De onde saiu um boi, saiu uma boiada: o curral institucional de desvios na PM paulista…Tarcísio de Freitas não acreditar na Justiça acreditando no Derrite e na Polícia Militar é culpar o colchão por ser corno 2

De onde saiu um boi saiu uma boiada 

A paráfrase ao ditado sertanejo: “de onde saiu um boi, saiu uma boiada” aplica-se com precisão cirúrgica aos ainda  recentes escândalos envolvendo oficiais da Polícia Militar paulista.

O chamado tenente McLaren, Fernando Genauro da Silva, egresso da Academia do Barro Branco, foi preso acusado de envolvimento direto no assassinato do empresário e delator do PCC, Vinícius Gritzbach, executado em novembro de 2024.

Apenas cinquenta dias após o crime, o oficial ostentava nas ruas uma McLaren avaliada em mais de R$ 2,2 milhões, um escárnio que levantou inevitáveis suspeitas de enriquecimento ilícito. 

O TENENTE MCLAREN

Segundo as investigações, Genauro teria autuado como motorista da equipe que emboscou e executou Gritzbach, delator de operações criminosas ligadas ao PCC.

Preso junto com outros policiais de choque, o tenente integrava uma unidade tida como “elite” e símbolo de moralidade operacional.

A investigação já levou à prisão pelo menos 16 policiais militares, entre praças e oficiais, muitos deles com passagens pelo Choque e pela Rota. 

O detalhe mais estridente — a compra da McLaren em tempo recorde — virou metáfora de impunidade e escárnio. Afinal, qual jovem oficial poderia adquirir, de salário, patrimônio desse vulto? 

Não se trata, porém, de um “caso isolado”.

O histórico está farto: dezenas oficiais do Barro Branco , desde tenentes a coronéis , já se viram implicados em crimes graves, incluindo homicídios, execuções por encomenda, milícias e corrupção direta.

O episódio apenas escancara o que os estudiosos do sistema penal vêm sustentando há décadas: o oficial bandido da PM não é fruto do acaso, tampouco de uma má educação familiar.

É produto da própria Polícia Militar e da sua cultura interna. 

O TENENTE MATADOR DE MENDIGOS

Outro exemplo emblemático é o recente caso do chamado “matador de mendigo” – o tenente Alan Wallace dos Santos Moreira, da Força Tática da PM paulista, que executou com três tiros de fuzil Jeferson de Souza, homem em situação de rua, em junho de 2025, sob o Viaduto 25 de Março, no centro de São Paulo.

As imagens das câmeras corporais desmontaram a versão oficial de que a vítima teria reagido e confirmado que Jeferson estava rendido, desarmado, acuado e chorando, antes de ser friamente assassinado pelo oficial, até que a própria cúpula da PM classificou como “inaceitável” e “vergonhoso”.

Não por coincidência, a execução desse sem-teto ocorreu no contexto da pressão de comerciantes para a chamada “higienização” das áreas comerciais da capital paulista, evidenciando como parte da oficialidade da PM, nos crimes de rua, prestação de serviços sob demanda a interesses privados, reiterando que onde passa um boi, passa, sim, uma boiada institucional de violência e corrupção policial-militar.

CORONEL  JACK – O ESTUPRADOR DA PRÓPRIA FILHA

Se não bastassem alguns casos de homossexuais pedófilos – desvio , digo da pedofilia , talvez originado de abusos sexuais  dentro da caserna considerando que durante anos , com os hormônios em ebulição , permaneçam  em ambientes unissexuais , onde a escuridão e silêncio faz com que prevaleça a lei do mais forte – um caso particularmente chocante de crime de violação sexual por oficial da Polícia Militar envolveu um coronel da corporação – Luiz Ikeda  sendo ele acusado de estupro de vulnerável contra sua própria filha de dez anos.

E nesta questão quero alertar que são exceções , mas posteriormente transcendem para o assédio sexual no ambiente de trabalho praticado por superiores contra subordinados e subordinadas.

Sendo de conhecimento público as sentenças absolutórias de estupradores pela Justiça Militar e as perseguições suportadas pelas vítimas denunciantes.

Segundo informações, o oficial abusou da criança e tentou se explicar publicamente com algumas absurdas sobre a “curiosidade” da filha, reforçando o quanto o próprio ambiente institucional e de poder pode servir de escudo, criando obstáculos para a responsabilização efetiva desses oficiais de alta patente.

O caso ganhou repercussão após vir à tona em 2025, quando a denúncia e o processo judicial passaram a ser amplamente noticiados, trazendo à tona mais uma faceta sombria dos desvios graves dentro do oficialato da PM, cuja proximidade com o poder tende a dificultar punições exemplares.

DELEGADOS DE POLÍCIA x OFICIAIS DA PM –  a injustiça estrutural

A comparação entre a formação e a trajetória de delegados e de oficiais da PM é reveladora. 

Delegados da Polícia Civil ingressam mediante concurso público que exige diploma de Direito e, geralmente, experiência prévia como advogados, servidores jurídicos ou operadores do direito.

Entram maduros, por volta dos 30 anos de idade, trazendo bagagem de vida e de profissão. 

Oficiais da PM, ao contrário, ingressam adolescentes no Barro Branco e, após três anos de formação, obtêm vantagens funcionais e previdenciárias incomparavelmente superiores.

Esses anos como “alunos oficiais” já contam como tempo de serviço. 

A diferença brutal se reflete não apenas em salários e previdência, mas na lógica do poder.

