Pessoal da divecar. Ocorrência no 101dp
Pessoal da divecar. Ocorrência no 101dp
A Polícia Militar de São Paulo expulsou ou demitiu 25 PMs no mês passado. Os números são do governo do estado e representam um aumento de 37% em relação ao total de policiais exonerados até junho deste ano. No mesmo mês do ano passado, 13 funcionários da corporação foram demitidos.
O aumento de expulsões e demissões de PMs acontece após uma série de casos de violência policial registrados em vídeos, como o que aconteceu em Parelheiros, na zona sul da capital, em maio, quando uma mulher negra foi pisoteada por um policial militar. Outro caso foi em Carapicuíba, na região metropolitana, em junho, quando um homem desmaiou após ser agredido em uma abordagem policial.
No primeiro semestre deste ano, policiais militares mataram 498 pessoas. Somada a ações de policiais civis, a letalidade policial chegou a 514 mortos entre janeiro e junho de 2020, o maior número para o período desde que os dados começaram a ser tabulados pela SSP (Secretaria da Segurança Pública), em 1995.
O aumento de demissões em julho contrasta com os números do primeiro semestre. O período registrou o menor número de PMs expulsos e demitidos desde 2012. Foram 67 mandados embora entre janeiro e junho, segundo dados obtidos via LAI (Lei de Acesso à Informação) —com a alta de julho, o número subiu para 92.
Para o pesquisador e professor de gestão pública da FGV (Fundação Getúlio Vargas) Rafael Alcadipani, aumentar em quase 40% o número de exonerações no mês subsequente ao semestre mais letal é “uma resposta do governo estadual”. “A mesma lógica que a polícia vê para fora, do punitivismo, vê para dentro”, diz.
Adianta expulsar sem começar a lidar com subculturas de violência? Toda vez que sai do controle corre atrás? É preciso uma ação duradoura, decidida e profunda do governo e da polícia para combater a letalidade policial.Rafael Alcadipani, professor da FGV
“Doria tem uma tarefa complicada: ele foi eleito com base na segurança pública, ao mesmo tempo, ele não pode deixar sair do controle”, afirma o cientista político Mauricio Fronzaglia, da Universidade Presbiteriana Mackenzie. “Essa ação pode ser vista como uma forma de ele tentar controlar a Polícia Militar, para mostrar que quem manda é ele”, diz.
Os processos de exoneração de PMs levam em conta investigações feitas internamente pela própria corporação, na Corregedoria. Normalmente, são meses de apuração até a demissão, expulsão, alguma outra medida punitiva ou absolvição. A corporação afirmou que os motivos das demissões e expulsões e os batalhões dos policiais demitidos ou expulsos “não são tabulados”.
A SSP disse que a PM tem forte processo de depuração interna, que assegura qualidade na prestação de serviços à sociedade. “Todas as denúncias que envolvam seus agentes são rigorosamente investigadas e, confirmadas as irregularidades, os envolvidos são responsabilizados não só na esfera administrativa, mas também na criminal ou cível, de acordo com os atos cometidos”, afirmou.
O senador Major Olimpio (PSL-SP), ex-aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), divulgou um vídeo na manhã de hoje afirmando que “coisa de bundão” é não explicar por que Fabrício Queiroz depositou R$ 89 mil para a primeira dama, Michelle Bolsonaro. Ontem, ao atacar mais uma vez a imprensa, Bolsonaro afirmou que, se contaminados pela covid-19, jornalistas têm menos chances de sobreviver do que ele. “Quando pega num bundão de vocês (da imprensa), a chance de sobreviver é bem menor”, afirmou o presidente. Veja mais em https://noticias.uol.com.br/politica/.
24/08/20 por Caê Vasconcelos
O tiroteio entre três PMs, que terminou com dois mortos e um detido em Diadema (Grande SP), na manhã do último domingo (23/8), na verdade teria sido uma tentativa de roubo. O crime aconteceu na avenida das Nações, no Jardim das Nações.
Segundo o Boletim de Ocorrência registrado no 3º DP de Diadema, o PM André Monteiro Malfati, 33 anos, acompanhado do o cabo João Paulo de Araújo Silva, 28 anos, anunciou um assalto para algumas pessoas na rua. Uma das vítimas seria o PM Josimar Lima da Silva, 32 anos, que revidou, efetuando disparos de arma de fogo que atingiram “o policial que anunciara o roubo”, como descreveu o delegado Luciano Galvão Elias. Josimar estava com outras pessoas na porta da casa do sobrinho, que comemorava seu aniversário, quando foram surpreendidos pelos assaltantes.
