SEIS MORTOS POR HORA – Brasil matou três vezes mais do que a guerra no Iraque 39

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Brasil matou três vezes mais do que a guerra no Iraque; especialistas propõem soluções para resolver o problema

FLÁVIA FARIA
DA EDITORIA DE TREINAMENTO

Os números da violência brasileira assustam. Em dez anos, o Brasil matou três vezes mais que a guerra no Iraque. De 2003 a 2013, foram quase 560 mil assassinatos. São 153 mortos por dia, seis por hora ou um a cada dez minutos.

Os dados indicam que o problema é grande – e está aumentando. Entre 2002 e 2012, os índices de homicídios cresceram em quase todo o país. Em 13 Estados, o aumento foi superior a 40%.

Numa comparação global, o Brasil é o 16º que mais mata, segundo o Relatório Global de Homicídios da ONU lançado no ano passado. Contraditoriamente, é o quarto que mais prende, de acordo com o Centro Internacional de Estudos Prisionais (ICPS, em inglês), da Universidade de Londres.

Embora não haja um consenso sobre o que se deve fazer para contornar a situação, especialistas concordam em alguns temas, como polícia, recursos e sistema carcerário. A Folha conversou com alguns pesquisadores da área. Abaixo, você confere os principais problemas e soluções para a questão da violência brasileira.

1. Não basta aumentar a verba para segurança pública, é preciso aplicá-la de maneira estratégica.

Os recursos para a área consomem em média 8,3% do orçamento dos Estados, o que não é pouco, mas ainda não é suficiente.

”É basicamente custeio para manter efetivo policial. Há baixíssima capacidade de investimento, de modernização”, alerta o professor da FGV e vice-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, Renato Sérgio de Lima. Para ele, é preciso investir em inteligência e atualização dos sistemas de segurança.

2. As polícias precisam trabalhar de maneira integrada.

Polícia Civil e Militar precisam dividir informações e operar em conjunto. Alguns especialistas defendem ainda a desmilitarização e a criação de uma polícia unificada. De acordo com André Zanetic, pesquisador do Núcleo de Estudos de Violência da USP, as corporações não dialogam e por vezes desconfiam do trabalho uma da outra.

“O país precisa de uma polícia de ciclo completo, que faça da prevenção à investigação”, afirma. Três propostas de emenda à Constituição (PECs) em tramitação na Câmara e no Senado estabelecem a criação de polícias estaduais únicas.

3. Desenvolvimento econômico sem redução significativa das desigualdades sociais não é suficiente para conter a violência.

A região Nordeste, que registrou aumento do PIB acima da média do Brasil, teve crescimento de 91,5% nos índices de homicídio em dez anos.

De acordo com o sociólogo Luiz Lourenço, da UFBA (Universidade Federal da Bahia), o dinamismo econômico, se não for aliado à diminuição da desigualdade social, cria mais alvos em potencial. Isso pode aumentar os crimes contra o patrimônio (roubos e furtos) e proporcionar um consumo maior de drogas, atraindo o tráfico. “No Nordeste, existem áreas tão degradadas que, por mais que tenham melhorado, continuam muito ruins”, diz.

4. É preciso melhorar a qualidade dos dados.

Em dezembro do ano passado, foi criado o Sinesp, uma plataforma que reúne informações de todas as unidades federativas e tem como objetivo dar suporte ao planejamento, diagnóstico e avaliação de políticas de segurança.

Apesar de ser um grande avanço, ainda não há padrões nacionais para o modo como os dados são contabilizados. “Não é cada polícia que vai decidir como contar os dados de letalidade policial, por exemplo. É preciso ter estatísticas padronizadas e fazer com que os Estados entendam que elas são ferramentas de planejamento e prestação de contas”, diz Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

5. O sistema penitenciário precisa ser reformado urgentemente.

Em junho de 2013, havia 574 mil presos no país, cerca de 256 mil a mais do que o sistema é capaz de suportar. Do total de presos, 43,8% são provisórios (ainda não foram julgados).

As condições do sistema prisional são degradantes e há poucos programas de ressocialização dos presos. Quase metade da população carcerária (47%) é reincidente, segundo estudo do PNUD.

6. É preciso unificar a política de combate à violência em um plano nacional de combate aos homicídios.

“O ponto zero, prioridade alta, é que exista um plano nacional de combate aos homicídios. Uma sociedade que acha que tudo bem morrerem tantas pessoas em um ano é uma sociedade violenta. Precisamos mudar essa mentalidade”, afirma Ivan Marques, da ONG Sou da Paz.

De acordo com Regina Miki, secretária nacional de Segurança Pública, a próxima gestão da presidente Dilma Rousseff (PT) deve buscar mudanças constitucionais para dar maior poder à União em relação à segurança pública. A intenção, ela diz, é que o governo federal possa criar um padrão para alguns procedimentos operacionais, a exemplo de regras para investigação e perícia.

7. Crimes graves não podem continuar impunes.

“Prendemos muito, mas prendemos mal. Deixamos na rua quem é responsável pelos crimes mais violentos”, diz Ivan Marques, da ONG Sou da Paz. Para ele, o Judiciário brasileiro tende a prender criminosos de menor potencial ofensivo, enquanto a polícia tem índices muito baixos de resolução de crimes mais graves, como homicídio ou roubo.

