PM mata PM, prevalecendo a versão do policial bandido 47

20/08/2012-06h00

Nova prova pode mudar investigação sobre mortes de PMs

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ANDRÉ CARAMANTE DE SÃO PAULO

A investigação sobre um tiroteio no começo de julho que terminou com a morte de dois PMs e a prisão de outro ganhou um novo capítulo.

Um vídeo com imagens da rodovia onde ocorreu o crime –obtido pela Folha e em poder da Corregedoria da PM– e o depoimento do policial preso levantaram a suspeita de que os policiais militares que prenderam e acusaram outros colegas de extorsão  eram justamente os que estavam extorquindo.

E mais: que um dos PMs foi morto quando estava no chão, já rendido pelos outros.

Veja vídeo

Na versão apresentada em 3 de julho pela corregedoria, a morte dos soldados ocorreu durante o tiroteio.

Um grupo de policiais da Força Tática do 29º Batalhão, em São Miguel Paulista (zona leste de SP), trocou tiros com dois PMs da Rocam (ronda com motos) do 44º Batalhão, em Guarulhos (Grande SP). O saldo foi as mortes dos policiais Gilmar Matias dos Santos, da Rocam, e William Ruiz, da Força Tática.

O tiroteio, ainda segundo a corregedoria, foi motivado porque os PMs da Força Tática queriam impedir que os dois policiais da Rocam, vestidos à paisana, extorquissem R$ 1.000 de Gerson Freire de Oliveira e Ricardo Mariano Miranda, suspeitos de portar cinco pinos de cocaína e de traficar drogas em Guarulhos.

O tiroteio foi próximo ao km 25 da rodovia Ayrton Senna, em Guarulhos, na madrugada de 3 de julho.

O PM Anderson Roberto dos Santos, da Rocam e parceiro de Gilmar dos Santos, está preso acusado pela Corregedoria da PM de tentativa de extorsão e do homicídio contra um militar (Ruiz).

CLARÃO

No vídeo obtido pela Folha, a versão inicial para as duas mortes é colocada em dúvida porque é possível detectar dois clarões, provavelmente decorrentes de dois tiros, e que aconteceram depois do tiroteio. Os clarões podem ser os tiros contra o PM da Rocam, já rendido pela Força Tática, no chão.

No vídeo também é possível ver que, após os clarões, um carro da PM se afasta e o corpo de Gilmar dos Santos está no chão, ao lado de Anderson dos Santos, que está sentado na calçada, algemado com as mãos para trás.

À Justiça Militar o PM Anderson dos Santos disse que os dois clarões são dos tiros contra seu amigo, já rendido pelos PMs da Força Tática. Hoje, o soldado Anderson será interrogado novamente.

Ele sustenta que ele e o amigo, Gilmar dos Santos, eram os PMs que tentavam prender os policiais do 29º Batalhão quando estes iam extorquir os dois civis, e que foi por isso que seu amigo atirou contra o soldado Ruiz, quando ele desceu do carro dos civis, também atirando.

Eduardo Anizelli – 3.jul.12/Folhapress
Carro no local onde houve confronto entre policiais militares em Guarulhos, na Grande São Paulo
Carro no local onde houve confronto entre policiais militares em Guarulhos, na Grande São Paulo

OUTRO LADO

A Folha solicitou entrevistas com um representante da Secretaria da Segurança Pública, com o chefe da PM, coronel Roberval Ferreira França, com a Corregedoria da corporação e também com o DHPP (departamento de homicídios), da Polícia Civil, sobre as mortes dos dois PMs, mas ninguém falou.

Segundo a Segurança Pública, a manifestação virá apenas após a reportagem.

O tenente Luan Guerreiro Pereira e o sargento Sérgio Alex Simões de Oliveira, do 29º Batalhão, responsáveis pela ação que culminou na morte dos dois PMs, foram procurados, mas não atenderam ao pedido de entrevista.

Luiz Moro Cavalcante, juiz-corregedor do Tribunal de Justiça Militar, disse ter impedido o soldado Anderson dos Santos de falar porque ele ainda responde o processo.

NÍVEL SUPERIOR ESCRIVÃES E INVESTIGADORES – DEPUTADOS FIXAM NOVO PRAZO PARA CONCLUSÃO DE ESTUDOS PELO EXECUTIVO 91

———- Mensagem encaminhada ———-
De: WAGNER NUNES LEITE GONCALVES
Data: 20 de agosto de 2012 13:02
Assunto: NÍVEL SUPERIOR ESCRIVÃES E INVESTIGADORES – A LENDA CONTINUA…
Para: dipol@flitparalisante.comBOLETIM INFORMATIVO20/08/2012

N.U. de Escrivães e Investigadores

 

DEPUTADOS FIXAM NOVO PRAZO PARA CONCLUSÃO DE ESTUDOS PELO EXECUTIVO

Nesta sexta-feira, dia 15/8/2012, o signatário desta e os colegas Renato Del Moura, da AEPESP e João Xavier, Weber e Walci do SEPESP, estivemos na Assembleia Legislativa, onde tomamos conhecimento de um novo documento subscrito pelos seis deputados que integram o Grupo de Trabalho de que trata a LC 1.151/2011.

