O petrolão não é um fato isolado 11

30 Nov 2014

 

SERGIO FAUSTO

Ante os fatos estarrecedores que surgem na apuração do escândalo da Petrobrás, o governo empenha-se em tentativas disparatadas de ora borrar a singular gravidade do esquema de corrupção descoberto, ora atribuirá os méritos pelo desenrolar desimpedido dos trabalhos da Polícia e do Ministério Público Federais, como se isso não se devesse à autonomia constitucionalmente assegurada a esses órgãos do Estado brasileiro. Melhor teria feito o governo se não tivesse solenemente ignorado, desde 2009, os alertas do TCU de que havia algo de muito errado acontecendo na maior empresa brasileira

O disparate chega a tal ponto que dias atrás o ministro da Justiça se aventurou em análise sobre a “cultura brasileira” para “explicar” as causas do petrolão. A culpa seria de todos nós, supostamente tolerantes com a prática diária de atos de corrupção, como se o assalto continuado aos cofres da Petrobrás, perpetrado pela associação criminosa de agentes públicos, atores políticos e um cartel de empresas privadas, fosse fenômeno equivalente ao pagamento de propina ao guarda da esquina para evitar uma multa de trânsito. Por mais reprovável que seja este ato, uma coisa é uma coisa e outra coisa é outra coisa, muito mais grave aquela, por suas repercussões gerais, do que esta. Trata-se de uma obviedade que não deveria escapar a um homem esclarecido e normalmente sensato como José Eduardo Cardozo. É que mesmo as mais lúcidas cabeças do governo andam confusas nos dias que correm.

O rei está nu

No caso, a nudez decorre da revelação de um padrão de desvio de recursos públicos que é novo não apenas por sua escala, mas também porque é parte integrante de um fenômeno político inédito no Brasil: a formação de um bloco de poder articulado por um partido com máquina política e sindical, que mobiliza os instrumentos de um Estado em expansão desregrada para cooptar setores do empresariado e da sociedade e assim tornar viável seu projeto de hegemonia política duradoura. A captura de empresas estatais, agências reguladoras, bancos públicos e fundos de pensão é uma operação constitutiva desse modelo e de sua perpetuação (não um acidente de percurso). Nele há uma peculiar acoplagem dos interesses políticos dominantes à ideologia de que cabe ao Estado o papel de líder e motor do desenvolvimento. Os ideólogos de boa-fé, imbuídos do propósito de fazer a grandeza do Estado e da Nação, não raro confundidos como uma só e mesma coisa, preparam inadvertidamente o terreno ideológico e operacional, quando têm poder para tanto, em que vicejam esquemas de corrupção nos moldes do petrolão

Com a bonança econômica dos anos Lula, propiciada em boa parte por condições externas muito favoráveis, com a oposição enfraquecida social e politicamente, o modelo rodou a mil por hora. Havia condições financeiras e políticas para contemplar todos os apetites, os legítimos e os ilegítimos. Como costuma acontecer em momentos de euforia, os operadores do modelo – e, por favor, não confundamos os “de boa-fé” com os “de má-fé”– perderam a noção dos riscos econômicos e/ou criminais em que incorriam. Os “de má-fé” experimentaram até recentemente a sensação de impunidade que só o poder aparentemente irrefreável é capaz de oferecer

O petrolão não pode ser analisado isolado. Ele é o sintoma mais grave de uma doença que se instalou nos fundos de pensão, nos quais o PT passou a controlar a representação governamental e dos empregados, quando antes havia equilíbrio de forças; nas agências reguladoras, em que a nomeação por critérios técnicos foi substituída pela ocupação partidária; nos bancos públicos, cujas diretorias se abriram aos partidos, a ponto de o tesoureiro de um deles ter sido recentemente nomeado para uma das vice-presidências da Caixa Econômica Federal  para ficar apenas em algumas referências.

Dizer que já havia corrupção nas relações entre agentes públicos, atores políticos e empresas privadas antes de o PT chegar ao poder é afirmar o óbvio. Nessa matéria nenhum partido é puro, nem aqui nem em nenhuma parte do mundo. Não se trata, portanto, de apontar mocinhos e bandidos, mas de verificar em que medida essas relações vão ganhando forma de organização criminosa e penetrando as estruturas do Estado e do sistema político. No limite, dá-se a constituição de um poder paralelo e oculto que comanda o jogo político e empresarial, sob a carapaça da legalidade formal do Estado democrático. É o que aconteceu na Itália, onde até o venerando Giulio Andreotti, diversas vezes primeiro-ministro, se tornou parte integrante da rede mafiosa desbaratada pela Operação Mãos Limpas, no início dos anos 1990.

