Em metade das escolas, policial é formado em seis meses 19

19/08/2013 – 03h00

AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Um estudo que analisou 57 escolas de formação de policiais em todo o Brasil concluiu que o tempo de treinamento desses profissionais é abaixo do ideal e focado em áreas que são pouco usadas no cotidiano deles.

Enquanto nos países europeus o tempo médio de formação dos policiais é de dez meses, aqui a maioria das instituições forma seus profissionais em até seis meses.

Das 44 unidades de ensino que responderam ao questionamento dos pesquisadores da ONG Fórum Brasileiro de Segurança Pública, 20 declararam que em um semestre o policial já pode trabalhar na linha de frente do combate à criminalidade.

Outros dois centros de ensino afirmaram que o curso de formação é opcional, mas não detalharam como o policial é instruído.

Os nomes das instituições ou os Estados onde se localizam não foram divulgados.

Os dados se referem a todos os quadros iniciais das polícias Civil (agentes, investigadores, escrivães e delegados) e Militar (soldados e tenentes).

‘BACHARELESCA’

Para os pesquisadores, os policiais têm muitas aulas de direito e poucas de sociologia ou de resolução de conflitos.

“A formação é muito bacharelesca e militarista. Em alguns casos, os alunos têm mais aulas do que os de engenharia”, afirma um dos coordenadores da pesquisa, o professor José Vicente Tavares dos Santos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

ONDA DE PROTESTOS

“A escola, muitas vezes, não leva em conta que o policial vai se envolver em situações em que tanta teoria não basta.”

Para Santos, uma das provas de que o treinamento das polícias está defasado foi a forma que elas atuaram na onda de protestos enfrentados pelas principais cidades brasileiras desde junho.

“Aconteceram atos que nenhuma polícia conseguia prever. As escolas precisam se adequar à essa realidade.”

O estudo foi elaborado a pedido da Secretaria Nacional da Segurança Pública e tem como objetivo dar subsídios à elaboração de planos estratégicos para essa área.

INGRESSO

Ao interpretar os dados do estudo, o sociólogo Renato Sérgio de Lima, membro do fórum, concluiu também que as carreiras policiais precisam passar por reestruturação.

Para ele, a estrutura de ingresso e promoção das polícias Civil e Militar deveria ser semelhante à da Polícia Rodoviária Federal.

Nela, todos os policiais iniciam a carreira no mesmo posto, o de policial rodoviário federal. Com o passar dos anos, ele pode chegar ao cargo de inspetor, o que equivale ao máximo da carreira.

“Hoje, na Polícia Civil temos delegados de 25 anos de idade dando ordens para investigadores com 20 anos de carreira. Na Militar, não é diferente. Isso causa uma segregação e uma série de divergências internas que poderiam ser superadas com a reestruturação das polícias.”

Análise: Ensino para policial esbarra em tradições militares

LUCIA NADER
ESPECIAL PARA A FOLHA

O Brasil tem uma multiplicidade incrível de forças policiais. Da Polícia Federal à Guarda Municipal, passando pela Civil, Rodoviária, Portuária, Legislativa, Científica, há uma infinidade enorme de diferentes currículos, doutrinas e procedimentos policiais ensinados nas mais diferentes academias.

Os conteúdos variam e, não raramente, é possível encontrar até mesmo disparidades contraditórias entre eles.

Em todos estes casos diferentes, entretanto, há um traço comum e indelével: a imposição nas academias de um ethos militar que transforma agentes públicos em soldados de combate.

Uma das formas de minimizar este impacto tem sido o ensino do Método Giraldi, composto por lições teóricas e circuitos de tiro.

Por meio dele, o policial militar aprende a adotar uma série de métodos e precauções, antes de pensar em sacar a arma de fogo.

Além do Método Giraldi, a ideia de uso “gradiente da força” também tem ganhado espaço crescente nas academias policiais.

Por esta doutrina, o policial aprende a usar apenas a força necessária e proporcional à ameaça, ou à resistência que enfrenta -passando pela simples presença física, pelo uso da voz e por inúmeros outros recursos não letais.

MUDANÇAS CULTURAIS

A letra fria dos livros escolares, entretanto, tem pouco a fazer contra as tradições tão arraigadas.

