Polícia no centro da disputa para a Prefeitura de São Paulo 10

05/08/2012-05h40

Mais policiais e bombeiros querem vaga de vereador

DIÓGENES CAMPANHA DE SÃO PAULO

Apesar de subordinada à Secretaria da Segurança Pública do governo do Estado, a polícia estará no centro da disputa para a Prefeitura de São Paulo.

Temas como a indicação de coronéis para comandar 30 das 31 subprefeituras na administração de Gilberto Kassab (PSD) e a utilização da operação delegada, com policiais em horário de folga, para combater o comércio ilegal já vêm sendo explorados pelas principais campanhas.

Outro indicativo é o aumento do número de candidatos a vereador ligados à área da segurança, que praticamente duplicou em relação ao pleito de 2008.

Na última eleição municipal, 23 profissionais, entre policiais civis, militares e oficiais da reserva, disputaram vagas na Câmara de Vereadores. Neste ano, serão 43, incluindo 22 PMs da ativa, dois ex-comandantes da corporação e um bombeiro.

Líder nas pesquisas de intenção de voto para prefeito, José Serra (PSDB) fará campanha escoltado por 11 desses candidatos. Seu partido filiou o coronel Paulo Telhada, ex-comandante da Rota, a tropa de elite da PM.

Aliado de Serra, o prefeito Kassab espera ter como puxador de votos de seu PSD o coronel Álvaro Camilo, que até abril comandava a Polícia Militar no Estado e indicou boa parte dos 30 subprefeitos egressos da tropa.

Em seu site de campanha, Camilo faz propaganda da operação delegada, iniciada por ele em 2009, que permitiu aos policiais trabalharem para a prefeitura nos horários de folga, sendo pagos por ela.

Editoria de Arte/Folhapress

Os adversários de Serra na eleição criticam o uso dessa atividade no policiamento de ruas ocupadas por camelôs. O discurso de que, se eleitos, manterão a operação, “mas não para correr atrás de trabalhador” é unânime.

“Isso é eleitoreiro”, rebate Telhada. “Falam isso para ganhar voto de camelô e depois não ajudam essa turma. A fiscalização e a delegada têm que continuar.”

A campanha de Celso Russomanno é encabeçada por um conhecido aliado da polícia. O deputado estadual Campos Machado (PTB), presidente do conselho político da chapa do PRB, apresentou em 2011 projeto para tirar do gabinete do Secretário da Segurança Pública a Corregedoria da Polícia Civil.

A proposta, que desagradou o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e acabou arquivada pela Assembleia Legislativa, foi vista à época como um gesto para agradar delegados que compõem sua base eleitoral.

Além de Campos Machado, outra presença constante ao lado de Russomanno na campanha é o ex-deputado e ex-capitão da Rota Roberval Conte Lopes (PTB), que se orgulha de ter sido promovido duas vezes na polícia “por trocar tiros com bandidos”.

“Fomos um dos primeiros [policiais eleitos], agora tem muita gente”, diz ele, que atribui o aumento do número de candidatos ligados ao tema -12 deles na coligação de Russomanno- “à insegurança que se vive”.

A chapa do candidato do PT à prefeitura, Fernando Haddad, tem cinco policiais candidatos a vereador e o apoio do PP do ex-prefeito Paulo Maluf, que costuma citar o bordão “a Rota na rua” até nas campanhas de filiação do partido.

O PP, no entanto, diz não ter atualmente nenhum candidato que adote o discurso de repressão ao crime historicamente alardeado por Maluf. “Estão todos no PSDB e no PSD”, afirma o secretáriogeral da sigla, Jesse Ribeiro.

A legenda terá somente o policial civil Silvio Cambaúva disputando vaga na Câmara de Vereadores da capital.

Dinheiro gasto com “bico oficial” da PM daria para quase dobrar efetivo da Guarda Civil Metropolitana 16

Presidente do sindicato reclama que GCM está sucateada e verba poderia reverter situação

Gabriel Mestieri, do R7

Dinheiro gasto pela Prefeitura de São Paulo com o “bico oficial” de policiais militares, que trabalham em dias de folga para a administração municipal, daria para quase dobrar o efetivo da Guarda Civil Metropolitana.

