
por João Alkimin
Lendo o Jornal eletrônico Flit paralisante, deparei-me estupefato com a manifestação do Promotor Rogério Leão Zagallo, defendendo o assassinato de supostos marginais. Espero que não tentem inculpar o Delegado Conde Guerra pela matéria, portanto, assumo total responsabilidade pelo que estou escrevendo.
É obvio que em qualquer circunstância a vida do Policial, sua integridade física, vale mais que a de qualquer marginal. É claro que o Policial tem não só o direito como o dever de defender a si próprio e a terceiros. Portanto, lembro inclusive o que disse meu pai, Juiz Criminal uma vida toda, já como Desembargador do Tribunal de Justiça de São Paulo e, sobre o que já falei “prefiro acreditar na palavra do pior dos policiais do que na do melhor dos marginais”.
Mas para quem não conhece, devo dizer que o Promotor Rogério Leão Zagallo oficiou durante anos na Vara do Júri que englobava a Corregedoria dos presídios e da Policia Judiciária na Comarca de São José dos Campos e, aqui se notabilizou por ser o flagelo dos Policiais Civis.
Lembro-me que de certa feita foi ao 1ºDistrito Policial visitar um amigo e lá chegando encontrei o Promotor Zagallo e uma tropa da Policia Militar para prender um perigosíssimo escrivão de Policia, que tinha cometido o crime gravíssimo de ter ido ao bar em frente à Delegacia e, sem nenhum espírito jocoso havia comido uma coxinha com um suspeito, tal Policial foi preso e posteriormente demitido.
Da manifestação do Promotor talvez tenha passado despercebido aos Policiais Civis que acessam ao jornal Flit Paralisante a maneira galhofeira com que o mesmo trata a Policia Civil. Vejamos “…
Após tal fato, quase toda Policia Civil, os Jedis, os Power Ranger, os Brasinhas do Espaço, a Swat, Wolwerine, o Exercito da Salvação, os Marines, Iron Man, a Nasa, os membros da Liga da Justiça e o Rambo, auxiliados pelo invulgar investigador Esquilo Secreto, se irmanaram e realizaram uma operação somente vista em casos envolvendo nossos bravos Policiais Civis, mas que deveria ser realizada em qualquer caso dos inúmeros vivenciados em São Paulo, com o escopo de prender aquele ousado fujão. Sem embargo do esforço – e que esforço …- dos membros da força tarefa intergaláctica, Thiago não foi preso. Para identificar e prender o parceiro falecido (foi tarde …) Antônio, cuja qualificação, como dito, hoje é conhecida, instaurou-se este inquérito policial. O empenho e o competente trabalho dos policiais civis – por vezes eles conseguem…”
Portanto, sua Excelência por um lado defende o morticínio e de outro zomba e faz chacota da Instituição Policial Civil. É necessário que antes de aplaudirmos ou apuparmos a quem quer que seja, leiamos com atenção, inclusive nas entrelinhas; uma duvida me assalta: e se um Delegado de Policia ao relatar um inquérito policial houvesse dito a mesma coisa?
Com certeza estaria respondendo a sindicância e já teria sido afastado de suas funções.
Neste país ainda existe infelizmente aquilo que foi dito pelo Delegado de Policia Marco Antônio Desgualdo “os iguais devem ser tratados de maneira igual e, os desiguais de maneira desigual”.
Não me cansarei de repetir o seguinte, pode até cansar ao leitor, se um Promotor de Justiça ou um Magistrado tivesse um blog e houvesse repercutido uma noticia como fez o Delegado Conde Guerra, teria sido demitido?
Obvio que não.
Teria sido tantas vezes suspenso?
Pode até ser, mas continuaria recebendo seu salário.
E Juiz e Promotor não são demitidos, são colocados em disponibilidade, mas continuam a receber seu salário integral.
Volto a repetir, não sou amigo do Conde Guerra, nem pretendo ser, mas somente pararei de falar de sua demissão, quando o mesmo for readmitido. Pois sua demissão coloca uma espada de Dâmocles sobre a cabeça de todos. A defesa que faço não é de Conde Guerra, é da liberdade de imprensa, da liberdade de divulgar a noticia, de repercuti-la sem medo de retaliação ou perseguição.

Rogério Leão Zagallo
Ha algum tempo atrás esse mesmo Promotor no meio de um despacho interrompeu seu raciocínio e, passou a atacar o então Governador e o escolhido para Procurador Geral de Justiça Luis Antônio Guimarães Marrey, dizendo inclusive que grafava seus nomes em minúsculas e o que aconteceu?
Nada.
E se um Delegado fizer isso referindo-se ao Delegado Geral de Policia?
Com certeza será punido.
João Alkimin – Vejo São José