Leia também: Tiroteio entre três PMs termina com dois mortos e um detido em Diadema (SP)
João Paulo, segundo as testemunhas, parentes e amigos de Josimar, relataram na delegacia, estaria acompanhando André no roubo e seria quem efetuou disparos contra o PM Josimar. Os disparos atribuídos a João Paulo também teriam atingido a namorada de Josimar, que permanece internada.
A Ponte ouviu uma das seis testemunhas do caso, sob a condição de anonimato. A familiar disse que os policiais assaltantes chegaram pedindo para as pessoas levantarem as blusas e dar tudo o que tinham com elas.
“Eles não se identificaram como policiais nesse momento. O Josimar conseguiu balear o policial André e o policial João Paulo baleou o Josimar. Ele estava desnorteado, aparentemente drogado. Depois que atirou, ficou falando que era policial, para ninguém chegar perto dele”
O PM João Paulo, lotado 24º Batalhão da PM paulista (Diadema) foi preso em flagrante por latrocínio (roubo seguido de morte), que tem pena de quinze a trinta anos de prisão, e organização de grupo para prática de violência, que tem pena de quatro a oito anos – ambos os crimes fazem parte do Código Penal Militar, que rege o caso uma vez que o enfrentamento ocorreu entre militares. Em depoimento na delegacia, definiu o caso como “entrei em uma furada”.
Leia também: PMs são presos suspeitos de furtar R$ 53 mil durante abordagem em São Paulo
Todos os policiais estavam fora do horário de trabalho e usavam roupas comuns. André, também lotado no 24º Batalhão, e Josimar, do 6º Batalhão de PM, foram socorridos no Hospital Municipal de Diadema, onde foram constatados os óbitos.
No primeiro semestre de 2020, 24 policiais militares paulistas foram mortos, sendo 12 deles em serviço e 12 de folga. No mesmo período, sob o comando de João Doria (PSDB), PMs mataram, em serviço, 435 pessoas, enquanto 63 pessoas foram mortas por PMs de folga. Esse é maior número já registrado em um primeiro semestre desde que a Secretaria da Segurança Pública passou a disponibilizar esses dados, em 1996.
João Paulo foi preso no CPA (Comando de Policiamento de Área
Metropolitano), onde alegou que agiu em legítima defesa de terceiro. Posteriormente, foi encaminhado para o Presídio Militar Romão Gomes, na Vila Albertina, zona norte da cidade de SP.
Procurada pela Ponte, a advogada Flávia Artilheiro, que cuida da defesa do PM João Paulo, afirmou por WhatsApp que “o Cabo Araújo é inocente e a legitimidade de sua conduta restará demonstrada ao final das investigações”.
A reportagem também questionou a Secretaria da Segurança Pública e a Polícia Militar sobre o caso, perguntando também sobre a permanência de João Paulo na corporação.
Em nota, a SSP informou se limitou a dizer que o caso havia sido registrado no 3º DP da cidade, “que instaurou inquérito policial para apurar todas as circunstâncias do fato”. “A ocorrência também é investigada pela Polícia Militar meio de IPM. O policial militar segue detido no Presídio Romão Gomes”, finalizou a pasta.
Matéria atualizada às 17h do dia 24 de agosto para inclusão dos dados de letalidade policial
Matéria atualizada às 18h39 do dia 24 de agosto para inclusão do depoimento de uma das testemunhas
25 de agosto de 2020 | 05h00
BRASÍLIA – Eleito com discurso de suporte aos policiais e endurecimento da repressão à criminalidade, o governo Jair Bolsonaro reduziu a quantidade de cursos de formação e aperfeiçoamento fornecidos pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, o que levou a uma queda na ordem de 80% na instrução de agentes em todo o País. O motivo alegado foi a necessidade de atualizar e revisar o conteúdo. Os treinamentos, feitos na modalidade de ensino à distância, o EaD, foram criados em 2005, ainda na gestão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Eliane Cantanhêde: 115 mil ‘bundões’?
A plataforma do governo oferece três tipos de cursos, todos virtuais e gratuitos. Os de aperfeiçoamento pessoal incluem conteúdos como ética, gestão e direitos humanos. Já os exclusivos para policiais são focados em técnicas relacionadas ao trabalho, como perícia (balística e papiloscopia), inteligência cibernética e investigação de homicídio e estupro. Eles podem ser autoinstrutivos ou acompanhados por tutores, como os da área de inteligência, que devem ser retomados neste ano.
