Investigador Ivan Jerônimo se mata com tiro no peito
Divulgação Taboão em Foco
O investigador cometeu suicídio na tarde desta quinta, durante discussão
O investigador Ivan Jerônimo da Silva se matou com um tiro no peito na tarde desta quinta-feira, 8. Ele ainda chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Ele foi socorrido para o Hospital São Luis, no Morumbi, onde faleceu momentos após dar entrada.
Informações iniciais indicam que o investigador estaria acompanhado por outras duas pessoas quando atirou no próprio peito. Ele estaria em uma banca e se matou dentro do banheiro.
Segundo pessoas próximas a ele o policial estava há alguns meses com um forte quadro depressivo após rumores de que ele seria afastado da Delegacia Seccional. Ele estava tomando medicamentos controlados e muito fortes. A morte do investigador chocou e pegou de surpresa as pessoas mais próximas dele, os admiradores do seu trabalho e moradores de Taboão.
Os policiais amigos de Ivan estão consternados com a morte do investigador. Abalados, eles não conseguem acreditar no fato. Pedindo anônimato, um de seus amigos próximos, contou a reportagem do Jornal na Net que tinha comentado a outros amigos que o Ivan Jerônimo não estava bem.
Alguns amigos do investigador das Delegacias da Região e também de São Paulo estão no Hospital São Luis. A perícia já preserva o local do crime que foi registrado no 34º DP da Vila Sônia.
O corpo dele será velado na Academia de Polícia Civil (Acadepol), na Cidade Universitária (USP) a partir da 0h00. Já o sepultamento, até o momento, não foi confirmado, mas pode ser realizado no Mausoléu da corporação, localizado no Cemitério de Congonhas ou no Crematório de Itapecerica (Cemitério Horto da Paz).
Ivan foi socorrido ao Hospital, onde faleceu momentos após dar entrada
O Ivan Jerônimo se matou no mesmo dia em que foi confirmada a troca de comando na Delegacia Seccional da cidade. A posse estava marcada para essa sexta-feira. Leia mais informações Aqui. Após a morte do investigador a solenidade de posse do novo delegado seccional foi remarcada para segunda-feira.
Com informações de Rafael Rezende.
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Exemplo prático do modus operandi da colaboração profícua entre instituições, na Operação Cleptocracia & CEI são constantes “levantadas de bola” de Paulo Félix ou de seu partner Olívio Nóbrega destinadas a incriminar ou amedrontar testemunhas durante oitivas na Câmara, sob o olhar cúmplice do presidente Cido e sob a omissão complacente dos demais membros. Às “levantadas” seguem-se as rápidas “cortadas” do chefe Jerônimo, sob a forma de diligências que terminam em inquirições “espontâneas”, realizadas na calada da noite, logo após as oitivas, nas dependências da Delegacia Seccional (Jornal Na Net, Karen Santiago, 10/06/2011).
O chefe dos investigadores patenteou sua reciprocidade. Garantiu aos membros da CEI revelações exclusivas sobre andamentos dos inquéritos a se cargo. Jerônimo afirmou publicamente: “quanto às novas investigações estão sendo bem conduzidas, no tempo certo avisaremos das novidades” (Portal OTaboanense, Eduardo Toledo, 18/08/2011). Essas palavras não deixam de causar certa surpresa em alguns investigados cujos advogados sequer têm regular acesso aos autos dos inquéritos. Também ensejam certa incompreensão da sociedade, não menos espantada com o envolvimento direto de quatro colegas dos membros da CEI no escândalo e dois outros com citações nos relatórios policiais do investigador, incluindo o relator Félix.
Esta colaboração suscita preocupações. Em ao menos dois casos, pedidos de prisão de servidores foram reiterados por Jerônimo após negativas fundamentadas do Ministério Público e do Judiciário. Num deles, por fatalidade ou não, o objeto da sanha prisional foi um servidor com estreita ligação funcional a inimigos políticos declarados de Paulo Félix.
