Arquivo diário: 02/12/2019
Análise: PM agiu “fora das normas” em ação em Paraisópolis 7
Análise: PM agiu “fora das normas” em ação em Paraisópolis
Resumo da notícia
- A PM foi imprudente ao não pedir reforços na ação que deixou 9 em um baile funk
- Em razão da aglomeração do baile, os agentes deveriam abortar a operação
- A responsabilidade é da política de segurança pública no Brasil
Os agentes da Polícia Militar agiram “fora das normas” na ação de ontem que deixou nove mortos e 12 feridos em um baile funk na comunidade de Paraisópolis, zona sul de São Paulo. A análise é de um coronel da reserva e de um delegado, para quem a ação policial é reflexo da política de segurança. Já um ex-secretário Nacional de Segurança defendeu a polícia, por não ter dado nenhum tiro.
De acordo com a PM, a confusão aconteceu porque uma viatura da polícia perseguiu duas pessoas que teriam entrado no baile em uma moto “efetuando disparos, ocasionando um tumulto entre os frequentadores do evento”.
“A polícia, enquanto instituição, têm normas padronizadas e alguns princípios de atuação que não foram respeitados”, afirmou ao UOL o tenente-coronel Diógenes Lucca, fundador e ex-comandante do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais).
De acordo com Lucca, “a primeira regra” que se aprende em uma academia de polícia é a “superioridade de homens e de armas”. “Se tem dois, três criminosos, o policial tem de esperar reforço para poder atuar.”
Outra preocupação é o método de atuação. “Sabendo o que poderia acontecer em um baile com 5.000 pessoas, o policial deveria abortar a missão. É um gatilho para uma tragédia.”
Era uma situação evitável, fora das normas das instituições
Diógenes Lucca, ex-comandante do Gate
Segundo o especialista, há histórico suficiente de confronto com a polícia em regiões da periferia onde acontecem os bailes. “Não se faz uma ação de choque sem rota de fuga, e em vielas e favelas isso é muito difícil. É uma tristeza o que aconteceu. Muitas questões precisam ser investigadas.”
Para Lucca, as mortes não podem ser atribuídas aos policiais, já que as vítimas foram pisoteadas pelas pessoas da comunidade. “Mas tem de encontrar um nexo causal entre a ação da polícia e o desfecho. A investigação tem de ser muito séria sob a pena de a instituição sofrer desgaste demais.”
“Resultado ruim”
Para o delegado Orlando Zaccone, “o resultado de uma operação é o que define se ela foi bem-sucedida ou não”. “Quando nove pessoas são pisoteadas, o resultado é muito ruim para a polícia.”
A responsabilidade maior, diz, não é dos agentes, mas da política de segurança pública. “Sempre que uma ação policial vai bem, aparece o governador e o secretário de Segurança para tirar fotos. Quando o resultado é negativo, todo mundo corre e a polícia fica sozinha”, diz.
Temos de dizer que essas ações fazem parte de um sistema de segurança que aciona os policiais sem qualquer organização, preparo e coordenação
Orlando Zaccone, delegado
O delegado afirma que “o poder político vem defendendo que prender ou executar criminosos é mais importante do que proteger vidas”. “É uma teoria de que a sociedade pode ficar exposta a risco desde que o Estado prenda ou mate seus inimigos. Isso tem gerado uma quantidade imensa de mortes, como acontece gora no Rio com as balas perdidas.”
Ele lembra que a única política pública nas periferias é o “controle social pela violência”. “É histórico no Brasil. A polícia já perseguiu criminosos assim nos Jardins, em Ipanema?”, questiona. “O policial está no pior lugar disso. Não basta apenas punir o policial porque amanhã terá outro fazendo o mesmo, já que essa é a política pública.”
“Ação dos policiais foi correta”
Para o coronel da reserva da PM e ex-secretário Nacional de Segurança Pública José Vicente da Silva Filho, “ações como essas precisam ser aperfeiçoadas”, mas, neste caso em especial, a PM não errou em perseguir os criminosos que teriam entrado em Paraisópolis.
“Quando houve a perseguição, as ruas estavam desertas. Os policiais se depararam com o baile de repente e a motocicleta entrou no meio da multidão, que a acolheu”, afirma o coronel. “A ação dos policiais foi correta.”
