Café JC: delegado Roberto José Daher
Para Roberto, o principal desafio da Polícia Civil em todo o Estado é lidar com a falta de recursos humanos. “É um problema geral da Polícia, mas que vem sendo sanado aos poucos”, completou.
FECHA-BARES
De acordo com o delegado, em suas análises na estatística de crimes ocorridos em Rio Claro nos últimos tempos, há uma tendência de queda. “O número de homicídios, por exemplo, ainda é muito alto, se compararmos aos de cidades maiores que Rio Claro. Mas, com o trabalho conjunto das polícias e Guarda Municipal, bem como medidas de legislação local, como a lei “fecha-bares”, podem fazer essa estatística diminuir consideravelmente”, disse Roberto.
Segundo Roberto, a lei que limita o horário de funcionamento de bares, bem como carrinhos de lanche, ajuda a diminuir a criminalidade. Como argumento, ele cita o exemplo da cidade de Sumaré, onde trabalhou como delegado titular. “Na época em que assumi, Sumaré era considerada a cidade mais violenta do Estado. Muitas medidas foram adotadas, como a lei fecha-bares, criação de um batalhão da polícia militar e muita participação da sociedade. O resultado foi que houve uma diminuição de 50% no número de homicídios”, contou o delegado.
Paulistano de nascimento, Roberto já contabiliza mais de 20 anos na Polícia Civil e já atuou inclusive na Corregedoria da Polícia Civil, na área de abrangência do Deinter-9, com sede em Piracicaba.
PAPEL DA POLÍCIA CIVIL
Roberto acredita que uma maior proximidade da Polícia Civil junto à comunidade é de grande importância no combate à criminalidade. Ele elogia os Consegs (Conselhos de Segurança) em Rio Claro. “Logo que cheguei aqui, percebi os Consegs muito atuantes. Acredito muito nessa participação direta da sociedade próxima à Polícia Civil. Nós, que temos a atribuição de atuar na apuração dos crimes, dependemos muito de informações. E a maioria das denúncias chega através da comunidade”, afirmou.
Essa proximidade da sociedade, segundo ele, também é importante como forma das pessoas entenderem melhor o papel da Polícia Civil. “Nossa atividade é essencialmente a apuração dos crimes. Atuamos justamente quando os órgãos de repressão e prevenção ao crime falham. Também fazemos o policiamento preventivo em conjunto com a Polícia Militar. Acredito que muitas pessoas ainda não compreendam essa nossa atividade”, disse Roberto.
Ele disse que as expectativas são boas em relação ao trabalho a ser desenvolvido em Rio Claro. Segundo o delegado, uma das grandes preocupações é dar continuidade ao trabalho que já é realizado pelas delegacias especializadas, a fim de dar mais tranquilidade à sociedade rio-clarense.
Questionado sobre possíveis mudanças nas delegacias, Daher respondeu que, a princípio, não haverá. “Num primeiro momento, vou conversar com os delegados e saber das dificuldades enfrentadas para buscarmos soluções”, disse. Daher elogiou a atuação de seu antecessor, o delegado Antonio Luiz Tuckumantel, que ocupou o cargo de 18 de fevereiro a 24 de maio deste ano.
MORAR EM RC
Sobre o fato de em dez anos Rio Claro ter tido sete delegados seccionais, Roberto afirmou ser normal essa rotatividade. “Acontece em muitas regiões e depende muito de circunstâncias. O caso da saída do doutor Tuckumantel mesmo foi tão-somente por conta de um curso que ele irá fazer”, analisou.
Com relação ao fato de o delegado seccional ter de residir na cidade em que atua, Roberto, que atualmente mora em Paulínia, disse não haver ligação disso com a redução da criminalidade. “Acho bacana que haja esse bairrismo, mas o mais importante é que o delegado tenha uma equipe motivada e ele esteja preocupado e envolvido em resolver os problemas da cidade. Mas de qualquer forma pretendo vir morar aqui em Rio Claro. Gostei muito da cidade e fui surpreendido com o convite”, disse.
Roberto cita ainda os títulos de cidadão em Cosmópolis e Sumaré, por conta do trabalho efetivo de combate às drogas que desempenhou nos dois municípios.
Entre as coisas que mais o irritam, segundo Roberto, é saber que uma pessoa foi mal-atendida por um policial. “É preciso que o policial tenha consciência da importância do papel dele, que é servir à comunidade. E tudo começa pelo atendimento. Porque, quando alguém procura uma delegacia ou um policial, no geral está à procura da resolução de um problema. Mesmo que não possa resolvê-lo, o policial tem o dever de atender bem e encaminhar essa pessoa para a resolução desse problema”, ressaltou.



