NOTA DO SINDPESP CONTESTANDO O REAJUSTE SALARIAL DOS POLICIAIS CIVIS 8

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo – SINDPESP – contesta o reajuste salarial de apenas 5% proposto pelo Governador Tarcísio de Freitas aos policiais civis.

O percentual apresentado é insuficiente até mesmo para recompor a inflação acumulada nos últimos dois anos, que supera aproximadamente 10%, o que representa uma expressiva perda no poder de compra dos servidores da segurança pública.

São Paulo é o estado com a maior arrecadação do país, o que torna ainda mais evidente a falta de reconhecimento por parte do governo ao trabalho desses profissionais, que exercem funções essenciais para a preservação da ordem e da segurança da população paulista.

Essa defasagem salarial só agrava o já alarmante déficit de servidores na Polícia Civil, uma vez que muitos delegados são forçados a buscar oportunidades em outras unidades da federação, onde as condições salariais e de trabalho são mais vantajosas.

Esse cenário contribui para o enfraquecimento da segurança pública no Estado de São Paulo, comprometendo a qualidade dos serviços prestados à sociedade.

SINDPESP espera que, no projeto da nova Lei Orgânica da Polícia Civil, que será brevemente encaminhado à Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (ALESP), o Governador reveja sua posição e proponha um sistema remuneratório justo — capaz de resgatar a dignidade dos delegados de polícia e reconhecer a relevância e a complexidade das atribuições desses valorosos profissionais.

A valorização da Polícia Civil é indispensável para assegurar a qualidade dos serviços prestados à sociedade e manter a motivação daqueles que se dedicam, com coragem e responsabilidade, à segurança pública do Estado de São Paulo.

Sindicato dos Delegados de Polícia do Estado de São Paulo – SINDPESP

Afinidades, Rentabilidades e Outras Ilusões na Polícia 1

No universo das finanças, há um mantra que ecoa em todas as apresentações de investimento: “rentabilidade passada não garante rentabilidade futura”.

É um aviso, quase um pedido de cautela, para que ninguém se iluda com gráficos ascendentes e promessas douradas.

Curioso como essa máxima se encaixa, como uma luva, nos corredores da Polícia Civil – e, por que não dizer, nas relações humanas em geral.

Na PM, idem!

Lembro-me de quando ingressei na carreira, ainda com o olhar brilhando de idealismo.

Havia algo de quase fraterno na convivência com alguns colegas.

Dividíamos o café amargo, as madrugadas insones e, principalmente, a sensação de estarmos do mesmo lado da trincheira.

As afinidades se formavam, não apenas por simpatia, mas por compartilharmos o peso das mesmas escolhas e dos mesmos riscos.

Mas o tempo, esse velho cínico, trata de nos mostrar que a extensão (duração ) não é sinônimo de lealdade.

Assim como um fundo de investimento pode despencar de um ano para o outro, relações antes sólidas podem se dissolver diante do primeiro vento contrário.

E, na Polícia Civil, os ventos são muitos – e nem sempre sopram a favor da ética.

As pessoas crescem e envelhecem, de regra, para pior!

O Eu se sobrepõe ao Nós.

O que são minhas relações?

Interesses pessoais, quase sempre.

Um cargo mais valioso, uma promoção, uma promessa sussurrada nos bastidores, um lugar melhor para a “nova esposa”…E assim vai!

Às vezes, é apenas o desejo de agradar quem está no topo da faixa.

Sim, há os bajuladores doentios!

Outras vezes, é uma tentativa de corrupção, que se insinua sorrateira, oferecendo atalhos e recompensas simples.

E, quando isso acontecer, o colega de ontem pode ser o delator de hoje, o amigo de copo pode se tornar o algoz de gabinete.

A corrupção, diferente do que muitos pensam, chega raramente como um vendaval.

Ela se infiltra como uma infiltração silenciosa, corroendo a poucos os alicerces da confiança.

Um favor aqui, uma omissão ali, e, quando se percebe, a lealdade virou mercadoria.

E, nesse mercado, quem paga mais leva.

No fim das contas, aprendi que, assim como nas finanças, o passado serve apenas como referência, nunca como garantia.

Porque, na Polícia Civil e na vida, o verdadeiro investimento é aquele feito na integridade.

E esse, sim, pode render bons frutos – ainda que, por vezes, solitários.