
FAKEPOL NO DEINTER-6 – Entre Bytes e Bichos – A Dança das Apostas em Santos
Na orla de Santos, onde o cheiro de maresia se mistura ao aroma dos cafés de esquina, a Operação Faketech estourou como um traque em festa de bairro.
Computadores de última geração, criptomoedas e contas fantasmas – um cassino digital desmantelado pela Polícia Civil.
Palmas para a eficiência tecnológica!
Afinal, perseguir crimes digitais é como correr atrás de um trem-bala: exige velocidade, precisão e orçamento gordo.
Mas enquanto holofotes iluminam o ego de delegados, nas vielas do Centro ou nos fundos de lojas “de fachada”, o jogo do bicho continua passando, tranquilo, com seus donos em veículos BMW, novinhas a bordo e sorriso fácil.
Bingo clandestino?
Máquinas caça-níqueis?
Ah, esses são os vagalumes valorosos que insistem em piscar, mesmo após operações do GAECO ( A Polícia Civil não cuida de crimes de bagatela ).
É como matar barata: você esmaga uma, e outras dez surgem atrás do balcão do boteco.
Enquanto isso, a pergunta ecoa entre as ondas do mar e o tilintar das fichas: por que derrubamos castelos digitais com nomes pomposos como Faketech, mas não desmontamos as mesas de madeira rachada do jogo do bicho e derrubamos as portas dos escondidinhos dos caça-níqueis?
No DEINTER- 6 , com muito mais forças em Santos e arredores – Guarujá , São Vicente, Praia Grande –, o bicho não corre; ele desfila.
E não está sozinho: traz na coleira uma teia que vai do apostador casual ao agente público que prefere fechar os olhos e abrir as mãos .
Como filosofou um morador do Valongo, entre um gole de café e um suspiro: “Aqui, o bicho não é crime; é tradição.”
Tradição que enche bolsos, perpetua desigualdades na própria Polícia Civil e ri na cara da lei.
Verdadeiramente, competência é medida da capacidade de arrecadação ; nada tem a ver com qualidades como inteligência, conhecimento de gestão e habilidades de resolução de crimes.
Com efeito, os bingos e caça-níqueis são feridas que não cicatrizam.
Fecham-se dez casas hoje, vinte brotam amanhã. Nas duas últimas décadas o GAECO do Ministério Público apreendeu milhares na região do DEINTER-6.
E adivinhem?
O clique-claque das fichas ainda ecoa nas madrugadas, escondido atrás de portas trancadas e cortinas sujas.
Não esquecendo que os componentes eletrônicos voltavam às ruas depois do Instituto de Criminalística de Santos “acertar” por excelente valor a substituição dos íntegros por inservíveis .
A Dualidade do Combate ao Crime
O contraste é gritante:
Crimes digitais atraem holofotes midiáticos e exigem “expertise” em tecnologia ou um bom informante ( concorrente ).
Crimes analógicos sobrevivem na sombra da negligência e do “ah, mas sempre foi assim”.
Enquanto a Polícia Civil celebra vitórias high-tech – e só –, o crime de raiz continua firme, como um pé de manga em quintal abandonado.
Falta recurso?
Talvez para as delegacias de bairro.
Falta vontade política?
Basta olhar para os esquemas recentes denunciados pelo Ministério Público, onde até agentes públicos aparecem na lista de “amigos do bicho”.
Propostas para Mudar o Jogo
Se queremos virar a mesa (literalmente), algumas jogadas são urgentes:
Infiltração e inteligência: Agentes disfarçados de jogadores para mapear redes , estabelecimentos e pontos de apostas.
Parcerias interinstitucionais: Polícia Civil, Gaeco e PM num só time, algo utópico.
Transparência: Divulgar cada apreensão de máquina caça-níqueis, cada denúncia de bicho. Mostrar que o combate existe.
Educação: Campanhas para desconstruir o mito de que “jogar no bicho é folclore”. Folclore não lava dinheiro.
Justiça sem Ritmo Seletivo
Santos, cidade portal de riqueza do Brasil, não pode ser palco de uma guerra entre bytes e muitos bichos.
A Operação Faketech provou que a polícia – FAKEPOL – sabe dançar no ritmo da tecnologia.
Mas e o samba do crime tradicional, aquele que todo mundo conhece, mas ninguém admite ouvir?
Justiça não se faz só com holofotes ou nomes em inglês.
Ela exige luz persistente – aquela que invade até os porões onde o jogo do bicho dita as regras.
Que a batida seja firme, seja no mundo virtual ou no asfalto quente onde as fichas ainda rolam.
E enquanto houver um Flit paralisante, que seja usado não só nas baratas, mas especialmente nas ratazanas da corrupção.
Afinal, como diria o mesmo morador do Valongo:
“Aqui, até o passarinho sabe que jogo ilegal não é jogo…É golpe!”











