8/4/2012 – 08:39 – ( Nacional )
|
|
IstoÉ Cachoeira chega a Perillo
A organização criminosa montada pelo bicheiro Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, revela-se aos poucos muito mais ampla do que se pensava. Após a derrocada do senador Demóstenes Torres, que foi obrigado a abandonar o DEM e corre o risco de perder o mandato por suas ligações com Cachoeira, o dilúvio de informações que constam no inquérito da Operação Monte Carlo chega ao governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB). De acordo com a PF, pessoas ligadas diretamente a Perillo vazaram previamente a Cachoeira informações sigilosas sobre ações policiais, permitindo ao bicheiro se antecipar a operações de repressão à jogatina. Além disso, o monitoramento de Cachoeira também identificou laços estreitos com políticos e empresários e sua influência na nomeação de dezenas de pessoas para ocupar funções públicas no governo de Goiás.
Em diálogo gravado pela PF, obtido com exclusividade por ISTOÉ, Carlinhos Cachoeira pede ao ex-presidente da Câmara Municipal de Goiânia Wladimir Garcez, apontado pela PF como arrecadador de campanha de Perillo, informações sigilosas sobre ações do grupo tático (GT3), a unidade de elite da Polícia Civil local. Wladimir, então, promete apurar com o corregedor-geral de Segurança Pública do Estado, Aredes Correio Pires, e com “Edmundo”, que a PF identifica como o delegado Edemundo Dias Filho, também tesoureiro do PSDB de Goiás. “Vai lá no Aredes pra ver o que que tá acontecendo”, ordena Cachoeira, a quem Wladimir se refere como “chefe”. “É, tô indo aqui do Edmundo. Já tô chegando aqui. Vou ligar pro Aredes.” Horas depois, Wladimir retorna com a informação sobre uma atuação policial na região de Valparaíso, no entorno de Goiás. “Não. Tava previsto só essa ação e uma em Val. Ele vai ver, mas não tem nada previsto mais, não. Mas ele vai confirmar isso para mim agora. Só tava previsto isso… essa aí e… GT3 não tá mais previsto pra lá, não em nenhuma ação”.
Numa outra conversa, Wladimir descreve para Cachoeira um diálogo que manteve com Aredes Pires, em que o corregedor de Segurança Pública fala no “governador” ao tratar de um “processo do Edmundo”. “É o seguinte: eu tava com o Aredes aqui, agora, ficamos um tempão. Ele tá tentando pegar os locais pra gente na inteligência agora”, disse Wladimir Garcez. “Aí eu perguntei pra ele o negócio da… o Edmundo. O Edmundo não tá preocupado com isso, não? Ele falou: ‘Não, tá nem um pouco preocupado’. O governador disse que ia resolver para ele. Tá confiando no governador.”
Cachoeira pede então ao ex-vereador que determine a Edemundo Dias Filho a transferência de responsabilidade sobre as operações de repressão ao jogo do GT3 para a Força Nacional. “Liga no celular do Edmundo, rapaz. Vai lá na casa dele”, manda Cachoeira. Em seguida, Cachoeira fala com o próprio corregedor sobre as ações da polícia no combate ao jogo ilegal. Falando como quem tivesse prestando contas, Aredes tenta tranquilizar o contraventor. “Eu tenho que conversar com o pessoal da inteligência de lá. Lá tem um grupo grande que tava fazendo o serviço. Mas num tá previsto pra esse final de semana, não tá”. O chefe da Polícia Civil e tesoureiro tucano negam qualquer relação com o bicheiro. Na análise dos áudios, a PF indica que Cachoeira pagava regularmente aos integrantes do governo Marconi Perillo “para ter acesso a informações de interesse financeiro ou político da organização criminosa”. Além de Aredes, outro chefe da segurança em Goiás comprovadamente envolvido é o coronel Massatoshi Sérgio Katayama, o “Japão”, comandante da PM. Nos diálogos gravados pela PF, o auxiliar de Katayama, conhecido como Ananias, chamava Cachoeira de “chefe”, a exemplo de Wladimir. O empresário do jogo também exercia influência sobre a Secretaria de Indústria de Comércio, onde trabalhariam seis parentes de Cachoeira e do ex-presidente da Câmara Municipal. O presidente do Detran goiano, Edivaldo Cardoso, também é citado no inquérito da operação.
Cachoeira pede então ao ex-vereador que determine a Edemundo Dias Filho a transferência de responsabilidade sobre as operações de repressão ao jogo do GT3 para a Força Nacional. “Liga no celular do Edmundo, rapaz. Vai lá na casa dele”, manda Cachoeira. Em seguida, Cachoeira fala com o próprio corregedor sobre as ações da polícia no combate ao jogo ilegal. Falando como quem tivesse prestando contas, Aredes tenta tranquilizar o contraventor. “Eu tenho que conversar com o pessoal da inteligência de lá. Lá tem um grupo grande que tava fazendo o serviço. Mas num tá previsto pra esse final de semana, não tá”. O chefe da Polícia Civil e tesoureiro tucano negam qualquer relação com o bicheiro. Na análise dos áudios, a PF indica que Cachoeira pagava regularmente aos integrantes do governo Marconi Perillo “para ter acesso a informações de interesse financeiro ou político da organização criminosa”. Além de Aredes, outro chefe da segurança em Goiás comprovadamente envolvido é o coronel Massatoshi Sérgio Katayama, o “Japão”, comandante da PM. Nos diálogos gravados pela PF, o auxiliar de Katayama, conhecido como Ananias, chamava Cachoeira de “chefe”, a exemplo de Wladimir. O empresário do jogo também exercia influência sobre a Secretaria de Indústria de Comércio, onde trabalhariam seis parentes de Cachoeira e do ex-presidente da Câmara Municipal. O presidente do Detran goiano, Edivaldo Cardoso, também é citado no inquérito da operação.