De acordo com o especialista, um grupo de moradores foi para cima dos policiais, que “não deram nenhum tiro”. “Eles seriam linchados, mas conseguiram dispersar usando bombas de efeito moral e tiros com balas de borracha.”
Mesmo que fosse letal, eles estariam cobertos pela lei por legítima defesa
José Vicente da Silva Filho, ex-secretário Nacional de Segurança Pública

Mesmo privilegiada, a PM sabotará o João Doria com o objetivo de eleger Major Olímpio… Se liga, governador… 17
O Brasil deve liberalizar jogo, drogas, aborto e prostituição – A pior escravização é a religiosa – Os pastores evangélicos – em linhas gerais – não querem outra modalidade de entretenimento pago: 10% 1
Bancada evangélica avisa que projetos pró-jogos não passam
Presidente da frente na Câmara afirma que ‘jogos atraem azar para a nação, além de ser em abominação aos olhos do Senhor nosso Deus
Se na bolsa de apostas em Brasília há quem veja abertura para a bancada evangélica mudar de posição, o presidente dessa frente na Câmara diz que não tem jogo: o grupo é contra discutir a abertura de cassinos no Brasil e qualquer tipo de liberação da jogatina, e ponto final.
“O nome já diz: jogos atraem azar para a nação, além de ser em abominação aos olhos do Senhor nosso Deus”, afirma o deputado Silas Câmara (Republicanos-AM) à Folha.
Muitos dos integrantes do bloco, a começar por seu próprio líder, fazem parte do grupo congressista conhecido como centrão —justamente o que tenta convencer Jair Bolsonaro a apoiar projetos de lei que discutem a regulamentação dos jogos no país.
O presidente, que já tinha adotado posição ambígua no passado, disse a interlocutores que sondaria os humores da bancada evangélica, sua forte aliada, para o tema.
A ideia entusiasma sua equipe econômica, mas ele ainda titubeia. Na campanha eleitoral, não descartou o debate: “Há a possibilidade, eu digo uma possibilidade, de jogar para cada estado decidir. Em princípio sou contra, mas vamos ver qual a melhor saída”.
A frente evangélica respondeu com uma nota em que reforça sua disposição a não deixar passar nenhum projeto de lei pró-jogo. Hoje, segundo seu presidente, a coalizão evangélica tem 22% da Casa: 112 expoentes (número que varia de acordo com suplentes que entram e saem quando deputados se ausentam e voltam).
“Todas as bandeiras da frente são pró-vida, família, princípios cristãos, e contra vício, drogas, aborto, suicídio, automutilação. Tudo o que te falei tem a ver com jogos de azar”, diz Silas, que também é pastor da Assembleia de Deus.
“Eles primeiro tiram o que a pessoa tem de luxo na mesa. Ela comia arroz, feijão, bife e depois uma sobremesa, uma fruta. Aí o cara começa jogando e, daqui a pouco, tira a pera, a uva. Logo tira comida. Depois abandona a família, tá endividado, na sarjeta. Como perdeu tudo, mete uma bala na cabeça e se suicida.” Também cita a corrupção que circula num meio que, afirma, é superpovoado por dinheiro sujo, droga, bandidagem.
Sem mencionar qual, menciona um estudo que apontaria: para cada dólar que a economia de Las Vegas ganha, gasta US$ 3 com a “desgraça da periferia, porque no centro tudo é muito bonito, mas na periferia só tem desvalidos, coitados, envolvidos com tudo o que não presta”. Diz Silas: “Jogos de azar geram mais desgraça que resultado. Não é verdade que gera mais divisas”.
O recado tem destinatário: o prefeito do Rio, Marcelo Crivella, colega no Republicanos e também pastor. Bispo licenciado da Igreja Universal, Crivella faz lobby pela aprovação de projetos para voltar com os jogos no Brasil, banidos há 73 anos. Assim, poderia implantar um cassino na cidade.
Isso atrairia milhões de turistas e bilhões de reais ao país, disse à reportagem em entrevista de dois meses atrás. “Agora, você pergunta: mas você é evangélico… Sou prefeito da cidade. Quem acha que é pecado não joga.”
Sua própria igreja já atacou a causa. Em 2017, o jornal da Universal publicou a reportagem “Uma Aposta Furada”, com histórias de quem se deixou cair em tentação e perdeu tudo na jogatina.
