Policial é suspeito de vazar dados de inquérito sobre o caso Frank Aguiar
A Polícia Civil de São Paulo investiga a suspeita de que um policial do Deic (departamento de investigações criminais) tenha atuado para obter e vazar informações de uma investigação que liga o vice-prefeito de São Bernardo do Campo e cantor Frank Aguiar (PMDB) a um acusado de tráfico internacional de drogas.
A atuação deste policial, também investigado pela Corregedoria, teria provocado a paralisação do inquérito contra Jaílson de Souza, suspeito de traficar 230kg de cocaína apreendida em 2011.
O inquérito do caso ficou parado de abril de 2012 a fevereiro de 2014.
Luivo José de Souza Barros passou a ser investigado, segundo a polícia, após uma série de investidas dele em busca de informações de um inquérito sigiloso contra Souza e Frank Aguiar.
Barros, segundo documentos obtidos pela Folha, é ex-agente do Denarc (narcóticos) e “supostamente amigo íntimo” de Souza, o suspeito de tráfico. Hoje, trabalha no Deic, órgão que conduz a investigação contra a dupla, mas em outro setor.
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| Policial é suspeito de vazar dados de inquérito do caso Frank Aguiar |
“Referido policial, que nem se encontra lotado nesta delegacia especializada, costumeiramente vinha ao cartório solicitar informações do feito”, afirma documento entregue à Justiça.
O investigador passou a ser formalmente investigado no dia 9 de setembro após nova tentativa de obter informações do inquérito. Ele nega as acusações.
Nesse dia, a reportagem da Folha estava no Deic onde presenciou um corre-corre entre os policiais na tentativa de conter o delegado Alberto Pereira Matheus Jr. que, segundo seus colegas, “queria matar o investigador”.
Matheus Jr. é o responsável pela investigação.
A reportagem foi fechada em uma sala e, de lá, pôde escutar gritos do delegado ao investigador Barros. “Você está ajudando traficante.”
Desde então, a Folha tenta, sem sucesso, entrevistar o delegado Matheus Jr. e o superior dele, Ruy Ferraz Fontes. Eles afirmam que o caso está sob sigilo.
Na tarde de terça-feira (7), Aguiar esteve na sede da Polícia Federal para, segundo ele, colocar-se à disposição da polícia para qualquer explicação sobre o caso. A PF, porém, não participa dessa investigação do Deic.
Aguiar passou a ser investigado após ter conversas com Souza interceptadas.
Segundo a investigação, o vice-prefeito mora em um casa em nome do suspeito de tráfico e de quem também recebia depósitos de dinheiro.
A paralisação do inquérito, segundo a polícia, teve a participação do ex-secretário da Segurança Antonio Ferreira Pinto, que teria afastado policiais à frente da apuração. Ele nega envolvimento.
Isso é irreal, não tenho ligação com suspeito’, diz policial investigado
O investigador suspeito de atuar em benefício de suposto envolvido em tráfico de drogas diz que sua inclusão no inquérito é um “absurdo” e trata-se de uma “ficção”.
O policial Luivo José de Souza Barros é suspeito de vazar informações de uma investigação que liga o vice-prefeito de São Bernardo do Campo e cantor Frank Aguiar (PMDB) a um acusado de tráfico internacional de drogas.
Barros, porém, disse que nunca conheceu ou teve qualquer relação com Jailson Lopes de Souza. Ele nega, ainda, ter buscado informações sobre o caso ou ter repassado qualquer dado ao suspeito.
“Isso é irreal. Eu sou investigador de classe especial. Eu não o conheço e não tenho relação nenhuma com ele. Eu nunca fui ao cartório buscar informações sobre isso e nunca soube que eu estava sendo investigado por isso”, disse Barros.
O policial atribuiu a inclusão de seu nome no inquérito enviado à Justiça a uma tentativa de vingança do delegado Alberto Pereira Matheus Jr., responsável pela investigação, e a um esforço de prejudicar o ex-secretario da Segurança Pública de São Paulo Antonio Ferreira Pinto.
No final do mês passado, ao ser procurado pela Folha, o ex-secretário disse que não sabia da apuração sobre o cantor Frank Aguiar. Segundo ele, a suspeita envolvendo seu nome “não faz nenhum sentido”.
“A minha biografia não permite insinuação em relação a isso”, afirmou. “Há motivação eleitoral nisso”, disse.
Na época, Ferreira Pinto concorria pelo PMDB a cargo na Câmara dos Deputados –ele não foi eleito.
Frank Aguiar, que também era candidato a deputado federal e não foi eleito, disse haver razão eleitoral no caso. Ele admitiu ter amizade com Souza, mas negou que soubesse da suspeita de ligação dele com o tráfico de drogas.
Transcrito da Folha de São Paulo ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.
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Por que esse Dr. Matheus Jr. em vez de fazer escândalo pra jornalista ouvir não acionou a Corregedoria Geral?


O Primeiro Distrito Policial de Campinas, no Centro da cidade (Foto: Reprodução EPTV)