
A falência da Polícia Civil é fato público, notório e consumado. O público e notório não precisa ser comprovado nem tampouco comentado. Até há bem pouco tempo ainda investigávamos ao menos o que era repercutido nesses programas de reportagens policiais sensacionalistas, hoje nem isso fazemos por absoluta falta de recursos humanos, materiais e motivação salarial.
Esse estado de coisas devemos atribuir única e exclusivamente à imprevidência e/ou improbidade dos dirigentes da instituição que sempre defenderam o próprio umbigo e o dos comparsas dos núcleos de poder que chefiavam. Alguns deles, há mais de duas décadas mamando nas tetas da recolha e do carnê que a cadeira de chefe ou dirigente possibilita. Ainda batem no peito arrotando que são classistas e fazem tudo pela polícia.
Vergonha!, vergonha!, vergonha!
Centenas de unidades policiais distribuídas em todas as cidades deste Estado fechadas à noite e aos finais de semana. Boa parte das que restam, funcionando em condições precárias, com contingenciamento de recursos e o dobro, quiça o triplo, de demanda de ocorrências policiais, vez que atendem todo o movimento das cidades circunvizinhas fechadas.
Desperdiçando recursos públicos com aluguel de imóveis, água, luz, telefone, etc, em prédios abandonados ou então guarnecidos por algum policial em fim de carreira que, a título de vigiar o prédio, vai lá para dormir depois de ter feito “bico” o dia inteiro para sobreviver.
Por efeito reflexo, a falência da Polícia Civil, compromete enormemente o serviço da Polícia Militar, vez que tem que deslocar viaturas para fora de área de policiamento preventivo, a fim de apresentar a ocorrências onde tem unidade da polícia judiciária aberta e, quando lá chegam, a demorada espera é inevitável, pelo movimento na unidade desguarnecida de número suficiente de funcionários para dar um atendimento minimamente digno àqueles que dela se socorrem.
Corroborando com esse estado deplorável da Segurança Pública no Estado, o grave desvio de função da Polícia Militar, empenhado centenas de viaturas e homens que deveriam estar prevenindo o crime, mas estão servindo de UBER para o Poder Judiciário, conduzindo presos para serem avistados pela diferenciada e seleta classe de magistrados que não podem , a título de ajudar o Estado e o Brasil, nessa severa crise econômica e de segurança pública que enfrentamos, ouvir seus convidados através de vídeo conferência.
Tudo isso regado pelo pior salário pago por um Estado Membro da Federação aos seus policiais militares e civis ativos e inativos.Delegado da Polícia Civil do Estado de São Paulo, carreira jurídica de Estado, além de deter por alguns anos o pior salário do Brasil para o cargo, hoje no Estado não recebe mais do que serventuário da justiça, oficial de promotoria, muito menos de analista de promotoria.
Pior ainda é saber que se trata do Estado mais rico e carro chefe da economia da nação. Com a maior população do Brasil e, por conseguinte, todas as consequências dela decorrentes, como por exemplo uma elevada quantidade de crimes para prevenir e investigar.
São mais de duas décadas de governos do PSDB e seu conhecido,porém, não praticado slogan “NÃO ROUBA E NÃO DEIXA ROUBAR”, pelo menos é que agora começa a ficar evidenciado nas roubalheiras da CPTM, do METRÔ, do ROUBOANEL, DA DUPLICAÇÃO DAS MARGINAIS, etc., não graças à atuação do Ministério Público Paulista, mas sim aos desdobramentos da LAVAJATO de Curitiba, vez que muitas dessas obras consumiram verbas da União, à exemplo dos projetos enviados pela SSP à SENASP, que enviava a verba e a rataiada roubava o que podia naquelas licitações ciminosas do DIPOL para compras de equipamentos, programas e sistemas na área da tecnologia da informação na Polícia Civil.
Por conta da conduta ilibada na condução dos negócios públicos, relevantes quadros dessa agremiação político-criminosa estão envolvidos em inúmeros inquéritos na Justiça Federal.
O que a gente assiste hoje, é ver apresentador de programa sensacionalista, um “extraneus” às atividades de polícia judiciária, esculachar a nossa instituição e seus delegados que a dirigem, sem ter a menor noção das dificuldades que enfrentamos, e ainda merecer atenção de alguns dirigentes, que outra coisa não querem, senão a de preservar a cadeira onde esquentam a bunda e, quiça, o próprio bolso, é lógico.
Tudo o que alinhavamos acima, é uma apertada síntese de vários comentários anteriores, prenunciadores do vivemos hoje, ou seja, uma instituição completamente falida, miseravelmente assalariada, sem determinação de rumo, com um ou outro ponto de êxito na atividade que desempenha, graças à dedicação profissional de alguns abnegados que, mesmo diante de severas dificuldades profissionais e pessoais, se sujeitam a essa humilhação imposta pelo poder público, sem perder a esperança de que um dia ocorra essa melhora.
Deus queira que eu não precise do IAMSPE antes, pois caso isso aconteça, tenho certeza que a demorada espera da triagem vai me impossibilitar de sonhar que um dia esse milagre aconteça.
Publica Guerra, o texto é a fotografia de hoje da Segurança Pública e da Polícia Civil que tanto amamos neste Estado.
Autor: amigo do 9º andar da Brigadeiro Tobias