Mudanças culturais na nossa polícia passam por caminhos mais complexos que o simples currículo.

Nenhum progresso no ensino policial será eficaz no Brasil se não estiver combinado com outras instâncias, como a corregedoria, responsável por punir os excessos e desvios; e a melhoria das próprias condições de trabalho dos policiais.

LUCIA NADER é diretora executiva da Conectas

SP reduziu formação de oficial da PM de 4 para 3 anos

DE SÃO PAULO

Em São Paulo, os oficiais da Polícia Militar tiveram o tempo de formação reduzido de quatro para três anos.

O objetivo foi colocá-los mais rapidamente nas ruas.

Ao reduzir em 12 meses o tempo de formação desses oficiais, a corporação eliminou disciplinas de direito e incluiu outras, como orientação moral e sexual.

O curso feito na Academia do Barro Branco equivale ao nível superior e dá ao policial a patente de tenente.

Já o futuro soldado precisa fazer um curso de um ano.

Em ambos os casos, é necessário ter concluído o nível médio e ter sido aprovado em concurso público.

Entre as disciplinas ministradas estão: prevenção e combate a incêndios, resgate e defesa civil, policiamento rodoviário, de choque, ambiental e de trânsito urbano, direito, defesa pessoal, direitos humanos, sociologia, psicologia, gerenciamento de crises.

Nos últimos quatro anos, de acordo com dados do Comando Geral da Polícia Militar paulista, foram formados cerca de 12.000 soldados e 584 oficiais.

Editoria de arte/Folhapress

Um Comentário

  1. Eu fique somente quatro meses no curso, sendo que ao menos dois terços desse tempo foram ouvindo histórias dos professores….

    A outra parte, foi estagiando em delegacias…

    Na verdade tudo que aprendi foi na prática após sair da academia, onde não me ensinaram nada que eu já não soubesse.

    Esse é o nosso Brasil!

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  2. Putz…comigo aconteceu exatamente o que o Robson falou.

    foram 4 meses

    2 meses escutando historinha de delegado que nunca prendeu nem o pinto no ziper, outro louco lá que atira pra caralho em cartolina, desce de rapel, mas também só participa de ocorrencia qdo a pm ja tomou conta da situação…..só merda…..e falaram que agora tem umas delegatas lá falando só merda também

    pelo menos vc ve uma mulher e não aqueles velhos filhos da puta contando historinha…….

    Depois me mandaram pra um dp…..e aprendi sozinho, pq o parceiro era um drogado e alcoolatra……aliás……nos primeiros 4 anos só peguei lixo….eu que ensinava os caras a não se fuderem e irem em cana…

    surrealismo…..nem Salvador Dali acreditaria.

    Essa é a “puliça brasileira”….

    é muita comédia.

    posso falar que nos meus 4 quinquenios eu formei uns 20 policiais……e o contrário?…..teve uns 2 que me ensinaram algo….o resto só bosta.

    tem que sair logo essa lei de aposentadoria e compulsoriamente aposentar todo policial civil que tem 25 anos de policia…….compulsoriamente…….e arejar essa merda…..

    no meu dp o mais novo tem 41 anos de idade……..o mais novo……..paramos no tempo.

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  3. E DIZEM NESTE BLOG, QUE A POLÍCIA CIVIL PRECISA DE REAJUSTE SALARIAL, POIS É A MELHOR POLÍCIA CIVIL DO BRASIL, IMAGINA A PIOR POLICIA COMO DEVE SER, SURREAL COMO DISSE O COLEGA.

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  4. segundo o colega ERA UMA VEZ ha 26 anos atraz a mesma historinha
    ja era contada,tudo que se de policia aprendi na rua,ja trabalhei com colega s
    preguiçosos e outros um total vagou, o mais dificil nesta profissão é o
    parceiro,voce depende dele e ele de voce.
    a nobre ACADEMIA, é apenas o local onde se encontra pescadore MENTIROSOS
    e contadores de historia é apenas para suprir o EGO de um monte de classe especaes
    e alguns cardeais que estão na nasa
    APENAS PARA USAR UM POLICIA NO LEVA E TRAZ NÃO SO NA CIVIL COMO NA MIKE
    FUIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII

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  5. prá ganhar,essa merreca e o descaso do governo a formatura devia durar trinta dias no maximo e ta muito bom.

