Casos e mais casos, inquéritos e mais inquéritos surgem diariamente em Piracicaba. Com isso, a demanda aumenta, mas o número de delegados não. Segundo
o novo Delegado Seccional de Piracicaba, João José Dutra, existe um déficit de pelo menos seis policiais civis para este cargo na cidade. Dutra é o destaque do
quadro Entrevista da Semana deste domingo (13).
O efetivo do município ainda sofreu mais quatro perdas recentes. Quatro delegados se aposentaram no último mês. Dois que faziam os plantões noturnos e
mais dois que trabalhavam na seccional, um deles era o último delegado seccional, José Antonio dos Santos, que deixou o cargo no dia 4 de novembro.
“Os quatro primeiros distritos policiais são de primeira classe e precisariam de delegados assistentes, assim como as especializadas, como DDM (Delegacia da
Mulher) e DISE (Delegacia de Investigações Sobre Entorpecentes). Atualmente, só a DIG (Delegacia de Investigações Gerais) possui um delegado assistente”, afirma Dutra.
Atualmente um concurso público da Secretária de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo foi aberto para sanar este problema. Mas o prazo para que
tudo seja resolvido é grande ainda. O seccional estima que somente em oito meses a cidade tenha o número ideal de delegados.
“O concurso ainda está na fase das provas. Depois disso, mesmo quando forem definidos os concorrentes que passaram, eles ainda não assumem a vaga. Primeiro tem um treinamento na Academia de Polícia”, explica.
União DPs
Um projeto em andamento na cidade prevê a união de alguns distritos policiais e que as delegacias especializadas sejam construídas em apenas um local. Dutra é um defensor do projeto que, segundo ele, ajudaria a inteligência da polícia civil a resolver mais casos.
“O que acontece hoje é que os policiais do sexto distrito, por exemplo, só sabem o que acontecem no sexto distrito e os bandidos não atuam por área. Eles
atacam no sexto, no sétimo. Com a união em um local todos saberiam o que acontece na cidade toda”, conta.
O delegado afirma que o sistema atual é falho porque não aumenta a força da polícia e sim dividi ela. “Não teve um aumento do efetivo, somente uma divisão
dele, então ficamos mais fracos, repartidos por toda a cidade. O que se une fortalece, o que se divide enfraquece”.
Inquéritos de Hortolândia
Em 2009, o contingente de policiais civis na cidade de Hortolândia não dava conta do número de inquéritos policiais para serem resolvidos. A SSP decidiu, ntão, dividir este montante em várias seccionais. Piracicaba foi “agraciada” com 300 processos abertos para serem resolvidos e este número foi divido entre todos os delegados da cidade.
“Já temos o nosso número de inquéritos para resolver que é bastante grande, mas tivemos que ajudar. Cada delegado recebeu, na época, de 20 a 30 para
resolver”, explica Dutra. Segundo o seccional, foram resolvidos praticamente todos que chegaram em Piracicaba.
“Eu pedi um levantamento deste caso recentemente. Devem faltar cinco inquéritos para ser finalizados. Agora nós devolveremos esses restantes para
Hortolândia, já que o problema local de contingente foi solucionado”, afirma.
Caixas Eletrônicos
Dutra também falou sobre a intensificação no combate aos roubos de caixas eletrônicos. O pedido foi feito pelo Deinter 9 (Departamento de Polícia Judiciária de São Paulo do Interior), que cuida da região de Piracicaba, para a DIG. “Vamos combater este tipo de crime com as mesmas armas. Eles usam etralhadoras e nós também estaremos armados para resolver e acabar com estas ações”, afirma.
O seccional usou como exemplo a prisão feita pela DIG de oito membros de uma quadrilha feita na cidade de Jumirim. Na ocasião, um policial civil foi morto durante a ação. “Tivemos sucesso na operação. Infelizmente, perdemos um homem, mas também houve baixa na quadrilha e conseguimos prender a maioria deles”.
Para Dutra, mais do que armamento pesado e operações, o importante é o serviço de Inteligência. Entretanto para que ele funcione é preciso de denuncias. “O que alimenta as nossas investigações são as informações que recebemos pelo 181. É assim que conseguimos pistas para pegar os criminosos”, conta.