Fonte: Luis Nassif On Line
PT foi investigado pela Polícia Civil
Enviado por luisnassif, ter, 02/08/2011 – 15:08
Por Luiz Horacio
Atualizado às 15h07
Esse tema está um pouco impreciso. As coisas podem não ser exatamente como parecem. O fato de oficialmente ter sido fechado um serviço do Estado – foi no plano estadual E federal – não quer dizer que a orientação política indevida tanto das polícias estaduais quanto da federal tenha se encerrado. Infelizmente as polícias no Brasil ainda são sistematicamente usadas por governos como “polícia política”, quer dizer, como polícia totalitária mesmo, e não por culpa e iniciativa dos policiais, se me entendem. Por outro lado, vivem “livrando a barra” de crimes que ocorrem na política e não chegam a ser investigados ou integralmente apresentados à Justiça.
Além disso, pudemos ver nas CPI’s que vários pequenos grupos de “inteligência privada” foram formados, certamente ligados a antigos agentes do Estado, e associados sobretudo a essa onda de “agências de segurança” que foram criadas, algumas delas diretamente ligados aos grupos políticos, prestando serviços a eles. E eles têm total apoio da polícia regular, e operam em conjunto diversas vezes. Em princípio isso não teria nada de ruim, o problema é que não há nenhum órgão fiscalizador, pelo menos nenhum que esteja de fato supervisionando todas essas atividades. E não há uma legislação específica para demarcar limites, autorizações e conflitos de função entre autoridade de Estado e funções privadas, para conter abusos, etc.
Ainda mais uma questão, o fato de partidos e políticos serem investigados pela polícia deveria depender apenas das evidências e das denúncias. Se houver suspeita de irregularidades e ilícitos, o Estado brasileiro deve sim investigar, pois o risco do país sofrer prejuízos e revezes enormes é muito grande. O que é autoritário e ilegal é a arbitrariedade. Sem que haja, por exemplo, um inquérito instaurado, e motivos legais e legítimos para isso, alguém começar a ser seguido nas ruas, provocado por encomenda, para criar situações de enquadramento, e para isso serem usados recursos do Estado, como viaturas, pessoal, equipamentos, horas de trabalho, cadeias de comando, etc., tudo isso é o uso da polícia como polícia política.
Todos os dias alguns cidadãos saem na rua e viaturas oficiais ou clandestinas começam a assediar ilegalmente alvos definidos por políticos, do interesse pessoal deles. Isso é ditadura civil, como já disseram Helio Bicudo e Walter Maierovitch, é o Estado começando a agir como Estado bandido. Ambulâncias em situação muito estranha, do tipo “o cara entra saudável e sai direto pro legista”, viaturas do tipo “você é o suspeito”, podem ser “sugeridas” (ainda que não praticadas) diretamente nessas situações, como forma de pressionar alguém. Acidentes que podem ser arranjados… Fechar um departamento não quer dizer nada, enquanto o Estado não tiver sua área de Segurança Pública muito bem estruturada e atuante, com a autoridade assegurada pelo Judiciário e pelo Ministério Público, para prevenir os inevitáveis abusos do Executivo.
Será que seria muito difícil ocorrer algo assim perto de nós, ao nosso lado, conosco?
E isso também deveria ser investigado e enquadrado.