É desse risco que o Brasil possivelmente se está livrando com a operação Lava Jato, se ela produzir os efeitos desejados na esfera penal. A corrupção que ganhou forma nos últimos 12 anos não é moralmente mais condenável do que a que a precedeu. Mas é politicamente mais perigosa, pela imbricação sistemática de partidos, instituições do Estado e cartéis de empresas de grande porte, num esforço coordenado para desviar recursos públicos com o fim último de perpetuar no poder o mesmo sistema que engendrou ou permitiu a ação criminosa organizada. Não é que exista um gênio do mal por trás de tudo isso. O que temos é uma lógica de poder que, se não for quebrada, produzirá um mostro que possivelmente fugirá ao controle mesmo dos que se imaginavam capazes de controlá-lo.

Claro que reformar o sistema político é imprescindível para reduzir as chances de novos petrolões e fortalecer a democracia. Para isso, no entanto, nada é mais importante agora do que traçar com nitidez a divisória que separa a legalidade democrática da atividade criminosa, punindo exemplarmente os que cruzaram essa fronteira, não importa a cor partidária que tenham ou os interesses que representem.

Um Comentário

  1. Boa Noite!

    Senhoras e senhores.

    Estas notícias a cada dia que passa cheira uma enorme “pizza” e daquelas bem fedorentas, pois se não houvesse uma repercussão negativa no exterior com relação a certas negativas ocorridas no País no tocante aos envolvimentos de pessoas diretamente ligadas à situação, inegavelmente tudo seria abafado.

    Muitas pessoas da sociedade sequer imaginam os números estratosféricos nestas falcatruas e também os nomes de todos os envolvidos. Talvez ou somente saberão nomes de alguns gatos pingados que circulam em escalões inferiores, mais comumente conhecidos como “lousa”.

    É o caso daquela anciã funcionária do Banco Central que desviava cédulas que deveriam ser destruídas. Será que era somente ela que furtava aquelas cédulas?

    Bem aos olhos de alguns que nada fazem, mas que efetivamente se locupletam dos benefícios do governo, isto deve ser tudo natural, pois estes também se aquilatam não em igualdade de valores, mas em igualdades de sacanagens.

    E aos outros máximos da nação, que somente servem de eunucos e pagadores de micos, “Trabalhador Honesto”, cabe apenas o ônus do prejuízo.

    Tudo é muito vergonhoso e digo mais:

    “De que adianta roubarem bilhões se quando morrerem, todo este dinheiro não servirá pra nada a não ser criar tremendas desavenças e mortes entre os seus descendentes e no ataúde, bem no ataúde, fatalmente e somente sobrará espaço para um pouco dos seus pecados”.

    É muito triste ver o que estão fazendo com a nossa nação e o quanto estão fazendo com o seu povo.

    E ainda dizem que um dia existiu aqui no Brasil uma “Ditadura Militar” e que somente contribuiu com o atraso de nossas vidas.

    Agora eu pergunto:

    Qual ditador que vocês conhecem que devolveu de bandeja o governo para a sociedade sem ao menos despejar uma gota de sangue?

    Caronte.

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  2. Hoje, sobre o “apertinho dado nos larápios” e a devolução espontânea de milhões, ouvi do Milton Neves que na sua juventude, diziam em Muzambinho, que no lugar em que se vê uma barata pode acreditar que, se procurar, vai achar mais de duzentas…
    Ou seja, se voluntariamente o cidadão devolve milhões, significa que ele está colocando à disposição cerca de 10% do que foi acumulado… Se ele vier a ser preso, ainda vai viver muito bem quando for solto…

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  3. PQP, e ainda tem gente que leva essa imprensa e esse ministério público a sério…

    Lelê Teles: O terrível recrutamento de crianças para lavagem cerebral publicado em 1 de dezembro de 2014 às 11:21


    SOBRE LUNÁTICOS, IMBECIS E PARANOICOS

    Por Lelê Teles, no Facebook

    Dizem que feliz é aquele que já acorda a gargalhar.

    Mas a gente não ri só de alegria. Nesse momento, me sinto um daqueles cabras que assistem vídeos de acidentes domésticos para rir da desgraça alheia.

