polícia que trabalha e da polícia que só quer benefícios, no caso em questão, direta e objetivamente, de um grupelho de ex-PMs – que se chamam de veteranos para nunca serem confundidos com a massa de aposentados – muito bem aparelhado por interesses partidários, ou seja, por candidatos às próximas eleições para prefeituras e, posteriormente, ao governo estadual.
E , certamente, naquele grupelho , todos são razoavelmente bem remunerados em relação à população produtora de riquezas.
Assinamos contrato para aquisição de 40 mil pistolas semiautomáticas Glock para a Polícia Militar. Investimento de R$ 35,6 milhões nesta que é considerada a maior compra de armas já realizada pelo Estado de SP. Conseguimos realizar a compra com um valor cerca de 60% abaixo do preço de mercado, trazendo uma economia significativa para os cofres públicos. O melhor armamento para a melhor polícia do Brasil
Dizia o documento: “O privilégio em todas as suas relações com a sociedade – tal é, em síntese, a fórmula social e política do nosso País – privilégio de religião, privilégio de raça, privilégio de sabedoria, privilégio de posição, isto é todas as distinções arbitrárias e odiosas que criam no seio da sociedade civil e política a monstruosa superioridade de um sobre todos ou de alguns sobre muitos.”
O documento prosseguia afirmando que a esse desequilíbrio devia o País a sua decadência moral e sua desorganização administrativa, além das perturbações econômicas.
O presidente da República, Jair Bolsonaro, em evento Foto: Amanda Perobelli/Reuters
É impossível não pensar no manifesto republicano quando se lê o projeto de reforma da previdência dos militares, que ameaça se transformar em nova dor de cabeça para o governo de Jair Bolsonaro. Os críticos dentro e fora das Forças Armadas veem nele uma “pauta-bomba” feita pelo presidente.
O projeto estabelece compensações financeiras aos militares pela reforma da Previdência que não foram dadas a nenhuma categoria profissional. Os aumentos de vencimentos podem chegar a até 50% no topo das carreiras. Além de garantir o salário integral na aposentadoria (reserva e reforma) e a paridade salarial com a ativa.
O projeto inclui agora as PMs estaduais, criando gastos que os governadores pensavam reduzir com a reforma geral da Previdência. Exclui-se dos sacrifícios feitos por todos uma categoria que é das mais próximas do capitão que ocupa o Planalto. E esses gastos futuros devem ser pagos por governos enforcados financeiramente.
O projeto ainda tem no mínimo mais 3 pontos polêmicos. Um coronel do Exército que pediu anonimato – ele teme a reação dos colegas – os enumerou. Trata-se, primeiro, de se ampliar o fosso dos vencimentos entre a base – soldados, sargentos e tenentes – e a cúpula: os coronéis e generais. Nisso, o coronel segue o que o general Synésio Scofano Fernandes, especialista em finanças do Exército, já havia dito para esta coluna.
O leitor viu aqui que, para dissimular o crescimento da alíquota de contribuição previdenciária e do tempo de serviço, o projeto cria o adicional de disponibilidade dos militares e aumenta o adicional de habilitação (cursos feitos durante a carreira). O primeiro será proporcional ao soldo. Ele é de 41% para generais, brigadeiros e almirantes (soldo de R$ 13.421,00) e 6% para cabos (R$ 2.627,00) e segundos-tenentes (R$ 7.490,00). Os porcentuais aumentam conforme se sobe na hierarquia. E passam a ser cumulativos para os cursos realizados.
Em seguida, outra questão apontada pelo coronel, é a gratificação de representação para oficiais. O que é estranho nessa história é que ela será dada só aos generais de forma vitalícia.
Ou seja, mesmo aqueles que se aposentem e, portanto, não representem mais suas unidades e comandos, continuarão a receber verba de representação. Seu valor é de 10% do soldo. “No frigir dos avos, isso redundará num aumento do salário bruto da ordem de 75% para os generais, que significa, abatidos os descontos, num aumento do salário líquido da ordem de 50%”, afirma o coronel.
Para ele, rever a estrutura salarial dos militares das Forças Armadas é necessário e é desejável ganhar mais. “Mas a atual proposta é inoportuna, mal elaborada e visa, antes de tudo, à cristalização perigosa do apoio político das Forças Armadas – principalmente da cúpula – ao bolsonarismo.”
O Ministério da Defesa está se reunindo com as bancadas dos partidos. Nesta terça-feira, dia 15, por exemplo, vai receber a do PT. Quer convencer os partidos a aprovar o projeto. O PT já colheu as 54 assinaturas de sua bancada para levar o projeto de lei da Comissão Especial – o governo queria aprová-lo em caráter terminativo, na comissão – para o plenário a fim de ser apreciado por todos os deputados (são necessárias 51 assinaturas para tanto).
A esquerda quer discutir os privilégios dos generais e os salários das praças. A cúpula militar vê nisso manobra para dividir as Forças Armadas. Mas e o que dizem os demais brasileiros? Não se nega que militares e policiais precisem de regras diferenciadas para a aposentadoria em razão das especificidades das profissões. Mas será que a população apoia esses benefícios, em momento de sacrifícios, por mais que sejam justas algumas das reivindicações dos militares?
