As estatísticas de homicídios no Estado de SP: “apertando elas confessam” 8

Segue excelente artigo

As estatísticas de homicídios no Estado de SP: “apertando elas confessam”
(do Transparencia SP)

No começo deste ano, a segurança pública em São Paulo foi tema de escândalos, intrigas e problemas envolvendo o mais alto escalão da secretaria.
Nesta última semana, o governo paulista, baseado na divulgação das estatísticas do primeiro trimestre, foi para a contra ofensiva. Assistimos a uma enxurrada de reportagens sobre a queda dos homicídios, quando comparado com o ano anterior.

Homicídios caem 19% no Estado de SP no primeiro trimestre de 2011 (Folha de SP)
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/903241-homicidios-caem-19-no-estado-de-sp-no-1-tri-de-2011.shtml

Homicídios caem mais de 40% na cidade de SP, diz governo (Portal G1)
http://g1.globo.com/sao-paulo/noticia/2011/04/homicidios-caem-mais-de-40-na-cidade-de-sao-paulo-diz-governo.html

Número de homicídios em SP cai 41% no primeiro trimestre (Estado de SP)
http://www.estadao.com.br/noticias/cidades,numero-de-homicidios-em-sp-cai-41-no-primeiro-trimestre,706746,0.htm

Homicídios caem 41,4% na capital em 2011 (Diário de SP)
http://www.diariosp.com.br/_conteudo/2011/04/59040-homicidios+caem+41+4+na+capital+em+2011.html

Diante desta campanha de “marketing político”, algumas questões devem ser levantadas:
a) quais os números totais dos crimes no Estado de São Paulo? Existe realmente razão para uma análise tão positiva?
b) os números de homicídios são realmente confiáveis?
c) quais são as estatísticas em outras regiões do Estado, sobretudo no interior e litoral?

Para estas questões, sugiro o artigo abaixo postado por um especialista da área. As conclusões não são animadoras.

Segurança Pública e Administração Penitenciária: 100 dias do governo Alckmin.

(por Maximino Fernandes Filho)
Apesar da euforia demonstrada pelo governador e por autoridades da segurança pública quando da divulgação das estatísticas criminais do primeiro trimestre de 2011, os primeiros cem dias do atual governo, no que tange à segurança pública, não merecem comemoração alguma, pelo contrário, motivam preocupação, muita preocupação. Existem muitos motivos para essa preocupação, vejamos alguns:

PRIMEIRO: De acordo com as estatísticas criminais recentemente divulgadas pelo governo, os homicídios dolosos tiveram uma redução de 19% no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período de 2010. Admitindo-se a correção dos números divulgados a queda é significativa, porém, o governo precisa esclarecer quais são os critérios que adota para a elaboração das estatísticas de homicídios dolosos. Questiona-se: 1º – ocorrências registradas como “resistência seguida de morte”, são computadas como homicídio? 2º – ocorrências registradas como encontro de cadáver e averiguação de óbito, mesmo depois da confirmação de tratar-se de homicídio são computadas como tal? 3º – ocorrências registradas como tentativa de homicídio cujas vítimas acabam morrendo em hospitais, são caracterizadas como homicídios? 4º – No caso de registros de chacinas, a contagem para efeitos estatísticos é feita pelo número de ocorrências ou pelo número de vítimas?

Não é de hoje que pairam suspeitas sobre as estatísticas criminais do governo de São Paulo. Em 2005 foi requerida a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para apurar maquiagem de estatísticas criminais em São Paulo, porém, os deputados da base governista na Assembleia Legislativa impediram a criação da CPI.

Ainda sobre as estatísticas criminais, os crimes de homicídio culposo, lesão corporal, latrocínio (roubo seguido de morte), estupro, tráfico de entorpecentes, roubo de veículos, roubo de carga, furto e furto de veículos tiveram um crescimento no primeiro trimestre de 2011 em relação ao mesmo período do ano anterior.

Portanto, mesmo que realmente tenha ocorrido uma queda dos homicídios em São Paulo no primeiro trimestre deste ano, 1.041 pessoas foram assassinadas nesse período e, além disso, houve um crescimento em quase todas as outras modalidades criminosas e a insegurança vivida nas ruas pela população aumentou o que nos permite afirmar que a segurança pública em São Paulo está muito aquém da desejada.