O ofício, datado de 15/8/2012, foi endereçado ao presidente da Assembleia, deputado Barros Munhoz e diz, em certo trecho, que a demora do Governo “pesa como falta de apreço e consideração da parte do Executivo para com o Poder Legislativo, representado pelos Deputados que subscrevem este documento, bem como para as classes a serem contempladas, resultando um sentimernto de indignação e total desconforto”.

No documento, os deputados solicitam ao presidente da Assembleia que “interceda junto ao Governo do Estado, no sentido de que, no menor prazo possível, apresente o seu posicionamento”. E conclui:”Neste sentido, informamos que ficou acordado, em reunião ocorrida na data de hoje entre os deputados que aqui subscrevem, que no dia 29 de agosto ocorrerá a próxima reunião do Grupo, desta vez com a presença de todos os seus membros, data limite em que aguardamos a conclusão dos estudos elaborados pelo Executivo, com a apresentação de tão desejada proposta”.

Diante desse fato novo só nos resta aguardar o desfecho da questão, no dia 29/8/2012.

Jarim Lopes Roseira

Presidente da IPA e Diretor de Organização da FEIPOL-SE em São Paulo

DESABAFO DE UM INVEJOSO: Problema social é Delegado desfilar com automóvel de R$ 199.000,00 103

20/08/2012-08h55

Delegado que matou 2 diz que violência é consequência social

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FELIPE SOUZA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O delegado da Polícia Civil Fábio Pinheiro Lopes, que matou dois homens na tarde deste domingo em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, afirmou que a violência paulistana é um problema social. Lopes disse que atirou em dois suspeitos após roubarem joias, relógios e celulares dele e da mulher no estacionamento do supermercado Mambo, na rua Deputado Lacerda Franco.

Ao ser questionado sobre a violência na capital paulista, Lopes disse à Folha que não se sente inseguro na cidade e que a função da polícia é apenas “dar resguarda” à população. “Esse problema [da violência] não acontece só aqui, mas em todo o Brasil. Eles [suspeitos] fizeram isso comigo porque não tiveram condições de estudar. Temos que dar educação às pessoas para melhorar a segurança”, disse.

O delegado afirmou que foi abordado por dois homens após descer com o filho e a mulher do carro importado dele, um Chevrolet Camaro. A dupla rendeu o delegado e a mulher. Os suspeitos pegaram os relógios e joias do casal.

Gabo Morales/Folhapress
Carro de delegado da Polícia Civil em estacionamento de supermercado de SP após tentativa de assalto
Carro de delegado da Polícia Civil em estacionamento de supermercado de SP após tentativa de assalto

Segundo Lopes, um dos suspeitos pediu para que o delegado abrisse a porta do carro para que ele procurasse mais objetos de valor. Ele disse que abriu a porta do carro e aproveitou uma distração do suspeito para pegar a arma que estava no tapete e disparar um tiro na cabeça do suspeito, que morreu na hora.

Lopes disse que acertou um disparo no braço e outro no tórax do suspeito que rendia a mulher dele. Segundo o delegado, mesmo ferido e caído o homem tentou reagir. O policial acertou um tiro no outro braço dele.

A dupla foi encaminhada ao Hospital das Clínicas, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a polícia, os suspeitos estavam com duas armas automáticas. Uma de fabricação israelense, calibre 9mm, e outra de origem nacional, calibre.40. A numeração da pistola fabricada no Brasil sinaliza que ela pode ter sido roubada de algum PM. Segundo Lopes, a arma foi levada de um policial em 2008, na zona leste.

Um dos suspeitos foi identificado. Na casa dele, a polícia disse que encontrou uma arma, cinco relógios e duas bolsas de uma grife estrangeira. O outro homem estava com documentos falsos e ainda não tinha sido identificado. A suspeita da polícia é que a dupla faça parte de uma quadrilha especializada nesse tipo de assalto.

O caso foi registrado no DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa).

Em nota, a assessoria de imprensa do supermercado Mambo informou que lamenta o ocorrido e que “sempre adotou os mais rigorosos procedimentos de segurança em suas instalações”.

Ao ser questionado sobre o valor do carro, que chega a custar R$ R$ 172.437,00, segundo a tabela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), o delegado disse que tem condições de comprar o veículo e que tem outro emprego para complementar a renda familiar. “Não sou só delegado. Tenho um cargo na direção de uma grande empresa de segurança do Brasil”. Ele afirmou ainda que fez um financiamento para comprar o veículo. “Ainda faltam 30 parcelas para eu pagar esse carro [Camaro]”.

INVESTIGAÇÕES

O delegado Fábio Pinheiro Lopes foi investigado em 2009 pelo Ministério Público Estadual e pela Corregedoria da Polícia Civil sob suspeita de ter comprado cargos de chefia na Polícia Civil de São Paulo.

As investigações começaram após o depoimento do ex-policial civil Augusto Peña dado à Promotoria em fevereiro de 2009. Peña, que não apresentou provas, disse que intermediava negociações entre policiais e o então secretário-adjunto da Segurança Lauro Malheiros Neto.

De acordo com ele, Lopes pagou R$ 110 mil a Malheiros Neto para assumir a 3ª Delegacia de Investigações Gerais do Deic (divisão de combate ao crime organizado).

Lopes deixou as funções após a saída de Malheiros Neto da secretaria. Depois, ele foi para o 99º DP (Campo Grande).

Em depoimento, Peña confessou esse e outros crimes na tentativa de obter o benefício da delação premiada para reduzir a pena. Lopes negou todas as acusações contra ele.