Delegados denunciados no ABC: um por trabalhar demais outro por se manter em permanente isolamento funcional 26

Policiais civis denunciam dois delegados do Grande ABC 

 

Reclamações são sobre faltas em plantões e incentivo a descumprir normas sanitárias

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC

16/02/2021 | 07:00

Policiais civis denunciaram a conduta profissional de dois delegados do Grande ABC, sendo o plantonista do 2º DP (Camilópolis) de Santo André, Fabiano Gagliato, que estaria deixando seu posto de trabalho para realizar atividades pessoais, e o titular da delegacia sede de Ribeirão Pires, Wagner Milhardo, que teria incentivado os profissionais a contrariarem as medidas sanitárias contra a Covid. Os denunciantes procuraram o Diário na condição de anonimato, pois temem represália.

No caso do Gagliato, a denúncia é a de que o profissional estaria deixando os plantões, em seu horário de expediente para participar de programa de rádio, além de usar o cargo para realizar serviços particulares. “Ele pede para investigar coisa de amigos. Faz reunião, almoço e café com políticos e, além disso, se preocupa tanto em fazer favores que esquece de oficializar flagrantes e até registra ocorrência errada”, afirmou um dos policiais.

O outro denunciante conta que a delegacia, nos plantões de Gagliato, fica “a ver navios”, e reclama da conduta agressiva do delegado. “Temos de fazer tudo, mas há certas funções que competem somente ao delegado e ele nunca está na delegacia disponível em pleno plantão”, reclamou o profissional. “Ainda acha ruim se a gente cobra ele de algum serviço”, complementou.

Já no caso de Ribeirão Pires, a denúncia é relacionada à falta de cumprimento das medidas sanitárias para evitar contágio da Covid. Segundo os policiais, o delegado incentiva os funcionários a não usar máscaras e publica fotos de ações com todos os profissionais envolvidos nas operações sem a devida proteção. Além disso, os denunciantes afirmam que Milhardo diz que a pandemia seria “conspiração”. “Ele impõe que os policiais tomem atitudes contrárias dos cuidados sanitários. As pessoas têm medo dele, e fazem”, afirmou um dos denunciantes.

“No dia 22 de janeiro ele convocou policiais de serviço e outros que estavam de folga para fazer operação bloqueio sem objetivos claros. Durante essa ação, que foi realizada ao meio-dia, nenhum dos policiais usava máscaras, porque o líder deles, o delegado Wagner Milhardo, não acredita na existência dessa doença”, afirmou outro policial.

“Como resultado já tem dois policiais civis infectados na cidade. Os policiais não concordam com essas operações midiáticas dele, mas ele é vingativo e persegue quem discorda dele”, reclama o denunciante.

O caso de Milhardo foi levado até mesmo para a ouvidoria da polícia. Em nota, a entidade afirma que “todas as denúncias de infrações disciplinares são encaminhadas aos órgãos responsáveis pelas apurações e que, diante da reclamação da delegacia de Ribeirão Pires, as denúncias recebidas foram encaminhadas à Corregedoria da Polícia Civil”.

Questionada, a SSP (Secretaria da Segurança Pública) informou que as reclamações de ambos os casos serão analisadas disciplinarmente. Os delegados foram ainda intimados a prestar esclarecimentos quanto às denúncias. Em relação a Milhardo, a SSP informou, por meio de nota, que a Delegacia Seccional de Santo André, responsável por Ribeirão Pires, conforme determinações do governo do Estado, orienta a todos os seus subordinados para a adoção dos cuidados necessários contra o coronavírus. “Não houve afastamento por infecção da Covid-19 na Delegacia de Ribeirão Pires”, pontuou a pasta

Delegado Federal alisa deputado criminoso…Fosse um qualquer seria algemado em vez de autorizado a fazer live…Tem PF ficando de quatro para o bolsonarismo 16

Diante do deputado musculoso, policial solitária teve reação mais acertada

Deputado Daniel Silveira discute no IML - Reprodução de vídeo
Deputado Daniel Silveira discute no IML Imagem: Reprodução de vídeo

Chico Alves

Colunista do UOL

17/02/2021 19h39

Foram muitas as reações desde que o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) postou nas redes sociais o vídeo em que despeja ameaças e xingamentos a ministros do Supremo Tribunal Federal, além de fazer apologia ao AI-5.

