Tarcísio de Freitas: o vendilhão do templo que o Paulista honesto não aguenta e eu que sou desonesto: não suporto

O berreiro dos vendilhões

“Ninguém aguenta mais a tirania de um ministro como Moraes”, disse o governador Tarcísio de Freitas.

Ora, quem não aguenta de fato são apenas aqueles criminosos com ordem judicial de prisão iminente!

Quem vê a justiça como inimiga na verdade traz uma incomoda pedra no sapato na forma de acordos escusos que marcam boa parte da administração paulista e de quase todo o curral bolsonarista.

O berro desmamado do governador não é  mais um desabafo passional em razão da desgraça do padrinho e mentor ; é ordem para as matilhas  …é ordem de ataque  para os cúmplices.

Tarcísio se mostra ao microfone como paladino da liberdade e da fé , mas carrega o peso do oportunismo: todo vendilhão, cedo ou tarde, precisa sacrificar o discurso técnico e comedido  para vestir a máscara do mártir político.

Está aí a guinada: depois de meses se equilibrando entre servir ao pragmatismo do empresariado,  da fazenda , dos compromissos sujos das bancadas do baronato evangélico e do lobby das armas, Tarcísio escorregou no populismo insuflador da desordem e da vontade de destruição dos alicerces democráticos.  

No fundo sabe que uma tempestade se aproxima ; e bronca, parece, é o que não falta.

Sobram suspeitas, investigações e, quem sabe, delações premiadas à vista.

Por trás do enredo  discursivo, resta aquele recurso velho e gasto: atacar quem investiga, minar a confiança nas instituições, insuflar a massa contra qualquer indicativo de investigação , de fiscalização, transparência e legalidade.

De um lado, a bandeira inflada contra o “tirano”.

Do outro, os contratos suspeitos, as articulações espúrias, o flerte perigoso com o crime organizado que passeia pelos corredores do Palácio dos Bandeirantes.

No fim, essa retórica raivosa adotada pelo capitão Tarcísio revela que, no Brasil de hoje, os hipócritas vendedores do templo não têm rosto apenas no passado bíblico;  são figuras vivas, adornadas pelo verniz da modernidade, prontas para apagar cada centelha de honestidade e ordem democrática que se atreva a atravessar seu caminho.