Ao fim do governo Michel Temer, em 2018, a rede de ensino à distância do governo federal tinha 72 cursos disponíveis, que receberam 292 mil matrículas. Ao todo, 204 mil profissionais da segurança concluíram cursos do catálogo. Em 2019, os números caíram para 47 cursos e 44,5 mil matrículas. Os dados foram obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação, em resposta a pedido feito pelo Instituto Sou da Paz.
O Ministério da Justiça e Segurança Pública é alvo de uma disputa política para que seja desmembrado, uma forma de recriar a pasta dedicada exclusivamente à área de segurança. Aliados do presidente querem emplacar um nome ligado às PMs. Eles alegam, entre outras razões, que o ministro André Mendonça, ex-advogado-geral da União e pastor presbiteriano, tem experiência apenas em assuntos jurídicos e não com gestão de segurança.
O ministro sofre pressão também por causa do dossiê produzido por uma unidade de inteligência da pasta. O relatório, revelado pelo UOL em julho, lista dados pessoais de policiais e acadêmicos autodeclarados “antifascistas” e potencialmente adversários políticos do governo. O caso foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), que na quinta-feira passada proibiu a pasta de monitorar opositores.
Um dos alvos do relatório, o professor Ricardo Balestreri, especialista em direitos humanos e secretário nacional de Segurança Pública na gestão de Lula, foi um dos idealizadores do sistema de aulas à distância. Ele afirma que os demais poderes devem monitorar o programa de cursos para evitar um risco de formação de “milícias políticas no lugar de polícias”. “Uma coisa muito revolucionária é que todas as disciplinas tinham conteúdo transversal de direitos humanos, porque a ideia era mudar a prática da polícia brasileira no seu dia a dia na rua”, disse Balestreri.
Questionado pelo Estadão, o ministério informou números que apontam para uma retomada neste ano, com 92 mil inscritos e 71 mil aprovados até julho. Atualmente, há 46 títulos disponíveis, além de 14 cursos novos em produção e 18 em revisão, segundo a pasta.
“Ao longo de seis meses a Senasp aprimorou um novo ambiente de estudos, revisando seu catálogo de cursos quanto à atualização de legislação, técnicas e procedimentos. Os cursos foram encaminhados aos setores técnicos para identificação de possíveis impropriedades e a necessidade de adaptação de nova linguagem”, disse o ministério.
A diretora executiva do Instituto Sou da Paz, Carolina Ricardo, afirmou faltar clareza ao governo sobre como induzir a política de segurança pública no País. “Não acho que seja uma motivação política, de tirar temas, algo ideológico, mas sim uma falta de capacidade de gestão e de escolha do que é prioridade, do que cabe ao ministério fazer em política de segurança”, disse Carolina. “Para muitos Estados sem recursos, o sistema acaba sendo uma fonte de repertório para os policiais e parece que ficou para segundo plano. A plataforma podia ter problemas, mas estava consolidada”, completou ela
Sr. Agente Escriba, não se trata de eu não gostar de PM…
É a PM que odeia vocês e a Polícia Civil!
Deixe de ser otário!
Tem medo deles, né?
Agente Escriba blogagenteescriba.blogspot.com agenteescriba-charlie@.com |
O mundo seria um lugar melhor sem o dono do blog tentando jogar a PC contra a PM só porque ELE não gosta de Mikes. |
Dependência: 96º D.P. MONÇÕES
Boletim No.: 1391/2020Salienta que após alguma comunicação no rádio que os milicianos dispunham, os
Policiais Militares lhe questionaram de foram ríspida, “Porque você está andando
com essa viatura toda acesa e com o para-choque quebrado nesta região”, tendo a
vítima respondido, já bastante nervosa, mas contida, “Porque você está perguntando
isso agora?”, “Porque não conferiu para ver se era viatura antes da abordagem?”,
então, os policiais embarcaram em suas motos, e passaram a lhe o ofender com
diversos dizeres, tais como: “É por isso que nós (Policiais Militares) somos
zuados”, “Ó o jeito que vocês andam”, “Vocês são um bando de ladrão”, “Corruptos”,
entre outros diversos xingamentos os quais a vítima não reúne condições de se
lembrar dada a perplexidade que se encontra; em seguida, os milicianos passaram a
“ordenar”, “vai”, “vaza”, “vai embora”, e um dos policiais militares tirado uma
foto da traseira da viatura policial, mas antes que embarcasse, a vítima filmou o
patrimônio das respectivas viaturas, e disse que iria na corregedoria da polícia
militar, tendo os policiais respondido, “Corregedoria o caralho, vai tomar no seu
cú”, e partido do local.