Um estudo publicado em 2010 pela UFRJ constatou que o índice de solução de assassinatos em capitais como Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte e Porto Alegre gira em torno de 15%.

8. As instituições precisam agir em conjunto

Ministério Público, Judiciário e polícia precisam dialogar. Também carecem de integração os poderes federal, estadual e municipal. “O MP bate cabeça com a Polícia Federal, o Judiciário não conversa com governo estadual. As soluções dependem de como a gente gere um sistema que hoje induz mais às disputas do que à cooperação”, analisa Renato Sérgio de Lima, do Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

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Enquanto o Mapa da Violência reúne números do DataSus, base de dados do Ministério da Saúde, o Anuário de 2014, produzido pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, usa como fonte o Sinesp (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública).

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Transcrito da Folha de São Paulo ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.‏

Secretário prometeu anunciar até o dia 6, o comando das polícias Militar e Civil 92

Primeira coletiva

Novo secretário discorda que índices de segurança de SP sejam ‘vergonhosos’

Estadão Conteúdo
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Moraes anuncia até dia 6 comandos das polícias

Filiado ao PMDB, mas escolhido na cota pessoal do governador como um quadro técnico, o novo secretário de Segurança de São Paulo, Alexandre Moraes, disse sexta-feira, em sua primeira entrevista coletiva no cargo, que a segurança e a sensação de segurança não andam juntas no Estado.

“A segurança é boa, mas a sensação e a percepção da segurança teve uma piora”, argumentou o secretário, que discordou que os índices paulistas sejam “vergonhosos”. Moraes disse que mesmo as pessoas que não foram “tecnicamente assaltadas” estão ficando mais apreensivas em função do aumento do número de roubos.

Segundo ele, a diminuição dos homicídios foi uma grande vitória e o aumento no número de roubos é algo que precisa ser visto. “A situação da segurança pública de São Paulo é a melhor do País. O fato de alguns índices terem se ampliado, como de roubo, nos três últimos meses não significa que a situação da segurança pública de são Paulo ficou ruim de uma hora para outra”. Segundo ele, houve uma melhora “sensível” nos índices de criminalidade de São Paulo nos últimos 20 anos.

O novo secretário prometeu anunciar até a próxima terça-feira, 6 o comando das polícias Militar e Civil. Moraes disse ainda que analisou os índices de criminalidade em todos os municípios de São Paulo e prometeu fazer uma reestruturação numérica de cada batalhão da Polícia Militar.

Crise econômica deflagrada pelo governo Dilma obriga Alckmin a congelar Orçamento de São Paulo 53

Alckmin congela R$ 6,6 bilhões do Orçamento de SP para 2015

GUSTAVO URIBE
DE SÃO PAULO

02/01/2015 11h58 – Atualizado às 13h16

Na esteira de outros governadores do país, Geraldo Alckmin (PSDB) anunciou nesta sexta-feira (2) um ajuste fiscal nos recursos de São Paulo para este ano.

Segundo ele, serão congelados R$ 6,6 bilhões de valores previstos no Orçamento de São Paulo aprovado em dezembro pela Assembleia Legislativa.

O montante representa 3,2% do total orçamentário (R$ 204,6 bilhões) e, de acordo com o governador, 10% das despesas discricionárias orçamentárias (R$ 66 bilhões), que permitem ao gestor público flexibilidade.

A medida afetará todas as pastas do governo estadual, incluindo as secretarias de Educação, Saúde e Segurança Pública.

O montante envolve custeio (R$ 4,4 bilhões) e investimento (R$ 2,2 bilhões). Em dezembro, a Folha havia antecipado que o governador congelaria neste ano recursos em investimento.

O contingenciamento total é o maior anunciado pelo governador desde 2011, quando tomou posse para seu mandato anterior.

A medida, segundo o tucano, foi tomada em virtude das previsões negativas de crescimento da economia brasileira neste ano. O receio é de que a arrecadação estadual seja afetada.

“À medida que a economia for crescendo, nós vamos descongelar os recursos. A iniciativa é para nos prevenirmos em relação à receita, para não termos problemas no futuro”, disse.

Segundo ele, uma das áreas envolvidas no contingenciamento em investimento será a de infraestrutura. O tucano não deu mais detalhes, mas garantiu que a medida não irá atrasar o cronograma de obras do Metro e da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

CORTES

O governador também anunciou uma redução de 10% nos atuais gastos da máquina pública com custeio e um corte de 15% dos cargos comissionados, tanto em posições atualmente ocupadas como vagas.

Perguntado, o tucano não soube detalhar o impacto em valores absolutos das medidas.

Segundo a última pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), relativa ao ano de 2013, o governo de São Paulo tem 14.731 funcionários em cargos comissionados, tanto em administração direta como indireta.

De acordo com o governador, o corte envolverá secretarias, autarquias e fundações estaduais.

Em novembro, após ser reeleito ao cargo, o tucano havia considerado reduzir o número de secretarias estaduais, como uma medida de ajuste fiscal.

Ele, no entanto, desistiu da iniciativa para acomodar partidos aliados na máquina pública.

Transcrito da Folha de São Paulo ; nos termos do artigo 46 da Lei nº 9.610, de 19 de Fevereiro de 1998.‏