DELEGADO GOSTA DE SER ENGANADO…TANTO QUE SOFREM A DOENÇA DO AUTO-ENGANO…O DELEGADO-MOSCA 9

Dr. Roberto.
Certa vez um amigo policial civil me disse que Delegado de Polícia gosta de ser enganado.
Sejam os honestos e os desonestos.
Eu imediatamente não concordei com a idéia.
Tratei logo de demonstrar meu inconformismo.
Ele me olhou e deu uma sonora gargalhada, acompanhado de TODOS os demais policias.
O tempo passou.
Levei uma decepção aqui, outra ali e várias outras.
Seus autores, 100% Delegados.
Então, por já ter lido O Príncipe, de Maquiavel, tratei logo de dispensar uma forma diferente de atendimento às Doutas Autoridades, lembrando sempre o que meu amigo havia me recomendado: “Delegado gosta de ser enganado”.
Apliquei seu teorema e a resposta foi decepcionante.
Aconteceu o que não queria.
Era verdade, eles, nossos senhores feudais não gostavam de serem enganados, pediam por isso. Passei a exaltar seus defeitos, suas podridões que povoam o caráter, sempre cercado de muito sorriso e falso carinho, colocando-os num pedestal inalcançável para nós, reles operacionais. Dizia-lhes o que pensava e os expunha ao ridículo.
Usava de silogismos e outros estratagemas, ou melhor, ainda uso.
Eles se deliciavam com as brincadeiras, sendo comparados a deuses ou outras autoridades.
Com o passar do tempo, alguns amigos começaram a entender as críticas, quase que como as piadas do Chico Anysio, aquelas que você ri uma semanda depois.
Reuníamos num happy hour nas proximidades do DP e a maior diversão era contar as peripécias pelas quais havíamos assistido, protagonisadas por nossos chefes, entremeadas ao sarcástico elogio que mandava a eles, por suas idéias magníficas. Resultado.
Um delegado soube de nossos encontros e começou a trabalhar fora de hora, para evitar nossas reuniões e o mote da semana.
Por essas e outras sinto pena desses senhores. Vagueam como almas a procura de um corpo. Jamais se encontraram.
Travam uma batalha constante com seus inimigos, no estilo Dom Quixote e seu escudeiro Sancho Pança.
Uma pena, pois seus maiores inimigos são suas consciências e seu proceder.
Fadados estão talvez ao ostracismo.
Nossa sociedade não quer Delegados de Polícia bem remunerados e com status de carreira jurídica.
Querem policiais e isso a PM e os operacionais sabem fazer com excelência.
Proponho a criação de uma acadepol operacional para aulas aos delegados, longe dos moldes da atual Acadebosta de Polícia.
Lá não teríamos os velhos dinossauros ávidos por horas aulas contando “estórias” do tempo todo sobre como trabalhavam, enquanto o governador achava que só necessitavamos de uma carteira e um trinta e oito.
Daríamos aulas de dinâmica policial, tratamento honroso e humano, primeiro aos nossos pares e de igual tamanho, à sociedade.
Bom, isso é só utopia.
Obrigado ao Dr. Roberto, acredito sem conhece-lo que foge do estereótipo que tenho da classe.
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Há Delegados que passam suas vidas girando em torno de si; com ares da mosca de Nietzsche (1844-1900), filólogo e filósofo alemão.
Uma comparação feita para demonstrar o engano dos falsos filósofos que acreditam – solitários e insignificantes – estar todo o universo a girar em torno deles.
Dando-se ares de patológica superioridade; assim o bálsamo para essa doentia mediocridade será sempre a bajulação.
Alguns necessitam manter claque mercenária, inclusive.
Mas percebam que entre pessoas sadias, bajulação equivale a calúnia.

ATUALMENTE O DEBATE POLICIAL É COMO PEDALAR BICICLETA ERGOMÉTRICA 37

Sra. Anjo nr.13:

Realmente sou Delpol ( nick: LEI DO TALIÃO-II: A MISSÂO! ) e estou na 2º classe e trabalhei por 09 anos nos plantões da periferia do então DEGRAN ( hoje DECAP), por um tempo também na CORREGEPOL e atualmente exerço minhas funções em algum setor do DHPP. Permito-me o anonimato, pois como cidadão, tal como a senhora e 99,9 % dos postantes daqui, tenho esse direito e além disso não concordo com a maioria das opiniões aqui colocadas, e todos nós sabemos dos rigores excessivos que a nossa draconiana lei orgânica nos impõe.Não ofendo a honra pessoal de ninguém, mas não resisto à ironia quando leio tanta sandice escrita ou por desocupados ou por fracassados ou por invejosos ou por simples amebas mentais. Talvez eu seja caso atípico entre meus colegas, não sei. Mas eu sempre presidi os feitos sob minha responsabilidade e sempre procurei depurar ao máximo os policiais que tinha sob as minhas ordens. Graças a Deus tiva mais experiências boas do que ruins. Tive bons escrivães, investigadores e carcereiros. Mas tive mais investigadores, escrivães e carcereiros ruins ou péssimos. Tiras corruptos, escrivães vagabundos, carcereiros negligentes ou bêbados era o que mais se via nos meus tempos de plantão nas zonas leste do DEGRAN. Mas seria injustiça, das grandes, dizer que eram todos assim. Muito pelo contrário.Nesse sentido, conheci e conheço colegas delegados vagabundos, corruptos e bêbados, mas também conheço muitos. a maioria, que são trabalhadores, responsáveis e probos. São a maioria, felizmente. E se assim não fosse, a Instituição teria se rompido faz tempo. É certo que ela está ruim. E está ruim pela sua total ausência de preparo, profissionalismo e investimento. Assim como temos escrivães semi-analfabetos, corruptos e vagabundos, ( investigadores, agetepols, carcereiros, etc e etc), estamos agora colhendo uma semeadura podre de gestões passadas quando se compravam vagas na polícia quer por dinheiro vivo quer por apadrinhamento político. Mas não se pode generalizar jamais, sob pena de se cometer injustiças. O problema da Polícia Civil não se resume na carreira dos Delegados ou dos Investigadores ou dos tais “operacionais” ( uma designação aleivosa, pois eu, como delegado, também faço operações, além de ter que usar a “caneta”).Não me considero nenhuma “sumidade jurídica” ou um “exemplo” a ser seguido. Estou estafado e mau pago. Não tenho “bico” nem sou corrupto. O único dinheiro extra que consigo vem de dois aluguéis que percebo em razão de bens modestos deixados por herança de meus finados pais. Talvez realmente eu seja um afortunado nessa questão, mas as condições salariais em que vivemos são humilhantes. Você pensa que não me doeu na alma quando a PM agrediu os manifestantes lá próximo no palácio do morumbi? Você acha que eu sou concorde em acolher os atos de nossa hierarquia superior em relação a esses atos? Posso lhe garantir que não só eu, mas com certeza absoluta, até diretores (alguns…)(conselheiros) ficaram revoltados, mas tiveram que se calar… Vão dizer: por pensarem com a bunda, para garantirem suas mordomias ( ou os seus “jotinhas”, como o colega Guerra diz?). Não sei e que cada um tire as suas próprias conclusões. Só sei é que, como quase com certeza, jamais chegarei ao cargo de DG, pois na atual conjectura, é um cargo político e de mera representação do chefe do poder executivo estadual, se eu o fosse, teria muito orgulho de tentar seguir o exemplo do Mestre Doutor Abrahão José Kfouri, que disse: ” Entre defender os interesse do Governo e defender os interesses de minha classe , fico com os interesses da Instituição Policial Civil. ” O resto já é história, de domínio público.

Um detalhe: antes de ingressar na carreira de delegado, fui, por três anos, escrivão de polícia, estagiando alguns meses no já agonizante DOPS e depois exercendo meus ofícios cartorários sempre em delegacias da grande são paulo, com jornadas extenuantes de plantões de 24 horas diretas ( pois era jovem e assim conseguia um tempinho a mais para viajar para o interior para tentar ficar um pouco mais com a minha família e terminar a minha faculdade de direito). Nessa jornada cansativa, cansei de lavrar flagrantes enquanto o delegado dormia ou ia jantar e o mesmo só voltava para assinar. Mas também trabalhei com grandes Autoridades Policiais que ditavam e presidiam tudo: BO, portaria, despachos interlocutórios e relatórios finais ( faziam o rascunho a mão e eu datilografava).E foi com esses que aprendi e me espelhei no meu ofício. Não dormindo em serviço, nem saindo para beber e arrumar prostitutas na hora do plantão. Por isso, minha senhora, sinto-me indignado quando vejo as amebas mentais escrevendo baboseiras ignóbeis, entendendo que uma reles “cana” de tiras, ou uma “sertidaoum” ( como eu já vi um pobre coitado que foi aprovado no concurso de escrivão de polícia digitar…!), podem ser simplesmente apresentadas ao MP ou ao Juíz, “dispensando” os formalismos legais ou mesmo os “polimentos jurídicos” que a autoridade policial necessita fazer, não só para melhor adequar o fato jurídico, como também para lapidar certos “excessos” que os ditos “operacionais”(sic) cometem ( e para nós, que sabemos que o sangue ferve nessas horas,o que é de se compreender…),quando detém criminosos ou elucidam um delito. Se bem que a maioria desses novos “puliças” (sic) estão mais é preocupados em não perder a hora do jogo final do campeonato…( com honrosas exceções!)

Para encerrar, repito sempre para os mais novos, que não tem vocação policial ( e nem de sacerdócio, posto que ninguém aqui fez voto de castidade ou jejua voluntáriamente, a não ser em razão da miséria salarial a que estamos submetidos…): Saiam enquanto podem. Procurem empregos melhores e que melhor remunerem. Se já não possuem condições etárias ou de estudo, vamos tentar melhorar com união, não com divisão.

Parece que ninguém consegue vislumbrar que enquanto as carreiras internas das polícias “brigam” entre si, pedalamos na bicicleta ergométrica. Ou seja: não saímos do lugar.

Tenham todos um bom final de semana.