04/08/2012- 05h30
Fechamento de base da PM não dura 1 dia em Ribeirão Preto (SP)
JOÃO ALBERTO PEDRINI DE RIBEIRÃO PRETO
O governo do Estado determinou na manhã desta sexta-feira (3) a reabertura imediata das cinco bases da Polícia Militar desativadas em Ribeirão Preto (313 km de SP), no dia anterior nos bairros Ipiranga, Sumarezinho, Campos Elíseos e Lagoinha, além da existente no distrito de Bonfim Paulista.
A decisão policial gerou polêmica com os moradores dos bairros envolvidos e virou motivo de disputa política entre a prefeita Dárcy Vera (PSD), candidata à reeleição, e Duarte Nogueira, que concorre ao cargo pelo PSDB, partido do governador Geraldo Alckmin, que definiu pela reativação.
A Folha percorreu as bases ontem de manhã e constatou a desativação anunciada no dia anterior. À tarde, todas já funcionavam.
| Edson Silva/Folhapress |
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| Policiais na base de Bonfim Paulista, reaberta ontem |
O comando da PM alegou na quinta-feira que os policiais escalados para ficarem fixos nas cinco bases poderiam ser utilizados nas ruas para a segurança de toda a cidade. Ao menos 20 trabalham nas cinco bases.
Nas redes sociais, a prefeita divulgou carta ao governador, após o anúncio feito pela PM. “O fechamento das bases em nada ajuda o grande esforço feito até agora para combater a criminalidade nesta cidade”, disse Dárcy.
Embora ela tenha feito o pedido na quinta-feira (2) na internet depois do anúncio da PM, a Folha apurou que a prefeita sabia do objetivo da polícia desde o mês de junho.
Já Nogueira afirmou que telefonou no mesmo dia à noite para o governador, com a intenção de debater a questão e reverter o quadro.
“Ele [Alckmin] achou melhor manter tudo como está e discutir com a comunidade quaisquer mudanças posteriores”, afirmou o tucano. Segundo ele, Alckmin não sabia da decisão da PM.
OBRAS
Por meio de uma nota encaminhada pela assessoria de imprensa, o comando da Polícia Militar de São Paulo informou somente que as bases agora reativadas passarão por reformas, visando aprimorar a qualidade no atendimento à população.
Na quinta-feira (2), o capitão Mauricio Rafael Jeronimo justificou a medida dizendo que o objetivo com o fechamento era reestruturar as unidades de policiamento para funcionar em conjunto com o Corpo de Bombeiros e a GCM (Guarda Civil Municipal).
Ele disse que tratava-se de uma reestruturação para aplicar um “conceito moderno de policiamento”.
Consultada, a Polícia Militar não quis detalhar, ontem, o projeto que seria implementado no município após a desativação das bases.
A Folha procurou ontem a prefeita Dárcy Vera para ouvi-la sobre a decisão do fechamento -e posterior reabertura das bases policiais-, mas não obteve resposta até o fechamento da edição.
COLABOROU EDSON SILVA
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04/08/2012–05h30
Especialista defende desativação das bases da PM em Ribeirão Preto (SP)
Ex-secretário nacional de segurança pública e coronel da reserva da PM, José Vicente da Silva Filho afirmou que a decisão de desativar bases da Polícia Militar em Ribeirão Preto (313 km de SP) é correta.
À Folha ele elogiou a medida anunciada na quinta-feira (2) pela corporação -revista ontem pelo governo do Estado.
“A polícia precisa acompanhar a dinâmica do crime. Por meio de um sistema de dados, deve analisar quais delitos estão sendo cometidos, em quais horários, onde estão acontecendo e ir atrás para inibi-los”, disse.
Ele afirma que a instalação de bases faz um grande sucesso político, mas que a maioria delas é ineficiente.
“A polícia precisa ser móvel porque o crime é móvel. A PM precisa estar em condições de mobilidade e flexibilidade, e não estática.”
O coronel disse ainda que o policial não pode ser “atendente de balcão”. “Essas bases empatam a polícia. Só burocratiza”, afirmou.
Já o coordenador do observatório de violência da USP de Ribeirão Preto, Sérgio Kodato, afirmou ontem que o ideal seria o governo anunciar aumento do efetivo. “Quanto mais, melhor.”
Ele também afirmou que o comando da Polícia Militar deve pensar em alternativas para aproveitar melhor seu contingente e usar a tecnologia a favor da segurança.
“É só usar câmeras por toda a cidade e agir onde houver algum tipo de problema.”