Coronel Telhada quer gozar férias no Palácio Romão Gomes: exortação ou convocação armada ? 164

Após vitória de Dilma, coronel Paulo Telhada, do PSDB, pede independência do Sul e do Sudeste

‘Porque devemos nos submeter a esse governo escolhido pelo norte e Nordeste?’, diz o texto

Alvaro Magalhães, do R7

Post em página de Paulo Telhada (PSDB) Reprodução/Facebook

Após a vitória de Dilma Rousseff, um texto postado na página pessoal do vereador por São Paulo Coronel Paulo Telhada (PSDB) pede “um São Paulo livre da corrupção e do PT”.

Ex-comandante da Rota, Telhada foi o segundo deputado estadual mais votado nestas eleições e assumirá uma cadeira na Assembleia Legislativa de São Paulo a partir de janeiro.

“Já que o Brasil fez sua escolha pelo PT entendo que o Sul e Sudeste (exceto Minas Gerais e Rio de Janeiro que optaram pelo PT) iniciem o processo de independência de um país que prefere esmola do que o trabalho, preferem a desordem ao invés da ordem, preferem o voto de cabresto do que a liberdade”, afirma o vereador.

“Porque devemos nos submeter a esse governo escolhido pelo norte e Nordeste?? Eles que paguem o preço sozinhos…”

Abaixo do texto, foi postado um dos cartazes que chamavam os paulistas para lutar na Revolução de 1932, levante que contestava o governo de Getúlio Vargas.

Em uma hora, o texto teve 8.414 curtidas e 4.832 compartilhamentos.

O R7 tentou contato, por telefone e e-mail, com o gabinete do vereador na noite deste domingo (26) para confirmar a autenticidade do texto.

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Como dizia o Sílvio Brito: 

Tá todo mundo louco, oba

Tá todo mundo louco, oba

Tá todo mundo louco, oba

Tá todo mundo louco, oba

Tá todo mundo louco, oba

Tá todo mundo louco, oba

É a cabeça irmão, é a cabeça irmão, mas que confusão…

Norte e Nordeste foram transformados em currais eleitorais do PT 142

“Nordestino fica na rede esperando o Bolsa Família enquanto o Sul trabalha”

Por Amanda Campos – iG São Paulo | 26/10/2014 21:56

Para advogada paulistana, o Nordeste é culpado pela derrota de Aécio Neves

Amanda Campos/iG

A advogada Gisele Novaes do Canto acredita que os nordestinos estão acomodados com o Bolsa Família

Vergonhosa. Foi assim que a advogada Gisela Novaes do Canto, de 44 anos, reagiu ao saber da reeleição de Dilma Rousseff (PT) enquanto acompanhava a apuração das urnas no diretório estadual do PSDB em Indianopolis, bairro da zona sul da capital paulista, neste domingo (26).

Gisela não descarta ter havido fraude na eleição. Para a advogada, o Norte e o Nordeste do Brasil optaram pela permanência de Dilma no poder por causa de programas sociais como o Bolsa Família.

“É uma vergonha. Eles [PT] tomaram conta do Brasil porque ajudam as pessoas que não querem trabalhar com uma mesada. Enquanto os nordestinos ficam deitados em uma rede esperando o Bolsa Família, o Sul trabalha para sustentar o País. É um absurdo”, afirmou.

Enquanto falava com o iG, um amigo de Gisela a puxou pela mão pedindo para que ela se acalmasse e tomasse cuidado com as palavras. Mesmo assim, visivelmente irritada, a advogada disparou contra o Norte. Para ela, a região optou pela decisão mais cômoda para o Brasil.

“Ela [Dilma] fez parte do primeiro partido comunista do País. Dilma , para mim, nunca foi uma revolucionária. Ela era terrorista”, definiu Gisela.

Alternância de poder

Menos irritada do que a advogada , mas com os olhos inchados e lacrimejando, a empresária Delviene Gurgel, de 44 anos, explicou que o ar cabisbaixo não era resquício apenas da derrota de Aécio Neves (PSDB) nas urnas: era resultado de uma caminhada de vários meses com o objetivo de ver “alternância de poder no País”.