Em 2011, a prefeitura destinou R$ 112 milhões para pagar a operação delegada — convênio com a Polícia Militar do Estado. Os PMs da operação atuam, sobretudo, no combate ao comércio de rua em todas as regiões da cidade. Cerca de 4.000 PMs trabalham atualmente na atividade delegada, com fardas, viaturas, armas e colete da corporação. A escala também é definida pela PM.

No mesmo ano, o dinheiro gasto com os salários da Guarda Civil Metropolitana — que tem que, entre as funções, proteger o patrimônio e os serviços da cidade — foi de R$ 150 milhões. A verba é destinada para pagar os cerca de 6.700 guardas que trabalham na cidade.

Para o presidente do SindGuardas-SP (Sindicato dos Guardas Civis Metropolitanos de SP), Angelino Venerando Filho, a transferência de responsabilidade desvaloriza o guarda municipal.

— Os oficiais e praças da GCM se sentem desprezados pela prefeitura. O valor astronômico que é pago [na operação delegada] poderia contratar mais 6.000 guardas e viaturas.

De acordo com ele, a PM recebe “uma fortuna da prefeitura enquanto a Guarda criada para o município está sucateada”.

— Se você for a uma base da GCM vai ter nojo de entrar. Trabalhamos diuturnamente e não recebemos oportunamente para isso.

Queríamos saber onde está a escala da função delegada, pois a população não tem como saber. Acredito que o secretário de Segurança Urbana também não saiba.

A vereadora Juliana Cardoso (PT) afirma que não há justificativa para pegar um dinheiro que poderia ser investido na GCM e entrega-lo à Polícia Militar.

— Nos últimos meses, aumentou o homicídio e o roubo de veículos. Então, hoje se gasta quase R$ 112 milhões para a criminalidade continuar na rua, então não adianta a PM ficar reprimindo morador de rua, ambulante, pessoas que são trabalhadoras. A PM ajudaria muito mais fazendo sua função para diminuir roubo e criminalidade do que tentando fazer o papel da GCM, que é tão importante para a cidade, para o patrimônio publico.

De acordo com ela, escolas e unidades de saúde, que deveriam ser vigiadas pela guarda, estão com a segurança debilitada.

— Você poderia investir esse recurso [da operação delegada] na Guarda, para cuidar de escolas, postos de saúde, dos teatros, do museu, de todo o patrimônio publico que tem na cidade. Daria pra equipar toda Guarda, aumentar efetivo, comprar equipamento. Daria para fazer inúmeras outras coisas; fazer contratação em massa e ocupar todos os espaços que prefeitura tem que ocupar. Esse dinheiro é uma fortuna.

Venerando reclama também da terceirização dessas funções de proteção do patrimônio da cidade, que antes eram exercidas pela GCM.

— É um absurdo. Guarda foi criada para cuidar de bens e serviços. Antes tinha policiamento nas escolas, hoje não tem. São 6.700 homens, um efetivo pequeno, que devia ser dobrado. Dinheiro gasto com empresas de segurança e delegada deveria ser repassado para município fazer bom policiamento municipal. O policiamento da Guarda é precário.

Procurada pelo R7 para comentar os gastos com a operação delegada, a prefeitura não se manifestou.

Delegado da Dise de Guarulhos é morto em suposto assalto na Marginal do Tietê…( Era ameaçado há 10 anos por prender muita gente ) 85

Vítima pilotava uma Honda Hornet quando foi abordada por criminosos também ocupando uma moto

05 de agosto de 2012 | 3h 01
Ricardo Valota e Denize Guedes, O Estado de S.Paulo

Atualizado às 3h50

SÃO PAULO – Em uma suposta tentativa de roubo, o delegado Paulo Pereira de Paula, de aproximadamente 45 anos, que atuava na Delegacia de Investigações sobre Entorpecente (Dise) de Guarulhos (Grande SP), foi morto, por volta das 21h15 deste sábado, 4, na pista local da Marginal do Tietê, sentido Ayrton Senna, 200 metros antes da Ponte do Limão, em frente a uma loja de material para construção, na região da Barra Funda, zona oeste da capital paulista.

Baleado com três tiros, um deles na cabeça, e pilotando uma Honda Hornet preta 1000 cc, avaliada em quase R$ 40 mil, o policial morreu no local. Segundo as poucas informações fornecidas pela polícia, Paulo Pereira teria sido abordado por pelo menos dois homens que ocupavam também uma moto. Não sabe se a vítima foi baleada em razão de uma suposta reação à abordagem dos criminosos. A moto não foi levada.

