Demagogia e hipocrisia do pretenso sucessor de Bolsonaro rebatidas por entidades de direitos humanos…Governador Doria, quem deve se manifestar fundadamente – sem providencialmente jogar a culpa no PCC – sobre policiais executados é a Administração; não ONGs criadas em defesa de hipossuficientes frente aos rotineiros abusos do Poder Público…Aliás, quem garante que o PM foi executado apenas por ser policial e da Rota? 27

Entidades de direitos humanos rebatem Doria e repudiam mortes de policiais

Dois agentes morreram num intervalo de dez dias; governador havia dito que não viu defensores se manifestarem

Thaiza Pauluze
São Paulo

Entidades e especialistas em direitos humanos rechaçam a pecha de que não se manifestam ou mobilizam quando um policial é executado. Eles rebatem a declaração do governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que afirmou não ter visto os defensores após o assassinato de dois policiais da (Rota Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) em menos de dez dias no estado.

“É curioso, quando há alguma outra circunstância, inclusive de morte de bandido, as entidades que defendem os direitos humanos, ou várias delas, se manifestam”, disse Doria. “Eu não vi nenhuma manifestação de nenhuma entidade que defende direitos humanos da crueldade como foram assassinados.”

Carro do PM da Rota foi atingido por dezenas de disparos de fuzil quando ele saía de casa, em Interlagos (zona sul)
Carro do PM da Rota foi atingido por dezenas de disparos de fuzil quando ele saía de casa, em Interlagos (zona sul) – Divulgação/Polícia Civil

No primeiro dia útil depois de cada morte, o comandante-geral da PM paulista, coronel Marcelo Viera Salles, recebeu um ofício de pesar do Instituto Sou da Paz. É uma rotina da entidade que acompanha cada um dos casos de perto, afirma Ivan Marques, o diretor-executivo.

“O Sou da Paz não veste a carapuça construída pelo governador. Nós exigimos investigação adequada e solução desses crimes, que vão muito além da morte de um policial, são um atentado contra o Estado Democrático de Direito e, portanto, inadmissíveis”, diz Marques.

Em 2017, o instituto publicou o relatório “Linha de Frente”, que analisou tanto as circunstâncias de mortes por policiais em serviço quanto a vitimização dos agentes. “Nosso papel é apontar caminhos para que os policiais não morram.”

Para Renato Sérgio Lima, presidente do Fórum Brasileiro De Segurança Pública, o comentário do governador “não ajuda em nada na proteção e valorização dos policiais, apenas joga para a torcida e reforça antagonismos”.

O Fórum também diz se solidarizar com a corporação e com a família dos PMs mortos. “Muitos de nossos associados manifestaram-se logo após os acontecimentos. O importante é não explorar os casos politicamente e investigar a fundo, não o deixando impune e esclarecendo todos os aspectos que o envolvem”, afirma Lima.

A organização internacional Human Rights Watch faz coro, ao lamentar “profundamente os assassinatos, com indícios de execução” e também cobrar investigação e punição.

“Além disso, é fundamental fortalecer os procedimentos de atuação, treinamento e medidas de proteção para os policiais, especialmente fora de serviço, que é quando estão mais vulneráveis e quando ocorre a maior parte dos assassinatos”, disse, em nota.

O Defensor Público-Geral do Estado, Davi Depiné, também afirmou que o órgão se colocou à disposição da Secretaria de Segurança Pública para atender os parentes enlutados e defender seus direitos. Para ele, o momento é de “unirmos esforços por uma cultura de paz e segurança”.

Embora repudiem qualquer tipo de violência, alguns defensores atuam nos casos que envolvam a população da periferia —vítimas recorrentes das ações policiais— porque são mais vulneráveis e os crimes costumam ficar impunes, afirma Ariel de Castro Alves, conselheiro do Condepe (Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Humana) e membro do Grupo Tortura Nunca Mais.

“Não há interesse da polícia em resolver casos de abusos de agentes do próprio Estado. As entidades de direitos humanos são as únicas que eles podem recorrer”, diz ele.

Ariel lembra que o Condepe também auxilia recrutas vítimas de abusos. “Ano passado orientamos um policial militar gay que estava sofrendo ameaças por parte de outros membros da corporação.”

Já sobre os abusos cometidos pelos agentes, “não temos visto Doria se manifestar, quando deveria ser o primeiro”, diz Ariel. Para o conselheiro, um exemplo aconteceu neste domingo (5), quando Rafael Aparecido de Souza, 23, morreu após ser baleado no peito por um policial, na zona leste da capital paulista. Sem antecedentes criminais, o jovem estava em frente a sua casa após um churrasco com os primos.

Ao contrário, “o governador incentiva a violência ao condecorar policiais depois de 11 mortes em Guararema”, afirma Ariel. Doria homenageou os agentes no Palácio dos Bandeirantes. “Não é papel do estado condecorar quem mata.”

Há 13 anos, Débora Maria da Silva diz acompanhar a morte dos agentes em São Paulo. Ela é fundadora do movimento Mães de Maio, que reúne familiares e amigos das vítimas dos crimes de maio de 2006 em São Paulo, quando uma onda de ataques a policiais e revide dos próprios agentes e grupos paramilitares deixou quase 500 mortos. Seu filho foi uma das vítimas.