Para o ex-procurador da força-tarefa da Lava Jato, Carlos Fernando Lima, o presidente Jair Bolsonaro nunca teve compromisso de combate à corrupção. Segundo ele, o chefe do Executivo não traiu o que prometeu, “porque o estelionatário não trai aquilo que ele promete, ele engana desde o começo”. Em entrevista exclusiva ao Congresso em Foco, Carlos Lima disse que não dá para apoiar o governo Bolsonaro e se dizer favorável ao combate à corrupção.
Para Carlos Fernando, o presidente da República aplica no Brasil estratégias do ex-presidente da Venezuela, Hugo Chávez. “Eu me preocupo muito com o aparelhamento das polícias e do Exército para o pensamento bolsonarista. Porque isso é de certa forma muito próximo do chavismo, do controle dos poderes armados e de utilização desses poderes para a manutenção no poder. Isso me preocupa bastante. Tenho preocupação em relação à democracia com o governo de Jair Bolsonaro”, disse.
Congresso em Foco – O governo Bolsonaro foi eleito com o discurso de combate à corrupção, o fim do toma lá, da cá, da velha política e tudo mais. E o que muitos apontam é o desmantelamento da Polícia Federal, do MPF e acordos com o centrão. O senhor acredita que Bolsonaro traiu a população brasileira?
Carlos Fernando Lima: Eu acho que ele não traiu o que ele prometeu, porque o estelionatário não trai aquilo que ele promete, ele engana desde o começo. Bolsonaro enganou a respeito de uma política, de uma forma de ver o estado, o princípio de eficiência administrativa, de uma economia liberal, do combate à corrupção, esse tripé nunca existiu na verdade.
Bolsonaro representava a velha política no seu aspecto menor, do baixo clero, das rachadinhas. Esse candidato enganou muitas pessoas e infelizmente nosso sistema de dois turnos acaba privilegiando esse tipo de voto útil que no final das contas aconteceu e acabou o elegendo.
Congresso em Foco – É possível se dizer favorável ao governo e ao mesmo tempo ser defensor da Lava Jato e do combate à corrupção?
Carlos Fernando Lima: Eu não acredito, porque esse governo não tem pauta alguma de combate à corrupção. É o contrário, ele está em um programa sério de controle e aparelhamento das instituições públicas. Eu me preocupo muito com o aparelhamento das polícias, do Exército para o pensamento bolsonarista. Porque isso é de certa forma muito próximo do chavismo, do controle dos poderes armados e de utilização desses poderes para a manutenção no poder. Isso me preocupa bastante. Tenho preocupação em relação à democracia com o governo de Jair Bolsonaro. Eu me preocupo porque nesse governo eu não vejo nenhuma possibilidade de apoiar a Lava Jato e o combate à corrupção com o apoio a Jair Bolsonaro.
Congresso em Foco – Está acontecendo no Brasil o mesmo que aconteceu com a Mãos Limpas, operação que investigou esquemas de corrupção na Itália e acabou com o cerceamento do combate à corrupção e liberdade aos corruptos?
Carlos Fernando Lima: Eu creio que sim e creio que é inevitável. Dois dos maiores conhecedores da operação Mãos Limpas são, justamente, Sergio Moro e Deltan Dallagnol. Deltan sempre tentou evitar que o destino da operação Mãos Limpas acontecesse aqui no Brasil. Eu, até porque tenho uma formação diferente, uma formação mais histórica, sempre achei que é inevitável evitar a reação [do sistema político].
O povo no Brasil, assim como na Itália, ele é chamado para se manifestar só durante as eleições. Na verdade nós temos uma grande oligarquia, não é uma aristocracia, é uma oligarquia que governa esse país entre as eleições e essa oligarquia consegue através de mecanismos espúrios, de dinheiro ilícito para se manter. Porque ela em maior capacidade eleitoral, mais dinheiro para gastar, para dominar partidos e para fazer campanha.
É impossível ter sucesso em uma investigação como a Lava Jato ou as Mãos Limpas, porque o sistema sempre vai reagir. Ele tem pessoas dentro do Judiciário, ele tem pessoas dentro até mesmo do Ministério Público, dentro do Congresso Nacional. Ele tem pessoas em todo esse sistema, ele domina esse sistema através de inúmeras nomeações de segundo, terceiro e quarto escalão.
Congresso em Foco – É possível mudar esse cenário?