Enquanto os delegados constituem uma carreira civil-jurídica que exige experiência prévia, os oficiais formam-se como militares profissionais desde a juventude moldados por doutrina fechada, corporativismo cego e espírito de casta. 

O MITO DA RESERVA MORAL

O oficialato ainda ostenta o título de “reserva moral do Estado” e proclama sua escola como “ninho das águias”.

Talvez tenha feito sentido em tempos da antiga Força Pública, mas há décadas a realidade vem desmentindo essa retórica.

Hoje o que se vê é uma sucessão de oficiais envolvidos em crimes graves e corrupção endêmica. 

A cada nova prisão — e não são poucas — vai-se corroendo o mito erguido pela autoproclamação.

O tenente McLaren não é exceção; é elo de uma corrente.

Onde passou um boi, passa toda uma boiada. 

A RAIZ NA CULTURA INSTITUCIONAL

É preciso insistir no ponto central: o oficial bandido é um produto institucional. A camaradagem, o protecionismo hierárquico, o culto à farda e a lógica corporativa erigem um ambiente que não só facilita, mas incentiva o crime uniformizado. Os “irmãos de farda” protegem-se entre si, os desvios se repetem como metástases, e o Estado assiste passivamente, mantendo diferenças estruturais que premiam essa corporação com benefícios funcionais e simbólicos. 

Na Polícia Civil, ainda que haja problemas de corrupção, o modelo de ingresso e a exigência de maturidade profissional tendem a frear parcialmente a adesão direta do delegado ao crime organizado.

Se ingressa com vícios e virtudes , mas na Polícia Civil não se  forma psicopatas perversos .  

Entre oficiais da PM, ao contrário, a própria formação é o terreno fértil para o florescimento do desvio para a criminalidade violenta.

Quem mata por reconhecimento , logo matará por dinheiro  ou por quaisquer mimos .

DESFECHO

O tenente McLaren, o tenente matador de mendigo e o coronel Jack estuprador são apenas a face mais caricata de um problema estrutural.

De onde saíram outros tantos já os precederam e outros virão.

O oficialato da PM paulista, longe de reserva moral, tornou-se fábrica institucional de desvios. 

Mas essa responsabilidade decorreu da unificação dos órgãos policiais , determinadas em 1969, em plena Ditadura Militar que expôs a gloriosa Força Pública Paulista a membros de outras corporações , a exemplo do comissariado da Guarda Civil , considerado pelo Exército um caixote de maças podres.

E deu no que deu: os inspetores, politicamente mais ousados , logo assumiram o comando.

Não demorou , sem a mesma disciplina , na PM  logo passou a estourar os casos de corrupção , violência generalizada e execuções sumárias .

Para quem não sabe, a guarda civil era muito conhecida pelas violências sexuais que praticavam vestidos com o uniforme azul.

Se há boiada, é porque o curral está aberto. E o curral, neste caso, chama-se Academia do Barro Branco. 

Alerta, o Flit Paralisante reconhece  e enaltece a força moral da ampla maioria dos membros da  corporação  que resistem  às pressões do meio e às tentações políticas ou financeiras, conduzindo toda uma vida profissional de maneira discreta, honesta e distante de discursos de violência.

E o Corpo de Bombeiros, é um grande exemplo de órgão da Polícia Militar que se destaca pela integridade dos seus membros , profissionalismo, senso de missão e compromisso genuíno com o bem comum, permanecendo  como referência ética e inspiração dentro das forças de segurança pública.

E por tal razão ao tenente Guilherme Derrite foi dada a oportunidade de se corrigir quando foi servir no 193 da PM, mas pelo que se sabe houve incompatibilidade bilateral.

Um Comentário

  1. Belo texto, Flit! Diria o oficialato, objeto da tua tese: “você foi furunfado por um militar”.

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    • Prezado comandante de coração magoado , agradeço imensamente pela análise psiquiátrica gratuita; coisa que nem o IML faria tão bem!
      Fico lisonjeado ao saber que as minhas opiniões “furunfam” o brio e a sensibilidade “do oficialato” como ninguém.
      Nada como assistir à reserva moral sorver do próprio.
      A tara do Flit pela PM é como a da sua manada por manchete: intensa, barulhenta e inevitavelmente premiada com mais um escândalo fresquinho toda semana.
      A diferença é que enquanto lamento pelos bons policiais enxovalhados; gente como você acoberta , defende , justifica ; em nome da solidariedade e lealdade ao corporativismo mafioso. E ainda projeta no alheio os seus traumas sexuais revelando as suas experiências mais intimas e marcantes.
      E se “fui furunfado por um militar” , obviamente, fui vítima de estupro; assim estou em terapia exercendo o meu legitimo direito a vingança . A diferença é que não tenho inclinação para a mentira e calunia ; de vocês não se pode dizer o mesmo .
      E, pelo visto, “bovina” não foi só a inspiração do artigo, mas da sensibilidade de quem comenta ruminando e mugindo.
      Oficial PM, siga participando: quem não deve, não se irrita e quem não aguenta, pede licença! Mas seria mais construtivo você consertar a porteira do curral ; para que não se dê “boiada” para boi filho de boi.
      Por fim , reitero as ressalvas ao Oficialato raiz e aqueles bons Oficiais que neles se espelham . Eram gente de berço ; muitos com cursos em West Point.
      Troca o balcão do bar pela biblioteca do Barro Branco; nunca é cedo para aprender. Aproveita também e mande abraços do Flit para o Mclaren e para o Matador de Mendigo…
      Quanto ao coronel Jack japa , JÁ DEVERIAM TE-LO EXECUTADO!

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