SEGUNDO: Aqueles que acompanham de perto a atuação dos órgãos que integram o sistema de segurança pública do estado de São Paulo sabem que existe uma “guerra” entre alguns delegados de polícia que já fizeram parte da cúpula da Polícia Civil e o Secretário da Segurança Pública. Os delegados são ligados ao ex-Secretário da Segurança e atual secretário de Logística e Transportes Saulo de Castro e ao que parece estão tentando desestabilizar o secretário da segurança. O episódio da divulgação de uma fita de vídeo do encontro do secretário Ferreira Pinto com um jornalista num shopping da capital deixa evidente que existe uma crise de relacionamento entre um grupo de delegados de polícia e o secretário da segurança pública. Essa crise, sem dúvida, é prejudicial à segurança pública e deve ser rapidamente resolvida pelo governador.

TERCEIRO: Os baixos salários pagos pelo estado aos seus profissionais de segurança pública, sem dúvida estão causando um desanimo, tanto na Polícia Civil como na Polícia Militar. O salário dos delegados de polícia de São Paulo, por exemplo, só é maior do que os dos delegados do Pará. Os baixos salários estão dando causa a uma migração de delegados paulistas para outros estados onde o salário, em alguns, é o dobro. Admitindo os míseros vencimentos de seus policiais, o governo criou um “bico legal”, denominando-o de “operação delegada”, consistente na permissão de que policiais, nas horas de folga, trabalhem fardados para prefeituras municipais, recebendo das mesmas por esse trabalho. Assim, negando-se a pagar um salário justo a seus policiais, o governo praticamente os obriga a trabalhar nas horas de folga para prefeituras, impedindo-os assim de descansar após seu turno de trabalho, o que certamente resulta num grande prejuízo na qualidade do trabalho policial prestado ao estado.

QUARTO: A corrupção na Polícia Civil e a violência da Polícia Militar continuam sendo motivo de preocupação. Sem duvida, a subordinação direta da Corregedoria da Polícia Civil ao gabinete do secretário da segurança pública, ocorrida em 2009, foi salutar e deve ser mantida, porém, o número de policiais civis demitidos em 2010, ou seja, maias de 200, sendo a maioria por corrupção, atestam que a corrupção continua alta na Polícia Civil. Quanto à violência da Polícia Militar, a execução de um homem num cemitério de Guarulhos, testemunhada e denunciada recentemente por uma destemida mulher e o grupo de extermínio denominado “Ninjas”, integrado por policiais militares e que está agindo na baixada santista evidenciam que a violência da Polícia Militar está presente e tem de ser combatida com rigor.. Reconhecendo que os casos de violência arbitrária praticada por policiais militares não estavam sendo investigados adequadamente, gerando impunidade, a Secretaria da Segurança Pública baixou Resolução determinando que todos os casos registrados como “resistência seguida de morte” sejam investigados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa.

QUINTO: Há mais de dezesseis anos no poder em São Paulo, os tucanos não mostram competência para combater um flagelo que se abate sobre os jovens paulistanos frequentadores da região conhecida como cracolândia, situada no centro da capital. Esses jovens, desde 1990, totalmente dominados pelas drogas, principalmente o crack, continuam a vagar como zumbis pelas ruas da região da Luz e agora também já estão presentes na Avenida Rio Branco. Traficantes circulam livremente entre usuários e o governo tucano fecha os olhos para essa tragédia urbana que está dizimando milhares de jovens.

SEXTO: O excesso da população carcerária no Estado de São Paulo em relação ao número de vagas também é motivo de grande preocupação. Segundo a Secretaria de Administração Penitenciária cerca de 165.000 pessoas estão presas nos estabelecimentos penitenciários do estado, sendo que a capacidade dos mesmos é de cerca de 98.000 vagas, ou seja, existe um déficit de 67.000 vagas no sistema. O excesso de lotação na maioria dos presídios além de tornar difícil uma convivência pacifica entre os presos criando condições propicias a rebeliões, dificulta a reintegração dos egressos à sociedade. A promessa do governo tucano feita no início de 2009, de construir 49 novas unidades prisionais, gerando 39.500 vagas no sistema prisional, como tantas outras não saiu do papel.