O fato dos relatórios policiais chegarem às redações dos jornais e televisões, além de subirem para Internet antes mesmo do conhecimento das autoridades que oficialmente deveriam avaliar sua consistência chegou a ser objeto de questionamento de um dos membros mais ofuscados da CEI, vereador Wagner Eckestein/PT. Jerônimo, o autor dos relatórios, alegou candidamente à comissão não ser ele responsável pela divulgação e desconhecer quem realiza repetidamente essa proeza. Tanto o vereador que perguntou quanto os demais presentes, não se sabe se por excesso de cuidado ou pleno convencimento, deram-se por satisfeitos com a resposta.
A conjugação do “poder policial” com o poder político não está limitada às articulações paroquianas. Ao contrário, das ações e declarações dos agentes políticos e policiais emergem indícios claros de que os acordos de interesses envolvem estratos mais altos.
Denúncias públicas e lamúrias privadas sobre o direcionamento político-partidário das investigações levaram o chefe Jerônimo à conclusão de que há “um plano para taxar (sic) a operação de política. Estamos fazendo a investigação dentro da lei, apartidária, tanto é que foram presas diversas pessoas, inclusive do PMDB, do deputado Caruso de quem sou amigo e de toda a família”. O investigador, orgulhoso de suas relações pessoais, detalhou os laços que o ligam ao deputado do PMDB: “O Caruso é meu amigo pessoal. É meu compadre e não vejo nenhuma ilegalidade nisso” (Jornal Na Net, Sandra Pereira, 12/08/2011).
Tratando-se de Taboão da Serra, o nome do Deputado Estadual Antonio Caruso/PMDB não aparece por acaso. Nos bastidores da política estadual é conhecida a influência do deputado na Delegacia Seccional da cidade. Permitam neste ponto um parêntese para esclarecimento daqueles que ignoram os fundamentos da realpolitik: a influência exercida por Caruso não é nada incomum e, dentro de alguns limites, absolutamente legítima. Faz parte da relação dos Poderes Executivos com o Legislativo, no caso, do Governo do Estado com a base parlamentar que lhe garante a governabilidade na Assembléia Legislativa.
Contudo, nestas plagas, para além das questões relativas às indicações políticas para cargos de chefia que garantem a governabilidade, Caruso teria revelado a um antigo companheiro taboanense de partido a chave de entendimento do desenrolar dos fatos pretéritos, presentes e futuros da Operação Cleptocracia & CEI. Segundo conta o correligionário, o deputado teria dito que o PMDB local marcharia nas próximas eleições com candidatura a vice-prefeito na chapa encabeçada pelo PSDB, mesmo partido do vereador Paulo Félix. Mais, o deputado teria afirmado jubilosamente que desta vez ganhariam as eleições por WO, que para os não iniciados é a abreviação da palavra inglesa walkover, significando a vitória da equipe quando o adversário está impossibilitado de competir por não ter um número mínimo de jogadores necessários para a partida ou, ainda, por seu não comparecimento na data e hora marcadas para a disputa.
As revelações de Caruso feitas ao seu compaheiro de partido parecem dar sentido à birra da Operação Cleptocracia & CEI em restringir as investigações, contra todas as evidência, ao período pós-2005. Investigações sobre o período anterior (por exemplo, 1997/2004, período em que Binho chefiou o Cadastro Imobiliário) poderiam respingar em pessoas ligadas a Fernando Fernandes/PSDB ou implicar até mesmo o próprio. Os esclarecimentos também ajudam elucidar o esforço policial e político para comprometer nas investigações todos os nomes (daí o WO?), sem exceção, ligados ao atual governo que possam apresentar-se como adversários viáveis eleitoralmente na disputa com a chapa PSDB/PMDB.
