
A recente escalada de tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos, marcada pelo chamado “tarifaço” imposto pelo governo Trump, evidencia não apenas uma tentativa de ingerência externa, mas também um desafio à soberania e à autodeterminação do povo brasileiro.
Diante desse cenário, torna-se imperativo adotar uma postura madura e estratégica: ignorar provocações e buscar soluções construtivas.
O princípio da não intervenção, consagrado no direito internacional, deve ser o norte da resposta brasileira.
Ao atrelar tarifas a questões internas, como processos judiciais e decisões políticas, Trump ultrapassa limites aceitáveis da diplomacia e afronta diretamente a autonomia das instituições nacionais.
Reagir de forma impulsiva, seja por retaliação ou por confronto direto, apenas alimentaria a narrativa de polarização e instabilidade que interessa a setores externos.
A resposta mais eficaz, portanto, reside na busca por alternativas pragmáticas.
O Brasil pode e deve recorrer a organismos multilaterais, como a Organização Mundial do Comércio, para contestar medidas protecionistas e reafirmar seu compromisso com o multilateralismo.
Simultaneamente, é fundamental investir na diversificação de mercados, reduzindo a dependência do comércio com os Estados Unidos e fortalecendo parcerias com Europa, China, Mercosul e outros blocos estratégicos.
Diversificação e ampliação de mercados , mas sem trocar de dependência (EUA → China).
A história recente mostra que respostas proporcionais e negociadas, como a adoção de cotas de exportação ou o incentivo à indústria nacional, costumam ser mais eficazes do que a retaliação automática.
Ao transformar adversidades em oportunidades de desenvolvimento, o Brasil pode fortalecer suas cadeias produtivas e ampliar sua presença global.
No âmbito interno, ignorar provocações que visam dividir a sociedade e enfraquecer instituições como o STF é fundamental para preservar a coesão nacional.
A transparência na comunicação e o esclarecimento dos reais motivos por trás das tarifas são essenciais para desarmar narrativas externas de desinformação e proteger o Estado de Direito.
Ignorar Trump não é desprezar o seu poder e influência não significa desprezar os Estados Unidos, suas instituições, o seu povo e a sua cultura.
Trata-se de reconhecer que lideranças são passageiras – passageiros também serão os nossos custos políticos e econômicos – e que, mesmo dentro dos EUA, Trump está longe de ser uma unanimidade.
O respeito mútuo entre as nações deve se sobrepor a personalismos e conjunturas políticas temporárias, preservando relações estratégicas e o diálogo construtivo.
É imprescindível, também, que internamente o Brasil abandone de imediato as paixões político-eleitorais e a divisão artificial entre esquerda, centrão, direita e as simplificações entre “os do bem” e “os do mal”.
O país necessita de pensamentos plurais e lideranças agregadoras, capazes de unir a sociedade em torno de objetivos comuns e do interesse nacional.
Bolsonaro, como liderança, se mostrou um personagem antagônico, promovendo a cisão entre brasileiros.
O ex-presidente precisa ser superado e deixado para trás, sem nunca se marginalizar setores da sociedade que ainda o apoiam. E uma análise mais aprofundada sobre as razões do apoio e influência que ainda detém se faz necessária para uma solução verdadeiramente agregadora.
Que aguarde o julgamento do STF, que deve ser absolutamente imparcial — sem indulgência, mas também sem desejo de vingança.
O que se espera é justiça, baseada unicamente nas provas e na legalidade.
Verdadeiramente, exemplos internacionais demonstram que a escolha por soluções construtivas e o fortalecimento de alianças alternativas podem, a médio prazo, reduzir a eficácia de sanções unilaterais e garantir a autonomia nacional.
Ignorar Trump, portanto, não é sinal de fraqueza, mas de maturidade política e compromisso com os interesses maiores do Brasil.
Em tempos de desafios globais, a serenidade e a busca de alternativas inteligentes são as melhores respostas diante de tentativas de ingerência e pressão.
O Brasil, ao focar em soluções construtivas, reafirma sua soberania e sua vocação para o diálogo e o desenvolvimento sustentável.
RCG