Pauta para as próximas manifestações: QUEIMEM OS DELEGADOS DE POLÍCIA 87

Enviado em 23/06/2013 as 22:12 – por Japão

Por onde começar? Pelo começo, que tal!
Pois então! Hoje, pela tarde, entre um cigarro e outro, resolvi singrar por estas águas de uns tempos a esta parte ainda mais turvas da rede mundial de computadores.
Na qualidade de Delegado de Polícia, começo pelo sites oficias ou oficiosos cujo temário é afeto às polícias. Não me cinjo a eles claro. Enfrento também aqueles de notícias as mais variadas.
Bom. Ao cabo da leitura, meio que distraidamente, assaltou-me uma epifania. Uma ilação daquelas que nos faz tremer sobre os sapatos. Qual seja: Os Delegados de Polícia foram elegidos como o bode expiatória da vez.
Com aprioridade, senti uma certa gastura, um certo frêmito revoltoso, afinal, eu sou…Delegado de Polícia.
Sem embargo, durante o banho que antece a assunção do meu plantão noturno de domingo, as coisas foram se clarificando. Foram tomando contornos de uma bonomia lapidar (para usar o vernáculo bonomia, não se faz mister formação em letras, saibam). Aquela contrariedade foi, gradualmente, em conformidade com a reflexão operosa, sendo substituída por uma outra clarividência: quem nos imputa toda sorte de opróbrio, fá-lo com razão inelutável.
Segundo o coro, absolutamente preciso, nós, delegados, somos a personificação do anacronismo, de tudo de nefando e de ruim que se abala sobre o nosso páis e suas respectivas instituições.
Com efeito, os bravos agentes da polícia federal, que tão sabiamente esgrimem suas diatribes as mais variadas contra a pec 37, fazem-no, de fato, movidos pelo espírito cívico que, de resto, lhes é peculiar. São homens destemidos, não é mesmo. E, convenham, o alarido das ruas deu-lhes força. O que dizer daqueles que sob a “agremiação” designada Fenapef, desancam seus chefes, Delegados Federais? Ora, eles só o fazem porque anseiam uma polícia que siga o modal estadunidense. O que, convenham, é o correto. Afinal, o EUA são nosso paradigma mais promissor. Devemos, com efeito, abdicar de qualquer peculiaridade ínsita à nossa nação, e encampar aquele modal. Daí, eles poderão ser alçados a chefes na expressão que lhes parece a correta. Pouco importa que, ao tempo do seus concursos como escrivães e agentes, vigesse a norma – que ainda vige – de que os chefes da instituição à qual pertecem são os Delegados. Que tais delegados, muitos deles inicialmente escrivães e agentes, assumiram seus cargos de delegados por intermédio de rigorosíssimo certame público. Isto é bobagem. Façamos a revolução. Estes delegadinhos de merda. Algum cínico poderia argumentar no sentido de se aferir se os “cabeças” da fenapef, por um ou outro motivo altamente compreensível, num dado momento, se submeteram ao concurso de delegado, e por este ou aquele motivo, igualmente compreensível, não foram aprovados.
Ao que uma pessoa sensata, retorquiria: – Ora, isso é descabido. Os valentes só querem a meritocracia.
Na pagina da Fenapef, esta empedernida defensora do justo e do razoável, como prova de sua idoneidade e da capaicitação de seus associados , lê-se o depoimento de um ex-escrivão, que pelo mérito indiscutível, tornou-se juíz federal, submetendo-se, claro, ao concurso cabível. No bojo do mesmo depimento, vê-se que, o hoje juíz, também estuadava para o cargo de Delegado Federal. Por sorte, ele passou para juíz, porque, do contrário, teria que condescender com o anseio para lá de legítimo daqueles que habilmente colacionaram seu valoroso depoimento. Anseio eles que, para um malicioso, poderia se traduzir em eles fazerem as vezes de…delegados.
Mas, não olvidem, eles são muito propositivos e sempre se socorrem do direito comparado. E claro que o fazem com inequívoca pertinência. Lá de fato, uma figura em tudo similar com o delegado de polícia inexiste. É lá também que os policias são alçados aos respectivos cargos de modo totalmente diverso do nosso. É lá também, em que muitos estados, os Promotores e Juízes são eleitos. É lá também em que o entes da federação têm autonomia muito mais ampla que os correlatos tupiniquins. Segue-se, em suma, um longo etc. Mas isso não importa. Só importa que lá não há uma figura em tudo similar ao delegado brasileiro. Pouco importa, outrossim, os mais variados modais existentes mundo afora. Nada disso importa. Novamente, um cafajeste poderia indagar: – por que eles não prestaram para Delegados, para, ao depois, nesta qualidade, levantarem esta bandeiras?