Alexandre de Moraes determinou prisão em flagrante; os parlamentares da Câmara debatem se ratificam ou não a punição e a Procuradoria-Geral da República denunciou Silveira por agressão, incitação à violência e outros crimes.

Todas essas reações dão margem a controvérsias.

A ordem de Moraes detonou discussão sobre se é possível ou não aplicar o conceito de flagrante a um mandado de prisão daquela natureza.

O debate entre os deputados oscila entre a condenação ao comportamento de Silveira e o receio de que a decisão de Moraes permita punições arbitrárias aos políticos.

A denúncia da PGR chega com atraso, diante do extenso cartel de barbaridades praticadas pelo pesselista marombado.

Partiu de uma solitária policial que cumpria plantão na portaria do Instituto Médico Legal do Rio a atitude mais acertada diante das bravatas do brutamontes.

Como costuma fazer em outros recintos, o negacionista Silveira tentou entrar sem máscara contra a covid-19 para fazer exame de corpo de delito, antes de seguir para a prisão.

Ante o pedido da policial civil para que colocasse a máscara, o deputado alegou que tem “dispensa”. A mulher não aceitou a alegação: “Aqui dentro não tem dispensa”.

E prosseguiu: “Para a nossa proteção e para a sua, mas aqui dentro tem que usar máscara”.

O deputado insiste e a policial repete: “Não existe dispensa”, diz ela.

Silveira se exalta “Não existe? Não? Eu faço o quê? Rasgo? A senhora não manda em mim não”.

A partir daí, sob o olhar complacente do delegado federal que o escoltava, o parlamentar passa a discutir com a mulher. Por vezes, faz menção de avançar em direção a ela e é contido.

Diz que a servidora é “militante petista”, que quer “fazer espetáculo”, avisa à agente que “não está falando com vagabundo não”, solta vários palavrões e provocações.

A policial, no entanto, foi inflexível. “Aqui dentro tem que usar máscara, senhor”, foi a frase mais repetida por ela, em voz tranquila. Também disse a ele algumas vezes: “Respeita a casa”.

Depois de muito esbravejar, Daniel Silveira finalmente colocou a máscara.

Em nenhum momento a mulher pareceu intimidada com o tom agressivo do deputado.

Sem qualquer alarde, a policial cumpriu o seu dever e obrigou o parlamentar musculoso a cumprir as regras de civilidade de uma forma mais instantânea que o ministro do STF, a Comissão de Ética da Câmara ou a PGR.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

Beneficência…Pura! – Nova modalidade de jogatina invade a Baixada Santista 20

A necessidade é a mãe da invenção, tanto é verdade que para evitar aglomerações e contatos entre pessoas muitas atividades pararam de funcionar ou se acham limitadas…

Mas eis que nos bares e padarias das periferias os antigos televisores, que antes faziam a alegria da freguesia em dia de jogo, foram adaptados para apostas em diversas modalidades esportivas e loterias locais.

Assim, quem não pode mais bater um bilhar com os amigos faz uma doação via maquininha “célio” e aguarda a adrenalina subir olhando pra tela; ninguém sabe ainda quem explora…

Resultado de imagem para bingo keno

 

Notícia velha , mas merecedora de registro: policiais civis de Guaratinguetá suspeitos de empregar viatura para dar suporte a assaltantes 7

MP investiga policiais civis por suspeita de roubo com uso de viatura descaracterizada em Guaratinguetá

Operação foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (29) e tem como alvo três policiais que atuam no 3°DP e outras duas pessoas, uma delas com antecedentes criminais por roubo.

Por G1 Vale do Paraíba e Região

29/01/2021 09h29  Atualizado há uma semana


Operação do MP apura envolvimento de policiais civis por suspeita de roubo com viatura em Guaratinguetá — Foto: Arquivo Pessoal

Operação do MP apura envolvimento de policiais civis por suspeita de roubo com viatura em Guaratinguetá — Foto: Arquivo Pessoal

Uma operação do Ministério Público e Corregedoria da Polícia nesta sexta-feira (29) investiga o envolvimento de policiais civis em um roubo com uso de viatura descaracterizada em Guaratinguetá (SP).