“A perda é de um lado e do outro”, afirma, e mesmo depois de todo esse tempo, “a marcha fúnebre prossegue, nessa guerra não declarada, dessa cultura do ódio, da insegurança pública, que deveria ser revista.”

Débora se diz “defensora da vida, do ser humano”. O grupo inclusive acolheu a mãe de uma policial, morta no Amazonas. “Abraçamos ela. Só a mãe sabe a dor de outra mãe, seja de um filho que usa farda ou não.”

Folha de São Paulo revela que o cabo da Rota executado em Santos excursionaria com a família pela Europa; sonhando em mudar para Portugal quando da aposentadoria…Com essa crise? 64

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PM da Rota morto em Santos instruiu filha a cuidar da mãe

Cabo Daniel Gonçalves Correa, assassinado aos 43, queria ser sargento e sonhava viver em Portugal quando se aposentasse

Rogério Pagnan
Folha de São Paulo

Numa tarde de abril, o cabo da PM Daniel Gonçalves Correa quebrou uma regra imposta por ele mesmo: não falar com a família sobre o trabalho.

À filha de 12 anos, Beatriz, o policial militar comentou o alto risco da profissão e a possibilidade de um dia sair para trabalhar e não mais voltar.

“Se me acontecer alguma coisa, filha, você cuida da mãe, do seu irmão. Não chore muito, nem deixe sua mãe ficar muito triste”, pediu ele.

Era a primeira vez que a menina ouvia o pai falar da própria morte, para ela ou para outra pessoa daquela casa.

Embora impactante, aquilo parecia algo improvável para um preparado policial da Rota, a tropa de elite da PM paulista, e muito distante para um homem de 43 anos de idade, cuja única preocupação com a saúde eram os quilinhos sobressalentes que tentava perder com uma dieta alimentar.

Foto mostra um policial negro, de boina, apontando uma arma, diante de um carro da Rota; é o cabo Daniel Gonçalves Correa, assassinado em Santos no dia 25 de abril de 2019
O cabo da Rota Daniel Gonçalves Correa, assassinado aos 43 anos em Santos, no dia 25 de abril – Reprodução

Tardou pouco, porém, até as más notícias baterem à porta da família, em São Vicente, no litoral paulista, dando ar premonitório à fala do pai à filha.

“Se estava sendo ameaçado, nós não sabemos, porque ele não falava nada. Talvez não tenha falado para não nos deixar com medo, mas o fato é que nunca nos contou”, disse a viúva, Elaine, 39, que completaria 20 anos de casada no próximo dia 12 de junho.

“Eu não queria acreditar, mas, quando a médica começou a explicar, caí na realidade”, conta ela, que recebeu a notícia da morte no hospital.

Elaine, a quem Daniel gostava de chamar de Nani, não quis ouvir detalhes do crime, assim como não quis ver o vídeo do assassinato, ocorrido em uma rua de Santos no dia 25 do mês passado.

As imagens mostram um criminoso correndo sorrateiramente na direção do policial, que estava distraído falando ao telefone na calçada. Sem nada dizer, o homem disparou contra na nuca do PM e, na sequência, efetuou mais dois disparos antes de fugir.

“Não vai trazê-lo de volta [saber da investigação], então, não quero saber. Prefiro ficar na minha”, diz a viúva.

Beatriz cresceu vendo o pai trabalhar na Rota. Ela tinha apenas um ano quando Daniel conseguiu ser admitido para trabalhar naquele batalhão, em fevereiro de 2007, após anos de tentativas.

Nos últimos meses, Beatriz também assistia ao pai —que no total tinha 21 anos de corporação— dedicar-se aos estudos. O policial vinha se preparando para prestar um concurso para sargento e também fazia cursos para aprender a pilotar helicópteros. “Ele queria progredir”, afirma a viúva.

Além da família, outra paixão do policial era o time de futebol do Santos. Ao filho Daniel, de 2 anos, comprou uniforme completo e bandeira; chegou a levá-lo à Vila Belmiro para assistir a uma partida.

Em outubro próximo, os quatro fariam a primeira viagem à Europa. Estava tudo programado para ficarem 16 dias por lá. Além da França,fariam uma espécie de reconhecimento de terreno em Portugal —Daniel e Elaine planejavam mudar-se para lá quando o PM se aposentasse.

Não haverá mais viagem.

“Agora é minha vez de ser forte, para cuidar de todo mundo. Eu preciso cuidar dos que ficaram”, diz ela.

https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2019/05/pm-da-rota-morto-em-santos-instruiu-filha-a-cuidar-da-mae.shtml


Não pretendo prejulgar preconceituosamente , tampouco infamar a memória do falecido…

Mas uma viagem de 16 dias pela Europa , dois adultos e duas crianças, não custa menos do que R$ 30.000,00 ; sem gastar muito . 

É possível financiar a passagem e hospedagem, mas , ainda assim, tal sonho é muito fora do padrão de consumo das Praças da PM . 

Perguntamos, o soldo da Rota é diferenciado…O bico deles é melhor remunerado ?

Oxalá, todos os policiais deste Estado pudessem um dia conhecer a Europa; levando a família. 

Eu  como Delegado,  por 23 anos, ganhando mais do que o dobro,  nem sequer fui a Poços de Caldas. 

Aiás, o dólar hoje foi negociado a R$ 4,70; o euro a R$ 5,50.