“Deixei minha família, meus filhos de lado para ir às ruas. Vesti a camisa do partido e hoje estou derrotada”, avaliou.

Baiana de Salvador, a nordestina explica que lamenta a decisão de seus conterrâneos que, segundo ela, se deixaram convencer por programas sociais em vez de analisar o futuro do Brasil.

Amanda Campos/iG

Da esquerda para a direita: Fernanda de Castro, Delviene S.S. Gurgel e Milene Íris Borges Estanislau

“Não tenho vergonha da minha terra. Mas lamento por eles [nordestinos]”, disse. “Por dinheiro de pinga o Collor [Fernando Collor de Melo] sofreu impeachment”, sugeriu.

Militante do PSDB pela primeira vez, a produtora de eventos Fernanda de Castro, de 35 anos, definiu as eleições como uma onda de extremos.

“Fui ao céu quando o Aecio foi para o segundo turno e agora estou em cacos. Tenho um filho para sustentar e não sei o que será do futuro dele com essa visão do povo brasileiro”, disse ela.

NÃO DEIXEM DE LER: A REPORTAGEM DE CAPA DE “VEJA” — Youssef: “ O Planalto sabia de de tudo!” Delegado: “Quem do Planalto?” Youssef: “Lula e Dilma” 22

25/10/2014

EM VÍDEO - As declarações de Youssef sobre Lula e Dilma foram prestadas na presença de um delegado, um procurador da República e do advogado (Ilustração: Lézio Jr./VEJA)

O doleiro Alberto Youssef afirma em depoimento à Polícia Federal que o ex e a atual presidente da República não só conheciam como também usavam o esquema de corrupção na Petrobras

Por Robson Bonin, para VEJA

A Carta ao Leitor desta edição termina com uma observação altamente relevante a respeito do dever jornalístico de publicar a reportagem a seguir às vésperas da votação em segundo turno das eleições presidenciais: “Basta imaginar a temeridade que seria não publicá-la para avaliar a gravidade e a necessidade do cumprimento desse dever”.

VEJA não publica reportagens com a intenção de diminuir ou aumentar as chances de vitória desse ou daquele candidato. VEJA publica fatos com o objetivo de aumentar o grau de informação de seus leitores sobre eventos relevantes, que, como se sabe, não escolhem o momento para acontecer.

Os episódios narrados nesta reportagem foram relatados por seu autor, o doleiro Alberto Youssef, e anexados a seu processo de delação premiada. Cedo ou tarde os depoimentos de Youssef virão a público em seu trajeto na Justiça rumo ao Supremo Tribunal Federal (STF), foro adequado para o julgamento de parlamentares e autoridades citados por ele e contra os quais garantiu às autoridades ter provas. Só então se poderá ter certeza jurídica de que as pessoas acusadas são ou não culpadas.

Na última terça-feira, o doleiro Alberto Youssef entrou na sala de interrogatórios da Polícia Federal em Curitiba para prestar mais um depoimento em seu processo de delação premiada. Como faz desde o dia 29 de setembro, sentou-se ao lado de seu advogado, colocou os braços sobre a mesa, olhou para a câmera posicionada à sua frente e se pôs à disposição das autoridades para contar tudo o que fez, viu e ouviu enquanto comandou um esquema de lavagem de dinheiro suspeito de movimentar 10 bilhões de reais.

A temporada na cadeia produziu mudanças profundas em Youssef. Encarcerado des­de março, o doleiro está bem mais magro, tem o rosto pálido, a cabeça raspada e não cultiva mais a barba. O estado de espírito também é outro. Antes afeito às sombras e ao silêncio, Youssef mostra desassombro para denunciar, apontar e distribuir responsabilidades na camarilha que assaltou durante quase uma década os cofres da Petrobras. Com a autoridade de quem atuava como o banco clandestino do esquema, ele adicionou novos personagens à trama criminosa, que agora atinge o topo da República.