Ao todo, a operação cumpre cinco mandados de busca e apreensão nesta sexta-feira. Os alvos são três policiais civis do 3° Distrito Policial de Guaratinguetá e outras duas pessoas, uma delas com antecedentes criminais por roubo.

Vídeo mostra viatura descaracterizada e assaltantes:

MP apura envolvimento de policiais civis em roubo com viatura descaracterizada em Guará

MP apura envolvimento de policiais civis em roubo com viatura descaracterizada em Guará

A investigação começou depois de um roubo em outubro de 2020. Ao investigar o caso, a polícia encontrou imagens de câmeras que mostravam uma viatura descaracterizada parada próxima ao local do crime.

A viatura, um Palio Prata, estaciona na esquina e pouco depois chega ao local um Uno vermelho. Um dos ocupantes desce e conversa com as pessoas na viatura descaracterizada, que deixa o local na sequência. O motorista do Uno volta para o carro e outros dois homens descem – são eles que cometem o roubo em outro ponto do bairro.

Quatro minutos depois, os dois assaltantes voltam com uma moto e mochila roubadas. Eles abandonam a moto e fogem no Uno. No mesmo momento em que os suspeitos voltam ao Uno, a viatura descaracterizada passa no cruzamento.


Com atraso em razão de férias.

Advogado de PM corrupto tem tara por travestis e gays…Meu caro , ilegal, imoral e contrário a todos os valores religiosos universais é PM matar, roubar , torturar e matar a céu aberto…Deixe de ser um boçal do Direito, Excelência! 7

Acusado de homofobia, advogado anexa fotos de pornô gay em processo

Advogado Celso Vendramini - Reprodução/Facebook
Advogado Celso Vendramini Imagem: Reprodução/Facebook

Rogério Gentile

Colunista do UOL

10/02/2021 10h24Atualizada em 10/02/2021 16h31

O advogado Celso Vendramini encaminhou à Justiça uma série de fotos de gays praticando sexo em locais públicos para se defender no processo em que é acusado de ter cometido homofobia contra uma promotora.

Vendramini foi denunciado pelo Ministério Público, pois, em 2019, durante o julgamento de dois policiais militares acusados de matar suspeitos de crimes, disse, entre outros comentários, ser fã do presidente russo Vladimir Putin e que “na Rússia não tem passeata gay”. “Vai ser veado lá na Rússia para ver o que acontece.”

O caso não tinha relação alguma com a orientação sexual dos envolvidos, mas Cláudia Ferreira Mac Dowell, a promotora que acusava os policiais de assassinato, é lésbica. Durante a sua fala na sessão do júri, o advogado perguntou se ela era casada e fez referência à aliança que usava na mão esquerda.

No processo em que é acusado de homofobia, o advogado afirma que não sabia dos “gostos ou preferências sexuais” da promotora e que em momento algum “pregou repressão, segregação, ou qualquer coisa em desfavor dos homossexuais”.

Vendramini diz que apenas expos suas convicções religiosas e valores morais, assim como teceu críticas a comportamentos verídicos e criminosos, citando “atos obscenos em via pública e a sexualização de crianças”.

Fotos de gays fazendo sexo em locais públicos, de crianças segurando bandeiras do arco-íris (símbolo do movimento LGBTQ+) e de uma atriz transexual interpretando o Jesus crucificado foram anexadas ao processo.

Na defesa apresentada à Justiça, ele diz que o Ministério Público não tem legitimidade para questionar os temas que um advogado aborda ao defender seus clientes.

“Se Vendramini entendeu que, naquele caso, convenceria os jurados através da contraposição dos valores conservadores da ideologia de direita e dos valores da ideologia de esquerda, a ninguém é dado o direito de questionar sua escolha”, afirmou à Justiça o advogado Ronaldo Lacava, que representa Vendramini no processo aberto pelo Ministério Público.

O promotor Gilberto Ramos de Oliveira Júnior disse à Justiça que, além das “ofensas generalizadas” aos gays, “é certo que Vendramini ofendeu a dignidade e o decoro da promotora de Justiça, cuja opção (sic) sexual é pública e notória, por todos conhecida”.