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  6. Pingback: GOTADÁGUA

  7. Policiais podem passar um ano na Escola e/ou Academia, mas é certo que só vai aprender mesmo é na RUA, a teoria da pratica é outra.

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  8. ué, para sordado temporário o tempo é 02 (dois) mesis, e óia para eis num pareci puliça di verdadi, hahahahahahaha.

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  9. Um paisinho de MERDA tem uma estrutura policial de MERDA , onde vc aprende a ser militar e não policial , tive a oportunidade de fazer cursos em 3 países e todos os policiais onde estive e conversei sobre a policia brasileira torcem o nariz para a PM , ninguém la fora entende esta BOSTA de instituição , mas fazer oq , no país dos CORONÉ a policia militar ainda tem vez ……

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  10. Está parecendo que essa matéria foi encomendada para a manutenção do militarismo na PM, ou seja, tem cunho pedagógico para conservar o que está sendo feito, planejando um complexo projeto a ser implantado a curto prazo. As próximas eleições estão próximas.

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  11. Graças a Deus que o curso foi só 4 meses. Sou do interiorzão e tive que ficar “hospedado’ naquela bosta de academia, aquilo é um lixo, os alunos ficam amontoados no porão, não tem nem onde se alimentar. Como já disseram acima aquela bosta só serve para cabide de emprego, era cachaça todo dia para aguentar o tranco, se quizer aprender tem que ser na raça e na rua. Depois de 20 anos voltei lá e estava a mesma merda, nada mudou, no curso de aperfeiçoamento só escutei lorota de um bando de gagás.

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  12. O estado para o que paga para policia devia fazer o que o DAP publicou na carreira de agente policial. Nivel fundamental, e a academia poderia se de 15 dias. Ta bom demais, para o que ganhamos. Este governo finge que paga e quer nesta carreira só fanfarrões.
    Secretario comedia, dg comedia, etc. Até chegar em nos, os famosos bois de piranhas, só servimos para a corregedoria meter sindicância, PA ,etc.
    O resto que se esconda atras da burocracia.

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  13. 19/08/2013 – Todos os homens do propinoduto tucano

    Quem são e como operam as autoridades ligadas aos tucanos investigadas pela participação no esquema que trafegou por governos do PSDB em São Paulo

    Por: Alan Rodrigues, Pedro Marcondes de Moura e Sérgio Pardellas

    Na última semana, as investigações do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e do Ministério Público mostraram a abrangência nacional do cartel na área de transporte sobre trilhos. A tramoia, concluíram as apurações, reproduziu em diversas regiões do País a sistemática observada em São Paulo, de conluio nas licitações, combinação de preços superfaturados e subcontratação de empresas derrotadas. As fraudes que atravessaram incólumes 20 anos de governos do PSDB em São Paulo carregam, no entanto, peculiaridades que as diferem substancialmente das demais que estão sendo investigadas pelas autoridades. O esquema paulista distingue-se pelo pioneirismo (começou a funcionar em 1998, em meio ao governo do tucano Mário Covas), duração, tamanho e valores envolvidos – quase meio bilhão de reais drenados durante as administrações tucanas. Porém, ainda mais importante, o escândalo do Metrô em São Paulo já tem identificada a participação de agentes públicos ligados ao partido instalado no poder. Em troca do aval para deixar as falcatruas correrem soltas e multiplicarem os lucros do cartel, quadros importantes do PSDB levaram propina e azeitaram um propinoduto que desviou recursos públicos para alimentar campanhas eleitorais.

    Ao contrário do que afirmaram o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o ex-governador José Serra na quinta-feira 15, servidores de primeiro e segundo escalões da administração paulista envolvidos no escândalo são ligados aos principais líderes tucanos no Estado. Isso já está claro nas investigações. Usando a velha e surrada tática política de despiste, Serra e FHC afirmaram que o esquema não contou com a participação de servidores do Estado nem beneficiou governos comandados pelo PSDB. Não é o que mostram as apurações do Ministério Público e do Cade. Pelo menos cinco autoridades envolvidas na engrenagem criminosa, hoje sob investigação por terem firmado contratos irregulares ou intermediado o recebimento de suborno, atuaram sob o comando de dois homens de confiança de José Serra e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin: seus secretários de Transportes Metropolitanos. José Luiz Portella, secretário de Serra, e Jurandir Fernandes, secretário de Alckmin, chefiaram de perto e coordenaram as atividades dos altos executivos enrolados na investigação. O grupo é composto pelos técnicos Décio Tambelli, ex-diretor de operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da Secretaria de Transportes Metropolitanos, José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da CPTM, Ademir Venâncio, ex- diretor de engenharia da estatal de trens, e os ex-presidentes do metrô e da CPTM, José Jorge Fagali e Sérgio Avelleda.