Este breve resumo dos primeiros cem dias do governo Alckmin, deixa claro que nada há a comemorar, só a lamentar.

Um Comentário

  1. os homicídios cairam em são paulo graças à qualidade de vida da população, que melhorou bastante, graças ao governo lula e também a um acordo psdb+pcc, feito na época dos ataques. traficante não mata traficante, + lucro pro pcc e – homicídios nas estatísticas.

    Curtir

  2. Sexta-feira, Abril 29, 2011
    Jornal da Tarde em PDF, Sexta, 29 de Abril de 2011

    19:00 Arteiro Comenta aê galera
    Enviar por e-mail
    BlogThis!
    Compartilhar no Twitter
    Compartilhar no Facebook
    Compartilhar no Google Buzz

    SP tem mais casos de latrocínio do que é divulgado:
    Era noite de terça-feira, 8 de março. O projetista Carlos Eduardo de Sousa Garcia, de 24 anos, chegava da faculdade. Seu pai notou pelas imagens das câmeras de segurança instaladas em sua casa que o filho seria assaltado no portão, na Rua Xavier da Rocha, 20, Vila Prudente, zona leste. Não teve tempo de ajudá-lo. Cadu, mesmo sem reagir, levou um tiro por fechar o portão na cara dos ladrões. Poeta promissor, ele morreu durante a madrugada no Hospital Paulistano.

    O malsucedido roubo, que provocou o assassinato do estudante de Letras, poderia se tornar apenas um número nas estatísticas da violência de São Paulo. Mas, nem isso aconteceu. O crime que chocou São Paulo, não está entre os casos de latrocínio da capital divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP) no último dia 15.

    A estatística oficial dá conta de que no primeiro trimestre de 2011, a capital teve 22 casos de roubo que culminaram na morte do assaltado. Para o governo, uma redução de 12% em relação ao mesmo período do ano passado.

    O Jornal da Tarde levantou 25 casos de latrocínio no mesmo período compreendido pela estatística da SSP, o mesmo índice registrado no primeiro trimestre de 2010 e, portanto, nenhuma redução nesse tipo de crime, que é um dos que mais assusta a população e pode acontecer no trânsito, na saída de um banco, no trabalho e até em casa.

    A morte do estudante da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM) Nicholas Marins do Prado, de 20 anos, em 4 de março, na porta da casa de um amigo, na Rua França Pinto, Vila Mariana, zona sul, foi registrada como roubo no 36º DP (Vila Mariana). E também não foi contada como latrocínio para o governo.

    “O registro como roubo não está errado. Mas, deveria haver mais cautela do delegado. Checar o estado da vítima e fazer constar do BO que houve lesão grave, mesmo que naquele momento não tenha ocorrido a morte. A omissão desse dado na natureza do documento faz com que as estatísticas não sejam fiéis à realidade”, disse o promotor Marcelo Baroni, ex-delegado do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP).

    As mortes de Prado e Garcia foram registradas por câmeras de segurança e suas imagens, exibidas exaustivamente pela imprensa. Em nenhuma delas a polícia duvidou se tratar de assalto. Em ambos os casos, as vítimas morreram horas após serem baleadas.

    Além das mortes dos dois universitários, o assassinato do comerciante José Arteiro Morais, de 43 anos, também é um fantasma estatístico. No dia 2 de março, sua pizzaria, na Cachoeirinha, zona norte, foi invadida por um homem que anunciou roubo. Morais disse que não tinha dinheiro e foi baleado no rosto.

    O caso, registrado como roubo seguido de morte no 72º DP (Vila Penteado), também não figura na lista oficial de latrocínios. Não consta sequer da estatística de homicídio doloso do distrito policial.

    O delegado geral, Marcos Carneiro, disse que casos que apresentem fatos novos devem ser corrigidos em sua natureza. “Agora que as divulgações de índices serão mensais, a atualização será mais dinâmica.”