Carlos Fernando Lima: Essa é uma mudança em que você tem passos para frente e passos para trás, é algo inevitável. Se houver a recondução de Maia na Câmara, com a mudança na presidência do STF, o movimento anti-corrupção vai começar a ganhar força novamente
O número de policiais militares da ativa afastados para disputar as eleições municipais no estado de São Paulo aumentou 62% este ano em comparação com o pleito de 2016.
Em 2020 foram desligados de suas funções 336 policiais militares. Vão concorrer às eleições 24 soldados, 246 cabos, 34 sargentos, sete subtenentes, 22 capitães, 1 major e dois tenentes-coronéis. O prazo para o afastamento terminou no último dia 15.
No pleito municipal de 2016 pediram afastamento 207 policiais militares, sendo 24 soldados, 140 cabos, 22 sargentos, 5 subtenentes, 9 capitães, 5 majores e dois tenentes-coronéis.
As relações com os nomes dos policiais militares que pretendem se candidatar a prefeito ou vereador neste ano foram publicadas nas edições de 3 de abril e de 13 e 15 de agosto do Diário Oficial do Estado.
O Serviço de Comunicação Social da Polícia Militar foi procurado pela reportagem e forneceu apenas a lista dos nomes publicados na edição de 13 de agosto de 2020.
Foi perguntado ainda ao Serviço de Comunicação Social da PM se a corporação tinha conhecimento sobre o número de policiais militares inativos candidatos ao pleito municipal deste ano. A assessoria informou que “a Polícia Militar não dispõe dos dados dos policiais inativos”.
O ex-comandante da Polícia Militar do Estado de São Paulo, coronel Marcelo Vieira Salles, 53, é um dos inativos pré-candidato a uma cadeira de vereador na Câmara Municipal de São Paulo. Ele pretende concorrer pelo PSD.
Segundo o coronel, o número de PMs candidatos às eleições vem aumentando a cada pleito porque o policial militar ficou durante décadas alijado do processo eleitoral.
“O policial também tem família, é pai, é munícipe, mora na cidade, tem condições e quer participar do processo eleitoral para aprimorar a legislação e ajudar a construir um Brasil bem melhor”, argumentou o oficial.
Especialista em segurança pública, Rafael Alcadipani, professor de gestão pública da Fundação Getúlio Vargas, vê com preocupação o aumento no número de policiais militares candidatos às eleições.
“Esse crescimento é extremamente preocupante e demonstra uma politização da Polícia Militar em São Paulo e no Brasil. A maioria desses policiais tem como lógica o discurso violento de que bandido bom é bandido morto”, afirmou.
Na opinião de Alcadipani, o policial militar tem de exercer sua profissão e não ter a política como opção de carreira. “Realmente esse aumento no número de PMs candidatos às eleições preocupa e muito porque denota o perigo da contaminação política dentro da corporação”, acrescentou o professor.
Reportagem de Luís Adorno publicada no UOL em 27 de julho de 2018 já mostrava essa tendência de crescimento. O levantamento indicou que o número de PMs da ativa candidatos às eleições estaduais tinha aumentado 74%.
Em 2014 pediram afastamento para disputar o pleito estadual 38 policiais militares. Quatro anos depois, o número subiu para 66 PMs afastados da corporação para concorrer a uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.
A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo prendeu em flagrante os soldados Rafael Valentine Reis e Ana Beatriz Santos da Rosa Oliveira, do 22º Batalhão, suspeitos de furtar R$ 53.863 de uma pessoa durante uma abordagem policial na noite da última sexta-feira (21), na zona sul da capital.
A vítima foi abordada pelos PMs às 21h15 na rua Elizabete Linley, no bairro de Americanópolis, Os soldados estavam em serviço e ocupavam a viatura 22305, da 3ª Companhia do 22º Batalhão.
Oficiais da Corregedoria da Polícia Militar foram avisados sobre o furto do dinheiro minutos depois da abordagem. Os tenentes Bonadio, Kolle e Santana revistaram a viatura utilizada pelo casal de soldados e nada encontraram.
Porém, na 3ª Companhia do 22º Batalhão, os oficiais realizaram uma vistoria nos armários e nos veículos dos policiais. Segundo a Corregedoria da Polícia Militar, o dinheiro estava escondido no Renault Sandero branco de Ana Beatriz.
A Corregedoria da PM registrou o APFD (Auto de Prisão em Flagrante Delito) 085/319/20. Rafael Valentine e Ana Beatriz vão responder a processo por peculato (quando um funcionário público se apropria ou desvia bens em razão de seu cargo).