Enquanto funcionários públicos e da iniciativa privada terão como teto de suas aposentadorias futuras R$ 5,8 mil, como manter a integralidade para militares com oficiais ganhando até R$ 30 mil? De um lado se congela salários e do outro se reajusta. PMs e militares têm colégios militares para os filhos e sistema de saúde próprios. Contam o tempo de estudo na academia para fins de aposentadoria – nenhum civil conta a faculdade para tanto. A oposição teme que, ao se manifestar contra o privilégio de uns, seja acusada de hipocrisia por ter sido contra a reforma da previdência de todos.
O governo diz que a conta fecha, que o projeto é superavitário. Essa é versão econômica da frase “não é ilegal, mas é imoral”. A contabilidade da Defesa inclui a redução de 10% do efetivo das Forças Armadas. Teremos menos militares, poderemos pagar mais. Mas e a Venezuela e outros riscos, como a proteção da Amazônia, com os quais o bolsonarismo alerta a sociedade todos os dias? Eles não levariam ao contrário, à necessidade de reforço de efetivos? Ou os tais riscos não são para valer?
Ao mesmo tempo em que a Defesa discute reajuste de salário com os partidos, projetos importantes para o País patinam, como a construção de Corvetas. Cabe agora ao Congresso enfrentar as distorções e os riscos embutidos na pauta-bomba que Bolsonaro criou. Há 130 anos, os republicanos denunciavam os privilégios “que ameaçam devorar o futuro depois de haverem arruinado o presente”.
O avanço do corporativismo é um fantasma que corrói a legitimidade dos Poderes ontem e hoje. O manifesto de 1870 diz sobre os defensores dos privilégios: “Cada vitória dos princípios democráticos se lhes afigura como usurpações criminosas”. Eis outra lição muito atual dos Pais da República.
Marcelo Godoy
Repórter especial
Jornalista formado em 1991, está no Estadão desde 1998. As relações entre o poder Civil e o poder Militar estão na ordem do dia desse repórter, desde que escreveu o livro A Casa da Vovó, prêmios Jabuti (2015) e Sérgio Buarque de Holanda, da Biblioteca Nacional (2015)
‘Vai pra casa, vagabundo; vai pra casa, aposentado’, grita Doria a manifestantes em SP
Grupo pró-Bolsonaro realizou protesto durante discurso do governador tucano no interior de SP
Bruno Castilho
Taubaté (SP)
O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), discutiu com manifestantes que apoiam o presidente Jair Bolsonaro (PSL) durante evento em Taubaté, interior paulista, na noite desta terça-feira (15).
Desde a chegada de Doria à avenida do Povo, onde aconteceu o evento, ao menos seis integrantes do grupo Movimento Conservador discursavam contra o governador.
Munidos com um microfone e cartazes, os manifestantes gritavam: “Pinóquio”, “Pinóquio do pau oco” e “Doria surfou na ‘onda Bolsonaro’”.
“Vai pra casa, vagabundo! Vai comer sua mortadela com a sua mãe, seu sem vergonha”, gritou o tucano em resposta. “Vai cobrar do Major Olímpio seus ‘duzentinho’ para vir aqui falar bobagem no microfone. Vai pra casa, aposentado”, afirmou Doria, que participava do Feito em SP, uma competição que faz parte do programa SP Gastronomia.
Por pelo menos três vezes durante sua fala, Doria se voltou contra o grupo, sempre citando o senador Major Olímpio, do PSL, partido de Bolsonaro.
Nos últimos meses, Doria se descolou de Bolsonaro, com quem trocou farpas. Os dois são apontados como possíveis adversários em uma campanha presidencial de 2022.
Logo no início do discurso no evento de Taubaté, em cima do palco montado no local, Doria mandou um recado para o grupo de manifestantes.
“Boa noite para o verdadeiro povo de Taubaté que trabalha. E não os que atrás de mortadela e dinheiro de Major Olímpio. Vai beijar o pé do Major Olímpio que perdeu as eleições de São Paulo pra mim”.
Doria foi defendido pelo prefeito de Taubaté, Ortiz Junior (PSDB), e pelo secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi. “Aqui você tem um soldado briguento para te defender, governador. E vocês [manifestantes] vão chorar na cama que é lugar quente”, discursou o prefeito de Taubaté.
No evento, o governador divulgou parte de um investimento de R$ 15 milhões de um total de R$ 40 milhões para obras viárias em Taubaté —os outros R$ 25 milhões serão investidos pela prefeitura.
No último dia 11, enquanto Bolsonaro foi recebido aos gritos de “mito” na formatura de sargentos da Polícia Militar em São Paulo, Doria foi alvo de vaias da plateia formada por familiares dos formandos.
No mês passado, Bolsonaro afirmou à Folha que Doria é uma “ejaculação precoce”. Já o governador passou a dizer que não é bolsonarista, embora tenha adotado o mote “Bolsodoria” para se eleger no segundo turno da eleição passada.
No evento da PM no dia 11, a presença de Doria foi criticada pelo senador Major Olímpio. Ele se mostrou surpreso quando a imprensa o avisou da presença do governador. “Eu espero que não [venha], acho que Doria não vem. A ausência dele vai me alegrar”, disse.
O senador publicou em seu Twitter na ocasião o momento em que Doria era vaiado, enquanto Bolsonaro era aplaudido. Vídeo semelhante foi publicado por Carlos Bolsonaro, filho do presidente, com crítica velada a Doria