    Segundo documentos em poder do CADE e Ministério Público, estes cinco personagens, afamados como bons quadros tucanos, se valeram de seus cargos nas estatais paulistas para atender, ao mesmo tempo, aos interesses das empresas do cartel na área de transporte sobre trilhos e às conveniências políticas de seus chefes. Em troca de benefícios para si ou para os governos tucanos, forneciam informações privilegiadas, direcionavam licitações ou faziam vista grossa para prejuízos milionários ao erário paulista em contratos superfaturados firmados pelo metrô. As investigações mostram que estes técnicos do Metrô e da CPTM transitaram pelos governos de Serra e Alckmin operando em maior ou menor grau, mas sempre a favor do esquema.

    Um dos destaques do quinteto é José Luiz Lavorente, diretor de Operação e Manutenção da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Em um documento analisado pelo CADE, datado de 2008, Lavorente é descrito como o encarregado de receber em mãos a propina das empresas do cartel e distribuí-las aos políticos do PSDB e partidos aliados. O diretor da CPTM é pessoa da estrita confiança de Alckmin. Foi o governador de São Paulo que o promoveu ao cargo de direção na estatal de trens, em 2003. Durante o governo Serra (2007-2008), Lavorente deixou a CPTM, mas permaneceu em cargos de comando da estrutura administrativa do governo como cota de Alckmin. Com o regresso de Alckmin ao Palácio dos Bandeirantes, em 2011, Lavorente reassume o posto de direção na CPTM. Além de ser apontado como o distribuidor da propina aos políticos, Lavorente responde uma ação movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP) que aponta superfaturamento e desrespeito à lei de licitações. O processo refere-se a um acordo fechado por meio de um aditivo, em 2005, que possibilitou a compra de 12 trens a mais do que os 30 licitados, em 1995 e só seria valido até 2000.

    O ex-diretor de Operação do Metrô e atualmente coordenador da Comissão de Monitoramento das Concessões e Permissões da secretaria de Transportes Metropolitanos, Décio Tambelli, é outro personagem bastante ativo no esquema paulista. Segundo depoimentos feitos por ex-funcionários da Siemens ao Ministério Público de São Paulo, Tambelli está na lista dos servidores que receberam propina das companhias que firmaram contratos superfaturados com o metrô e a CPTM. Tambelli é muito próximo do secretário de Transportes, Jurandir Fernandes. Foi Fernandes que o alçou ao cargo que ocupa atualmente na administração tucana. Cabe a Tambelli, apesar de estar na mira das investigações, acompanhar e fiscalizar o andamento da linha quatro do metrô paulista, a primeira obra do setor realizada em formato de parceria público-privada. Emails obtidos por ISTOÉ mostram que, desde 2006, Tambelli já agia para defender e intermediar os interesses das empresas integrantes do cartel. Na correspondência eletrônica, em que Tambelli é mencionado, executivos da Siemens narram os acertos entre as companhias do cartel no Distrito Federal e sugerem que o acordo lá na capital seria atrelado “à subcontratação da Siemens nos lotes 1+2 da linha 4” em São Paulo. “O Ramos (funcionário do conglomerado francês Alstom) andou dizendo ao Décio Tambelli do metrô SP, que não pode mais subcontratar a Siemens depois do caso Taulois/Ben-hur (episódio em que a Siemens tirou técnicos da Alstom para se beneficiar na pontuação técnica e vencer a licitação de manutenção do metrô de Brasília)”, dizia o e-mail trocado entre os funcionários da Siemens.