O processo ainda não foi julgado.

** Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do UOL.

O tipinho nefasto recebeu uma colher de chá de juíza e ainda não foi expulso…Parabéns aos verdadeiros PMs que prenderam o bandido fardado em flagrante…Uma benção verificar que ainda há quem defenda a pureza da função! 2

PM que iria ‘usar drogas em ocorrências’ é condenado e solto

08/02/21 por Jeniffer Mendonça

 

Yuri Teles foi preso no ano passado com um suposto ‘kit flagrante’ de cocaína e maconha; justiça considerou que ele poderá cumprir pena em liberdade, mas promotora recorreu

Yuri Faria Teles em 30 de agosto, quando foi preso por tráfico, no 24º DP (Ponte Rasa)| Foto: Reprodução/Polícia Civil de SP

O policial militar Yuri Faria Teles, 21 anos, que foi preso com drogas e afirmou que as usaria em ocorrências, foi condenado a um ano, 11 meses e 10 dias de reclusão em regime inicial aberto (quando a pessoa só tem a obrigação de ficar recolhida à noite ou nos dias de folga, numa unidade prisional ou na própria casa) e pagamento de 194 dias-multa por tráfico de drogas.

De acordo com a juíza Margot Chrysostomo Corrêa, que assinou a sentença na última quarta-feira (3/2), a versão do soldado de que teria encontrado os entorpecentes com um suspeito que tentou abordar, mas que saiu correndo jogando uma sacola, é “absurda” e “esdrúxula”. Além disso, destacou que a versão dos dois policiais que o abordaram e afirmaram que Teles disse informalmente que usaria as drogas em ocorrências é “coerente”, pois não não haveria motivos para que a dupla mentisse. Ela entendeu como procedente a acusação de tráfico de drogas, que tem pena mínima de 5 anos, mas diminuiu a pena ao considerar que acusado não tem antecedentes e nem integra organização criminosa. A magistrada também determinou que ele poderia recorrer da decisão em liberdade.

Leia também: Um policial pode prender você sem provas. E a Justiça vai acreditar nele

Em 30 de agosto do ano passado, por volta das 7h35, os policiais Leandro Augusto de Moura e Ricardo Luiz da Silva observaram uma aglomeração num posto de combustível no cruzamento da Avenida Dom Helder Camara com a Rua Jujiu, na Ponte Rasa, zona leste da capital paulista, conforme relataram no boletim de ocorrência. Ao questionarem pessoas no local, uma contou que havia visto, momentos antes, um suspeito armado num Jeep Renegade cinza. A testemunha indicou a direção que o veículo seguiu.

Patrulhando pela Rua Arquiteto Francisco Beck, a dupla de PMs perguntou a uma pessoa da rua se havia visto um automóvel parecido e ela disse que sim, que era dirigido por alguém “jovem, trajando calça jeans e camisa preta e havia adentrado em uma feira local”. Ao abordarem Yuri Teles por causa dessas características, os policiais questionaram por que ele teria passado em alta velocidade e se havia alguma irregularidade com o jipe. Yuri teria se identificado enquanto soldado, dito que estava armado e que tinha drogas que seriam para “usar em ocorrências”, segundo os policiais. Ao revistarem o veículo, os PMs encontraram uma sacola no porta malas com 54 pinos e 56 papelotes contendo cocaína, 29 trouxinhas de maconha e 21 frascos de lança perfume — que correspondiam a 82 gramas de cocaína, 146 gramas de maconha e 126 mililitros de Tricloroetileno, utilizado na fabricação de lança-perfume. Ele foi preso em flagrante e levado ao 24º DP (Ponte Rasa).

Leia também: Corregedoria descobre combo de ‘kits flagrantes’ e prende 11 PMs

O soldado declarou na delegacia que as drogas que estavam com ele pertenciam a um suspeito alto, magro e que usava moletom, que ele tentou abordar às 6h daquele mesmo dia no bairro de São Mateus, também na zona leste, mas que saiu correndo e jogou a sacola no chão. Yuri Teles disse que não havia declarado a ocorrência à corporação, que estava à paisana e que tinha apenas dois meses de policiamento na rua, sendo que ficou “assustado” com a abordagem dos policiais.

