Muito além da perversidade: policiais de SP matam pessoa em situação de rua por reconhecimento e promoção 10

A execução do morador de rua Jeferson de Souza, 37 anos, sob o Viaduto 25 de Março, no centro de São Paulo, em 13 de junho, expõe uma prática sombria dentro da Polícia Militar: agentes que cometem violências não apenas por sadismo, mas para obter reconhecimento interno e ascensão na carreira.

Os responsáveis pelo crime – o tenente  Alan Wallace dos Santos Moreira  e o soldado Danilo Gehrinh – agiram com  por motivo torpe  e  absoluto desprezo pelo ser humano , segundo a Justiça, mas fontes da corporação sugerem que a lógica por trás de tais assassinatos vai além da crueldade. 

As câmeras indiscretas   

As câmeras corporais dos próprios PMs destruíram a versão inicial de que Jeferson teria tentado pegar a arma de um dos agentes. Os vídeos mostram a vítima desarmada, imóvel e com as mãos para trás  quando foi atingida por três tiros de fuzil (cabeça, tórax e braço), disparados pelo tenente Alan Wallace.

O soldado Gehrinh, em vez de intervir, tentou  tampar a lente da câmera para evitar registro.   

Mas como um soldado poderia intervir?

A cultura da “bravura” que incentiva violência 

A experiência  diz que casos como o de Jeferson estão ligados a uma  cultura tóxica de valorização da violência  em certas unidades da PM.

Há uma pressão por resultados  e uma romantização da ‘guerra’, onde policiais que agem com brutalidade são vistos como ‘corajosos’ e ganham status”, explica um delegado do DHPP, sob anonimato. 

Recompensa interna

Relatos de PMs indicam que oficiais envolvidos em operações com mortes recebem elogios formais, menções em boletins e até aceleram promoções;  especialmente em tropas de elite.

Impunidade

A demora na responsabilização de agentes violentos alimenta a sensação de impunidade.

“Eles sabem que, se a câmera não pegar, vão ser tratados como heróis”, diz uma fonte da Corregedoria. 

A reação institucional 

A PM e o Ministério Público afirmaram que os envolvidos foram presos preventivamente e que o caso é “uma exceção”.

Mas não é verdade!

É rotina! Mais uma caso em a apuração se deve muito mais ao “depoimento das câmeras corporais”.

Se não fosse essa “certeza visual” não haveria conclusão alguma pelos laudos periciais e prevaleceria a versão dos policiais.

Urgentemente deve-se por fim das premiações por “mortes em serviço”;  triagem psicológica rigorosa para tropas de choque e total transparência e rigor técnico-jurídico  em investigações relativas a emprego de “força letal” .

Desumanização

Jeferson, que vivia em situação de rua há anos, tornou-se mais uma vítima de um sistema que, para alguns,  recompensa a violência e fabrica homicidas .

Seu caso lembra outros episódios da Operação Escudo, onde mortes foram justificadas como “resistência” até que provas mostrassem execuções. 

A maioria execuções sumárias praticada por Tenentes e Capitães em busca de autopromoção.  

Enquanto a Justiça mantém o sigilo e acaba arquivando os  processos, familiares e defensores de direitos humanos só podem dizer :  extermínio executado e avalizado por quem tem o dever de assegurar segurança e justiça.  

Um Comentário

  1. Substitua a palavra “bravura”, por “covardia” nada além disso, uma conduta abjeta, amiúde utilizada pela PM, que culmina com votos e eleição de quem não tem pudor nenhum em usar cadáveres como palanque eleitoral.

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  2. Esse é o padrão PM, em especial os pseudos grupos táticos como ROTA, BAEP, Força Trágica.

    Mas a PC tem sua culpa, em especial os delegados que sempre arredondam as “resistências” apresentadas.

    Medo ou covardia?

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    • Exato, se tirassem o rabo da cadeira e cumprissem o que manda o código de processo penal, isso não ocorreria

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    • PCSP, Quanto ao processo , o Sindicato distribuiu Ação Civil Pública contra a minha pessoa , obviamente só pode ser relacionada ao Blog. Verdadeiramente, não tenho conhecimento dos termos da inicial. Fiz consultas no site do TJSP , não encontrei nada do sindicato contra mim. Pode set que ainda não tenha sido despachado . Aliás, tecnicamente, só poderia dizer estou sendo processado depois de o juiz determinar a nossa citação ; o que de regra só faz depois da manifestação do MP. E pode até ocorrer rejeição e extinção da ação sem a minha participação. A retração, embora a notícia da ação tenha feito eu ler o texto e efetuado pequenas atualizações sem alterar a substância , deve-se única e exclusivamente a autocrítica. Não entendam como mera defesa antecipada ou uma tentativa de desdizer o que já foi escrito e impresso . Na prática da advocacia – que eu não concordo – não se faz retratação , ou tentativa de reparar ou diminuir danos, fora dos autos . A retratação , infelizmente , acaba sendo interpretada como confissão. O que eu quero dizer: essa retratação é somente uma declaração de que a maioria dos Peritos são servidores dignos , dedicados , humildes e também muito humilhados por décadas pela Administração. Pela Administração geral , não pela administração da Polícia Civil . Claro que tem quem não preste , soberbos , canalhas , corruptos , do mesmo modo e na mesma proporção encontrada entre delegados e até nas carreiras operacionais por aqueles que se acham superiores aos colegas.

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    • PCSP , arredonda-se por uma série de fatores, mas a preponderante é a lei do menor esforço. O covarde não toma partido de ninguém , só o próprio. O covarde é sempre o estilo : não posso dizer que sim nem que não . Tem situações que ao delegado só resta assinar os papéis, isso no tempo das assinaturas pela BIC…kkk Eu mesmo , como plantonista , em muitos casos como esse me limitava a fazer a tal “cara de paisagem” , mesmo que quisesse trabalhar como se deve não tinha meios.

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  3. É de ficar estarrecido, numa reportagem em emissoras de alcance nacional e internacional, por conta disso, repercutida para todo o mundo, ouvir um general do glorioso exército do Brasil, em ânimo sereno e refletido, dizer que planejou a execução do Presidente da República e seu vice eleitos, bem como do Ministro da mais alta corte do país.

    Rotulou a trama de “Punhal Verde Amarelo”, associando um instrumento geralmente utilizado para a prática de crimes a traição, às cores que representam a pátria brasileira.

    Essa escória não retrata, nem representa os verdadeiros valores de amor à pátria que norteiam os integrantes das forças armadas brasileiras, razão pela qual devem ser execrados por seus irmãos de armas, bem como pela sociedade civil brasileira a quem, há séculos, as forças armadas prestam relevantes serviços.

    Para tirar o …. da reta, fez questão de ressaltar que a trama não passou da cogitação, ou seja, apesar de imoral, pensar em “assassinar”, não é ilegal.

    Lixo Verde Amarelo

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    • Lixo Verde e Amarelo, meu amigo diante do co junto dos fatos ele fez uma confissão sem direito a diminuição da pena. Ademais , no meu entendimento a tentativa de golpe já estava sendo executada com a instrumentalização dos “patridiotas”. A gente quer poder e dinheiro…Brasil , o caralho!

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