    Outro homem do propinoduto tucano que goza da confiança de Jurandir Fernandes e de Alckmin é Sérgio Avelleda. Ele foi nomeado presidente do Metrô em 2011, mas seu mandato durou menos de um ano e meio. Avelleda foi afastado após a Justiça atender acusação do Ministério Público de improbidade administrativa. Ele era suspeito de colaborar em uma fraude na concorrência da Linha 5 do Metrô, ao não suspender os contratos e aditamentos da concorrência suspeita de formação de cartel. “Sua permanência no cargo, neste atual momento, apenas iria demonstrar a conivência do Poder Judiciário com as ilegalidades praticadas por administradores que não respeitam as leis, a moral e os demais princípios que devem nortear a atuação de todo agente público”, decretou a juíza Simone Gomes Casorretti, ao determinar sua demissão. Após a saída, Avelleda obteve uma liminar para ser reconduzido ao cargo e pediu demissão. Hoje é consultor na área de transporte sobre trilhos e presta serviços para empresas interessadas em fazer negócios com o governo estadual.

    De acordo com as investigações, quem também ocupou papel estratégico no esquema foi Ademir Venâncio, ex-diretor da CPTM. Enquanto trabalhou na estatal, Venâncio cultivou o hábito de se reunir em casas noturnas de São Paulo com os executivos das companhias do cartel para fornecer informações internas e acertar como elas iriam participar de contratos com as empresas públicas. Ao deixar a CPTM, em meados dos anos 2000, ele resolveu investir na carreira de empresário no setor de engenharia. Mas nunca se afastou muito dos governos do PSDB de São Paulo. A Focco Engenharia, uma das empresas em que Venâncio mantém participação, amealhou, em consórcios, pelo menos 17 consultorias orçadas em R$ 131 milhões com as estatais paulistas para fiscalizar parcerias público-privadas e andamento de contratos do governo de Geraldo Alckmin. Outra companhia em nome de Venâncio que também mantém contratos com o governo de São Paulo, o Consórcio Supervisor EPBF, causa estranheza aos investigadores por possuir capital social de apenas R$ 0,01. O Ministério Público suspeita que a contratação das empresas de Venâncio pela administração tucana seja apenas uma cortina de fumaça para garantir vista grossa na execução dos serviços prestados por empresas do cartel. As mesmas que Venâncio mantinha relação quando era servidor público.

    A importância da secretaria Transportes Metropolitanos e suas estatais subordinadas, Metrô e CPTM, para o esquema fica evidente quando se observa a lógica das mudanças de suas diretorias nas transições entre as gestões de Serra e Alckmin. Ao assumir o governo em 2007, José Serra fez questão de remover os aliados de Alckmin e colocar pessoas ligadas ao seu grupo político. Um movimento que seria revertido com a volta de Alckmin em 2011. Apesar dessa dança de cadeiras, todos os integrantes do esquema permaneceram em postos importantes das duas administrações tucanas. Quem sempre operou essas movimentações e trocas de cargos, de modo a assegurar a continuidade do funcionamento do cartel, foram os secretários de Transportes Metropolitanos de Serra e Alckmin, José Luiz Portella e Jurandir Fernandes.

    Homem forte do governador Geraldo Alckmin, Fernandes começou sua trajetória política no PT de Campinas, interior de São Paulo. Chegou a ocupar o cargo de secretário municipal dos Transportes na gestão petista, mas acabou expulso do partido em 1993 e ingressou no PSDB. Por transitar com desenvoltura pelo governo do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Jurandir foi guindado a diretor do Denatran (Departamento Nacional de Trânsito) em 2000. No ano seguinte, aproximou-se do então governador Alckmin, quando assumiu pela primeira vez o cargo de secretário estadual de Transportes Metropolitanos. Neste primeiro período à frente da pasta, tanto a CPTM quanto o Metrô firmaram contratos superfaturados com empresas do cartel. Quando Serra assume o governo paulista em 2007, Jurandir é transferido para a presidência da Emplasa (Empresa Paulista de Planejamento Metropolitano), responsável pela formulação de políticas públicas para a região metropolitana de São Paulo. Com o retorno de Alckmin ao governo estadual em 2011, Jurandir Fernandes também volta ao comando da disputada pasta. Nos últimos dias, o secretário de Transportes tem se esforçado para se desvincular dos personagens investigados no esquema do propinoduto. Fotos obtidas por ISTOÉ, no entanto, mostram Jurandir Fernandes em companhia de Lavorente e de lobistas do cartel durante encontro nas instalações da MGE Transporte em Hortolândia, interior de São Paulo. Um dos fotografados com Fernandes é Arthur Teixeira que, segundo a investigação, integra o esquema de lavagem do dinheiro da propina. Teixeira, que acompanhou a solenidade do lado do secretário Fernandes, nunca produziu um parafuso de trem, mas é o responsável pela abertura de offshores no Uruguai usadas pelo esquema. Outro companheiro de solenidades flagrado com Fernandes é Ronaldo Moriyama ex-diretor da MGE, empresa que servia de intermediária para o pagamento das comissões às autoridades e políticos. Moriyama é conhecido no mercado ferroviário por sua agressividade ao subornar diretores do Metrô e CPTM, segundo depoimentos obtidos pelo Ministério Público.

