Índice de abstenção em concurso para Delegado em SP é de quase 50% 9

Enviado em 28/09/2011 as 14:12 – Código 13

28/09/2011 –

Por conta dos baixos salários e das péssimas condições de trabalho, o índice de abstenção para o último concurso para Delegado de Polícia em São Paulo, promovido neste domingo (25/9), chegou a 48,57%. Foram 26 mil candidatos inscritos para concorrer a 140 vagas. Os dados são da Academia de Polícia Dr. Coriolano Nogueira Cobra. A Acadepol, contudo, considera o índice normal. Estavam presentes apenas 51,42% dos inscritos.

Dados da associação dos Delegados de Polícia de São Paulo (Adpesp) ilustram ainda melhor o caos. É que 31% das cidades paulistas não contam com delegados titulares. Há delegados que acumulam até três distritos. Para a presidente da Associação, Marilda Pansonato Pinheiro, o grande gargalo é a debandada de delegados: a cada 15 dias, um delegado abandona a carreira em São Paulo. Em cinco anos, o Estado todo perdeu cerca de 130 delegados. O principal motivo da saída, segundo a presidente, é uma somatória de fatores tais como o baixo salário, péssimas condições de trabalho e falta de perspectiva de crescimento na carreira. O destino são outras carreiras — como promotores e juízes —, ou a mesma, mas em Estados que pagam mais.

Dos 180 delegados efetivados no penúltimo concurso, em 2009, 30% já deixaram o cargo, de acordo com dados da associação. A presidente ressalta que o fato de o Governo ter aberto o concurso para contratação de 140 profissionais não resolve o caos que se instalou na carreira. Marilda afirma que esses novos contratados vão entrar, ficar por um tempo, custar aos cofres públicos cerca de R$ 100 mil até a formação, e depois vão embora por falta de valorização profissional.

Questionada sobre o índice de abstenção deste último concurso, a presidente ressalta que já era de se esperar, pois quem quer arriscar sua vida, ficar a disposição da instituição policial 24 horas por dia e sete dias na semana, ficar esquecido na carreira para ganhar o pior salário do país? E ainda indaga: Quem quer ser Delegado de Polícia em São Paulo?

Um Comentário

  1. A casa tá caindo, o Secretario de Segurança está fechando o cerco aos corruptos, daí o descontentamento, e vejam que estão até “PEDINDO PRA SAIR”. É gente trabalhar honestamente é pra poucos! Se este concurso fosse alguns anos atras não aconteceria esta abstenção. A maioria dos que entram já tem na cabeça que o negocio é fazer “acertos” com criminosos para ganhar dinheiro facil e adquirir bens incompativeis com o salario ganho.

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  2. Isso é fácil de resolver, como diria um “majura” de M.C.: “tira o nível universitário”

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  3. Lamentavelmente deparamo-nos com a realidade cruel que perfaz o cotidiano de um policial civil.
    Sou investigador há 10 anos e ingressei na instituição com o objetivo de ser um delegado de polícia e, para tanto, cursei direito, fiz cursinho preparatório, sacrifiquei alguns anos, ou seja, dos vinte e três até os trinta e dois anos, bem como fins de semana sem lazer e família. tudo para estudar.
    Pois bem. Esse concurso de delegado foi o meu primeiro, mas já tomei um balde de água fria, pois me desanimei de tal forma que não quero mais ser delegado, muito menos policial.
    Confesso que estou em um processo de desapego da minha profissão para conseguir pedir
    a minha exoneração e, com isso, concretizar a difícil e dolorosa entrega da minha carteira funcional e armas, para trilhar qualquer outra profissão que me valorize como profissional.
    Sei que será uma ruptura traumática para mim, pois ser policial não é apenas uma
    profissão, mas sim uma filosofia de vida e um prazer muito grande, pois a realização de servir os nossos compatriotas e irmãos brasileiros com segurança e orientação de seus direitos não tem comparação, por isso será muito difícil encontar tamanha satisfação em outra profissão, mas terei que pagar esse preço, pois não dá mais para aguentar os desmandos governamentais.
    Digo isso pois na oportunidade em que peguei a prova, ao vê-la em seu formato (parecia mais uma folha de jornal), o que denotou um certo relaxo, com questões mal elaboradas, ou seja, muitas delas não cumpriam o seu escopo de desenhar um raciocínio jurídico mais apurado do candidato.
    As mesas não estavam reservadas para cada candidato com nome e número de inscrição o que significa que o indivíduo poderia sentar onde bem lhe prouvesse. Bem diferente das organizadoras de tradição.
    Além disso, presenciei ao longo dos anos o que um delegado é obrigado a aguentar num plantão policial, desde de bêbados, trezes até a convivência num ambiente carregado, pois é só história triste, finais de semana perdidos e noites sem dormir pelos plantões conturbados, sem hora extra, sem adicional noturno, sem FGTS, sem o subsídio único, sem adicionais que nos garante a constituição federal, dentre outros direitos trabalhistas que são omitidos dos policiais por causa de um RETP que fere o dispositivo constitucional de subsídio único que o funcionário deve receber.
    Por fim, registro meu descontentamento não com a profissão policial. O exercício da prática policial é único e traz experiências de vida jamais proporcionadas em outra profissão, ou seja, a vivência que adquiri levarei para sempre que é a vivência do contato com vários tipos de pessoas, classes sociais, culturas, índoles ruins e boas, (mais ruins do que boas).
    O meu descontentamento é com a política perpretada pelos governos contra a polícia.
    Um dia quem sabe resgatar-se-á a autoridade que se diluiu no tempo, a qual foi utilizada com abuso pelos pelegos da ditadura, mas pagamos pelos pecados daqueles que já não estão mais na instituição.
    Devemos ter em mente que a polícia é imprescindível para uma sociedade organizada. A polícia é a longa manus dos outros poderes da justiça. Não adianta dar orçamento próprio, com salários vultuosos para o MP, Magistratura e Defensoria Pública e para o profissional de polícia nada.
    A polícia, para mim, é a instituição mais importante que a sociedade possui. É um patrimônio
    imprescidível para a manutenção da paz da população contemporânea. Oxalá um dia uma sociedade se torne tão evoluída em seu caráter que não precise mais de polícia, nem justiça, pois nessa sociedade não haverá mais conflitos de interesses, golpes, crimes, etc.
    Polícia Civil jamais te esquecerei, espero que, onde eu estiver, a instituição possa ser agraciada por uma política governamental realmente séria e comprometida com o interesse e a necessidade da população brasileira.

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