Comparsa de Youssef na pilhagem da maior empresa brasileira, o ex-diretor Paulo Roberto Costa já declarara aos policiais e procuradores que nos governos do PT a estatal foi usada para financiar as campanhas do partido e comprar a fidelidade de legendas aliadas. Parte da lista de corrompidos já veio a público. Faltava clarear o lado dos corruptores.

Na ter­ça-feira, Youssef apre­sentou o pon­­to até agora mais “estarrecedor” — para usar uma expressão cara à pre­sidente Dilma Rous­seff — de sua delação premiada. Perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:

— O Planalto sabia de tudo!

— Mas quem no Planalto? — perguntou o delegado.

— Lula e Dilma — respondeu o doleiro.

Para conseguir os benefícios de um acordo de delação premiada, o criminoso atrai para si o ônus da prova. É de seu interesse, portanto, que não falsifique os fatos. Essa é a regra que Yous­sef aceitou. O doleiro não apresentou — e nem lhe foram pedidas — provas do que disse.

Por enquanto, nesta fase do processo, o que mais interessa aos delegados é ter certeza de que o de­poente atuou diretamente ou pelo menos presenciou ilegalidades. Ou seja, querem estar certos de que não lidam com um fabulador ou alguém interessado apenas em ganhar tempo for­necendo pistas falsas e fazendo acu­sações ao léu.

Youssef está se saindo bem e, a exemplo do que se passou com Paulo Roberto Costa, o ex-diretor da Petrobras, tudo indica que seu processo de delação premiada será homologado pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Na semana passada, ele aumentou de cerca de trinta para cinquenta o número de políticos e autoridades que se valiam da corrupção na Petrobras para financiar suas campanhas eleitorais.

Aos investigadores, Youssef detalhou seu papel de caixa do esquema, sua rotina de visitas aos gabinetes poderosos no Executivo e no Legislativo para tratar, em bom português, das operações de lavagem de dinheiro sujo obtido em transações tenebrosas na estatal. Cabia a ele expatriar e trazer de volta o dinheiro quando os envolvidos precisassem.

Uma vez feito o acordo, Youssef terá de entregar o que prometeu na fa­se atual da investigação. Ele já con­tou que pagava em nome do PT mesadas de 100 000 a 150 000 reais a parlamentares aliados ao partido no Congresso. Citou nominalmente a ex-mi­nistra da Casa Civil Gleisi Hoff­mann, a quem ele teria repassado 1 mi­lhão de reais em 2010. Youssef disse que o dinheiro foi entregue em um shopping de Curitiba. A senadora ne­gou ter sido beneficiada.

Entre as muitas outras histórias consideradas convincentes pelos investigadores e que ajudam a determinar a alta posição do doleiro no esquema — e, consequentemente, sua relevância pa­ra a investigação —, estão lembranças de discussões telefônicas entre Lula e o ex-deputado José Janene, à época líder do PP, sobre a nomeação de operadores do partido para cargos estratégicos do governo.

Youssef relatou um episódio ocorrido, segundo ele, no fim do governo Lula. De acordo com o doleiro, ele foi convocado pelo então presidente da Petrobras, Sergio Gabrielli, para acalmar uma empresa de publicidade que ameaçava explodir o esquema de corrupção na estatal. A empresa quei­xa­va-­se de que, depois de pagar de forma antecipada a propina aos políticos, tive­ra seu contrato rescindido.

Homem da confiança de Lula, Gabrielli, segundo o doleiro, determinou a Youssef que captasse 1 milhão de reais entre as empreiteiras que participavam do petrolão a fim de comprar o silêncio da empresa de publicidade. E assim foi feito.

Gabrielli poderia ter realizado toda essa manobra sem que Lula soubesse? O fato de ter ocorrido no governo Dilma é uma prova de que ela estava conivente com as lambanças da turma da estatal? Obviamente, não se pode condenar Lula e Dilma com base apenas nessa narrativa. Não é disso que se trata.