Ambos foram transferidos para o Presídio Militar Romão Gomes, na Água Fria, zona norte da capital. O artigo 303 do Código Penal Militar prevê pena de quatro a 20 anos de prisão para esse tipo de crime. O UOL não conseguiu contato com os advogados dos dois policiais.
Procurada, a PM confirmou os dados apurados pela reportagem e informou que foi aberto inquérito para investigar o caso. Questionada sobre a identidade da vítima e por qual motivo os soldados ficaram com o dinheiro dela, o órgão não respondeu as indagações.
O 22º Batalhão da PM, no Jardim Marajoara, zona sul de São Paulo, é o mesmo que sofreu uma grande operação realizada pela Corregedoria da Polícia Militar e pelo Ministério Público Estadual em dezembro de 2018.
Na ocasião, 53 policiais militares foram presos acusados de ligação com traficantes do PCC (Primeiro Comando da Capital). Com eles foram apreendidos armas com numeração raspada, R$ 80 mil em espécie, além de drogas escondidas inclusive nos armários do batalhão.
Dos 53 PMs presos, 32 eram soldados, 13 cabos, sete sargentos e um subtenente. No ano passado, a Justiça havia condenado 42 policiais militares. As penas variavam de 5 anos a 83 anos de prisão.
Escutas telefônicas autorizadas pela Justiça apontaram que os PMs cobravam propina de traficantes do PCC para não coibir o tráfico de drogas na região patrulhada pelo 22º Batalhão.
O Ministério Público Estadual apurou que os pagamentos feitos aos policiais militares ocorriam semanalmente ou quinzenalmente e variavam de R$ 300 mil a R$ 500 mil.
Tese de doutorado aponta que PMs sofrem violências e humilhações em ritos de passagem
Publicado 17/08/2020 – 11h00
São Paulo – A militarização das polícias produz efeito psíquico grave aos profissionais, que passam por uma “fábrica de monstros” durante seu período na escola de formação. A afirmação é do tenente-coronel aposentado e doutor em Psicologia Adilson Paes de Souza, que publicou estudo apontando os motivos da letalidade de policiais militares, em São Paulo.
Em sua tese de doutorado na Universidade de São Paulo (USP), intitulada Policial que mata: estudo sobre a letalidade praticada por PM de São Paulo, Adilson apresenta um estudo com base em depoimentos de policiais que aceitaram falar sobre suas rotinas. Ele afirma que, apesar das indefensáveis atitudes dos agentes, é preciso de um debate mais amplo sobre a violência da Polícia Militar, pois o problema passa pela formação dos profissionais.
“Eles criam um novo ser, um guerreiro mesmo. O rito de passagem são atividades metódicas para violentar, humilhar e degradar o novo membro, para que se alinhe aos valores da instituição. É a morte do ‘eu civil’ para a criação do ‘eu militar’”, descreve o especialista a Marilu Cabañas, no Jornal Brasil Atual.
Durante as entrevistas realizadas, Adilson notou que as mesmas práticas pelas quais passou, durante sua formação na década de 1980, continuavam a ser adotadas 30 anos depois. “São as mesmas coisas aplicadas, com atividades físicas violentas, como a ingestão de gás lacrimogêneo, violência física, queimaduras, privação de sono e humilhações”, lamentou.
Durante a escola de formação, os policiais são obrigados a exaltar sua onipotência e supremacia, privados de mostrar medo e chorar, de acordo com o tenente-coronel. Sem relativizar a violência praticada pelos policiais, ele explica que as ações são consequências da experiência. “A letalidade pode ser um mecanismo de defesa para lidar com essas tensões criadas pelas organizações. Ele tem consciência e age com dolo, mas a discussão é mais ampla. É uma fábrica de monstros”, afirmou.
De acordo com levantamento da Ouvidoria de São Paulo, nos últimos 20 anos o número de mortes de civis pelos policiais militares cresceu 46%. Outros dados mostram que a Rota foi responsável por 104 mortes de pessoas em 2019 – aumento de 98% na comparação com o ano anterior.
Para o tenente-coronel aposentado, o pleito sobre a desmilitarização das polícias é importante. De acordo com ele, o Decreto de Lei 667, em 1969, foi o estopim para a transformação das bases policiais, que viraram pequenos exércitos.
Os relatos que ele colheu para o estudo mostram que, após a formação, o policial não concebe o criminoso como uma pessoa, mas como um “ser desprezível que precisa ser eliminado”.
“São traços de eugenia. Há um relato de um policial que diz que se tornou uma pessoa pior e insensível depois da escola de formação. Teve outra pessoa que relatou tortura física no rito de passagem”, acrescenta.