Só pode ser mesmo um cafajeste.
Bom, mas como sou Delegado da Polícia Civil, deixo de lado os sapientíssimos agentes federais – os verdadeiros policias, que tudo investigam. E que, miseravelmente, se subordinam à figura do anacrônico Delegado.
O que dizer, então, dos escrivães e investigadores da civil?
Ora, a o polícia civil, se eles não fossem…Tudo, absolutamente tudo, de ruim que acontece na polícia civil é responsabilidade exclusiva dos Delegados, não é mesmo?
Afinal, não são eles os dirigentes da instituição?
Os escrivaẽs e tiras sempre tão solícitos. Sempre tão idôneos. Sempre operosos e trabalhando pelo interesse da sociedade. Sempre tão capacitados. Sempre tão disposto a cumprir as ordens de seus chefes, Delegados – por enquanto, ainda somos os chefe, não é mesmo. Sumamente, se não fossem estes senhores, a polícia civil já tinha ido definitivamente à bancarrota. Estes delegados sempre tão arrivistas. Sempre tão cheio de mimimi mumumu. Desgraçados. Mas, tranquilizem-se: a solução já se avizinha. Defenestremos os Delegados. Expurguemos este cancêr. Doravante, eles se reportam diretamente aos Promotores de Justiça.
No ensejo, lembro-me de algumas frases feitas que buscavam burramente sintetizar aspectos relativos às carreiras jurídicas. Uma, em especial, é de péssimo gosto. Lembro de tê-la ouvida antes mesmo de ser delegado, quando militava como advogado. Um colega abobado disse-me o seguinte: – O Promotor é aquele cara que não teve inteligência para ser juiz nem coragem para ser delegado de polícia.
Que frase mais deselegante, não é mesmo.
Nesta toada, seria inescapável não falar um pouco destes arautos da moralidade. Deste servidores públicos que de tão virtuosos personificam mesmo a justiça na sua acepção mais próxima do divinal. São eles os Promotores e Procuradores Públicos.
O que dizer? De tão oniscientes, de tão idôneos, receio faltar com a deferência devida a esta, como direi, casta. Claramente, todos os privilêgios que eles enfeixam, privilégios não são. São, isso sim, prerrogativas. Talvez, considerando os recentes levantes que eclodem por nossa mãe gentil, algum destes estudantes tão ciosos dos seus direitos e deveres, podereria questionar: Por que cargas d’água os Promotores fazem jus a salários muito mais expressivos que o do resto do funcionalismo? Por que eles fazem jus a duas férias por mês ? Por que a pena mais alta para qualquer um deles que remotamente for pilhado num, como direi? equívoco, é a aponsentadoria compulsória, com vencimento integral? Por que eles tão aguerridamente se vinculam às mesmas normativas que regem os juizes? Por que eles só são remotamente presos e processados?
Que estudante petulante. Ele, decerto, será alijado dos atos públicos promovidos por estes distintos servidores.
Se este mesmo estudante, porventura, e por falta de ventura, vier a indagar os desdobramentos que envolveram um passaporte diplomático e uma das vestais que promoveu ontem ato público na paulista, e que obteve este referido passaporte, malgrado promotor de justiça, este estudante será…execrado como o perfeito pulha que é. Afinal, uma autoridade como um promotor pode, por dever de ofício, ver-se obrigado a viajar. E outra: caso o país enverede para uma convulsão incontornável, convém ter um passaporte com este qualificativos. Convenham: que mal há em obstruir a Av Paulista, com todos os seus hospitais. A massa assim o quer. Convenham de novo: fazê-lo sem ter um passaporte deste nas mãos pode se revelar um pouco perigoso, não é mesmo?
Os Promotores, a exemplo da juventude que toma as ruas da assalto, e que para os maledicentes e ignorantes, atentam contra a CF, na medida que tolhem o direito da maioria de ir e vir, podem fazê-lo desabridamente, sem ter que dar satisfações a níguem. Afinal, o alarido das ruas, sempre tão cônscio, os quer como bastiões da moralidade.
Bom. Todas estas reflexões resultaram neste texto e, com efeito, sugiro uma pauta para as próxima manifestações: QUEIMEM OS DELEGADOS DE POLÍCIA