Em audiência, Yuri Teles explicou que estava com um amigo no carro vindo de uma festa quando teria visto “dois rapazes, um de pé e o outro na motocicleta”, diferentemente do que estava no boletim de ocorrência, achando que era um assalto. Os dois teriam fugido largando a sacola depois que ele sacou a arma. Ele afirma que não pensou em levar o amigo como testemunha e que no caminho foi “fechado” por um automóvel Celta preto, cujo motorista “saiu xingando” e ele pensou que tinha relação com o possível assalto anterior, tendo sacado a arma, mas que depois percebeu que era apenas uma “questão de trânsito”. Disse que deixou o amigo na casa dele e que estava indo para a delegacia, mas que resolveu “parar na feira para comer um pastel, já que o plantão começava às 8 da manhã”. No momento, acabou sendo detido pela dupla de colegas.

Leia também: PMs suspeitos de usarem ‘kit flagrante’ em 2017 são expulsos da corporação

O Ministério Público Estadual, que havia denunciado o soldado por tráfico de drogas com agravante de abuso de autoridade, entrou com uma apelação na sexta-feira (5/2) para reverter a sentença, já que não concordou com a pena estipulada pela juíza e pede que os agravantes sejam considerados e que o cumprimento da condenação seja feita em regime fechado. “É preciso considerar, ainda, a maior reprovabilidade da conduta do apelado, eis que sendo policial militar a ele incumbia proteger a sociedade, defender a lei e a ordem e não praticar crimes”, argumentou a promotora Paula de Camargo Ferraz Fischer.

Outro lado

Ponte procurou a defesa do soldado Yuri Teles, por e-mail, mas não obteve resposta. A reportagem também questionou as assessorias de imprensa da Secretaria de Segurança Pública e da Polícia Militar para saber se o policial retornaria ao trabalho nas ruas e se haveria alguma investigação por parte da Corregedoria da corporação, mas não responderam até a publicação.

Ponte Jornalismo

Ouvidor deveria defender o fim dessas duas polícias pestilentas…Mas a autoridade mais nefasta é justamente o Delegado de Polícia…Chancelador das arbitrariedades e mentiras da PM 9

“Fizeram o que polícia não fez”, diz ouvidor a pais que investigaram crime

O ouvidor da Polícia, Elizeu Soares Lopes (de terno), conversa com os jovens Eryk (com uma criança no colo), Kelvin (abraçado com a esposa) e Alexssandro (sentado) e seus pais - Marcelo Oliveira/UOL
O ouvidor da Polícia, Elizeu Soares Lopes (de terno), conversa com os jovens Eryk (com uma criança no colo), Kelvin (abraçado com a esposa) e Alexssandro (sentado) e seus pais Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

 

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

10/02/2021 04h00

O ouvidor da polícia de São Paulo, Elizeu Soares Lopes, esteve ontem (9) no Capão Redondo, na zona sul de São Paulo, com os jovens Alexssandro Marques do Nascimento, 18; Eryk Bueno Pimentel, 20; e Kelvin Nascimento de Amancio, 22. Os três passaram dois meses presos por roubo e foram soltos após os pais deles investigarem o caso e conseguirem imagens que mostravam que eles não estavam na cena do crime pelo qual foram presos pela Polícia Militar.

“Vocês fizeram o trabalho que a polícia não fez”, disse o ouvidor aos pais dos jovens. Alexssandro, Eryk e Kelvin estão em liberdade provisória desde 20 de janeiro e ainda têm algumas restrições de direitos — eles não podem sair das 22h às 6h, por exemplo.

Relacionadas

Famílias investigam roubo para provar inocência de 4 jovens presos em SP Jovem negro testemunha roubo de moto, mas é preso e condenado pelo crime Jovens são presos por crime cometido na hora que eram abordados pela PM

A Polícia Civil é a primeira que deveria fazer o controle do trabalho da PM. Se a autoridade policial, que é o delegado, vê que a informação que a PM traz não faz sentido, ele tem que se negar a autuar os presos em flagrante.”Elizeu Soares Lopes, ouvidor da polícia

A ouvidoria abriu um procedimento sobre o caso no dia 18 de janeiro e cobrou informações das corregedorias de ambas as polícias. No dia 20, mesmo dia em que o UOL noticiou o caso, a juíza Maria Fernanda Belli, da 1ª Vara Criminal, concedeu a liberdade provisória dos jovens. https://s.dynad.net/stack/928W5r5IndTfocT3VdUV-AB8UVlc0JbnGWyFZsei5gU.html

Para o ouvidor, casos como o dos rapazes do Capão Redondo mostram como a pobreza é criminalizada no país. “Será que num bairro nobre eles seriam tratados assim?”, questionou.

