
São Paulo: O Teatro Autoritário de Tarcísio
São Paulo, terra de tradições plurais, agora é palco de um espetáculo perverso. No centro do cenário, o governador Tarcísio encena sua farsa mais ousada: vende a ilusão da “paz e ordem” enquanto, nos bastidores, orquestra um teatro de guerra. E como todo bom autoritário, não dispensa plateia – precisa da cumplicidade do público – para normalizar o absurdo.
O Golpe da Caneta
Sua última jogada? Nomear 208 oficiais aposentados da PM, todos com soldos já garantidos, para assediar o sistema educacional.
Cada um receberá R$ 6 mil extras, um prêmio por lealdade, não por competência.
A missão?
Vigiar diretores, supervisionar supervisores e, sobretudo, silenciar professores, os verdadeiros inimigos do projeto autoritário.
A Estratégia do Medo
Enquanto no Palácio trocam-se sorrisos e continências, as salas de aula são invadidas pelo sopro da censura. Esses 208 “monitores” não estão lá para educar, mas para:
- Vigiar (o que o professor ousa discutir),
- Registrar (quem desafia o discurso oficial),
- Intimidar (para que a crítica vire sussurro).
Não importa mérito pedagógico, independência intelectual ou liberdade de ensino: a nova lei é a submissão. Pensar livremente vira “subversão”.
Explicar democracia vira “risco”. O aluno aprende, desde cedo, que uniforme fardado no recreio é mais importante que criatividade.
A Paz dos Cemitérios Intelectuais
Tarcísio chama de “pacificação” o que é, na verdade, estrangulamento do pensamento. Seu projeto é claro:
- Educação policiada (para doutrinar),
- Juventude despolitizada (para obedecer),
- Funcionalismo amordaçado (para não resistir).
Sob o manto de “gestor pragmático”, esconde-se um caudilho moderno: usa a caneta como arma, o Estado como palanque e a PM como milícia pessoal.
Sua paz não é a da liberdade , é a do silêncio, onde ninguém ousa questionar.
O Crime Maior
O pecado não está apenas nos R$ 6 mil mensais desviados para apaniguados. Está no que essa máquina tenta matar: o futuro. Quando um professor hesita ao falar de direitos, quando um aluno cresce achando normal ser vigiado, a ditadura não chega com tanques: avança com formulários, relatórios e o falso consenso de que “isso é segurança”.
Tarcísio, você não pode enganar a todos.
Há quem ainda veja, sob o véu do populismo autoritário, o projeto de poder que você realmente defende: um estado onde o saber é controle, a escola é quartel, e o cidadão, mero pagante.
Cães famintos
Não há mais disfarce: policiais militares aposentados, convocados sem concurso, são implantados nas escolas não para educar, mas para cumprir ordens.
Recebendo – sem nenhuma vergonha e darma de consciência – seis mil reais extras para enfileirar docentes, supervisionar diretores e caçar ideias que escapem do roteiro oficial.
Não protegem a comunidade escolar — são olhos e ouvidos do governador, cães de guarda adestrados pela promessa de um banquete que nunca chega.
Vigiam, controlam, silenciam.
Ao menor sinal de pensamento livre ou crítica, rosnam baixo e falseam relatórios para que os “infratores” percam seus empregos , fiéis à mão que alisa e alimenta.
As migalhas valem mais do que a dignidade de ser cidadão.
Adotam sem hesitar o papel de capatazes do autoritarismo.
Não há heroísmo: há bajulação e apego ao privilégio.
A justiça impede, por ora, o avanço — mas nem isso desperta neles vergonha ou dignidade.
Estão prontos, agachados, para qualquer nova ordem, esperando a próxima sobra cuspida pelo poder.
Preferindo a própria insegurança de vigilantes delatores ao desconforto da autonomia.
Enquanto os seus patrões ficam cada vez mais bilionários!
Não percam de vista: monitorarão indefesos educadores sendo também monitorados pelo crime organizado e bem armado!
—————————————————
Justiça suspende contratação de PMs para escolas cívico-militares em SP
A Justiça de São Paulo suspendeu o edital do governo Tarcísio que previa a contratação de 208 PMs aposentados como monitores em escolas cívico-militares. A decisão liminar, atendendo a uma ação popular do PSOL, considerou a medida inconstitucional por dispensar concurso público e violar princípios orçamentários, destacando ainda o risco de dano ao erário e à rotina escolar. O Ministério Público apoiou a suspensão, argumentando que o modelo fere a Constituição, que exige concurso para profissionais da educação, e criticou o salário de R$ 6 mil — superior ao de professores temporários.
O governo estadual anunciou que irá recorrer, defendendo o projeto como uma opção legítima de gestão escolar e garantia de segurança. Enquanto isso, a implementação do modelo fica paralisada até que sejam apresentadas justificativas que atendam às exigências legais. A decisão judicial reforça o debate sobre a militarização da educação e os limites da atuação do Estado em políticas públicas.
.