    No governo Serra, quem exercia papel político idêntico ao de Jurandir Fernandes no governo Alckmin era o então secretário de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella. Serrista de primeira hora, ele ingressou na vida pública como secretário na gestão Mário Covas. Portelinha, como é conhecido dentro do partido, é citado em uma série de e-mails trocados por executivos da Siemens. Num deles, Portella, assim como Serra, sugeriram ao conglomerado alemão Siemens que se associasse com a espanhola CAF em uma licitação para compra de 40 novos trens. O encontro teria ocorrido em um congresso internacional sobre ferrovias realizado, em 2008, na cidade de Amsterdã, capital da Holanda. Os dois temiam que eventuais disputas judiciais entre as companhias atrasassem o cronograma do projeto. Apesar de o negócio não ter se concretizado nestas condições, chama atenção que o secretário sugerisse uma prática que resulta, na maioria das vezes, em prejuízos aos cofres públicos e que já ocorria em outros contratos vencidos pelas empresas do cartel. Quem assinava os contratos do Metrô durante a gestão de Portella era José Jorge Fagali, então presidente do órgão. Ex-gerente de controle da estatal, ele teve de conviver com questionamentos sobre o fato de o seu irmão ser acusado de ter recebido cerca de US$ 10 milhões da empresa francesa Alstom. A companhia, hoje envolvida nas investigações do cartel, é uma das principais vencedoras de contratos e licitações da empresa pública.

    Fonte: ISTOÉ
    http://www.istoe.com.br/reportagens/319551_TODOS+OS+HOMENS+DO+PROPINODUTO+TUCANO?pathImagens=&path=&actualArea=internalPage

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  14. SASSA,

    Tem PT ainda tambem viuuu… Dirceu ta no meio….E tem empresa da ZONA SUL envolvida!!!!

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  15. O curso de escrivão de 1996 foi de 20 dias sentado nas carteirinhas de pré-escola, que os joelhos batiam no fundo de madeira.

    Ah, e o revólver e os tiros? Bom, foi assim, tinha 43 na sala, escolheram 5 deles pra atirar, enquanto os outros “aprendiam” vendo os outros a atirar; que deram 6 tiros cada um.

    A arma veio depois de 2 meses; um trezoitão véio canela seca.

    Hoje em dia, nos cursos de formação, o agente, o carcereiro e o investigador não saem de lá sem ter dado no mínimo 1000 tiros entre pistola e 38.

    Pois é.

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  16. FLAVIÃO – O POVO PRECISA DA PC-SP disse:
    20/08/2013 ÀS 9:07
    O curso de escrivão de 1996 foi de 20 dias sentado nas carteirinhas de pré-escola, que os joelhos batiam no fundo de madeira.

    Ah, e o revólver e os tiros? Bom, foi assim, tinha 43 na sala, escolheram 5 deles pra atirar, enquanto os outros “aprendiam” vendo os outros a atirar; que deram 6 tiros cada um.

    A arma veio depois de 2 meses; um trezoitão véio canela seca.

    Hoje em dia, nos cursos de formação, o agente, o carcereiro e o investigador não saem de lá sem ter dado no mínimo 1000 tiros entre pistola e 38.

    Pois é.
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    CAMPANHA “TOMA TARJA PRETA NA HORA CERTA, FLAVIÃO”

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