Após 20 dias de liberdade, Alexssandro, Eryk e Kelvin ainda sentem o peso da prisão e têm medo da polícia.

Bate insegurança quando vejo uma viatura.”Eryk Bueno Pimentel

Tenho medo que eles voltem e façam a mesma coisa de novo.”Kelvin Nascimento de Amancio

Eryk e Alexssandro estão em busca do primeiro emprego e Kelvin arrumou um trabalho em um lava-rápido. Alexssandro está aguardando o resultado de uma vaga e Eryk afirma que está com dificuldade de se empregar.

O UOL solicitou um posicionamento da Secretaria de Segurança Pública a respeito das declarações do ouvidor e aguarda manifestação.

Ouvidor defende polícia comunitária

Lopes defendeu uma polícia comunitária “e não uma polícia que veja a população como inimiga”, disse. “O comandante da PM local tem que conhecer os moradores e as lideranças comunitárias, o pastor, o padre”, defendeu o ouvidor.

A assistente social Maria Edijane Alves, articuladora da Rede de Proteção e Resistência contra o Genocídio, grupo formado por articuladores sociais que dão apoio a vítimas de violações de direitos humanos, disse que é necessário pensar em outras políticas públicas para a periferia que não apenas a intervenção policial. “Os jovens foram presos na única área de lazer do bairro”, disse.

Elizeu concordou com a assistente social. “Eu cresci no Itaim Paulista [zona leste de São Paulo] numa família com dez irmãos. Sei o quanto é difícil o acesso a direitos. E esse problema não é só das famílias, mas do Estado”, disse.

Amigo dos jovens segue em prisão domiciliar

O ouvidor também conheceu a tutora do jovem Rafael Marques, 21, a cozinheira Silvana Maria Marques, tia do jovem. Ela contou que o rapaz continua em prisão preventiva domiciliar. Ele não foi preso em regime fechado como seus três amigos por ter diagnóstico de transtorno bipolar e atraso em seu desenvolvimento intelectual.

Silvana não está conseguindo contato com o advogado do rapaz e a defesa dele ainda não requereu que a liberdade provisória concedida à Alexssandro, Erik e Kelvin seja estendida para ele.

“Ele só tem autorização para ir acompanhado por mim até a UBS para pegar a medicação dele ou ir ao médico”, contou Silvana. O resto do tempo Rafael fica em casa.

Da esq. para a dir., Kelvin Amâncio, Eryk Pimentel e Alexssandro Nascimento, libertados há 20 dias, após dois meses presos acusados de roubo - Marcelo Oliveira/UOL - Marcelo Oliveira/UOL
Da esq. para a dir., Kelvin Amâncio, Eryk Pimentel e Alexssandro Nascimento, libertados há 20 dias, após dois meses presos acusados de roubo; os pais deles juntaram imagens que mostram que eles não estavam na cena do crime Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

 

 

Infelizmente, Delegado de Polícia só presta desserviços…É o primeiro garantidor de injustiças…Estão ganhando muito bem pela rotineira desídia e covardia! 1

Juíza manda soltar preso por crime cometido quando era revistado pela PM

Lennon Seixas e a cachorrinha da família, em foto do Natal de 2020 - Arquivo Pessoal
Lennon Seixas e a cachorrinha da família, em foto do Natal de 2020 Imagem: Arquivo Pessoal

Marcelo Oliveira

Do UOL, em São Paulo

11/02/2021 08h47

A Justiça determinou ontem a liberdade provisória de Lennon Seixas Vieira da Silva, 27. Ele é um dos três rapazes presos pela PM e acusados pelo Ministério Público pelo sequestro relâmpago de um médico ocorrido em 4 de janeiro, na cidade de São Paulo.