Formação de policiais militares é ‘fábrica de monstros’, diz ex-tenente-coronel
O corregedor-geral da Justiça do Tribunal de Justiça de São Paulo, Ricardo Anafe, decidiu, no último dia 14 de agosto, que a lavratura do Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO) é uma atribuição do delegado de Polícia Civil que pode, excepcionalmente, ser feita por um juiz de direito.
Também determinou que a requisição de exames e perícias no caso de flagrante de uso ou posse de entorpecentes para consumo próprio, condutas descritas no artigo 28, da Lei nº 11.343/2006, são atribuições do delegado, podendo este ser substituído, em situações excepcionais, por juiz de Direito.
A decisão foi celebrada pela presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo (Sindpesp), Raquel Kobashi Gallinati Lombardi. “A Constituição determina, no parágrafo 4º, do artigo 144, o delegado de Polícia como autoridade competente para o registro da ocorrência, garantindo o correto andamento do inquérito, protegendo os interesses da sociedade e do próprio autor do delito”, afirma.
Clique aqui para ler a decisão
2020/70452
RENATO SÉRGIO DE LIMA E SAMIRA BUENO
“Gilmar Mendes é um vaga****. Bolsonaro tá certo sim se quiser mandar tropas pra fechar o STF”
“Maia é um bandido!!! Esse Congresso Nacional tem que fechar as portas, só tem rato!!!!”
Na naturalização do realismo fantástico que toma conta do país, frases como as que servem de epígrafe deste artigo são banalizadas e nem sempre transmitem com clareza da gravidade do que está sendo dito; nem sempre é possível perceber as consequências do que está sendo dito e, sobretudo, as consequências de expressá-las publicamente.
As duas frases acima foram extraídas das redes sociais por um amplo estudo que o Fórum Brasileiro de Segurança Pública está desenvolvendo, cujos primeiros resultados foram recentemente divulgados. São comentários públicos de policiais brasileiros aceitando que instituições da República como o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF) sejam fechadas e que o presidente Jair Bolsonaro intervenha para romper com a ordem constitucional democrática do Brasil.
E esses não são casos isolados, infelizmente. Frases como essas são compartilhadas sem pudor por ao menos 12% de policiais militares, 7% de policiais civis e 2% de policiais federais que possuem contas nas redes sociais e interagem publicamente em grupos e páginas do Facebook. São, se extrapolada a amostra do estudo, estatisticamente representativas de um grupo de cerca de 15,3 mil policiais analisados, de um total de 141.717 policiais pesquisados.
E este número pode ser ainda maior, pois a pesquisa só analisou postagens públicas e não captou manifestações em perfis privados. Se aceitássemos que os policiais que se manifestam publicamente nas redes são um retrato dos demais, estamos falando, em relação aos 885.730 mil integrantes efetivos das polícias disponíveis nos Portais da Transparência, de algo como ao menos 120 mil policiais convertidos para discursos golpistas.
Ou seja, a tropa de choque de Bolsonaro nas polícias seria, hoje, equivalente a ⅓ do efetivo ativo das Forças Armadas. E, com um agravante, trata-se de uma tropa experiente e treinada, com acesso a material bélico e com poucos canais formais de controle externo. Se optarem pelo enfrentamento, dificilmente as demais forças de segurança e defesa do país, se aceitassem se contrapor a elas, conseguiriam subjugá-las sem grandes baixas e risco de convulsão social e guerra civil.
Nesse movimento e no entusiasmo muitas vezes panfletário, os próprios militares das Forças Armadas vão contra a doutrina de defesa nacional engendrada quando da criação da Escola Superior de Guerra (ESG) e que tinha, como parâmetro, a manutenção da integridade territorial do Brasil e o controle da capacidade bélica e da autonomia das polícias. Isso foi feito para se evitar novas crises como a Revolução Constitucionalista, de 1932, que antagonizou tropas federais e a Polícia Paulista.
No atual quadro, além de questões operacionais e tecnológicas associadas a um conflito, uma nova crise pode nascer de onde menos se espera, já que a tropa de choque bolsonarista está distribuída em todo o território nacional e não se resume a uma única corporação. A população está submetida à incerteza e, mais do que defender que um golpe é iminente, é nosso objetivo explicitar os riscos envolvidos e mobilizar os olhares para eles.
E isso não significa rotular todos os policiais apoiadores de Bolsonaro de golpistas, pois esse número seria ainda maior, porém incorreto e injusto. Nem todo policial que acredita em Bolsonaro é golpista, mas a parcela radicalizada e que reproduz discursos antidemocráticos preocupa e deveria ser objeto, essa sim, de monitoramentos de inteligência para se avaliar os riscos reais à institucionalidade democrática.