    Explico-me. Hoje, logo ao despertar, antes dos exercícios para alongar a coluna dorsal, deparo-me com essa no Tijolaço: “Procurador da República em Goiás, Ailton Benedito de Souza, expôs o MPF ao ridículo ao agir contra decisão do governo venezuelano de convocar 26 jovens do Brasil para compor uma tal Brigadas Populares de Comunicação”.

    Você sabe, o Estado Islâmico está a recrutar cidadãos ingleses, na flor da idade, para a terrível guerrilha fundamentalista. Não seria nada estranho que o Estado Bolivariano estivesse a fazer o mesmo com ingênuos jovens petralhas.

    Foi pensando nisso, quem não o pensaria, que o heroico procurador goiano vestiu sua capa, botou a cueca pelo lado de fora da calça, meteu nos olhos uma viseira e, alucinado, envenenado como todo midiota ao ouvir falar em Venezuela, saiu a procurar chifres em cabeça de cavalo.

    E fez o que qualquer super heroi que se preze faria, mandou uma intimidante intimação ao nosso Itamaraty!

    Sufocado pela gravata que usa em pleno deserto do cerrado, o goiano deu dez dias para o nosso desocupado Itamaraty levantar a identidade da garotada patrícia – delírio dele – e impedir que os nossos jovens ingressem no abominável exército bolivariano.

    O diabo, previdente internauta, é que o procurador tem um péssimo faro pra perdigueiro, ele leu uma noticiazinha na internet e agiu midioticamente. Veja que coisa vexosa.

    O Brasil, ao qual se referia o informe, é um mero bairro popular, uma quebrada, lá mesmo na Venezuela!

    Pelas barbas de Bin Laden.

    O Globo, veja que o goiano não está só, chegou ao disparate de chamar os venezuelanos de brasileiros. Pode isso, Arnaldo?

    Pode, responde o arbitrário juiz, tudo bem pra quem publicou uma entrevista com um sósia de Felipão como se fosse o próprio Big Phill a falar.

    Para impedir barrigas como essas será necessário, e urgentíssimo, se fazer uma cirurgia bariátrica em nossa mídia.

    Ventilada aos quatro pontos cardeais do planeta, a trapalhada deu motivo para que o mundo inteiro acordasse hoje a gargalhar de Goiás, do Brasil e do patético promotor.

    Essa bravata, vergonhosa, me fez lembrar do cãomunista Roberto Freire.

    Certa vez o intrépido pernambucano leu uma noticiazinha no site G17 que afirmava ter Dilma cunhado uma herética frase endeusando Lula, o sapo barbudo, em uma cédula de 3 reais.

    Quem não se indignaria?

    Freire, como um patético patriota, foi ao twitter e denunciou ao país, em menos de 140 caracteres: “Isso é uma ignomínia! Dilma pede e BC coloca em circulação notas com a frase Lula Seja Louvado”.

    Louvado seja o nosso senhor Jesus Cristo, como o ódio cega as pessoas.

    Que vontade de fazer como o Mestre da Galileia, cuspir nas mãos cheias de barro, esfregá-las e friccioná-las nos olhos destes cabras para ver se a luz penetra.

    É muita treva a nos atravancar.

    Palavra da salvação.

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  4. É o que sempre disse, o Petrolão é de desde sempre da Petrobrás. Acreditar ser obra do PT é idiotice. Agora faltam nomes, o escândalo vem seguindo moldes do BANESTADO, e o doleiro é ligado a lideranças politica deste estado, São Paulo. Acreditar e repassar notícias como se fossem somente o PT é desinformação e desamor ao País.
    Aqui a Suíça não vale para o Metro mas vale para a Petrobrás. engraçado não é. Quem é ou não exercito de trous. Quem informa ou quem desinforma.

    Uma vergonha. O capitalismo da Direita é o que tem que mamar até chegar a ser alguém, mas não precisa ser muita coisa não uma mamada e uma babadinha é fundamental, viva o Capitalismo Selvagens e os bajuladores. VIVA.

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  5. Em janeiro a pm receberá 700,00 de alimentação e os peões da PC nada????????????????????

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  6. Por que será que no Município de São Paulo, o dinheiro foi escondido? Tá demorando, tem que haver a prisão de todos que estão envolvidos em corrupção por improbidade administrativa. Isso serve para marcar e carimbar os corruptos e seus beneficiados.

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  7. Palhaçada este governo, adora fazer bondade com o alheio, cade o reajuste de alimentação nosso, a PM vai pra 700,00 agora.

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