A consistência da trama é reforçada pelas últimas nãocoincidências de eventos da Operação Cleptocracia & CEI que reforçam a verossimilhança da chave de interpretação oferecida. No dia 13/09, data em que seria votado pedido de impeachment do Prefeito Evilásio Farias/PSB por suposta cumplicidade omissiva ou comissiva com o esquema de corrupção investigado, os operadores da Operação Cleptocracia & CEI deram mostras de coordenação. Pela manhã e tarde a polícia civil de Taboão cumpriu, com costumeiro estilo e cobertura midiática, mandado de busca e apreensão na casa da vice-prefeita Márcia Regina/PT. À noite do mesmo dia, sob pressão da mobilização potencializada pelo noticiário, a Câmara rejeitou o pedido de cassação do prefeito. Coincidentemente, como outros eventos desta trama, no dia anterior o vereador Paulo Félix recebeu, também com direito à ampla repercussão na imprensa regional, convite de filiação ao PMDB local, cujo diretório foi dissolvido e encontra-se em fase de reestruturação sob a liderança do Deputado Caruso (Portal Otaboanense, Eduardo Toledo, 13/09/2011).
Evidências cada vez mais explícitas de direcionamento políticopartidário na Operação Cleptocracia & CEI começa a colocar em xeque a honestidade de propósitos e os reais objetivos de seus dirigentes e operadores.
Ato III – A luz no fim do túnel: fortes são os poderes da Justiça e do Povo
Depois de suas declarações infelizes na imprensa que motivaram representações contra si em diversas instâncias da Polícia Civil, Governo Estadual e outras instituições estaduais e federais, o chefe Jerônimo ofereceu, no mais recente de seus relatórios disponíveis na Internet, ligeiro sinal daquilo que poderia, em tese, ser interpretado como uma percepção da necessidade de coarctar suas ações para garantir o sucesso de seu trabalho e o respeito aos direitos e deveres expressos na lei e no código deontológico de seu serviço. Assim, no final da peça que leva indefectíveis marcas de seu estilo, Jerônimo afirma: “De outro lado, nosso juízo entende que será mais saudável acrescentarmos outros nomes ao término da investigação, se for o caso, ao invés de eventualmente termos que excluir algum inocente”.
Infelizmente, na prática, o investigador só reforça a insegurança jurídica e a desconfiança política inauguradas com a mancebia resultante nesta híbrida Operação Cleptocracia & CEI. Sua fala não se coaduna com preceitos do Estado Democrático de Direito brasileiro que estabelece competências e formalismos rígidos ao exercício do dever-poder das autoridades e servidores do Estado. Cabe indagar aos juristas se existe amparo legal que legitime a autoatribuição de competência do chefe Jerônimo para formular “juízos” antecipados de “salubridade” dos rumos e objetos investigados ao seu encargo na qualidade de investigador. Nesta Operação Cleptocracia & CEI, aparentemente, foram suspensas algumas garantias constitucionais e modificados alguns deveres e competências funcionais da polícia. Neste tópico lembro que operações policiais da Polícia Federal, a exemplo da Satiagraha e mais recentemente a Boi Barrica, foram anuladas em virtude de procedimentos policiais ilegais durante as investigações, acabando por beneficiar suspeitos da prática de crimes. Da formulação de juízos arbitrários, como vimos, já resultou constrangimento ilegal de dois servidores de reputação ilibada e sem antecedentes criminais. Estes, a despeito da opinião do Ministério Público que não enxergou em suas condutas nenhum indício de crimes, foram alvos de dois malsucedidos pedidos de prisão da lavra do investigador chefe, agora preocupado com a “salubridade” da investigação.
Contudo, há uma aparente mudança qualitativa do quadro taboanense a indicar um ligeiro despertar de consciências quanto ao problema da transposição dos limites no exercício da atividade policial. O vereador Valdevan Noventa/PDT, após ser ameaçado de prisão por meio da imprensa caso tente disputar novas eleições, partiu para o ataque e representou o investigador Jerônimo na Corregedoria da Polícia Civil. Não está em questão aqui defender ou atacar a idoneidade do vereador. O fato é que ninguém pode afirmar impunemente, muito menos um policial, que alguém pode ser preso “no momento certo (…), na hora em que cometer um deslize”. Uma afirmação desse tipo, saída da boca de um policial, deixa no ar um sem número de questões que põem sob suspeição a atuação da Delegacia Seccional (Jornal Na Net, Sandra Pereira, 12/08/2011).
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