    O coronel José Vicente da Silva, consultor em segurança, diz que “mapear os roubos é mais importante para evitar latrocínio”. Para o advogado Ariel de Castro Alves, especialista em direitos humanos, o problema é a falta de padronização nos registros. “Compromete a credibilidade.”

    No início de 2007, estatísticas da SSP já mostravam problema: eram divulgados apenas 50% dos casos de roubos a banco.

    Curtir

  3. O GUARDA COMANDANTE POOOOOOODE!!! OS OPERACIONAIS TRABALHAM COM AS VIATURAS CAINDO OS PEDAÇOS…..NÃO POOOODE……AMBULÂNCIAS CAINDO OS PEDAÇOS, MAS NÃO POOOOODE POQUE A LEI DE MIL E OITOCENTOS E BOLINHA NÃO DIZ QUE DOENTES TEM QUE SEREM REMOVIDOS EM VEÍCULOS BONS E BEM CONFORTÁVEIS….NÃO POOOOODE…. QUANTA HIPOCRISIA NESSE GOVERNO DO PSDB DO GERALDO ALCKIMIM XUXU VIU. JA OS SALÁRIOS DOS SORDADOS E PULIÇAS CIVIL ESTÃO CADA DIZ MAIS PEQUENINOS. POBRE NÃO POOOOODE , SÓ RICOS QUE POOOOOOOODE. SACANAGEM!

    Curtir

  4. CLARO QUE CORONÉ GERAL NUM PODE TOMAR TIROS PQ DÓI PACAS…… SORDADOS PODE TOMAR TIRO QUE NÃO DÓI E LOGO SARA, É SÓ FAZER 3 CURATIVOS DIÁRIOS COM ERVA SANTA MARIA E JA ESTÃO PRONTOS PARA FAZER BICOS NAS PREFEITURAS GANHANDO 12 REAL A HORA. COMANDANTES NÃO PODEM USAR VIATURAS CARACTERIZADAS PQ PODE ACONTECER DE ALGUM LADRÃO ROUBAR ELE E A VIATURA. SÓ SÃO PULIÇAS NO 5º DIA ÚTIL DE CADA MÊS OU ENTÃO PARA APAVORAR OS SUBORDINADOS. EITA MERDA!!

    Curtir

  5. 1. “Resistência seguida de Morte” não entra na estatística com Homicídio.

    2. “Averiguação de óbito” e “encontro de cadaver” também não entram como homicídio.

    3. “Tentativa de Homicídio” não entra com homicídio, mesmo após a vitima vir a óbito. Ao entrar em óbito é registrado um BO de “Comunicação de Óbito” justamente para não aumentar os índices de HOmicidios (existe uma portaria determinando que assim seja feito, pore’m não me recordo do nr.).

    4. Referente as chacinas é considerado o número de ocorrências e não o número de vitimas.

    Curtir

  6. Parabéns. Mostrou que fala com conhecimento do assunto.Só faltou ressaltar o evidente tratamento diferenciado que o SSP dá para a PM em relação a PC. Vultuosos investimentos em efetivo, material, viaturas e tecnologia da informação para a PM e nada para a PC, sem falar no RETP “turbinado” só para a PM.Além de, em toda e qualquer reunião que participa, fazer questão de elogiar a PM e sentar o pau na PC. Vamos assistir ainda muito coitado vendedor de milho ser assassinado de graça correndo o risco de ser sepultado com o rótulo de perigoso marginal.

    Curtir

  7. Agora percebo o motivo de eliminar o Tulio Kahn.
    Se ele fez errado ou não, ficou evidente que era uma pedra no sapato.
    Realmente o Estado de São Paulo foi pro brejo, não dou uma década para vermos no que este Estado se tornará.
    Já tem muita gente indo embora, o que antes não acontecia.
    Chegou a hora de engolirmos este orgulho e tomarmos atitudes contra estes 16 anos de descasos.
    Em se falando de orgulho o Estado é o maior caloteiro do Brasil, ninguém ou nenhum Estado da Federação e digo calote legalizado. Coitado de quem está no CADIN perde todos os direitos de um cidadão.

    Curtir

Os comentários estão desativados.