Diversas viaturas da Polícia Civil e carros particulares de policiais civis que conheciam o delegado deslocaram-se para o endereço onde ocorreu o crime. Duas faixas da pista local da Marginal ficaram bloqueadas até o final da noite. Era 0h30 deste domingo, 5, quando uma faixa ainda estava bloqueada pela Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). O delegado seccional de Guarulhos, Marco Antonio Pereira Novaes de Paula Santos, irmão da vítima, também esteve no local.

Parte dos dados do suposto latrocínio foi encaminhada para o plantão do 7º Distrito Policial, da Lapa, porém o caso será investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP).

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09/03/200309h35

Delegado nega ter sido vítima de suposto grupo de extermínio

ALLAN DE ABREU da Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto
O delegado da DIG (Delegacia de Investigações Gerais) Paulo Pereira de Paula negou que o atentado à sua casa, na Vila Tibério, em abril passado, tenha alguma relação com o suposto grupo de extermínio de Ribeirão Preto (314 km a norte de São Paulo).
A possibilidade de ligação entre os dois episódios foi divulgada na semana pelo Ministério Público, que apura a existência do grupo e de cerca de 20 mortes que teriam como autores policiais da cidade.
“Desafio qualquer um a provar que um policial tenha atirado uma granada na minha casa”, afirmou o delegado.
Segundo ele, o crime foi a mando da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital).
“O caso foi exaustivamente apurado, e essa motivação ficou clara”, disse o delegado.
O desafio de Pereira de Paulo questiona em parte as investigações da Promotoria, que, por sua vez, aponta policiais da cidade como supostos mandantes do crime. No dia 5 de abril passado, a casa do delegado da DIG foi metralhada, e uma granada foi jogada em sua garagem. Os pais de Pereira de Paula ficaram feridos.
Na época, segundo a Promotoria, o delegado realizava muitas apreensões de carga roubada na cidade.
Isso teria desagradado o suposto grupo de extermínio, que pode ter nesse tipo de crime uma forma de se financiar.
Posteriormente, no dia 25 daquele mês, João Paulo Alves Silva, um dos envolvidos no atentado teria dito ao delegado no anexo do 1º DP (Distrito Policial) que o crime foi a mando de policiais.
Na madrugada do dia seguinte, Silva apareceu morto na cela.
Leia a seguir os principais trechos da entrevista do delegado concedida anteontem.
Folha – É verdade que o preso assassinado no 1º DP disse ao senhor que o atentado foi a mando de policiais?
Paulo Pereira de Paula – É mentira. O João Paulo nunca falou que eram policiais. Quem disse isso é um imbecil.
Folha – Então quem teria sido o mandante do atentado?
Pereira de Paula – Ele disse que foi a mando do José João de Souza Oliveira, que estava preso por tráfico de entorpecentes e roubo de carga, e do PCC. Ele também confessou que jogou [a granada]. Sua casa, a 600 metros da minha, na Vila Tibério, serviu de esconderijo para os autores do atentado. Eu colhi esse depoimento, e está tudo gravado.
Folha – Podemos ver a gravação?
Pereira de Paula – Não vou mostrar agora. Não é o momento oportuno.
Folha – Por que o senhor sofreu esse atentado?
Pereira de Paula – A ordem veio do Geleião [José Márcio Felício, ex-líder do PCC]. Ele disse para o João que poderia escolher quem quisesse da polícia. Escolheu a mim porque estava prendendo muita gente.
Folha – O senhor cuida do combate a cargas roubadas na cidade, uma das possíveis fontes de financiamento do grupo de extermínio. Então, essa suspeita sobre o grupo não seria descabida.
Pereira de Paula – Isso só pode ser imaginação de alguém. Estão querendo ganhar notoriedade em cima de escombros. A imprensa está sendo jogada contra a polícia para amanhã usar [o que foi publicado] como arma. E estão querendo me colocar nessa, o que não posso admitir. Não tenho medo nenhum deles, seja promotor, seja corregedor. Eu os desafio a provar que um policial tenha chegado ao ponto de jogar uma granada na minha casa.
Folha – O senhor tem medo de sofrer novo atentado?
Pereira de Paula – Não. Faz parte da profissão. Não vou mudar o meu modo de agir por isso.
Folha – O senhor acredita na existência de um grupo de extermínio formado por policiais?
Pereira de Paula – Não sei. Não investigo homicídios e não sou policial da corregedoria.