Outras congregações evangélicas também mostram aversão à ideia, embora um artigo publicado pela Igreja Presbiteriana de Santo Amaro lembre que muitos templos organizam bingos para arrecadar fundos. “Mas nem por isso quer dizer que sejam jogos que convêm ao crente.”
Historicamente, evangélicos orientam fiéis a não jogar com dois argumentos mestres, afirma o pastor Valdinei Ferreira, da 1ª Igreja Presbiteriana Independente de São Paulo.
“1) A disciplina protestante no uso do dinheiro. A ideia do dízimo se faz acompanhar da gestão do dinheiro e se opõe à ideia do ganho fácil pela aposta em jogo. Dinheiro se acumula pelo gasto racional e pela poupança. 2) No imaginário evangélico, o ambiente do jogo é associado a bebida, danças, madrugadas passadas fora de casa. Isso se contrapõe às virtudes tradicionais do protestantismo que incentivam o cultivo da família e do trabalho.”
A popularização de apostas feitas em lotéricas e pela internet embaralhou as cartas, segundo Ferreira.
Na prática, introduziram maior tolerância a essas modalidades que estão desassociadas ao ambiente tradicional do jogo. No dia a dia das igrejas presbiterianas não há repreensões a cristãos que façam esse tipo de aposta, embora não haja também nenhum incentivo. A resistência da bancada aos cassinos, ao meu ver, tem a ver com o ambiente não cristão.”
A Folha conversou com pessoas ligadas ao bloco evangélico que admitiram: alguns deputados podem ceder ao lobby para liberar apenas cassinos integrados a resort, proposta de Crivella para o Rio.
O mundo cristão não é unânime no assunto. Entre católicos também há rachas, mas muitos destacam esta passagem do catecismo pregado pela Igreja: “Os jogos de azar (jogo de cartas, etc.) e as apostas não são, em si mesmos, contrários à justiça”.
Mas não há libera-geral. Eles se tornam “moralmente inaceitáveis quando privam a pessoa do que lhe é necessário para suas necessidades e as de outrem”, o que periga acontecer se “a paixão do jogo” virar “uma grave servidão”.
O detalhe no pulso do pastor : relógio no valor de R$ 50.000,00 ( cinquenta mil reais ) .
Quem for inteligente deve seguir o exemplo do OLIM: vazar o mais rápido possível! 25
A Polícia Militar tem até ventríloquo oficial pra mentir deslavadamente…Excludente de crime será licença para matança! 14
Feridos e familiares falam que ação da PM em baile funk foi emboscada

Jovens feridos e familiares de vítimas afirmam que ação da PM no baile funk em Paraisópolis, que acabou com nove mortos e sete feridos, foi uma emboscada e não perseguição a suspeitos, como afirma a Polícia Militar.
Uma adolescente de 17 anos, que pediu para não ser identificada por medo de represália, conta que ficou presa em uma viela após muita correria e recebeu golpes de cassetete de policiais militares em várias partes do corpo.
“Eles [PMs] foram realmente na maldade para ninguém conseguir correr. Eu ouvi tiros e vi muita gente pisoteada. Inclusive vi um policial dando uma garrafada em uma pessoa no meio da confusão. Eles fecharam as saídas das ruas e saíram espancando. Foi uma covardia.”
Frequentador assíduo do baile funk, Vinicius Silveira Martins, 18 anos, relatou que, por volta das 3h, a PM chegou jogando bombas de efeito moral e encurralando as pessoas. Ele diz ter conseguido escapar de ser pisoteado, mas foi atingido por estilhaços de uma bomba. Ele quebrou o nariz e teve ferimentos no rosto.
“Foi um desespero. Todo mundo correndo tentando salvar a própria vida. Vi gente desacordada e gente morta. Estamos acostumados com as bombas no baile. Tem quase toda semana. Mas, dessa vez fomos encurralados. Foi cassetete, garrafada, muita bomba e correria. Consegui sobreviver e vim para o hospital, mas sei que aqui tem vários corpos de pessoas que não tiveram a mesma chance que eu”, relata, bastante emocionado.
Segundo o tenente-coronel Emerson Massera, da PM, a perseguição está comprovada, uma vez que policiais avisaram o rádio sobre a abordagem. Foram encontradas duas munições que seriam dos criminosos. Os suspeitos e a moto deles, porém, não foram encontrados. (com Folha )