Youssef simplesmente convenceu os investigadores de que tem condições de obter provas do que afirmou a respeito de a operação não poder ter existido sem o conhecimento de Lula e Dilma — seja pelos valores envolvidos, seja pelo contato constante de Paulo Roberto Costa com ambos, seja pelas operações de câmbio que fazia em favor de aliados do PT e de tesoureiros do partido, seja, principalmente, pelo fato de que altos cargos da Petrobras envolvidos no esquema mudavam de dono a partir de ordens do Planalto.

Os policiais estão impressionados com a fartura de detalhes narrados por Youssef com base, por enquanto, em sua memória. “O Vaccari está enterrado”, comentou um dos interrogadores, referindo-se ao que o do­leiro já narrou sobre sua parceria com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto.

O doleiro se comprometeu a mostrar documentos que comprovam pelo menos dois pagamentos a Vaccari. O dinheiro, desviado dos cofres da Petrobras, teria sido repassado a partir de transações simuladas entre clientes do banco clandestino de Youssef e uma empresa de fachada criada por Vaccari. O doleiro preso disse que as provas desses e de outros pagamentos estão guardadas em um arquivo com mais de 10 000 notas fiscais que serão apresentadas por ele como evidências.

Nesse tesouro do crime organizado, segundo Youssef, está a prova de uma das revelações mais extraordinárias prometidas por ele, sobre a qual já falou aos investigadores: o número das contas secretas do PT que ele operava em nome do partido em paraísos fiscais. Youssef se comprometeu a ajudar a PF a localizar as datas e os valores das operações que teria feito por instrução da cúpula do PT.

Depois da homologação da de­lação premiada, que parece assegurada pelo que ele disse até a semana passada, Youssef terá de apresentar à Justiça mais do que versões de episódios públicos envolvendo a presidente. Pela posição-chave de Youssef no esquema, os investigadores estão con­fiantes em que ele produzirá as provas necessárias para a investigação prosseguir.

Na semana que vem, Alberto Youssef terá a oportunidade de relatar um episódio ocorrido em março deste ano, poucos dias antes de ser preso. Youssef dirá que um integrante da ­coor­­denação da campanha presidencial do PT que ele conhecia pelo nome de “Felipe” lhe telefonou para marcar um encontro pessoal e adiantou o assunto: repatriar 20 milhões de reais que seriam usados na cam­panha presidencial de Dilma Rous­seff.

Depois de verificar a origem do telefonema, Youssef marcou o encontro que nunca se concretizou por ele ter se tornado hóspede da Polícia Federal em Curitiba. Procurados, os defensores do doleiro não quiseram comentar as revelações de Youssef, justificando que o processo corre em segredo de Justiça. Pelo que já contou e pelo que promete ainda entregar aos investigadores, Youssef está materializando sua amea­ça velada feita dias atrás de que iria “chocar o país”.

DINHEIRO PARA O PT

(Foto: Lula Marques/Folhapress)

Alberto Youssef também voltou a detalhar os negócios que mantinha com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, homem forte da campanha de Dilma e conselheiro da Itaipu Binacional. Além de tratar dos interesses partidários com o dirigente petista, o doleiro confirmou aos investigadores ter feito pelo menos duas grandes transferências de recursos a Vaccari.

O dinheiro, de acordo com o relato, foi repassado a partir de uma simulação de negócios entre grandes companhias e uma empresa-fantasma registrada em nome de laranjas mas criada pelo próprio Vaccari para ocultar as operações. Ele nega.

ENTREGA NO SHOPPING

(Foto: Sérgio Lima/Folhapress)

Alberto Youssef confirmou aos investigadores o que disse o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa sobre o dinheiro desviado da estatal para a campanha da exministra da Casa Civil Gleisi Hoffmann (PT-PR) ao Senado, em 2010. Segundo ele, o repasse dos recursos para a senadora petista, no valor de 1 milhão de reais, foi executado em quatro parcelas. As entregas de dinheiro foram feitas em um shopping center no centro de Curitiba. Intermediários enviados por ambos entregaram e receberam os pacotes.

