pediu pra sair
Enviado por Jorge Antonio Barros–
29.09.2011
Assassinato da juíza derruba coronel Mário Sérgio
Um dos 21 disparos que matou a juíza Patrícia Acioli ricocheteou no quartel-general da PM, na Rua Evaristo da Veiga, a mais de 25 quilômetros do local do crime praticado por PMs. Num último gesto digno, o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio, pediu para sair, alegando ser o único responsável pela nomeação do tenente-coronel Cláudio — indiciado como mentor do assassinato da juíza. De fato a permanência do coronel Mário Sérgio à frente da Polícia Militar tornou-se insustentável desde que vieram à tona outros fatos: o desvio de munição da PM para os assassinos da juíza e o mensalão do tráfico na UPP do Fallet, no qual policiais militares recebiam propina para liberar a venda de drogas numa área pacificada, cujo principal objetivo era o de acabar com o tráfico. O indiciamento do coronel Cláudio foi apenas a gota de sangue que faltava para ficar patente que o coronel Mário Sérgio — com toda sua honestidade, competência e galhardia — não foi capaz de conter os assassinos de farda infiltrados em sua corporação. Foi a primeira vez na história do Estado do Rio que uma juíza foi vítima de atentado e praticado justamente por quem deveria protegê-la.
Ontem havia informações não confirmadas por fontes oficiais de que pode surgir o nome de mais um oficial da PM envolvido com o assassinato da magistrada.
Conheço Mário Sérgio desde 1994, quando ele era um destemido major do Batalhão de Operações Especiais, numa época em que a tropa de elite ainda era uma polícia sem mácula. Sua chegada ao comando trouxe um sopro de redemocratização à Polícia Militar — já que ele substituiu o coronel Gilson Pitta, cuja gestão foi marcada pelo arbítrio e pela ausência de transparência. Um dos primeiros policiais a ter um blog, Mário Sérgio anunciou para mim que o comandante da PM teria um site para interagir com a tropa. A ideia, porém, não vingou. O comando de Mário Sérgio — que durou dois anos e dois meses — trouxe também novidades como acabar com um regime disciplinar de quartel para o policial que trabalha nas ruas diretamente com a sociedade civil. O coronel determinou que policiais não fossem mais presos porque tinham o coturno mal engraxado ou a barba por fazer. A chegada de Mário Sérgio ao comando sem dúvida foi um avanço para a tropa. Foi também na gestão dele que o projeto das Unidades de Polícia Pacificadora — do secretário Beltrame — conquistou corações e mentes. Sob o comando de Mário Sérgio, o caveira 37, as forças de segurança conquistaram também os territórios do Alemão e da Vila Cruzeiro, com a ajuda da Marinha e do Exército.
A luta e a coragem de Mário Sérgio, porém, começaram a ser minadas pela igual disposição de seus comandados de se envolverem com o crime. Foi na gestão dele que pela primeira vez o tráfico abateu um helicóptero da PM, numa operação até hoje mal contada. Foi no período em que comandou a PM, que dois policiais militares foram flagrados por câmeras liberando assaltantes que mataram o coordenador do AfroReggae. O pior é que esses PMs não foram devidamente punidos. Mário Sérgio tomou erradamente a defesa de policiais militares acusados de sumir com o corpo da engenheira Patrícia Amieiro, crime ocorrido há cerca de três anos. Foi na sua gestão de Mário Sérgio que policiais do 20° BPM (Nova Iguaçu) foram acusados de desaparecer com o corpo de um menino de dez anos, baleado numa ação policial — o Caso Juan. E o comandante demorou a agir. Mário Sérgio errou também ao se envolver diretamente na crise dos bombeiros.
Com certeza, Mário Sérgio não vai demorar a escrever um livro contando bastidores publicáveis de sua passagem pelo comando da polícia de dom João VI.
Apesar de Mário Sérgio estar licenciado, sua substituição será imediata. O nome do atual comandante interino, coronel Álvaro Aguiar, não combina com a política pública de pacificação de favelas e nem mesmo com a concepção mais simples de policiamento comunitário, o conceito básico das UPPs. Imagine o constrangimento que seria para a população de favelas pacificadas receber a visita de um oficial que em 1997 esteve envolvido no escândalo do “Muro da Vergonha”, o espancamento de moradores da Cidade de Deus, flagrado por um cinegrafista amador. As pessoas mudam, mas nem tanto.
Para a substituição de Mário Sérgio outros três nomes de coronéis full já estariam sendo apreciados pela Secretaria de Segurança, com a ingerência do Palácio Guanabara, mas um quarto não pode ser totalmente descartado — Aristeu Leonardo, Pinheiro Neto e Ronaldo Menezes, atual corregedor. Este último aliviaria um pouco o clima na tropa por tratar-se de um ex-barbono, oficiais que fizeram movimento de reivindicação na PM. Os dois Pinheiros são “caveiras” — policiais do Bope — assim como Mário Sérgio, e têm grande experiência operacional. São policiais muito bem capacitados e que conhecem quase tudo de estratégias de guerra. Vamos ver como se saem com a política porque esse continua sendo o nó górdio da polícia.
12h 46m – O secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, está reunido com assessores e já chamou o coronel Pinheiro Neto, cuja cotação aumentou.
Leia a íntegra da carta de Mário Sérgio.
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sera que o “Caveira” vai ser nomeado agora Sub-Secretario da Segurança Pública que nem no filme e mandar pra caralho.
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se ele é o único responsável, deveria estar preso então
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