
Análise crítica e comparativa do depoimento do soldado Robson Santos Barreto com os acontecimentos registrados na prova audiovisual, demais depoimentos e contexto investigado do caso. O objetivo é aferir espontaneidade, complementar declaracões, compatibilidade dos relatos e possíveis omissões/redundâncias em relação à conduta do sargento Marcus.
1. Análise Geral do Depoimento de Barreto
Barreto é restrito ao momento posterior aos disparos:
- Foco Exclusivo no Socorro: Descreve que pegou os tiros, “permaneceu abrigado no muro”, Sargento à sua frente, ouviu gritos de “Polícia”, o Sargento voltou resgatando e imediatamente engajou-se no socorro à vítima baleada.
- Detalhe Técnico no Atendimento: Relata em detalhes dos protocolos médicos (TCCC/MARCH, uso de selos torácicos, bandagem israelense, contato com sistema CROSS e transporte ao hospital).
- Não opina sobre a conduta original: Ressalta não foi capaz de opinar sobre o “estado de espírito do policial que efetuou o disparo”, pois estava focado no socorro.
- Nada menciona sobre a dinâmica da chave, do acesso ao portão, ou sobre o suposto ‘vulto’ ou motivo da incursão acelerada.
- Não detalhes se viu o policial civil sacar ou portar arma nem afirma (ou nega) que tenha acontecido ameaça real.
2. Espontaneidade e Credibilidade
- Espontaneidade:
O depoimento é protocolar, sucinto e objetivo, concentrando-se somente no momento do socorro e procedimentos médicos posteriores ao fato. Não há improvisação nem elaboração narrativa sobre as etapas anteriores (acesso, abordagem, decisão de atirar). - Credibilidade:
Por não relatar nada a respeito da fase crítica (encontro, possível ameaça, acesso com chave, conduta do sargento na abordagem), evita comprometer-se com a defesa ou a acusação e, assim, evita contradições. O relato técnico sobre o socorro é verossímil e condizente com os registros de bodycam, filmes jornalísticos e verificação pericial do pós-disparo.
3. Cotejo com as Imagens e Com o Depoimento do Sargento
a) Sobre a Chave e Acesso
- Sargento alegou: Chave foi “encontrada”, pretendia no portão, deduziram que era dali — versão pouco espontânea no contexto visual (já apontada como contraditória ao vídeo, onde vai direto ao portão).
- Barreto: Não menciona qualquer informação sobre chave encontrada, decisão de acesso, experimentação, ou mesmo sua ciência da posse da chave pelo sargento.
- Compatibilidade objetiva: Fortalecer a hipótese de informação (da posse e destino da chave) restrita ao sargento, retirando espontaneidade e verossimilhança da alegação do suposto achado fortuito.
b) Sobre Abordagem e Dinâmica Imediata ao Tiro
- Sargento: Afirma correr atrás de vulto e ao virar esquina se depara com indivíduo armado, atirando imediatamente.
- Barreto: Não relata ter visto “vulto”, suspeito armado, ou qualquer hostilidade. Diz apenas estar “avançando atrás do sargento”, ouvindo os tiros e, diante disso, abrigando-se sem conseguir avançar.
- Omissão funcional: Não confirma a narrativa central da defesa (ameaça real e súbita, perseguição de crime, confronto armado) — apenas descreve o efeito dos disparos (impossibilidade de obrigação, necessidade de socorro).
c) Sobre o Estado do Sargento e Pós-fato
- Sargento: Após ouvir “polícia”, grita também o termo, pede socorro etc.
- Barreto: Confirma que o sargento pede resgate e contribui no atendimento, sem emitir qualquer juízo sobre abalo emocional, justificativa da conduta, ou percepção subjetiva da situação.
- Elemento de autorização: Barreto limita-se à atuação técnica, evitando compor defesa ou acusação.
4. Compatibilidade e Eventuais Lacunas
- Relato não entra em confronto com os fatos materiais, mas também não os confirma: O depoimento, centrado no pós-disparo, não ratifica as versões de ameaça, vulto, chave ou abordagem defensiva sugeridas pelo sargento .
- Nada espontâneo é negado, mas nenhuma tese defensiva é reforçada: Na prática, isso esconde a proteção dos detalhes-chave do sargento, pois se havia uma ameaça real e clara, seria natural que os colegas — ainda mais focados à retaguarda — mencionasse gritos, correria, suspeito armado, tensão, ou mesmo o procedimento com a chave.
5. Conclusão
O depoimento do soldado Barreto é protocolar , técnico e essencialmente neutro , limitando-se ao socorro e ao pós-fato. Essa postura reforça, por exclusão, um pouco de espontaneidade e a baixa repetição de pontos-chave da versão do sargento Marcus, que carece de confirmação de colegas para se sustentar — confirmação que aqui não ocorre.
A ausência deliberada de comentários sobre a abordagem, o acesso ao portão, a suposta experimentação da chave e sobre qualquer risco ou ameaça anterior ao tiro, somada à exatidão conferida ao socorro, prejudica a defesa do sargento e reforça a leitura de que a narrativa defensiva foi construída à posteriori, não emergente da espontaneidade do cenário e da atuação funcional conjuntamente.
Rcguerra
O conteúdo acima não possui valor acusatório/probatório. Trata-se de trabalho diletante, de caráter exclusivamente informativo e opinativo, desprovido dos conhecimentos técnicos e dos instrumentos de investigação próprios da polícia judiciária. Apesar do esforço constante na busca da exatidão e do compromisso com a verdade dos fatos, este material está sujeito a equívocos inerentes à limitação de meios, dados públicos e interpretação de provas visuais disponíveis.
Não há, em nenhuma hipótese, intenção de alimentar ódio específico ou institucional. Busca-se apenas contribuir para o debate público e a necessidade de defesa da honra da vítima, de seus familiares, da sociedade civil e da Polícia Civil, historicamente confrontada com versões injustificadas para execuções sumárias. Incentiva-se a análise crítica, o respeito a todas as instituições do Estado de Direito e o acolhimento de eventual retificação fundada em dados oficiais e laudos periciais.
Recomenda-se, especialmente, a consulta a fontes e oficiais para informação definitiva sobre os fatos.
Na polícia militar o pior crime é faltar com a verdade, então o Soldado que estava junto com o pm que matou a vítima , sabe que se mentir para o comando , irá preso e perderá o emprego público.
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