Em nota, a senadora disse que não recebeu nenhuma doação de campanha nem conhece Paulo Roberto Costa ou Alberto Youssef.

ELE TAMBÉM SABIA

(Foto: Sérgio Lima/Folhapress)

Durante o segundo mandato de Lula, o doleiro contou que foi chamado pelo presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, para tratar de um assunto que preocupava o Planalto. Uma das empresas com contratos de publicidade na estatal ameaçava revelar o esquema de cobrança de pedágio. Motivo: depois de pagar propina antecipadamente, a empresa teve seu contrato rescindido.

Ameaçado pelo proprietário, Gabrielli pediu ao doleiro que captasse 1 milhão de reais com as empreiteiras do esquema e devolvesse a quantia à empresa de publicidade. Gabrielli não quis se pronunciar.

CONTAS SECRETAS NO EXTERIOR

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Desde que Duda Mendonça, o marqueteiro da campanha de Lula em 2002, admitiu na CPI dos Correios ter recebido pagamentos de campanha no exterior (10 milhões de dólares), pairam sobre o partido suspeitas concretas da existência de dinheiro escondido em paraísos fiscais. Para os interrogadores de Alberto Youssef, no entanto, essas dúvidas estão começando a se transformar em certeza. O doleiro não apenas confirmou a existência das contas do PT no exterior como se diz capaz de ajudar a identificá-las, fornecendo detalhes de operações realizadas, o número e a localização de algumas delas.

UM PERSONAGEM AINDA OCULTO

personagem-oculto-size-620O doleiro narrou a um interlocutor que seu esquema criminoso por pouco não atuou na campanha presidencial deste ano. Nos primeiros dias de março, Youssef recebeu a ligação de um homem, identificado por ele apenas como “Felipe”, integrante da cúpula de campanha do PT. Ele queria os serviços de Youssef para repatriar 20 milhões de reais que seriam usados no caixa eleitoral. Youssef disse que chegou a marcar uma segunda conversa para tratar da operação, mas o negócio não foi adiante porque ele foi preso dias depois. Esse trecho ainda não foi formalizado às autoridades.

(CLIQUEM NA IMAGEM PARA AMPLIÁ-LA)

Quem delata pode mentir?

Por Alexandre Hisayasu, para VEJA

ATÉ A MÁFIA FALOU - Tommaso Buscetta, o primeiro mafi oso a fazer delação premiada. Na Sicília, seu sobrenome virou xingamento (Foto: Broglio/AP)

A delação premiada tem uma regra de ouro: quem a pleiteia não pode mentir. Se, em qualquer momento, fi car provado que o delator não contou a verdade, os benefícios que recebeu como parte do acordo, como a liberdade provisória, são imediatamente suspensos e ele fica sujeito a ter sua pena de prisão aumentada em até quatro anos.

Para ter validade, a delação premiada precisa ser combinada com o Ministério Público e homologada pela Justiça. O doleiro Alberto Youssef assinou o acordo com o MP no fim de setembro. Desde então, vem dando depoimentos diários aos procuradores que investigam o caso Petrobras. Se suas informações forem consideradas relevantes e consistentes, a Justiça – nesse caso, o Supremo Tribunal Federal, já que o doleiro mencionou políticos – homologará o acordo e Youssef será posto em liberdade, como já ocorreu com outro delator envolvido no mesmo caso, Paulo Roberto Costa.

O ex-diretor da Petrobras deu detalhes ao Ministério Público e à Polícia Federal sobre o funcionamento do esquema milionário de pagamento de propinas que funcionava na estatal e benefi ciava políticos de partidos da base aliada do governo. Ele já deixou a cadeia e aguarda o julgamento em liberdade. O doleiro continua preso.