Assim, a adesão ao bolsonarismo não seria um problema para a ordem social democrática se parte do universo policial e das instituições de segurança não flertasse com a extrema direita e com concepções reacionárias, como demonstram grandes teóricos sobre polícia no mundo, como Robert Reiner, Jerome Skolnick, dentre outros. Uma pesquisa de Robert Reiner com policiais ingleses ainda na década de 1970 indicou que 80% da força policial se descrevia como conservadora, sendo que 18% destes alinhados à extrema direita e, muitas vezes, manifestamente contrários as pautas LGBTI+, marcados ainda pelo racismo e pelo tratamento discriminatório a dependentes químicos.
Os exemplos recentes da Alemanha e da França, que detectaram e agiram para conter movimentos extremistas formados por policiais e ex-policiais desses dois países, comprovam esse fenômeno e mostram que não há exagero em cobrar controle e, por que não, autocontrole daqueles que representam a face mais forte do Estado. Todavia, no Brasil, a questão não é de apenas convergência ideológica dos policiais; temos que considerar que as polícias, sobretudo as militares, gozam de uma grande autonomia operacional e caracterizam-se por um forte insulamento institucional e pela baixa transparência em relação aos seus protocolos e mecanismos internos de supervisão.
O problema está, portanto, no imponderável: no cálculo político que desconsidera variáveis que não estão totalmente claras e/ou que se acreditam ausentes. A nosso ver, esse é o principal risco da radicalização policial. Polícias são instituições de Estado e não podem servir ao projeto de poder A ou B. Elas são o braço armado do Estado em tempos de paz e, se não reguladas, viram-se contra, até mesmo, os seus integrantes que destoam do pensamento hegemônico, a exemplo da lista de policiais antifascismo produzida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública e distribuída às Unidades da Federação.
Aliás, o debate sobre a lista está concentrado no Ministério da Justiça, mas poucos se deram conta de que a justificativa mobilizada pela pasta informa que a ação se dá no âmbito do SISBIN, Sistema Brasileiro de Inteligência, coordenado pelo Gabinete de Segurança Institucional, cujo titular, general Augusto Heleno, é peça-chave do bolsonarismo. Dito de outro modo, se o MJSP produziu o relatório e informou ao GSI, a questão é ainda mais grave, pois é o reconhecimento de que o SISBIN foi acionado para espionar adversários políticos e nada foi feito para coibir tal prática.
Se o GSI não foi informado, o argumento do ministro André Mendonça se fragiliza ainda mais, pois a operação não contaria, em tese, com o guarda-chuva legal do SISBIN e não poderia ser usada em uma investigação criminal – lembremos que a Operação Satiagraha foi anulada pelo Judiciário exatamente por produzir provas por meio da cooperação de agentes de inteligência e policiais.
Mas o ponto mais sensível é que, no caso da lista dos policiais antifascismo e ex-secretários nacionais, houve, em tese, o compartilhamento das informações com as unidades da federação, para a apuração de eventuais desvios de conduta e procedimentos administrativos. E, voltando à gravidade da adesão de policiais ao bolsonarismo mais radical, essa lista não foi denunciada por nenhuma secretaria e/ou polícia estadual, nem mesmo as subordinadas a governadores de oposição.
Em suma, estamos submetidos a um sistema de segurança profundamente opaco e com instituições policiais quase sem nenhum controle efetivo sobre o que elas podem ou devem fazer. E, pior, um sistema no qual as demais instituições ou se omitem ou aceitam que policiais sejam autônomos e decidam eles próprios seus mandatos e suas atribuições. Isso é perverso tanto para a população que tem que conviver com padrões operacionais geradores, muitas vezes, de mais violência, quanto é cruel até mesmo com os próprios policiais, cuja atividade cotidiana fica dependente de fatores que muitas vezes os punem de forma seletiva ou injustificada.
Por fim, soa repetitivo mas necessário lembrar que, em uma democracia, não basta o voto; as instituições precisam acreditar na transparência, na prestação de contas e na importância dos mecanismos democráticos de controle e supervisão do poder. Se nada for feito por elas para conter manifestações antidemocráticas, pouco adiantará lamentarmos a atual hegemonia do sectarismo de extrema direita no país e os avisos sobre os riscos do discurso salvacionista de Bolsonaro engolir os Robespierres do Congresso e do STF que hoje lhe dão sustentação política e instaurar um novo “regime do Terror” – só que agora no Brasil.