Um vídeo de uma câmera de segurança, obtido pela família do jovem e apresentado à Justiça por seu advogado, porém, mostra que dois dos jovens presos, Lennon e Bruno Souza dos Prazeres, 27, foram abordados e fotografados pela PM no horário do crime, conforme revelou a reportagem do UOL publicada terça-feira (9).

Toda a prova do caso parece questionável, diz juíza

A decisão de soltá-lo foi da juíza Maria Fernanda Belli, da 1ª Vara Criminal de São Paulo. Para a magistrada, não se podem desprezar “as dúvidas aventadas pela defesa (…) o que tornaria injustificável o período de prisão cautelar”. De acordo com Belli “toda a prova até o momento carreada parece questionável [e] não se coaduna com a correção que se espera da análise de um caso”.

A juíza também levou em consideração que Lennon não possui antecedentes criminais, vive com os pais e que, apesar da gravidade da acusação que pesa contra ele, a prisão preventiva seria “uma antecipação de pena”.

A Justiça concedeu a Lennon a liberdade provisória mediante algumas condições. Ele não poderá se ausentar de São Paulo por mais de sete dias, nem mudar de endereço sem autorização judicial. Ele deve ficar em casa das 21h às 7h, exceto que comprove estar trabalhando. Lennon está desempregado e, segundo sua família, queria trabalhar com um carrinho de churrasco.

O Ministério Público de São Paulo foi contrário à liberdade provisória de Lennon e dos demais. Segundo a promotora Maria Luiza Matusaki, prevaleceria “o reconhecimento pessoal por parte da vítima”.

Lennon deve sair hoje; Bruno e Rodrigo seguirão presos, entenda

O alvará de soltura de Lennon foi concedido após as 18h e o setor jurídico do CDP de Osasco, onde ele está preso, já estava fechado. Ele deve ser solto na tarde ou noite de hoje, afirmou seu advogado.

Segundo a juíza, o pedido da defesa de Lennon trata apenas da situação envolvendo o réu. Por conta disso, ela não estendeu o mesmo benefício aos outros presos: Bruno e seu irmão, Rodrigo Souza dos Prazeres, 31.

A mãe de Rodrigo e Bruno contou ao UOL que Rodrigo foi preso em casa, depois de Lennon e Bruno, assim que chegou do trabalho. Bruno e Rodrigo são atendidos pela Defensoria Pública do Estado.

O pai e a mãe de Lennon pedem a liberdade do filho preso em Piraporinha, na zona sul de São Paulo - Marcelo Oliveira/UOL - Marcelo Oliveira/UOL
O pai e a mãe de Lennon pedem a liberdade do filho preso em Piraporinha, na zona sul de São Paulo [por segurança, a foto foi editada para apagar os números de telefone da família] Imagem: Marcelo Oliveira/UOL

Aparência dos presos é diferente da descrição feita pela vítima em B.O.

Antes do reconhecimento, que é a principal prova do processo, o médico descreveu os assaltantes na delegacia de Itapecerica da Serra com uma aparência muito diferente dos três jovens presos. Em comum, só o fato de serem negros. Os pais de Lennon afirmam que o médico foi muito pressionado pelos PMs.

No B.O. registrado em Itapecerica consta que dois dos autores do crime descritos pela vítima teriam cerca de 20 anos e que o terceiro assaltante teria cerca de 17 anos e 1m90. Ao lado da descrição desse adolescente constava o nome Tiago. Não há no B.O. nenhuma explicação sobre o por quê desse nome estar ali.

Nenhum dos jovens presos tem 1m90. Além de levar o carro do médico, os bandidos sacaram R$ 900 da vítima e roubaram um uniforme, um celular e outros objetos. Nada foi encontrado pela PM com Lennon, Bruno ou Rodrigo.

Na decisão, a juíza ressalta ainda que discussões sobre o depoimento da vítima ou dos policiais não cabem neste momento do processo, mas no julgamento do mérito. O UOL procurou o médico, mas ele não respondeu ao pedido da reportagem para uma entrevista.

A juíza ressaltou na decisão que não foi dela a ordem de prisão preventiva dos três jovens, mas da juíza que atuou no caso durante o recesso forense.