Até o ano passado, a lei brasileira previa que o delator só poderia usufruir os benefícios do acordo de delação ao fi m do processo com o qual havia colaborado – e se o juiz assim decidisse. Ou seja, apenas depois que aqueles que ele tivesse incriminado fossem julgados é que a Justiça resolveria se o delator mereceria ganhar a liberdade.

Desde agosto de 2013, no entanto, esses benefícios passaram a valer imediatamente depois da homologação do acordo. “Foi uma forma de estimular a prática. Você deixa de punir o peixe pequeno para pegar o grande”, diz o promotor Arthur Lemos Júnior, que participou da elaboração da nova lei.

Mais famoso – e prolífero – delator da história recente, o mafioso Tommaso Buscetta levou à cadeia cerca de 300 comparsas. Preso no Brasil em 1983, fechou acordo com a Justiça italiana e foi peça-chave na Operação Mãos Limpas, responsável pelo desmonte da máfia siciliana. Depois disso, conseguiu proteção para ele e a família e viveu livre nos Estados Unidos até sua morte, em 2000.

Museu sobre crimes na AIPESP – Delegado Milton Bednarski prendeu mais de 600 bandidos em 35 anos de carreira 21

Policial aposentado cria museu sobre crimes que investigou

Joel Silva/Folhapress
O policial civil aposentado Milton Bednarski, 85, montou um museu com historias de crimes em São Paulo
O policial civil aposentado Milton Bednarski, 85, montou um museu com historias de crimes em SP

FELIPE SOUZA
DE SÃO PAULO

26/10/2014 02h00

Curitiba, 5 de agosto de 1967. Três policiais civis de São Paulo invadem uma pensão e prendem João Acácio Pereira da Costa, o famoso Bandido da Luz Vermelha.

Ele foi condenado por 88 crimes, entre assassinatos, tentativas de homicídios e roubos. Ficou preso por 30 anos e foi morto quatro meses após deixar a prisão.

Hoje, o policial civil aposentado Milton Bednarski, 85, delegado responsável por prender o criminoso mais temido da época, se lembra com detalhes do momento de sua carreira de que tem mais orgulho.

“Estávamos há uma semana na cola dele. Ele era magrinho, mas brigou como uma fera e bateu em nós, que revidamos. Até o [investigador] Saúva, que era boxeador, apanhou”, lembra.

A história foi contada à Folha num escritório abarrotado de livros, recortes e suvenires policiais no Bom Retiro, centro de São Paulo. Além de ser o curador do Museu do Crime, da Associação dos Investigadores da Polícia Civil, na Luz, centro, Bednarski usa a sala para manter seu próprio acervo.

No local, ele mostra a réplica da cabeça de Luz Vermelha, que descansa sombria na prateleira ao lado de estátuas de santos e uma caveira.

Aposentado há 32 anos, ele diz ter se afastado das delegacias. “Não ando bom de saúde por causa de três tiros que levei. Pelo menos consegui prender mais de 600 bandidos em 35 anos de carreira.”

O disparo que levou no baço quase tirou sua vida.

Eram 19h de um domingo em março de 1972, e Bednarski passava sozinho pela esquina das ruas Sólon e Graça, no centro da capital paulista. De repente, viu uma menina pedindo socorro ao ser jogada dentro de um carro por dois homens.

“Começou um tiroteio. Matei os dois bandidos, mas levei um tiro no baço que me deixou sequelas”, afirma.

Segundo ele, havia outro policial na cena do crime, que não ajudou a vítima. “Ele já morreu e que Deus o ponha em um bom lugar, mas era um puta de um cagão. Policial não tem folga. Se vê um crime, vai impedir.”

Bednarski fica um pouco chateado ao se lembrar que quase prendeu o esquartejador Chico Picadinho.

“Ele tinha matado Margareth Suida na rua Aurora. Cheguei com a minha equipe meia hora depois dele ter sido preso. Dez anos depois, ele matou outra mulher na [avenida] Rio Branco com a Duque de Caxias (centro) e também cheguei em segundo lugar.”

Por mais que gostasse, a carreira lhe trouxe problemas. Em 1963, ficou 30 dias longe de casa devido a buscas. Revoltada, a mulher de Bednarski pensou em divórcio.

“Ela até me ligava, mas na polícia a ordem é dizer: estamos em diligência. Onde? Não sei’. Voltei com meu terno em farrapos, barbudo e cabeludo. O importante é que trouxe dois bandidos presos.”

Mas ele diz que nunca pensou em sair da polícia.

Hoje, Bednarski é advogado da associação de policiais e se entristece ao falar da condição em que os colegas trabalham. “Estão desmotivados e mal pagos. A sociedade não os reconhece e os próprios organismos os perseguem constantemente.”

Transcrito da Folha de São Paulo ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998

APARELHAMENTO DO JUDICIÁRIO – Ex-remunerado pelo PT concede liminar a quem lhe deu causas e cargo vitalício…Que democracia cara de pau é essa? 38

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25/10/2014 às 21:19
EX-ADVOGADO DA CAMPANHA DE DILMA, QUE ESTÁ NO TSE, CENSURA CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA VEJA E CONCEDE DIREITO DE RESPOSTA AO PT. REVISTA RECORRE AO SUPREMO

Admar Gonzaga, esse de gravata vermelha, censurou a publicidade e concedeu direito de resposta
O TSE decidiu censurar a publicidade habitual que a revista VEJA faz de suas edições, a exemplo de qualquer outro veículo de comunicação. Por quê? Porque traz a reportagem informando que, segundo Alberto Youssef, Dilma Rousseff e Lula sabiam da roubalheira na Petrobras. O texto também informa que o doleiro se dispôs a ajudar a polícia a localizar contas secretas do PT no exterior.

Segundo o ministro Admar Gonzaga, “ainda que a divulgação da VEJA apresente nítidos propósitos comerciais, os contornos de propaganda eleitoral, a meu ver, atraem a incidência da legislação eleitoral, por consubstanciar interferência grave em detrimento de uma das candidaturas”.

Gonzaga foi advogado da campanha presidencial de Dilma em 2010. A justificativa é absurda: “em detrimento de uma das candidaturas” por quê? Quer dizer que, se houvesse um outro doleiro que disse algo parecido sobre o PSDB, aí tudo bem? Uma revista agora fica obrigada a fabricar escândalos “do outro lado” quando topa com o escândalo “de um dos lados”? O nome disso é censura.

A ABI (Associação Brasileira de Imprensa) classificou a decisão provisória do TSE de “inconstitucional”. Segundo a entidade, “a intervenção do TSE, além de extemporânea, fere a liberdade de imprensa, agride o Estado de Direito e conspurca os princípios que regem a atividade econômica em nosso país”.

Direito de resposta?
Admar Gonzaga está mesmo inquieto. Há pouco, concedeu à campanha de Dilma direito de resposta, determinando que o site da VEJA publique a contestação da reportagem. A revista recorreu ao Supremo contra as duas decisões.

Tenham a santa paciência. Parece que está caracterizado um ânimo de perseguição do PT contra a VEJA. Como o ministro Admar Gonzaga explica o fato de que, neste sábado, Folha e Estadão tenham publicado reportagens que endossam o que publicou VEJA, sem que os petistas tenham recorrido à Justiça?

A decisão do ex-advogado da campanha de Dilma embute um entendimento sobre o papel da imprensa: proteger candidatos de si mesmos, de suas respectivas trajetórias, de seus atos. O que ele queria? Que a revista tivesse escondido a informação?

Lembro aqui dois dispositivos constitucionais.

Inciso IX do Artigo 5º da Constituição:
“IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;”

Artigo 220:
“A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 1º – Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV.

§ 2º – É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.”

Ou Admar Gonzaga não leu esses dois trechos ou decidiu não concordar com eles.

Por Reinaldo Azevedo

http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/